O Resgate de Suki
Capítulo 01
Era um corredor escuro e muito difícil de enxergar qualquer coisa a uma distância maior do que um metro. O eco dos passos do homem vinha de todos os lados, mas era um som abafado. O ar estava pesado e quase sufocante, o homem estava com muita dificuldade para respirar, deixando os pulmões carregados de desespero e dor. As paredes do corredor eram de uma pedra escura, mas lisa. Pareciam blocos de pedra recoberta com metais em formato de pedra, algo nunca visto antes.
O corredor desbancava um uma sala que parecia ter três passos longos por três. Ela era iluminada por duas tochas nas paredes laterais. O som da chama era ilusoriamente alto demais. A tocha provocava um barulho irritante e amedrontador. Era incrivelmente semelhante aos sons que os dobradores de fogo faziam quando disparava seu ataque.
Na parede, bem no alto, mais ou menos a dois homens de altura, estava uma garota presa pelos punhos e pelo tornozelo com algemas pretas feita de ferro. A garota vestia uma armadura de placas na cor verde musgo que cobria o tórax, e um vestido largo e pesado em duas tonalidades de cores. Seu rosto tinha uma pintura branca, com a região próxima aos olhos pintados de vermelho. Era nitidamente uma guerreira Kyoshi.
- Suki é você? – disse o rapaz, quando se aproximava vagarosamente na direção do corpo. De repente, a garota abriu e deu um terrível sorriso, enquanto a maquiagem era derretida, como se pegasse fogo. A prisioneira era colocada delicadamente no chão pelas correntes escuras. Neste momento, uma voz ecoou por todos os lados da sala, uma voz conhecida, ao meio de risadas malignas. Aquela voz era da Azula e dizia:
- Sim, sou a sua querida Suki. Venha me dar um beijinho!
Neste momento, a guerreira se transformava em Azula, mas ela tinha três metros de altura. O homem arregalou os olhos e falava, colocando as mãos para o céu, tentando se proteger da gigante:
- Não, não, não...
A gigante Azula se abaixou. Seus lábios enormes eram feitos de magma extremamente e dolosamente quentes. O homem não conseguiu evitar, a gigante azula beijou o pequeno Sokka, derretendo a sua pele e provocando uma intensa dor, no meio do cheiro do enxofre que inundava o local.
Neste momento Sokka acordou com um berro altíssimo, suando debaixo dos braços, na testa, nas mãos, no pé e até no seu peito, deixando sua camisa de tecido leve e fino para dormir e da cor azul completamente molhada.
Ele olhou para todos os lados. Ele ainda estava no seu quarto no templo do ar do norte, onde seus amigos haviam se escondido após o fracasso da invasão. O quarto era simples, tinha apenas o saco de dormir dele, uma janela sem veneziana alguma, mostrando o céu estrelado do lado de fora, um cantil de barro queimado e com água, e sua mochila verde, comprado no reino da terra.
Ele sentou, colocando a mão no rosto e retirando o suor da testa e comentando com um sussurro:
- Foi apenas um terrível e pavoroso pesadelo.
Ele se levantou e foi para a janela, com os olhos inchados devido ao sono, e ficou observando o horizonte, que se perdia por entre as nuvens, sentindo o frescor do ar noturno assoprando levemente o seu rosto e esfriando a sua pele. Ele tinha a imagem mental de Suki, amarrada, sangrando pela boca, rosto machucado e chorando. E aquela imagem o perturbava. Relembrou do rosto maquiavélico de Azula, presa pelas dobras de Toph, provocando-o, falando sobre Suki.
Seus punhos se fecharam e seu rosto de contorceu em ódio. Era o rosto e as palavras de Azula que agora dominava a sua cabeça. Ele comentou para si, dando um forte soco na parede, com a força que ele nunca havia utilizado antes:
- Maldita, ela vai morrer ainda. Se não for pelas minhas mãos, será pelas mãos de alguém.
Neste momento, a porta de madeira do seu quarto é aberta rapidamente, e a figura de Toph, com um rosto completamente assustado e de um camisolão enorme e verde; de Katara, coçando os olhos de sono; Zuko, com a sua velha cicatriz e cabelos soltos e despenteados; e Aang, apontando seu bastão para dentro do quarto, como se preparasse atacar um adversário existente, apareceram do corredor.
- O que aconteceu aqui Sokka? Estamos sendo atacados? – falou o Avatar em posição completamente em alerta, olhando para todos os lados do quarto velozmente.
Sokka voltou a sentar em seu saco de dormir, e respondeu para todos os curiosos que ali estavam, simulando um bocejo:
- Foi apenas um pesadelo, não foi nada. Podem voltar a dormir.
Aang, ao ouvir o comentário, imediatamente abaixou seu bastão, ficou com os olhos quase fechados, deu as costas e falou:
- Ainda bem, estava morrendo de sono. Tchau para todos e até amanhã.
Todos ficaram ali, parados, olhando para Sokka se deitar em sua cama. Então o resto do pessoal se retirou. Apenas Toph ainda permaneceu parada na entrada, com as mãos sobre o batente da porta, de cabeça cabisbaixa.
- Se você quiser conversar comigo sobre este pesadelo? Estou aqui para isso – disse Toph, corando sua bochecha e deixando apenas os dedos do seu pé direito encostado no chão, mostrando claramente seu desconforto devido a sua timidez.
- Obrigado Toph, mas eu só preciso dormir agora – disse o garoto, deitando-se dentro do saco de dormir e se aconchegando.
A garota fechou a porta. Sokka ficou por mais alguns minutos pensando na Suki, tentando imaginar como era a sua prisão, antes de pegar novamente no sono.
