Eu tive de castiga-lo. As normas de meu ofício diziam que eu devia matar quem quer que ameaçasse a vida de Atena. E eu o faria; só não sabia que esse alguém acabaria sendo meu irmão.

Ele dizia, dia após dia, atormentando-me, que nós no fundo éramos iguais. Que eu não era bondoso como aparentava ser. Que um dia a Ambição se manifestaria em meu coração, e eu iria me descontrolar e me entregar a ela logo logo.

Kanon tinha razão. Assim que sua vida supostamente se extinguiu, o Mal me tomou; mesmo assim, num último esforço, minha alma se dividiu em dois e uma parte dela manteve-se intacta. Mas a outra... a outra era ainda pior que Kanon.

No final de tudo, acabei me rendendo.

E hoje vi-o vivo, sobrevivente e redimido, defendendo àquela que tanto maldisse. Jurando que seu coração é puro e limpo atualmente. Por mais que eu tenha motivos para pensar que está mentindo, não vejo indício algum disso em si.

Agora sim sua vida se esvai realmente. Não no Mar, na Prisão horrível que destina a morte lenta e agressiva aos que afrontassem Atena. Ele se entrega de livre e espontânea vontade, levando consigo um dos piores guerreiros de Hades. Ele morre, não num castigo, mas no intento de proteger a deusa, e agora não há, mesmo, porque duvidar de sua redenção.

Ele me deiza a armadura de Gêmeos para que eu possa ajudar a destruir o Muro das Lamentações. Ouço um "Conto com você, Saga" através do cosmo, antes que ele finalmente se vá. E sinto-o partir finalmente.

Agora, aqui, no fim de tudo, vejo que somos realmente iguais e marcados para cumprir o mesmo papel. Mas não o do Mal, que apenas foi uma transição em nossas almas, as quais pertencem, ambas uma a outra e à Paz e Justiça genuínas.