Disclaimer: Não me pertencem. É tudo da Naoko Takeuchi, Toei e Bandai.

Notas iniciais: Esta ficlet faz parte do desafio Quinzena VK 2016.


Dia 1 – Castelos

"Eu vou cuidar

Eu cuidarei do seu jantar

Do céu e do mar, e de você e de mim"

[Cegos do Castelo – Titãs]

Ele estava em frente a um enorme e fantástico castelo de cristal. Um castelo tão imponente quanto chamativo. Não conseguia decidir o que era mais ridículo um castelo daquele tamanho ou o fato de ser de cristal. Ambas opções faziam daquele lugar inseguro. Ele não sabia como havia chegado ali, apenas sabia que precisava estar ali naquele momento. A probabilidade de não ser bem-vindo era grande, mas ele precisava estar ali. Não entendia o que estava acontecendo, mas não importava, precisava estar ali. Respirou fundo e decidiu entrar. Não havia ninguém para impedi-lo, mesmo sendo ele quem era. Não tinha pessoa alguma em qualquer lugar. Nunca tinha imaginado que o castelo fosse tão vazio. Quase sem vida. Não fazia sentido. Ele sentia a presença dos seus irmãos de armas, estavam próximos, mas também isto era o máximo que existia ali. Isto o deixou em alerta. Talvez não existissem muitas pessoas no imenso castelo de cristal, mas algumas deveriam viver ali.

Buscou com toda concentração que conseguiu reunir a presença do mestre. Endymion deveria estar ali. Ele não seria enviado para aquele lugar caso Endymion não estivesse ali a sua espera ou, pelo menos, precisando dele de alguma forma. Com algum custo ele conseguiu encontrar um vestígio da energia de seu mestre e foi em sua direção sem procurar qualquer outro sinal de vida. O mestre estava lá, ao lado da princesa, mas ela não era mais uma princesa. Era a rainha e o mestre era rei. As coisas tinham mudado muito desde a última vez que os tinha visto, pelo menos da última que ele estava sendo ele mesmo, mas algo continuava igual: eles estavam mortos.

Estavam de mãos dadas. Unidos em qualquer circunstância ele pensou. Ele notou que seus irmãos de armas estavam se aproximando do mesmo lugar que ele. Endymion e Serenity pareciam estar em algum tipo de altar que parecia, de alguma forma, protege-los e, depois de passada a emoção e alívio de encontrar o mestre, ele notou o estado do ambiente. Era um salão a céu aberto, como uma praça dentro do castelo. Deveria ter sido um lugar bonito, mas no momento só era possível ver abandono. Parecia que todos haviam sumido e deixado tudo o que faziam inacabado. O vazio era quase palpável. Ele olhou novamente para os soberanos e chegou à conclusão que talvez ninguém tivesse abandonado o lugar, talvez eles apenas tivessem caído em um sono profundo. Talvez esse fosse o motivo dele estar ali... Deveria zelar pelo sono de todos. Pensando nisto ele se lembrou de outra pessoa. Se Serenity estava adormecida, Venus deveria estar acordada.

Ele tentou localizá-la como tinha feito com o mestre. O sinal dela era ainda mais fraco, mas ele conseguiu acha-la. Se apressou em seguir o rastro. Apesar da mórbida imobilidade de Endymion e Serenity, ambos estavam vivos e seguros. Ele poderia procurar Venus sem se preocupar. Não preciso andar muito para encontrá-la. A achou em uma das escadarias.

Ao contrário do que ele tinha pensado inicialmente, ela estava tão imóvel quanto Serenity. Ela parecia estar segurando uma das pilastras que sustentavam o corrimão de cristal da escada, como se tivesse, em um último momento de lucidez, tentado se segurar antes de cair nos degraus. O corpo dela estava caído de uma forma estranha. Seja lá o que tinha acontecido, parecia ter sido rápido. Ele se ajoelhou próximo ao corpo dela e sentiu vontade de tocá-la, mas não sabia se isso era o certo a se fazer. Ela parecia imperturbável linda, mas ele estava mais do que incomodado com aquilo. Não entendia como toda a vida dentro de um castelo poderia ser suspensa como tinha acontecido ali.

Finalmente decidiu que tiraria Venus daquela posição. Talvez todos estivessem mortos e a energia que ele estava sentindo era apenas residual, talvez eles estivessem apenas profundamente adormecidos ou bem acordados em algum tipo de imobilidade espontânea. Não importava, mas ele não estava confortável em deixa-la daquele jeito caída nos degraus da escada como se tivesse tropeçado no topo e rolado até aquele ponto. Ele pegou a mão que ainda segurava a pilastras e conseguiu sentir, como uma corrente elétrica, que ela ainda estava viva. Conseguiu sem esforço qualquer tirá-la da posição estranha e pegá-la no colo. Enquanto andava em busca de um lugar adequado para deixa-la, pôde sentir o calor do corpo dela. A primeira hipótese do sono profundo e fulminante era a melhor explicação. Encontrou uma espreguiçadeira próximo a Endymion e Serenity e a colocou lá.

Se antes ele não sabia o porquê de estar ali, agora tinha certeza. Precisava prezar pela integridade do castelo. Precisava zelar pelo sono dos soberanos e protege-los enquanto não fossem capaz de fazerem isso eles mesmo. Estes eram os motivos para estar ali, mas velaria pelo sono de Venus e esta parte não era apenas por obrigação. Era a única forma que ele tinha de retribuir.