N/A:
Não me matem por causa do final
Eu não desisti, Potter!
Alanis Morissette - Precious Illusions (Preciosas Ilusões)
Gina
Harry
You'll
rescue me right?
Você
realmente irá me salvar?
-
Ainda esperando o namoradinho?
-
Ele não é meu namoradinho, nunca foi.
-
Porque mentes pra mim Ginevra? Sabes que não pode.
-
Você acha que sabe um monte de coisas Tom...E não sabe
nada.
-
Ele está vindo pra armadilha, graças a você.
-
Isso não tem nada a ver comigo. Ele quer te matar.
-
Você o trouxe pra mim. Você o trouxe pra morte.
-
Eu não o trouxe Tom!
-
Você está cega menina.
-
Você está mais.
Olhos
castanhos perfuraram as pupilas da cobra.
In
the exact same way they never did..
Do
exato modo que eles nunca me salvaram...?
-
SOLTE-A!- ele aparatou logo ao lado de um dos túmulos do
cemitério.
-
Potter... A que devo a visita?
-
SOLTE-A!- a expressão dele era fria, séria,
determinada...
-
E se não quiser? Ela tem sido agradável.
-
Eu disse para soltá-la, é a última vez que eu
repito.- as mãos apertavam a varinha fortemente.
-
HARRY POTTER VÁ EMBORA AGORA!- ela gritou desesperada e
revoltada.
-
NUNCA!- ele a olhou, os olhos ardiam em chamas.
-
VOCÊ NÃO PODE MAIS QUE OS OUTROS.- uma lágrima
teimava em cair pela sua face.
-
EU POSSO MAIS QUE QUALQUER UM POR VOCÊ!
Ao
mesmo tempo que a lágrima caía em câmera lenta no
chão. Quando ela tocou a terra úmida e revirada pelos
pés da garota, uma maldição soou pelo ar. Ela
fechou os olhos. Não podia mais ver tudo aquilo. A gota se
espalhou pelo chão, e ela sentiu o sangue espalhar por suas
vestes, brancas, imaculadas...
Ela
sufocou o grito de terror...Uma gota de sangue rolava quente por sua
face.
I'll
be happy right?
Eu
serei feliz mesmo?
Um
sussurro escapou dos seus lábios...Inaudível, quase que
morrendo. Ela não sussurrava ao ar, que escutava
silenciosamente, nem ao líquido vermelho vivo que corria para
o canto da sua boca, ou para a lua que a tudo assistia...Inerte.
Sussurrava para si, sussurrava para seu coração,
tentava se convencer de algo que acreditava ser impossível.
-
Harry...
O
som de algo caindo a convenceu da verdade. O som de um corpo deixando
a vida. O som de uma vida se extinguindo. As parcas cortavam mais um
fio na teia da vida, o fio mais forte e resistente que já
tinham encontrado.
When
your healing powers kick in
Quando
sua capacidade de cura se acabar?
-
Harry...
O
sangue ganhou amigas, gotas de água salgada, gotas de água
salobra... Lágrimas de dor e de medo. Os olhos ainda fechados,
forçando pálpebra contra pálpebra. Até
quando ela choraria? Até quando aquela dor a atormentaria?
Amarrada pelos pulsos a uma cruz, vestida com panos brancos, suaves,
leves... Manchados com sangue vermelho. Sangue rubro. Sangue humano.
Flocos
de neve desprenderam-se do céu. Como para eternizar tal
momento. Flocos brancos, cristalinos, fofos, que acariciavam sua
pele... O gelo contrastava com o sangue ainda quente, com as faces
rubras, com a dor e a raiva. Chamas que ardiam bem ali, dentro
daquele corpo, corpo adormecido de dor, corpo desperto de ira...
Corpo de contrastes.
You'll
complete me right?
Você
irá realmente me completar?
Ela
caminhava pelo corredor que daria no salão comunal da
Grifinória. Era mais uma noite fria no castelo de pedra, tão
fria quanto os acontecimentos que cercavam a fortaleza de Dumbledore.
Mas o diretor não queria lágrimas correndo pelos rostos
de seus estudantes, para isso havia sempre um motivo de alegria.
Sempre uma festa a se comemorar.
Era
outubro, uma semana faltava para o baile de Dia das Bruxas. Embora
protestos soassem pela primeira vez no salão principal, quando
o anúncio foi feito, todos se sentiam de alguma forma
confortados em se afastar da dor que era a guerra. Quantos bruxos
inocentes haviam morrido já...
Ela
caminhava lentamente pelo corredor, os braços cruzados,
tentando aquecer-se ainda mais, as bochechas vermelhas pelo frio que
fazia, a pele eriçada, arrepiada. Os cabelos ruivos caíam
pelos ombros ainda desordenados pelo vento, ficara muito tempo
sentada nas arquibancadas do campo, pensando... Descuidara de seus
afazeres como monitora, apenas para pensar, refletir. Refletir sobre
onde ele estaria...
Sim,
após 8 anos, 8 anos de incertezas, voltas, tristezas, medos, e
desilusões, ela ainda o amava. Tão forte como nunca,
pois cada segundo que se passava o sentimento se aprofundava... E
pensar que àquela hora ele já podia estar morto...Que
naquele mesmo momento uma maldição atravessava seu
corpo...Ela engoliu em seco, mordeu os lábios tentando conter
o soluço e as lágrimas.
Um
baque na porta a frente a assustou. Como o momento de guerras pedia,
ela habilmente já segurava a varinha em punho, uma azaração
ou contra-feitiço na ponta da língua. E por um breve
instante ela não viu nada além de neve entrando
velozmente pela passagem. Vento, frio, e neve... Quando se aproximou
um pouco mais foi tempo suficiente para o corpo cair. A mão
soltando da maçaneta, as pernas fracas despencando, o tronco
quase congelando encontrando o solo tão frio como ele próprio.
Os cabelos negros desgrenhados pela nuca...Um arrepio a instigou.
Ela
correu até a pessoa no chão, e com cuidado revirou o
homem caído. Ajoelhada deixou que a cabeça se apoiasse
sobre sua mão, os olhos fechados escondiam as esmeraldas, que
um dia chamara de sapinhos. A boca fina e pálida não
tinha expressão, somente a cicatriz permanecia imutável
naquele rosto amadurecido e fustigado pela guerra.
Then
my life can finally begin
Então
minha vida pode finalmente começar
Harry
Potter.
O
bruxo mais poderoso da atualidade, o herói do mundo bruxo, a
pessoa que assumiu toda a responsabilidade do mundo sobre seus
ombros...Caída...Derrotada...Cansada de todo aquele peso sobre
ele. E ela o olhava. Olhava o ser que pra ela sempre fora apenas o
amor da vida dela.
Antes
que as lágrimas caíssem a inteligência atuou.
Mesmo não resistindo ao impulso de acariciar-lhe a face
inanimada, Gina Weasly pensava rapidamente, tentando descobrir aonde
levá-lo primeiro...E como...
Quando
as portas da enfermaria abriram de forma majestosa, com um impulso
assustador àquela hora da madrugada, Madame Pomfrey esperou
comensais atirando feitiços contra ela, em vez da jovem
Weasley ruiva trazendo o garoto numa maca conjurada.
Novamente
de volta a enfermaria que ele tanto detestava. A bondosa mulher sabia
o quanto ficar ali lhe era pesaroso...Parecia que era hereditário,
lembrava de como não conseguia manter Thiago na cama nem por
meia hora.
Mas
não era hora para devaneios, e a velha enfermeira cumpriu com
seu principal papel, ajudá-lo e curá-lo. A jovem
Weasley ajudou no que pôde, afinal ela poderia ser mesmo uma
boa curandeira como desejava...Agia rápido, calmamente, e o
mais preciso possível.
Mal
sabia a velha senhora que Gina tremia por dentro, e morria de medo de
prejudicar o estado dele. Agia meticulosamente e planejava cada gesto
como se dele dependesse todo o mundo. E para ela dependia, ele sempre
fora seu mundo...O único mundo que queria salvar.
I'll
be worthy right?
Eu
serei merecedor mesmo?
-
Onde estou?
-
Na enfermaria Harry.
-
E Hogsmeade?
-
Está bem...Graças a você.- o velho sorriu
bondoso.
-
Todos se salvaram?-ele disse ainda um tanto desconfiado.
-
Quando você confiará em mim novamente Harry?
-
Talvez nunca.-ele disse frio.
Frio...Era
tudo o que descrevia Harry Potter a dois anos. Frieza,
meticulosidade, astúcia, inteligência, dedicação
e seriedade. Um sorriso tirado de seu rosto era mais raro que a
própria pedra filosofal.
E
o que se pode fazer quando é você que decidirá a
vida de milhões, e nem pode decidir onde passar seus
dias...Que podem ser os últimos. Saber que é
indiretamente por sua causa que tantos morrem por aí afora...E
você não consegue fazer nada.
-
Achei que não chegaria...-ele deixou escapar suspirando.
-
Se a Srta. Weasley não o tivesse encontrado provavelmente de
nada teria adiantado seu esforço.
-
Quem?-ele olhou o diretor pela primeira vez sem máscaras.
-
A Srta. Weasley...Esqueceu dela?-o diretor riu bondoso.
-
Lógico que não...Mas o que ela fazia acordada àquela
hora?
-
A monitora chefe deve ter se alongado um pouco mais nas suas
tarefas...Mas acho que não sabia disso...
Sim
Dumbledore tinha razão...Sabia tão pouco de Ginny como
conhecia a porta da Catedral de São Basílico em algum
lugar da China. Quase sorriu ante a comparação...Mas a
verdade era cruel. Aquela ruiva vivia salvando-o de todas as formas
possíveis...Ele que a livrara de Volemort quando pequena,
nunca mais pudera desgrudar seus caminhos. Sempre se encontravam...
E
aquilo o confortava muitas vezes... saber que alguém sempre
estaria ao seu lado, em qualquer hora, sem cobrar explicações,
porquês, ações...Apenas ali...Mesmo que você
seja um idiota que não sabia o nome completo dela até
dois meses atrás...E a conhece há sete anos...
Only
when you realize the gem I am?
Apenas
quando você perceber a jóia que eu sou?
-
DUMBLEDORE!
-
NÃO RECLAME HARRY! EU DECIDI ASSIM!
-
QUANDO VOCÊ VERÁ QUE EU CRESCI? PELAS BARBAS DE MERLIN
EU SOU MAIOR DE IDADE.
-
VOCÊ NÃO É UMA PESSOA QUALQUER, VOCÊ NÃO
SAIRÁ DAQUI ATÉ ACHAR QUE DEVE!
-
NÃO APRENDEU? EU NÃO CUMPRO ORDENS!
-
APRENDA A OBEDECER ENTÃO!- Dumbledore simplesmente aparatou da
sala.
Cada
mínimo objeto da sala explodiu pela milésima vez por
causa de Harry Potter. Novamente a sala do diretor parecia uma zona
de batalha pelos destroços dos objetos...Dessa vez nem a
penseira escapou intacta, uma fina rachadura podia ser vista.
Ele
saiu do escritório rapidamente, já perdera cinco dias
dentro da escola e o diretor simplesmente o obrigara a perder muitos
mais. Não queria saber se Dumbledore se sentia culpado pela
morte de seus pais, ele não tinha todo esse direito sobre ele.
Numa
virada esbarrou em alguém. Apenas vislumbrou as mechas de
cabelos ruivos caindo ao chão a amparou. Reflexos de apanhador
e exímio duelista. Ela não corava mais, mesmo que ele a
tivesse colado contra seu corpo. Muito menos sorriu tímida ou
fugiu, a menina que via não era uma menina, era uma mulher.
-
Já pode me largar Potter.-ele se assustou com o uso do
sobrenome, e a soltou rapidamente, mas de forma que ela não se
desequilibrasse.
-
Perdoe.
-
Não é hora de pedir desculpas...Porque ainda está
no castelo?-ela era fria, sincera...
-
Porque o maior mago de todos os tempos vedou minha saída.
-
Isso nunca foi barreira para o senhor.-ela sorriu, o primeiro sorriso
que ele via...Ao menos parecia.
-
Bem...Ele tomou providências desta vez.
-
Parece que vai ter que ficar e aturar o baile como nós
mortais.
-
Sim, parece...baile?
-
Ainda não sabia?
-
Não.
-
Pois é...Mais uma invenção dele, mas é
bom, assim os alunos não se assustam tanto com o que se passa
lá fora. Aproveite, assim você terá alguns
momentos de paz.-ela sorriu mais uma vez e seguiu seu caminho.
Se
tinha uma coisa que Harry sabia sobre a Gina que conhecia era que ela
estava doida para sir do colégio e lutar. Mas estava presa ao
castelo, e devia querer sair dele tanto quanto ele próprio...Se
não mais...
Mas
enquanto ele divagava os olhos ainda analisavam a figura feminina se
afastando cada vez mais. A saia curta revelando o par de pernas
torneados, a blusa de Hogwarts, justa e colada à sua cintura
definida, os cabelos ruivos que balançavam enquanto ela
andava... Uma mulher... E que mulher...Ele pensou ao se relembrar de
todas as frases que Gina proferira.
But
this won't work now the way it once did
Mas
isso não irá funcionar agora do mesmo jeito que já
funcionou.
Ela
entrou na sala e poções ainda tremendo...Não
aparentava mais as sensações que ele lhe causava, mas
por dentro...Era tudo diferente, era o calor que subia por sua pele,
as contrações involuntárias do estômago, o
suor frio, a perda de raciocínio...Tudo ela tentava esconder,
e então aparentava fria, calma, calculista, quando por dentro
era um vulcão de emoções.
E
quando ele a amparara, sua nuca se arrepiou totalmente, ela quase
parou de respirar, lhe custou tanto aquelas simples palavras, dizer o
sobrenome dele...Só quando o imaginava um total estranho
conseguia se controlar, e ela sabia que isso não funcionava
muito bem...Nunca funcionaria direito...Mas já era algo.
Se
dedicou a terminar a poção nível de N.I.E.M. que
a professora Gilbert passara. Snape estava muito ocupado para
prosseguir ensinando poções em Hogwarts, ele passava
metade do tempo escondido e a outra lutando...Agora ele dava o devido
respeito a Harry, ele sentia na pele o que era ser e estar preso,
quando não se quer.
A
noite caiu rápida sobre o edifício de pedras, e rápida
se foi, mais rapidamente tornou a cair...Para coroar o baile
inesperado. Harry apenas se contentava em seguir o conselho da irmã
do seu melhor amigo...Vestia-se elegantemente e se prostava na mesa
destinada aos professores olhando e todas as direções.
Não estava se distraindo, apenas não estava enfurnado
num quarto como ficou o dia inteiro.
E
cada mecha ruiva que passava por sua visão o alertava...Não
sabia desde quando aquilo tinha se tornado comum, apenas havia se
apoderado dele. O rosto da ruiva lhe invadia a mente constantemente,
e ele tentava simplesmente esquecê-lo...Não podia se
iludir mais, não daria certo
And
I won't keep it up even though I would love to
E
eu não vou continuar com isso mesmo que eu te ame
Quando
ela entrou ele simplesmente ficou mudo. Os cabelos ordenadamente
encaracolados caíam em cascatas desordenadas pelo ombro nu. O
vestido começava em um top tomara que caia branco no busto, e
seguia modelando a silhueta dela até a cintura, de lá
sobressaia uma enorme saia esvoaçante, descia colada ao corpo
dela, mas parecia voar quando se movimentava. Uma tiara dourada
coroava a cabeça da, segundo ele, rainha daquele baile.
Harry
estava sem ação alguma, apenas observava a deusa que
adentrara o recinto. Toda a presença dela, e toda a
elegância...Não via nada assim entre todos os que ali
estavam, ela era a pintura que destoava do quadro, como se tivesse
sido posta apenas para irradiar seu poder sobre ele.
Mas
ela estava fria. Dura. Andava com agilidade e graciosidade, mas os
lábios de carmim se crispavam num sorriso, no máximo,
obrigado. Os olhos delineados de preto ressaltavam o castanho
profundo de sua íris. A força que emanava daquela
mulher era imensa...E ela simplesmente não o olhara uma vez
sequer.
Once
I know who I'm not then I'll know who I am
Uma
vez que eu saiba quem eu não sou então eu saberei quem
sou
Ela
viu quando ele se levantou um tanto confuso e caminhou até a
direção dela. Não o olhava, tinha medo, medo de
se trair, medo de cair no erro de se iludir novamente, somente porque
fora obrigado a estar ali. Ele que queria tanto ir embora...
Ele
parou no meio do caminho. Como ir até ela? O que dizer? Estava
tão confuso como quando descobrira que era um bruxo. E isso
tinha muito tempo...Ele sorriu...Mais que oito anos.
Se
dirigiu calmamente à mesa de ponche, e se serviu de um copo.
Como encarar aquela mulher que parecia tão segura de si, se
ele não sabia o que seria dele...Mas vejam só, ele já
estava pensando em futuro...Num futuro com ela...Justo a pessoa que
ele sempre vira como uma simples pirralha...E que o surpreendera
tantas vezes quanto foi capaz, como o surpreendera tantas vezes em
menos de uma semana.
E
quem era ele para despertar nela qualquer coisa? Ele não
conhecia a si mesmo, seu poder, sua missão, não sabia
se estaria vivo no dia seguinte...Como pensar em algo com ela se ele
nem sabia se tinha um futuro para isso?
O
sorriso se apagou da sua face como veio...Ele ainda olhou a mulher
que sorria num grupo de amigos, e saiu para o jardins...Para longe
daquele ser maravilhoso que o perturbava.
But
I know I won't keep on playing the victim
Mas
eu sei que eu não continuarei bancando a vítima.
"Não
Gina Weasley, você não pode fazer isso..." Mas ela já
estava fazendo...Desde que o vira sair para o ar livre os pés
dela não a obedeciam...Era como e tudo o que ela tivesse
tentado esconder quisesse sair, se mostrar, justo para quem não
devia.
Ele
estava sentado sobre a grama, sua expressão era serena, quase
feliz...Mas as duas esmeraldas denunciavam o estado de espírito
do homem, e ele não era nem um pouco animador. Ela queria
estar ao lado dele para ajudá-lo, porque ela o
amava...Independente de tudo, ou de nada. Ela não ia ficar
presa a medos, não podia.
These
precious illusions in my head did not let me down when I
was
defenseless
Essas
preciosas ilusões em minha mente não me decepcionaram
quando
eu era indefesa
Ela
não se aproximou...E ele não sentiu a presença
dela... Apenas olhava o horizonte...Olhava as estrelas que apareciam
cristalinas aquele dia, mesmo que a noite fosse macabra e dolorosa em
algum lugar...Para ele era apenas fonte de um sonho.
Quantas
vezes deitara naquele mesmo gramado e observara as estrelas sonhando
com ilusões impossíveis? Quantas vezes sonhara m ter
uma família, em ver seu Padrinho novamente com ele, em ver
seus pais... Sonhos, ilusões...Que se tornaram impossíveis.
Mas
eram essas ilusões que o sustentavam... Eram essas ilusões
que o afastavam dos dementadores...Eram elas que salvavam sua mente
de Voldemort...Como poderia simplesmente esquecê-las? Simples.
Não podia, nunca iria...Elas eram parte dele.
And
parting with them is like parting with invisible best friends
E
renunciar à elas é como renunciar aos melhores amigos
invisíveis.
Era
como nos sonhos dela... Ele ali, sentado, quase despreocupado...Mas
ele tinha mais segredos do que poderia suportar...Um dia ele
explodiria, e ela sabia que estaria lá, para catar cada
pedaço, e juntar todos de novo. Mesmo que fosse difícil...
Ela
sorriu...Caminhando lentamente de encontro ao homem. Não...Não
podia simplesmente esquecer tudo aquilo que sentia. Não sabia
como passar uma borracha e simplesmente esquecer que um dia o
amara...Não havia um jeito...Era como se deixasse tudo o que
tinha de especial...Tudo o que tinha...
Ela
sentou mansamente ao lado dele, os olhos verdes a olharam por
inteiro, o vestido branco contrastando com o verde da grama...Abraçou
os joelhos e olhou o céu...Pensativa.
This
ring will help me yet as will you knight in shining armor
Esse
anel me ajudará ainda que você fosse como um
cavalheiro
numa armadura brilhante
-
Gina...
-
Psiu..estou ouvindo as estrelas.
-
As estrelas?
-
Sim..Elas são sábias.-ela o olhou sorrindo, ele
retribuiu o sorriso.
-
Muito...E bonitas.
-
É...-ela olhou sonhadora para o céu...A mulher se
tornara menina novamente.
-
Como você.
-
Não Potter.-ela disse fira, a mulher voltara...- Eu não
me comparo.
-
Você não tem espelho então.-ele riu...Há
muito tempo não fazia isso. Que anel bonito.
-
Ah...-ela sorriu ao sentir as mãos dele tocando a jóia-
É um anel baratinho...
Ela
tirou o anel do dedo e o olhou demoradamente. Depois olhou o homem ao
lado e estendeu a mão.
-
Fique com ele...Pra não me esquecer...-ela disse, um leve
corar estendeu-se por suas bochechas.
This
pill will help me yet as will these boys gone through like
water
Essa
pílula ainda me ajudará com esses garotos que se vão
como
Água
-
Eu não poso aceitar..-mas ela depositou o anel sobre a palma
da mão dele e a fechou.
-
Aceite Potter, talvez precise dele um dia.-ela se levantou
lentamente.
-
Me perdoa?
-
Pelo que?-ela o olhou no chão.
-
Por não te contar...
-
Seus segredos?-ela riu- Tudo bem...Apenas saiba que sempre ouvirei
quando precisar.-ela se virou e caminhou de volta para o castelo.
But
this won't work as well as the way it once did
Mas
isso não irá funcionar tão bem do mesmo jeito
que já
Funcionou
-
Ginny!-ele corria em sua direção, ela o olhou
docemente.
-
Sim...
-
Pode me perdoar mais uma coisa?-ele sorriu maroto.
-
O que senhor?-ela riu.
-
Isso...-ele a puxou pelo braço e depositou suave em seus
lábios um beijo.
Um
toque de lábios, nada mais que isso...E foi o suficiente para
carregá-los a um mundo distante. O mundo das ilusões,
aquelas que ambos acreditavam impossíveis...Bem ali na frente
deles...Entre eles. Mas algo estava errado, ela sentia...Ela não
sabia o que...Apenas sabia. Lentamente o empurrou, lentamente quebrou
aquele elo que tanto desejara.
-
Eu não posso...-ela correu, correu como nunca havia corrido em
sua vida...
Cuz
I want to decide between survival and bliss
Porque
eu quero decidir entre sobreviver e ser feliz
Porque?
Ele se perguntava...Porque tudo aquilo acontecia com ele? Porque de
repente tudo o que lhe fazia feliz lhe era tirado? Toda sua vida fora
assim, porque ainda acreditava que seria diferente?
Ele
deixou-se escorregar pela parede fria de pedra, os braços
apoiados nos joelhos...As estrelas não eram mais tão
brilhantes... As ilusões não eram mais tão
saborosas...A vida o tinha encontrado novamente. Ávida tinha
cobrado o preço de sempre... Sua felicidade.
Porque?
Porque sobreviver era sempre sinônimo de tristeza? Porque tinha
que escolher? Ela que o afastou, mas ele sabia que cedo ou tarde era
ele que o faria...Como condenar alma tão pura e doce, mesmo
que fosse forte, como condená-la a ficar ao lado de alguém
sem futuro. Como privá-la da felicidade se escondendo como
ele...
Ele
não podia...
And
though I know who I'm not I still don't know who I am
E
mesmo que eu saiba quem eu não sou eu ainda não sei
quem sou
Ela
olhou ao redor...Escuridão. Não sabia onde estava,
apenas entrara no primeiro corredor, e no seguinte, e no seguinte, e
não sabia mais em que lugar estava, subia e descia escadas,
sem saber o que fazia...
Porque
havia feito aquilo? Ela sentou no último degrau que faltava da
escada. Porque ter se privado de tão doce gesto, e de sonho
mais suave? Agira sem pensar, apenas porque sentia algo errado...Mas
não era nessas horas que tinha que ficar perto dele? Então
porque fugira?
Ela
virou-se para a parede, tão lida que refletia sombriamente sua
face...Quem era ela? Ela não sabia quem era.. Era a mulher
apaixonada pelo maior bruxo de todos os tempos...?Era a mulher que
carregava os segredos dele sem que ele desconfiasse...?Era a mulher
que o sustentava sem ser vista? Seria mesmo tudo isso? Ou apenas
acreditava em ilusões demais?
Era
a mulher que amava o homem por trás do mito...Que o amou por
oito longos anos...Isso ela sabia que era...mas o resto...
But
I know I won't keep on playing the victim
Mas
sei que eu não continuarei bancando a vítima
Voldemort
o esperasse...Ele estava farto de fugir, estava farto de abdicar de
tudo que era importante...Estava farto de agüentar aquele peso
todo sobre seu corpo...Estava mais do que na hora de ambos se
encararem, e lutarem definitivamente.
Ele
se levantou decidido quando um grito cortou o silêncio e ecoou
pelo castelo. O coração bateu apressado enquanto corria
na direção do som estridente e desesperado...Conhecia a
voz, conhecia a boca que emitia tal lamento, e não queria
acreditar...Não queria acreditar que um beijo seu tinha sido o
suficiente para colocá-la na lista de pessoas queridas mortas.
Não...Esse direito Voldemort não tinha.
Subiu
as escadas apressados, tentando se guiar pelo som que escutara, mas
que agora não escutava mais. As escadas eram longas, eram
altas, eram escuras...Nem percebeu quando tropeçou em algo,
algo de metal,algo dourado...A coroa de sua rainha...Jogada no chão.
These
precious illusions in my head did not let me down when I
was
a kid
Essas
preciosas ilusões na minha mente não me decepcionaram
quando
eu era uma criança
-
Porque mentes pra mim Ginevra? Sabes que não pode.
-
Você acha que sabe um monte de coisas Tom...E não sabe
nada.
-
Ele está vindo pra armadilha, graças a você.
-
Isso não tem nada a ver comigo. Ele quer te matar.
-
Você o trouxe pra mim. Você o trouxe pra morte.
-
Eu não o trouxe Tom!
-
Você está cega menina.
-
Você está mais.
Olhos
castanhos perfuraram as pupilas da cobra. Ela torcia para que ele não
viesse...Sabia que Voldemort preparara uma armadilha...Se ele
chegasse a culpa seria dela...Não precisava daquele monstro
repetindo tudo.
Ela
fechou os olhos, tentava se transportar para as ilusões que
criara... Queria esquecer que estava amarrada a uma cruz de madeira,
no meio de um cemitério. Esquecer que o homem que amava
poderia cair naquela armadilha pérfida...Esquecer que amara,
ou quem amara...Elas nunca a tinham abandonado...Suas ilusões...
And
parting with them is like parting with a childhood best
friend
E
renunciar à elas é como renunciar aos melhores amigos
de
Infância
-
HARRY POTTER VÁ EMBORA AGORA!- ela gritou desesperada e
revoltada.
-
NUNCA!- ele a olhou, os olhos ardiam em chamas.
-
VOCÊ NÃO PODE MAIS QUE OS OUTROS.- uma lágrima
teimava em cair pela sua face.
-
EU POSSO MAIS QUE QUALQUER UM POR VOCÊ!
Não...Essa
ilusão era sua...A ilusão de viver feliz ao Aldo
dela...Pena descobrir tão tarde que a amava...Pena descobrir
que a menina que estivera ao seu lado o tempo inteiro, se
transformaria na mulher que amaria o resto da vida, fosse quanto
tempo fosse o resto dessa vida.
A
essa ilusão ele não podia renunciar...Isso ela não
faria nunca...nunca...
I've
spent so long time firmly looking outside me
Eu
gastei muito tempo olhando firmemente para fora de mim
O
som de um corpo deixando a vida. O som de uma vida se extinguindo. As
parcas cortavam mais um fio na teia da vida, o fio mais forte e
resistente que já tinham encontrado.
O
corpo jazia imóvel no chão...Ela não tinha
coragem de olhar o que acontecera... Passara muito tempo olhando o
mundo ao redor, vivera vendo o que aconteceria...Não precisava
ver o que acontecera agora...Não queria.
Não,
não podia pensar nisso...Preferia se enterrar dentro de si
mesma a acreditar que ele estava morto. Qualquer coisa seria melhor
que isso...Qualquer coisa...A neve caía cada vez mais forte,
cada vez machucando-a mais...E a dor que causava não era nada
comparada à que sentia.
-
Eu...Eu não desisti Potter...-ela sorriu calma, confortante, e
abriu os olhos para a verdade.
I've
spent so much time living in survival mode
Eu
gastei muito tempo vivendo apenas para sobreviver.
Eles
bailavam pelo salão... Era um sonho tão bom... Estavam
em Hogwarts, dançando, valando...Sorriam felizes...Como tudo
aquilo era bom e surreal. A brisa quente invadia o salão
repleto de gente. Pessoas que sorriam e comemoravam.
Uma
coruja das torres planou até eles... Trazia no bico uma carta.
Ele parou um pouco a dança e estendeu o braço, a coruja
pousou e entregou a carta ao dono, que acariciou suas plumas. Ela
também acarinhou a cabecinha da coruja, que sentia ciúmes
dele, e por isso recuou um pouco. Ambos riram.
Era
apenas mais uma carta de comemoração, especial é
claro...A carta era de Rony e Mione...Que depois de muita luta haviam
conseguido acabar com os últimos comensais nos Países
Baixos. A carta trazia ainda uma ótima notícia, Mione
estava grávida de gêmeos.
Ele
fez questão se anunciar a notícia para todos os
presentes...A Sra. Weasley quase desmaiou de felicidade...Depois da
perda de dois filhos e do marido um neto a encheria de graça e
felicidade. Um motivo para viver enfim. Pomfrey acompanhou a amiga
até a enfermaria, para acalmar os nervos abalados dela.
Eles
se dirigiram quase que voando para os jardins, olharam o horizonte
ensolarado, sorriram um para o outro.
-
Sem estrelas.
-
e o sol querido?
-
Nem ele ofusca sua beleza.-ela riu.
-
E o que faremos agora?
-
Viveremos...Felizes.-ele a olhou ainda um momento- Para sempre.
-
Igual aos contos de fadas Potter?
-
Não Ginny...Nenhum conto de fadas é tão
tenebroso como a nossa história...Mas acho que merecemos isso.
Eu pelo menos cansei de sobreviver a tudo...
-
E não viver absolutamente anda.
-
Poderia parar de ler minha mente senhorita?-ela sorriu mais ainda, e
depois fez cara de séria.
-
Não...Faz parte do pacote.-ele a beijou suavemente.
-
Eu ainda tenho aquele bilhete seu.
-
bilhete meu?
-
É...O que você me entregou no meu último ano.
-
Você está brincando.-ela riu.
-
Não...-ele sorriu divertido e apanhou um papel amassado no
bolso da calça, entregando-o a ela.
-
Bem...Acho que não precisamos mais dele.-ela jogou o papel
para trás.
-
Ei! Era uma lembrança.
-
Eu já sou lembrança demais Potter.-ela revidou jogando
os cabelos ruivos para trás e andando para o lago.
-
Nem em lembre disso.
-
COMO É?-ela se virou bruscamente.
-
brincadeirinha...
-
Ah seu!-ela correu atrás dele pelo jardim.
O
perfume das rosas impregnava o ar, o céu azul perfeito
emoldurava a pintura dos amantes, marido e mulher, que desfrutavam da
escola talvez pela última vez... Talvez para sempre...Que
viviam e viveriam...Num sonho eterno.
Na
grama apenas o bilhete que Gina mandara:
"I Made my own choices...Maybe is time you do the same!"
