Sinopse: Lucy desaparece em uma missão solo, sem deixar rastros de onde possa estar e nem de quem quer que seja responsável pelo seu sumiço. Porém, após cinco anos, ela reaparece mergulhada em escuridão, sem a inocência e a alegria que lhe eram características. Usada como arma em uma guerra entre uma Aliança de Dark Guilds e sua antiga guilda, Lucy pode ser salva de si mesma? Natsu se encarregaria disso, mesmo que fosse a última coisa que ele fizesse.
Oh, eu sei que não deveria estar postando uma nova longfic quando eu ainda tenho umas três para continuar, mas eu não resisti. Eu estou pensando nessa história há meses. Já tenho alguns capítulos prontos e tudo, então resolvi tentar. Se alguém gostar, se houver reviews, eu vou postando :D
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Bring me to life
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"Hmpf! Nem acredito que aqueles três me deixaram para trás..." A voz desanimada ressoou pelo balcão, refletindo o estado de espírito da maga dos espíritos estelares. "... Gray e Natsu estão enlouquecidos com a nova oportunidade de se tornarem magos Classe S..." Ela continuou a murmurar, ignorando o sorriso divertido de Mirajane. A mulher de cabelos brancos ouvia os lamentos com sérias dificuldades de segurar as risadinhas para si mesma. "... e como se já não bastasse ela ser monstruosamente forte, Erza resolveu ir a uma missão solo para ter um tipo de treinamento mais intenso..." Ela continuou, com o rosto apoiado na mão e o cotovelo apoiado no balcão. "... e como diabos fica meu aluguel? Pessoal egoísta..." Resmungou irritada, fazendo bico. Lucy não gostava de admitir que ainda não era forte o suficiente para participar dos testes para mago Classe S, mas seu orgulho simplesmente a impedia de admitir para si mesma que o que mais a irritava não era ser fraca e sim o fato de sentir saudades dos três amigos e de Happy.
"Eles já devem estar de volta. As missões de Natsu e de Gray não eram longas." Mirajane comentou, colocando o copo limpo em um armário e começando a limpar outro. Ela olhou para o desânimo evidente de Lucy e riu. "Lucy, por que você não vai a uma missão solo? Assim você arranja o dinheiro do aluguel e passa o tempo enquanto eles não voltam." Completou com a voz doce e amigável.
Lucy olhou para a outra, com a sobrancelha arqueada. Ela não podia negar que até tinha pensado nessa opção, mas não se sentia animada o suficiente. Ela já não era tão fraca como quando havia entrado para a guilda, mas ainda assim não era tão confiante em sua força para ir a uma missão sozinha. No final das contas, as missões com o Time Natsu eram mais legais por estarem em equipe, mesmo quando encontravam perigos que aparentemente eram maiores do que eles mesmos poderiam lidar.
"Ah... não sei Mira..." Ela resmungou, sem ânimo, apoiando os dois cotovelos no balcão e a cabeça nas duas mãos. "... acha que é uma boa ideia?" A outra maga encarou a loira com um sorriso reconfortante ao notar a incerteza no tom de voz da menina.
"É claro, você já está preparada." Sorriu quando viu Lucy morder o lábio inferior, realmente pensando na ideia.
"Ai, ok, eu vou." Ela respondeu e abaixou a cabeça em desistência, fazendo Mira rir da aura deprimida que a menina emanava. Ela observou a garota se levantar preguiçosamente do banquinho em que estava sentada e ir até o quadro de serviços. Logo ela lhe entregava o folheto para ser assinado e, abrindo um sorriso mais animado, ela deu um soco no ar. "Lá vou eu, Mira-chan! Quando eu voltar, te conto os detalhes!"
Mirajane riu, acenando a cabeça afirmativamente. Observou a garota sair com passos firmes pelas portas duplas da guilda, com o cabelo bagunçado quando a brisa da rua a encontrou e com os punhos fechados em determinação.
Prólogo.
Disclaimer: Os personagens são de autoria de Hiro Mashima. Somente aqueles que eu criar e o enredo pertencem a mim. Escrito por puro entretenimento, sem intenções lucrativas.
Ela olhou novamente para as portas duplas. Nada. Já era a terceira vez que limpava o mesmo copo, mas não se importava. Olhou para o calendário ao canto do bar e olhou para as portas de novo. Nada. Nada. Nada.
Mirajane estava preocupada. Já era para Lucy ter voltado há uma semana. Era uma missão simples e rápida e mesmo que a loira não se considerasse forte, Mirajane sabia que ela era mais do que capaz de completar aquele serviço tranquilamente. Respirou fundo, mordendo o lábio inferior como se lembrava que a menina havia feito antes de partir. Apertou o copo em suas mãos e, sem que pudesse se conter, sentiu-o se partir em pedaços. Observou o estrago, notando que havia se arranhado em alguns pontos e revirou os olhos com a própria imprudência. Depois da volta de Lisanna, ela se sentia mais livre para expressar os sentimentos que ela havia suprimido por muito tempo. Porém, ela não podia perder o controle daquela forma. Ela já havia superado a fase rebelde de sua vida.
Jogou os restos do copo no lixo e se apoiou no balcão, encarando fixamente as duas portas de entrada. As lembranças do dia em que Lucy partira para o serviço se repetiam sem fim na frente de seus olhos. Mirajane sentia que havia algo errado e não conseguia parar de pensar que não se perdoaria se o mau presságio se cumprisse. Ela, no final das contas, havia incentivado a menina a ir a uma missão solo.
Fechou as mãos em punhos, segurando a vontade de xingar com todo o ar de seus pulmões. Estava mais do que frustrada, estava a beira de um ataque de nervos!
As portas que ela tanto encarava se abriram e, esperançosa, ela olhou para quem entrava.
Seu ânimo durou pouco.
"Estou de volta!" A voz de Gray ressoou por toda a guilda, ganhando cumprimentos animados de vários companheiros. Mirajane quase poderia ver Juvia ficar com dois corações no lugar dos olhos, mas... seu sorriso de boas vindas para o mago de gelo foi fraco o suficiente para que ele notasse. "Oi, Mira." Ele cumprimentou, chegando ao bar e se sentando em um dos banquinhos, justamente o último banquinho que Lucy havia se sentado.
"Oi, Gray... como foi a missão?"
"Ah, foi fácil como você tinha previsto. Eu nem causei muitos estragos dessa vez... deve ser porque o idiota do Natsu não veio também..." Ele resmungou a última parte, ganhando outro sorriso fraco da moça. Ele a encarou intrigado. Passou os olhos pela guilda, procurando Lisanna e Elfman. Os dois estavam aparentemente bem e se divertindo, como era normal. Ele encarou Mirajane novamente, arqueando a sobrancelha. Se ela não estava preocupada com os dois, com quem ela estaria preocupada? "O que foi, Mira? Você não parece bem."
Ela logo notou que ele já havia tirado a camisa. Ele não tinha jeito mesmo.
"Ah, não é nada..." Ela começou a responder praticamente no automático, essa não era a primeira vez que alguém fazia aquela pergunta nos últimos dias. Porém, quando ela encarou os olhos de Gray, Mira percebeu que ele tinha direito de saber de suas preocupações. Até porque, ele era um dos que mais andavam com a Lucy junto de Erza, Happy e Natsu. "Eu estou preocupada, muito preocupada." Com aquela resposta, a atenção do mago estava totalmente voltada para ela. "Depois de alguns dias que vocês saíram para suas respectivas missões, Lucy já estava entediada e chateada por ter ficado para trás..."
Ao ouvir o nome da pessoa que ela estava se preocupando, ele rapidamente voltou a varrer a guilda com os olhos, logo notando que a loirinha não estava ali.
"... acho que ela estava com saudades, na verdade. Além do que, ela precisava do aluguel desse mês." Ela completou, assim que os olhos de Gray voltaram a encará-la. Viu a preocupação inundá-los de forma antecipada. Era fácil notar como aquele papo estava indo. "E então, eu a incentivei a ir para uma missão solo. Era uma missão bem simples que ela conseguiria completar tranquilamente, em Middleton... mas..." Mira voltou a encarar as portas de entrada. Ela sentia que tinha algo errado. As lembranças do dia que ela partira não paravam de povoar sua mente, a imagem de Lucy saindo da guilda parecia estampada em suas retinas.
"Mas?" Ele perguntou, já ficando impaciente com o suspense que a outra maga estava fazendo, mesmo que inconscientemente. Por mais que ele já soubesse o que viria a seguir, ele queria ouvi-la pronunciar suas suspeitas. No fundo, ele ainda tinha esperanças de que estava errado, que Mirajane diria algo completamente diferente do que ele esperava.
"Ela já devia estar de volta há uma semana... e os responsáveis pela contratação... eles não têm notícias dela."
Aquelas palavras foram sussurradas e, se Gray não estivesse com a atenção totalmente voltada para ela, ele não as teria ouvido. Seu rosto se contorceu em preocupação. Ele sabia que Lucy não era indefesa nem fraca, ele sabia que se Mira acreditava que o trabalho era simples então era porque ele era simples; considerando tudo isso, ele sabia que o fato da loirinha não ter retornado só indicava que alguma coisa de errado havia acontecido. Diferente do normal, vestiu novamente a camisa que havia despido sem perceber e então se levantou, fechando as mãos em punhos. Se alguém tivesse se metido com Lucy a guilda não hesitaria em retaliar, não mesmo!
E então, ao mesmo tempo em que as portas se abriram com força e ganharam novamente os olhos esperançosos de Mirajane, Gray deu um forte murro no balcão, afundando o punho de gelo na madeira. Os outros companheiros não sabiam para quem olhavam: para os recém chegados ou para ele, que estava destruindo o balcão sem razão aparente.
"VOLTAAAAAMOS!" O grito de Natsu e de Happy ressoou pela guilda silenciosa. Mira grunhiu baixinho, frustrada, e mordeu o lábio inferior novamente. Ninguém disse nada, todos os olhos se voltando para o mago de gelo, em pé de frente para Mira, após tomarem nota do rompante do Dragon Slayer e do exceed. Natsu, sentindo o clima estranho e pesado na guilda, franziu o cenho. "Hey, o que aconteceu?"
"Mira, preciso que chame a Erza de volta. Peça para ela nos encontrar em Middleton." A voz de Gray reverberou pelas paredes do prédio como se ele estivesse vazio. Todos arregalaram os olhos com o pedido, sem saberem o que estava acontecendo.
"Hey, o que está acontecendo? Gray, por que quer chamar a Erza? Ela está em missão solo!" Natsu reclamou, caminhando em direção ao bar com Happy em seu ombro. Mira respirou fundo e acenou afirmativamente para o mago de gelo, logo entrando nos fundos da guilda. Tendo suas perguntas ignoradas e sendo recepcionado por aquele silêncio anormal, Natsu começou a se irritar. "Mas que droga, o que diabos está acontecendo?"
O Dragon Slayer sentiu o coração dar um salto contra suas costelas quando Gray se virou e o encarou. Ele nunca o havia visto tão preocupado. Mesmo que já tivessem passado por maus bocados, ele nunca havia visto seu amigo-rival com os olhos imersos em preocupação daquela maneira.
"Aparentemente... Lucy desapareceu, Natsu."
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Não havia nenhuma luz iluminando aquele lugar. As paredes lisas e frias formavam um cômodo pequeno e fechado, sem janelas e com uma única porta de ferro. O chão, de terra, era desconfortável e duro. As algemas que seguravam seus braços no alto eram apertadas e machucavam seus punhos delicados. O pano que abafava seus grunhidos e gritos tinha um gosto estranho, de terra e sangue. Seus olhos estavam abertos em choque, derramando lágrimas de desespero e de dor. Gotas salgadas que molhavam a mordaça e que faziam com que seu cabelo loiro se pregasse ainda mais ao rosto empalidecido. Havia sangue seco em grande parte dos fios dourados, em grande parte do próprio rosto e, pelas dores que ela sentia, ela sabia que deveria haver sangue seco em outras várias partes de seu corpo.
Ela estava sozinha em um local totalmente desconhecido, sentindo como se seu corpo estivesse destruído por dentro e totalmente incapaz de se movimentar direito. Ouvia sons de ratos perto de si e aquilo só piorava seu estresse.
Ela não sabia o que tinha acontecido.
Ela se lembrava de ter iniciado a missão que tinha pegado e então, do nada, aquele mago tinha surgido, atacando-a sem qualquer motivo. Ela se lembrava de travar uma luta terrível com o homem, ganhando a maioria dos machucados que agora lhe afligiam a sanidade, sem conseguir machucar o inimigo mesmo com a ajuda de Loke e de Capricórnio. E então, quando acordara depois de ser arremessada uns cem metros contra uma parede de um beco qualquer e ser nocauteada quando tentava resistir à inconsciência, ela estava naquele local, atada.
Fechou os olhos, em desespero, tentando não alimentar sua mente com imagens e formas na escuridão.
Ouviu o barulho da porta de ferro sendo destrancada e continuou inerte. O medo falava mais alto do que qualquer curiosidade que ela tivesse. "Ora, ora, acordamos?" Ouviu uma voz grave e cruel, logo na entrada de sua cela, e logo depois a risadinha sarcástica. Por mais que tentasse evitar demonstrar fraqueza naquele momento, ela não pôde controlar o arrepio que passou por seu corpo, tendo todos os pelos do braço se eriçando involuntariamente. Ela nunca havia se sentido tão em perigo como se sentia naquele momento, era quase surreal. "Hmm, tímida. Não precisa ser tímida comigo." A vontade de gritar era imensa ao ouvir o tom perverso do mago, que parecia estar a poucos centímetros de si no momento. Sentiu o rosto ser bruscamente puxado por uma mão masculina e abriu os olhos de supetão, percebendo que seu rosto estava a poucos centímetros do rosto de seu atormentador. "Eu gosto que as pessoas me encarem quando falo com elas." O sussurro recheado de malícia e de crueldade pareceu atravessar todos os poros de Lucy, que definitivamente não conseguiu controlar os novos e vários arrepios de medo.
Quando seus olhos castanhos encararam os olhos negros que pareciam querer violar sua alma, ela logo o reconheceu como o mago que a tinha atacado, como o homem responsável por ela ter sido sequestrada e por ela estar sabe se lá Deus onde.
"Você vai reaprender como se portar, minha querida." E com aquelas palavras, ele puxou a mordaça e selou os próprios lábios aos de Lucy. Antes que ela pudesse reagir e afastá-lo de alguma forma, ele já havia se distanciado e colocado a mordaça no lugar novamente, como se nada tivesse acontecido. Ele riu sarcástico e saiu da cela sem se importar com os grunhidos de frustração e de desespero que preenchiam as quatro paredes daquele cubículo.
Lucy queria gritar por Natsu. Queria gritar por Erza. Por Gray. Por Happy. Ela queria gritar por todos os seus companheiros da Fairy Tail. Ela queria voltar para a guilda, para sua família. Ela queria espernear, perder o controle de seu poder mágico e destruir aquele lugar.
Mas ela não fez nada disso, pois estava assustada demais para sair do estado catatônico em que entrara. Aquele selinho já tinha lhe provado que sua estadia nesse lugar não seria nada prazerosa e, com todos os tremores que corriam por seu corpo, ela sabia que seu futuro era mais obscuro do que nunca.
No fundo ela sabia que se Natsu e os outros não a encontrassem nos próximos dias, a Lucy Heartfilia que todos conheciam não existiria mais.
Então, devo continuar?
