Disclaimer: Nenhum dos personagens oficiais do dorama Boys Over Flowers me pertence, assim como os cenários e acontecimentos do dorama. Todo o restante que vocês não reconheçam como parte do dorama é meu =).
PS 1) Não vou repetir isso antes de cada capítulo, então já estão avisados.
PS 2) Rating M pela linguagem e assuntos tratados. Futuramente não apto para menores de 18 anos.
PS 3) Contém vários personagens OC, que naturalmente são meus ^^.
PS 4) Divirtam-se =).
Capítulo 1 – Sem apresentações.
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Song Woo Bin era um homem inteligente. Inteligente e com muito bons instintos. E como tal, sabia reconhecer quando estava em apuros. Nesse preciso momento, não podia deixar de reconhecer que realmente estava enrascado, por inúmeras razões: a primeira e mais preocupante era que estava sendo atacado, e a julgar pela dor intensa nas costelas tinha acabado de levar um bom chute. A segunda era que se seus atacantes não o matassem, seu pai definitivamente o faria, por ele ser tolo o suficiente para sair sem seus guarda-costas e não dizer a ninguém onde estava indo. E ele já estava cansado, a dor nas costelas estava ficando pior. Sentiu como alguém lhe empurrava para o chão e ouviu um disparo e o som característico de algo sendo cortado. Ficou quieto no chão, ainda meio desorientado, tentando sentir se tinha um furo de bala em algum lugar. Depois de alguns segundos, uma mão enluvada lhe tocou a cara, dando um leve tapinha como se o instigasse a recobrar a consciência.
Abriu os olhos e foi como levar outro soco. Seus instintos começaram a gritar PERIGO! com uma força que o deixou aturdido. Um brilhante par de olhos negros o encarava fixamente. Ouvia uma voz perguntando se ele estava bem, se ele podia ficar em pé, mas não conseguia responder. O único que podia fazer era encarar aqueles olhos negros e se afogar neles. Ouviu um suspiro irritado e logo levou uma sacudida que o fez sair de seu transe. Tentou ficar em pé e a pessoa ao lado o firmou, ajudando-o a se encostar no brilhante Lotus amarelo.
- Você está bem? – de novo a pessoa perguntou-lhe.
Woo Bin olhou bem para a mulher ao lado dele. Cabelos negros, longos ele imaginava, presos num coque frouxo, alta, magra, boca pequena, pele morena. E aqueles olhos hipnotizantes. Via uma dureza rara neles. Talvez por isso a primeira coisa que pensou quando olhou para eles foi que estava em problemas, considerou. E ela estava de preto, desde os sapatos até as luvas de couro. O que lhe surpreendeu foi a katana pendurada no punho direito dela. Poucas vezes tinha visto uma arma daquelas e não sabia de ninguém que carregasse uma na rua. A mulher o deixou intrigado. Ladeou a cabeça e a observou melhor. Ela era linda, ele reconheceu. Umas das mulheres mais lindas que já havia visto e ele conhecia muitas mulheres lindas.
- Sim, estou bem – ele se apressou a falar, quando viu que ela lhe deu as costas e se dispôs a ir embora. Ela virou-se para ele – Aliás, obrigado pela ajuda.
Ela acenou com a cabeça, aceitando o agradecimento e virou-se outra vez, se encaminhando para dentro da Escola Shinhwa. Curioso, ele resolveu segui-la. Não estava acostumado a ser dispensado com essa falta de cerimônia, ainda mais depois de ser salvo. Era de se esperar que ela soubesse quem ele era ou que pelo menos tentasse descobrir isso.
- Você quer alguma coisa? – ela perguntou, sem deixar de caminhar.
Ele olhou para as costas dela, cada vez mais intrigado pelo caminho que ela estava tomando. Porque vamos, ela estava indo direto para o salão do F4, como se já tivesse estado no local várias vezes antes. Mas isso não era possível, pois ele com toda a certeza se lembraria dela se já a tivesse visto por ali. Tinha certeza de que ela não era um dos affairs de Yi Jung, porque ele certamente teria se gabado de tal beldade. Então, como raios ela sabia a senha da porta? Entrou atrás dela no salão e viu como ela se encaminhou direto para o piano de cauda negro que havia num canto.
Ele era estranho, ela decidiu enquanto digitava a senha no painel. Primeiro ele era atacado por três homens e quase era morto, depois uma desconhecida o salvava e ainda entrava no que deveria ser o salão particular deles e o cara nem mesmo perguntava quem ela era. Estranho e temerário, ou estranho e idiota, na opinião dela. Pelo que ele sabia, ela poderia muito bem ser uma assassina, o que tecnicamente ela também era, e terminar de matá-lo num lugar mais privado.
A verdade era que não sabia a razão de ter salvado-o. Simplesmente ao descer do carro viu um homem sendo espancado e reagiu por instinto. E ele a olhou de um modo peculiar, como se ela fosse uma ameaça ou algo assim, quando ela só estava tentando ajudar. Típico, talvez ele apenas tivesse mais instintos que bom senso, ela pensou meio amargamente.
Não fazia ideia de quem era ele, mas supunha que ele fosse um dos amigos de Ji Hoo, pois ele parecia surpreso com o fato dela ir para o salão do F4 e saber a senha da porta. Achou curioso o fato dele não lhe perguntar nada e só entrar atrás dela. Manteve um olho nele enquanto seguia em direção ao piano. Não gostava de ter estranhos à suas costas, menos ainda em locais fechados onde a única saída era a porta do outro lado da sala.
Deslizou os dedos enluvados pelas teclas do piano e se permitiu um pequeno sorriso ao ouvir o som familiar. Ji Hoo sempre mantinha o piano impecavelmente afinado. Tinha sentido falta dele, de verdade que tinha. Era uma pena que ele não estivesse ali. Tinha passado por sua casa e pela clínica e Ji Hoo não estava em nenhum lugar. Sua última opção era o salão do F4, mas parece que hoje não era seu dia de sorte. Tirou a partitura que tinha trazido para ele e a colocou em cima do piano. A intenção era entregar isso pessoalmente, mas não podia se permitir esperá-lo, pois tinha que correr hoje à noite e precisava voltar para casa. Pensando um pouco, tirou a luva e a colocou ao lado da partitura.
Virou-se para sair e viu a pequena careta de dor que o desconhecido fez ao esparramar-se no sofá de couro marrom perto da mesa de sinuca. Provavelmente as costelas estavam incomodando. Deu de ombros, isso não era problema dela.
- Espere.
Ouviu-o chamá-la. Olhou-o com uma sobrancelha arqueada, sem soltar a maçaneta da porta.
- E então? – perguntou a ele, quando ele não disse nada.
- Eu não lembro de ter te visto por aqui antes. Não acho que nós dois já fomos apresentados.
Ela sorriu. Ele não era tão idiota afinal.
- Porque nós não fomos. Pode entregar isto a Ji Hoo, por favor. Ele vai saber de quem é. - disse ela apontando a partitura em cima do piano. E num impulso, acrescentou - E consiga um pouco de gelo para suas costelas, vai aliviar a dor.
Quando So Yi Jung e Goo Jun Pyo entraram no salão do F4 encontraram Woo Bin esparramado no sofá olhando absorto para o copo de conhaque que tinha na mão. A primeira coisa que Yi Jung notou ao olhar para o amigo foi a roupa desalinhada e a bolsa de gelo na mesinha ao lado. Correu para o lado dele e o tocou no ombro, preocupado.
- Woo Bin, o que aconteceu? – perguntou, procurando com a vista por ferimentos no outro. Ficou aliviado ao ver que não havia sinais de sangue – Você está bem?
Woo Bin olhou para ele, com aquele sorriso de "não se preocupe que eu resolvo" que era sua marca registrada.
- Claro que eu estou bem Yi Jung, não seja tonto.
Terminou seu conhaque e arqueou a sobrancelha ao ver que Yi Jung o olhava fixamente. Suspirou derrotado sabendo que Yi Jung não iria o deixar em paz enquanto ele não falasse a verdade.
- Me emboscaram agora a pouco.
- Quem? Onde? – Jun Pyo interrompeu, olhando para os lados.
Woo Bin teve que sorrir. Jun Pyo nunca mudaria. Nisso Ji Hoo entrou pela porta e o olhou inquisitivamente também. Woo Bin se animou, Ji Hoo era justamente quem ele precisava.
- Como eu estava dizendo, me emboscaram quando eu desci do carro na entrada da Escola. Curiosamente, uma mulher estranha me ajudou. E Ji Hoo, você sabe o mais engraçado?
Ji Hoo, que estava jogando o casaco no sofá o olhou sem entender.
- A mulher sabia a senha para entrar aqui. No nosso salão.
Ji Hoo continuou sem entender.
- E o que isso tem a ver comigo? – perguntou o médico.
- Pois como ela te deixou um presente eu estava esperando que você pudesse me dizer quem é ela. – Woo Bin falou, com um sorriso.
- Um presente? – Jun Pyo perguntou – Ji Hoo, você arrumou uma garota e não me disse nada? Quem é ela?
Os demais riram, somente Jun Pyo saltaria para esse tipo de conclusão por um comentário inocente. Ji Hoo esfregou a ponta do nariz, cansado. Ele adorava seus amigos, mas as ocorrências exageradas deles o tiravam do sério.
- Olha, eu não arrumei garota nenhuma. E Woo Bin, do que diabos você está falando? – Ji Hoo perguntou.
Woo Bin indicou o piano e Ji Hoo viu a tampa do teclado aberta. Engraçado, ele jurava que tinha deixado a tampa abaixada ontem, e ninguém mexia em seu piano. Aproximou-se do piano e viu a partitura e a luva de couro preto em cima das teclas. Pegou a luva e sem perceber, sorriu carinhosamente ao passar os dedos pelo couro macio. Então ela estava em Seul, e tinha ido procurá-lo.
Yi Jung olhou para Ji Hoo parado ao lado do piano, acariciando algo preto em sua mão e cutucou Woo Bin com o pé, ao lado deles Jun Pyo também olhava curioso o sorriso raro no rosto do outro. Não era comum para eles ver Ji Hoo sorrir daquela maneira por alguém que não fosse Geum Jan Di. Viram como o médico pegou um pedaço de papel e sentou-se ainda sorrindo na poltrona em frente a eles. Ji Hoo os ignorou, olhando concentrado para o papel, que eles puderam ver era uma partitura antiga, a julgar pelo amarelado nas beiradas e Jun Pyo viu que o que ele acariciava instantes atrás era uma luva de couro preto.
- Ei, Ji Hoo, de quem é essa luva? – Jun Pyo perguntou.
Woo Bin escutou atento.
Ji Hoo não respondeu, pegou o celular do bolso e discou o número que sabia de memória. Esperava que ela atendesse e que ela ainda estivesse na cidade.
- Ei Hime – ele cumprimentou, quando ouviu a voz dela do outro lado da linha – A música é linda.
Encostou-se na poltrona e fechou os olhos.
- Sim, cheguei agora a pouco. Está em Seul ainda? – franziu o cenho – Sim, eu sei disso. Só tome cuidado. Espere, tenho algo para você também.
Ele foi até o piano outra vez e sentou no banquinho, colocando o celular no tampo. Apoiou a partitura no encosto e começou a tocar para ela. Uns minutos depois, terminou a música e pegou o celular outra vez.
- O que você achou? – perguntou a ela. – Sim, eu sei que a musica é linda. Eu queria que você estivesse aqui. – ele cortou a resposta dela - Não é a mesma coisa. Me avise quando estiver na cidade de novo, assim eu a toco pessoalmente da próxima vez.
Negou com a cabeça quando ouviu a resposta dela.
- Eu vou cobrar essa promessa. Ah sim, obrigado por salvar Woo Bin mais cedo – riu alto e os demais olharam para ele espantados – Sim, esse mesmo. Obrigado de qualquer maneira. Fico te devendo essa. Sim, eu sei. Estou cuidando-me. Não, não fui. Tudo bem, me ligue quando chegar em casa. – outra pausa - Eu sei que não Hime. Se cuide direito também.
Encerrou a ligação e viu os outros o encarando, surpresos.
- O que? – Ji Hoo perguntou.
- Nada – Jun Pyo respondeu – tem certeza que ela não é tua namorada?
- Ela é uma amiga Jun Pyo, uma amiga que faz um tempo que eu não vejo e sim ela veio me ver e sim, ela me trouxe um presente. Só isso.
Jun Pyo resolveu deixar passar. Conhecia Ji Hoo e sabia que não adiantava ficar perguntando, porque ele não diria nada. Mesmo que ele fosse todo meloso e preocupado e que ainda tocasse uma música para uma garota que nem mesmo estava ali ele não admitiria coisa alguma. Mas lhe intrigava o fato de que alguém além do F4 e de Geum Jan Di arrancasse uma reação dessas do sempre impassível e solitário médico.
- Então aquela morena linda se chama Hime? – Woo Bin perguntou a Ji Hoo.
Agora era oficial, a garota o havia deixado intrigado. Primeiro, o salvava, depois conhecia a senha do salão e entrava como se estivesse em casa e o ignorava olimpicamente. E por último, conseguia fazer com que justo Ji Hoo ligasse para ela e ainda gargalhasse. E Ji Hoo jamais ligava para garota nenhuma, a não ser Jan Di.
- Não. – Ji Hoo respondeu.
- Não o que?
-Ela não se chama Hime.
Woo Bin rodou os olhos.
- Então qual é o nome dela? E por que chamá-la assim então?
Ji Hoo o olhou com um sorriso divertido nos lábios.
- Por que tanto interesse Woo Bin?
- Ah vamos Ji Hoo, admita que sua amiga misteriosa causa uma certa impressão. Fiquei curioso, só isso. Só quero saber o nome dela, não é como se eu fosse pedi-la em casamento.
- Pois deve ter sido uma impressão muito forte para que você incluso mencione casamento – Ji Hoo o alfinetou, rindo ao ver a cara assustada de Woo Bin – Ela se chama Takeshi Inoue.
- Ela é japonesa então. – Por isso o sotaque dela lhe tinha parecido familiar, Woo Bin pensou.
- Sim, vive em Tóquio, na maior parte do tempo pelo menos.
- Hmmm. Aliás, como é que vocês se conhecem?
Ji Hoo suspirou e deitou a cabeça no encosto da poltrona, fechando os olhos.
- Ela sofreu um acidente em Seul um par de anos atrás. Eu era residente de traumatologia e fiquei responsável pelo tratamento dela. E nós acabamos ficando amigos.
- Bom, o que quer que seja. Como foi que te emboscaram aqui Woo Bin? – cortou Jun Pyo – e teus guarda-costas, onde estão?
Woo Bin olhou para ele, meio irritado. Agora que ele pensava no assunto, ele não tinha nem idéia de quem o havia atacado dessa vez. E já era a terceira vez nessa semana que esse tipo de coisa acontecia. Na primeira vez seu carro misteriosamente ficava sem freios, na segunda o alarme da sua casa estava desligado quando ele tinha certeza de ter ligado isso antes de sair e agora finalmente o atacavam. Tinha que ter uma conversa com seu pai e logo. Embora detestasse se envolver com os assuntos do pai, porque irremediavelmente o homem iria tentar convencê-lo de que ele deveria se interessar e participar ativamente do que quer que fosse que ele estivesse metido, não saber o que seu pai estava fazendo era quase tão perigoso quanto saber. Prova disso era que ele não sabia por que raios estava na mira dessa vez. Não é como se ele não tivesse sido atacado ou ameaçado pelos inimigos do pai e pelos seus próprios antes, mas pelo geral ele ao menos sabia quem queria matá-lo e por que.
Moveu-se no sofá e não pôde reprimir o gemido de dor, era só o que lhe faltava, que realmente tivesse uma costela quebrada, pensou.
- Woo Bin?
Ele virou a cabeça e viu Ji Hoo o olhando, preocupado.
- Não passa nada Ji Hoo, levei um chute nas costelas e isso esta incomodando um pouco. – falou tranquilamente, não querendo preocupar os outros três.
- Vou com você até o hospital tirar uma radiografia. – Yi Jung disse do outro sofá.
- Brow, não é preciso, sério. Prometo que se amanhã continuar doendo eu peço para Ji Hoo dar uma olhada – cortou ele ao ver que os outros iriam reclamar. – Agora, o que vocês acham de uma partida de sinuca?
E Woo Bin se encaminhou para a mesa, pegando seu taco predileto do suporte e ignorando o suspiro irritado de Yi Jung. Não queria preocupar seus amigos, por isso manteria suas suspeitas para si mesmo. Mas certamente iria descobrir quem tinha lhe chutado dessa vez e por que.
