Disclaimer: Naruto não me pertence.
Areia
Num lugar onde a areia era mar e o sol reinava, tempestades nada molhavam, a vida era rara e no qual a lei do mais forte reinava soberana. Num lugar onde as únicas cores que enfeitavam o olhar das pessoas eram as que o céu seco e agressivo proporcionava e as dos tecidos criado para a sobrevivência do povo. Num lugar onde os únicos refúgios do calor que castiga durante o dia, da seca que fere, e do frio que mata na surdina da noite, eram os oásis, havia uma profecia:
" Uma sombra se move sobre a areia. Pode-se ver a cabeleira ruiva tão vermelha quanto as rosas que florescem nas terras ao norte, os pés descalços tão brancos como a neve que lava a montanhas mais altas e os olhos que brilham deforma feroz contra a luz do sol de um tom de verde-água que roubava a cor do mar mais limpo.
Essa sombra pertencerá ao próximo escolhido.
Essa sombra será o próximo escolhido.
O próximo portador do Shukaku, o demônio que vive no deserto.
Quando calmo, um homem para apaixonar-se, para entregar-se sem receios, quando instável alguém para se temer.
Seria tal monstro que seus pai o odiariam. Seus irmãos não ousariam aproximar-se e as outras crianças fugiriam com as pernas bambas pelo medo.
Intocável viveria se uma moça não pudesse ama-lo tal e qual ele o é. Amar seu lado humano e seu lado demônio numa intensidade encantadora. De lábios da cor do salmão e olhos de vidro, a garota nascerá tão pura que o contato com o mundo lhe será proibido.
Apenas sua pureza salvará o menino-monstro."
As anciãs repassavam a profecia de geração para geração. A maioria vivia em caravanas, afinal eram um povo nômade que entendia que sobreviver no deserto era uma arte. A arte de não abusar do pouco solo fértil que se encontra no oceano amarelado em que viviam. Chamavam seu território de País do Vento e, embora fossem um povo que vivia de forma exótica e possuísse uma vida diferenciada da dos outros países, gostavam de exibir os muros de areia gigantes da Vila que era o coração da nação para todos os visitantes. Muros estes que protegiam o Octógono da Vida.
Uma vez ao ano a caravana que partia cheia de comerciantes e especiarias voltava ao coração do deserto: Sunagakure.
Sunagakure era, sem sombras de dúvidas, uma Vila que fugia aos padrões. Era um titã de areia no meio do deserto. Com casas e prédios feitos de argila, minérios e areia de formato arredondado, a cidade parecia arder em brasas durante a noite quando iluminada por milhões de lamparinas. Tecidos e especiarias davam vida ao lugar. Uma muralha de areia com somente uma entrada se estendia em direção aos céus. Seu portão único continha ondulações onde milhares de soldados treinados se escondiam e vigiavam. Próximos ao centro da vila haviam oito oásis posicionados naturalmente em formato de octágono. Eram o Octágono da Vida. No centro dessa figura geométrica natural havia um castelo.
De paredes arredondadas revestidas pelo mais puro e polido mármore branco, com abóbadas banhadas em ouro e uma imponente entrada com detalhes curvos e delicados feitos de linhas de ouro e prata formando ornamentos ao redor de pedras preciosas e não preciosas que formavam imagens, o castelo se erguia como nada antes visto dentro e fora do deserto. Com sete torres com oito janelas no topo de cada cada uma, era possível vigiar não só o interior da Vila, mas o exterior. Uma janela apontava para o norte, outra nordeste, outra leste, outra sudeste, e assim sucessivamente. A sétima torre, localizada no centro do hexágono em que as outras eram vértices, era a mais alta e mais larga de todas, sendo possível ver seu topo no caminho para chegar a Vila. O castelo começara a ser construído quando a profecia fora lançada e tinha a finalidade de se tornar a morada do futuro monstro que habitaria a Vila.
Durante sete mil dias e sete mil noites a morada pertencera ao líder da Vila, devido ao fato que a criança amaldiçoada ainda não havia nascido. Porém, na virada da 7001ª noite uma mulher deu a luz ao seu terceiro filho. Dona de uma beleza extraordinária esta moça havia chamado a atenção do Kazekage, o líder da Aldeia, muitos anos antes, e acabara por se casar com ele.
O primeiro filho do casal era dono de cabelos castanhos e olhos igualmente marrons e escuros, sua pele branca era levemente bronzeada pelo temível sol de Suna, e o rosto estava sempre pintado com uma tinta roxa especial, seu nome era Kankuro. A segunda filha nascera com um ano de diferença e portava belíssimos olhos verdes, seu cabelo loiro não era vibrante como os de muitos, mas um tom mais fechado de amarelo, sua pele branca era bronzeada como a do irmão, mas era um pouco mais pálida, seu nome era Temari.
Neste parto a esposa do Kazekage esperava uma criança morena como Kankuro ou loira como Temari, mas não foi assim que o bebê nasceu. O olhar no rosto da parteira que ora fitava o recém-nascido, ora fitava um bisturi não muito longe fez o Kazekage se lançar sobre mulher e tomar a criança nos braços. Depositou-a ao lado da esposa e expulsou a parteira. Quando voltou para o lado da esposa se assustou.
A mulher geralmente adorável observava o filho com um estranho olhar nos olhos. Um misto de terror e ódio.
- O cabelo dele... - ela sussurrou ao fitar o marido.
O cabelo do menino era vermelho como uma maçã madura e imaculada em seu auge, os olhos eram aquamarine como as piscinas naturais das grutas do País do Fogo.
Enquanto observava horrorizado o bebê da profecia que nascera sendo seu filho acabou por ignorar momentaneamente a palidez da esposa.
Esse deslize custou a vida dela.
No dia seguinte toda a Vila já sabia que a esposa do Kazekage morrera de hemorragia após dar a luz ao monstro das profecias do povo do deserto.
Assim nasceu Sabaku no Gaara, o príncipe monstro de Sunagakure.
Pouco tempo depois, numa terra onde o verde dominava para além de suas fronteiras, onde árvores lutavam por espaço e as frutas e flores eram abundantes, uma garotinha nasceu. Dona de um cabelo de uma inigualável cor índigo, olhos lilases claríssimos e pele branca como a neve que cobre a cidade no fim de dezembro, a menina era o exemplo perfeito de beleza delicada e pura. Seu nome? Hinata.
Ela havia demorado uma semana para abrir os olhinhos claros e quando o fez a mãe chorou de felicidade. Aquela íris que era uma mescla da mais clara mármore com manchas da cor lilás tornavam a pequena especial.
Em Konohagakure, sua terra natal, havia um clã composto por pessoas de olhos esbranquiçados, pele pálida e cabelos lisos, longos e castanhos. Eram os Hyuuga. Ela tivera a sorte de nascer como uma deles.
Conhecidos como intocáveis, os Hyuuga haviam surgido a partir de um seleto grupo de anjos enviados a terra por Kami para escolherem mulheres fortes e puras e se reproduzirem, criando uma família especial entre os humanos. Isso havia ocorrido na era em que o mundo era dominado pelo caos da guerra. As crianças nascidas das mulheres humanas e de pais angelicais nasceram todas incrivelmente brancas, a pele delas eram como algodão e seus cabelos eram da cor da madeira de carvalho ou nogueira. Essas crianças se tornaram seres notórios na sociedade e acordaram de manter sua força e poder restrita ao clã, nunca se casando com outros que fossem externos à família híbrida. Seus atos viraram tradição pois eles não era como os outros.
Embora estivessem restritos ao mortal corpo humano, os membros desse clã possuíam muitos dos poderes dos anjos. Eram um grupo que aos poucos curava a sociedade, mas para isso precisavam diferenciar os mais poderosos e próximos aos anjos e os mais fracos e próximos a terra. A forma que encontraram foi através da cor dos olhos. Eles perceberam que quanto mais perto do branco, mais próximo aos seres divinos alguns Hyuugas eram.
Hinata nasceu predestinada a ser uma das mais poderosas mulheres descendentes de anjos e, devido a cor de seus olhos, reverenciados pela família como espelho da pureza de cada alma, ela se tornou a Hyuuga Hime.
Ambos os bebês, tanto a moreninha de Konohagakure como o ruivo de Sunagakure nasceram com destinos selados e entrelaçados. Ambos não possuíam uma forma de fugir da mão invisível do destino.
Gaara podia não compreender, mas percebia seu papel como monstro desde que nascera. Só o cumpriu sem medo quando começou a ser devorado pelo seu demônio interior, o Shukaku. Ele não sabia que a coisa na areia não era sua mãe, mas firmou-se em acreditar que a areia era ela, pois esta o protegia e este era o único tipo de afeto que recebia. Quando maior entendeu seu lugar no mundo ansiando pelo afeto de uma donzela da profecia. Donzela esta que parecia não existir, pois nunca chegava para ficar ao seu lado e ama-lo.
Hinata era diferente, tudo que sabia era que deveria se casar com um garoto que portava um monstro e salva-lo do caminho de escuridão. Fora criada para ser uma boa esposa, mas principalmente para curar as feridas da mente.
Mesmo separados por cinco longos dias de viagem, ambos cresceram de forma que, a cada dia que passava, cumpriam mais uma fatia da profecia.
Então, Areia é o meu novo projeto. Eu consegui fazer um resumo de roteiro pra segui-lo e vou dar prioridade a essa fic ao invés de O Pergaminho.
Espero que gostem.
