Disclaimer: Saint Seiya pertence a Massami Kurumada e etc e tal. Obrigada Kuruma-ojichan, é uma felicidade pegar seus personagens emprestados e fazer maldades 8D

"Somewhere in Between" que certamente aparecerá na fic em algum momento, é do Hawthorne Heights.

Tudo pego emprestado, sem fins lucrativos, visando apenas satisfação pessoal. (y)

Boa leitura, meus amores.

Overdose de ti

Os colegas de banda o avistaram quando ele adentrou a capela, vestido em um sobretudo preto e usando óculos escuros. Acenou com a cabeça para eles e foi em frente, onde podia avistar o caixão.

A morada de madeira estaria lacrada, ele já sabia. O maldito acidente destroçara com o corpo. E ele ainda se sentia culpado quando pensava que nada fizera para evitar. Por não ter estado lá. Sua razão dizia que teria sido outra vítima, e não um herói. A responsabilidade que sentia por aquilo, entretanto, pesava sobre seus ombros, fazendo aquele latejo de dor parecer ainda maior.

A mãe estava ali, sobre o móvel lacrado, em prantos. E, no entanto, ao erguer a cabeça e vê-lo, não demonstrou raiva. Apesar de tudo, ela não o culpava. E as palavras por elas ditas a eles lhes veio à mente. Embora não aprovasse que o filho não houvesse se tornado o médico que ela sonhara para ser vocalista daquela banda, ela dissera que se aquela carreira o fazia feliz, seria então sua fã número um. E por mais difícil que fosse ter a desilusão de não ver o primogênito ao lado de uma bela jovem, com o tempo ela passara a respeitar o relacionamento deles. A única coisa que ela condenara e implorara a eles que abandonassem era o maldito vício.

- Querido, eu entendo que seu pai o magoe e que a vida de artistas não seja fácil, mas você tem a mim e eu o amo mais que tudo. E vocês dois... - ela estendera o olhar a Milo. – vocês são felizes, não são? Você não tem motivos para isso também, tem, Milo? Sua família...

Ela não conhecia a história sobre a família dele. Não sabia que ele não tinha família. Não enquanto fora apenas o filho gay. A família só tentara reconhecê-lo quando a Scorpio's Poison estava dominando os outdoors, capas de revista e paradas musicais. Mas para ele, a família estava morta. A mãe dele não podia entender os motivos, talvez nem eles mesmos entendessem.

Apesar de tudo, ela aproximou-se dele e o abraçou.

- Nós o perdemos, Milo.

Ele tomara fortes calmantes e estava entorpecidamente tranqüilo.

- Nós o perdemos. – repetiu, maquinalmente.

Viu o pai do outro lado, claramente reprovando o contato da esposa com o parceiro do filho. Aos poucos, rompeu o abraço e andou só mais alguns passos para perto do caixão. Totalmente fechado. O maldito acidente destruíra com o corpo dele. E Milo não veria o lindo rosto do vocalista diante de si novamente, apenas nas fotos e na memória. E a última vez... a última vez fora...

- Milo, estou pensando em parar. Acho que nós deveríamos. Sabe, minha mãe tem razão e afinal, nós não precisamos disso. Chapados ou não, teremos nosso fãs. Nossa música é boa.

Estavam sentados no chão da sala do apartamento de Milo. Apesar de luxuoso, não era muito grande e a bagunça no qual era mantido fazia parecê-lo menor. Pelo cômodo, latas de cerveja vazia rolavam pelo chão. Peças de roupa estavam amontoadas no sofá preto de vinil. Perto da estante de mogno estava encostada a guitarra de Milo. Sobre a estante, CDs e DVDs espalhados disputavam espaço com bitucas e embalagens vazias de cigarro.

Enquanto ouvia, ele enrolava um baseado sobre a mesinha de vidro.

- Milo, você ouviu o que eu disse? Que temos de PARAR! E não falo só de mim! – ele afastou o cigarro do guitarrista. – Pode parecer ridículo caras como nós dizendo isso, mas eu te amo cara. Tanto quanto amo a música, tanto quanto amo a Scorpio's Poison. Talvez... talvez até mais, porra.

Milo começou um riso, mas este morreu em seus lábios, diante da seriedade do vocalista.

- Certo, vamos tentar. - ele não parecia convincente, enquanto mantinha o olhar na mesa e deslizava o dedo pela borda de um copo vazio.

Ele estendera os braços, forçando Milo a olhá-los.

- Eu tenho sentido nojo de mim mesmo quando olho para meus braços e vejo essas marcas. Nós... precisamos de ajuda.

Silêncio, por algum tempo.

- Mas... é que não é fácil, sabe? Quando alguém diz algo sobre mim, sobre nós, eu me lembro do escroto do meu pai dizendo que não havia espaço para uma bichinha na casa dele. Uma picada me faz esquecer isso. E você sabe, é divertido, tudo isso.

- Só que passamos do limite.

- Eu sei. – ele tomara o último gole que restara na lata de cerveja. – Okay, vamos tentar.

Engatinhara na direção do vocalista, contornando a mesinha que estava entre eles. – Seja minha droga agora. Me deixe bem louco.

- Oh yeah. – ele replicara. - Muito louco, meu escorpião.

oOo

Sem se aproximar do caixão, Milo prestou sua despedida ao amado e deu um breve aceno de cabeça à mãe dele. Ela parecia sentir-se mais próxima dele naquele momento, como se houvesse uma parte do próprio filho em Milo. Tal percepção o deixou satisfeito.

Aproximou-se dos amigos da banda. Todos vestiam preto, a cor do luto, e estavam de óculos escuros assim como Milo. Dois deles usavam camiseta de manga curta e suas tatuagens nos braços fortes eram visíveis. Por um momento, o guitarrista pensou em despir-se do sobretudo, deixando a grande tatuagem no braço direito a mostra. O escorpião gravado em sua pele era homenagem à Scorpio's Poison, mas acima de tudo, ao seu vocalista. Abaixo do aracnídeo o nome dele estava marcado em letras bem desenhadas. Alguns fãs idolatravam a tatoo, outros não admitiam que seus ídolos fossem assumidamente amantes. Para Milo, pouco importava. Ele levaria o sentimento que nutria gravado em seu coração tanto quanto aquela tatuagem.

- Sei que é um tanto cedo, mas... – começou Aiolos, em tom confidencial. – Já fomos interrogados lá fora. Querem saber o que acontecerá com a Scorpio's.

Milo ficou em silêncio por um tempo, fitando o caixão.

- Para mim, está acabado. Não tenho como continuar. Sem ele, sem chances. A banda é de vocês, caras.

Aiolia, o caçula da banda, lançou-lhe um olhar triste. Ele próprio sentiu os olhos umedecerem e acenou, se afastando.

Não ia ficar para ver o corpo ter seu destino, indo para debaixo da terra. Não queria esta lembrança. Começou a tremer, desejando incontrolavelmente uma dose.

Saiu da capela em passos rápidos.

Não tinha como continuar.

Sem ele, sem chances.

oOo

N/A: E assim começamos. O.o Espero que gostem desse primeiro capitulo, é só o começo da queda do Milo. A fic vai longe, e eu não garanto atualizar rápido, devido a uma série de fatores. Se alguém aí for especialista em neurocirurgia e quiser me dar uma ajuda, vou precisar xD [sério]. Momentos felizes também virão na fic...

Para começar bem, reviews please ;D

Beijos e.. omg, feliz ano novo!~