AUTODIDATAS E ESTUDANTES

FASE UM – Autodidatas: O Princípio de Tudo

Autor: Ricky Crouch

Sinopse

Numa época em que ainda não existia Hogwarts, as pessoas estudavam por sua própria conta. Denominavam-se bruxas através de sua própria razão. Muitos caminhos eram difíceis e diversas portas permaneciam trancadas. Entretanto, quatro grandes bruxos se uniram para mudar essa história e fundaram a primeira e a maior escola de todos os tempos. Conheça a história deste grande acontecimento.

CAPÍTULO UM

UMA GRANDE DESCOBERTA

Há mais de Mil Anos, no auge do século X d.C., começava a se identificar uma nova sociedade, composta de pessoas que possuem poderes mágicos. Nos dias de hoje, essas pessoas são conhecidas historicamente como bruxas. Todavia, naquela época, mal se podia ouvir alguém exclamar essa palavra. O medo era muito grande, e, sobretudo, a Igreja Católica condenava essas pessoas à morte através do Tribunal da Inquisição, com o objetivo de impor que as outras pessoas bruxas se entregassem para que recebesse o devido perdão de Nosso Senhor. Contudo, muitos bruxos possuíam as suas próprias ideologias, e escondiam-se ou disfarçavam-se para não causar um grande tumulto entre a sociedade das pessoas trouxas (não provenientes de magia). As tradições bruxas eram mantidas às escondidas, a exposição dessas causaria muita polêmica. Felizmente, foram poucos os que foram descobertos pela Igreja. A maioria das pessoas acusadas não eram bruxas, foram condenadas injustamente. Como as tradições eram mantidas às escondidas, os jovens bruxos eram educados por seus pais, ou eles estudavam por sua própria conta, utilizando os recursos de livros pertencentes a seus antepassados, e a sua razão. Conseqüentemente, não existiam escolas especializadas em Bruxaria. Dessa maneira, os bruxos que eram filhos de trouxas, não possuíam acesso a esse tipo de aperfeiçoamento. Muitos bruxos nem ao menos sabiam que tinham poderes mágicos. A sociedade dos bruxos era muito primitiva. Porém, os primeiros passos para a sua evolução foram dados por quatro bruxos. Esses quatro bruxos obviamente eram autodidatas, todos filhos de bruxos, ou como alguns preferem dizer, esses bruxos eram sangues-puros. E agora conheceremos como tudo começou, a história desses bruxos, e a fundação da primeira escola de Bruxaria, que mais tarde tornar-se-ia a maior escola especializada em Bruxaria do Mundo.

Godric Gryffindor era um bruxo muito estudioso, mas que nem ainda sabia o que exatamente era ser um bruxo. Estudava em um colégio para trouxas, aonde aprendia matemática, latim e literatura, como todos os outros alunos. Os pais de Godric eram bruxos, mas disso ele não sabia. Eles praticavam e estudavam feitiços no porão, lugar aonde Godric era proibido de entrar. Caso desobedecesse a esse mandamento, um castigo muito severo o esperaria. Godric tinha apenas 10 anos, os cabelos curtos, lisos, e castanhos, os olhos igualmente castanhos. Ele era magro e sempre usava roupas vermelhas e douradas, pois estas eram as cores prediletas de sua mãe. Representavam a nobreza, a ousadia e a bravura. O garoto morava em uma grande mansão, que possuía muitas características medievais e um grande acervo de livros em sua biblioteca. Os pais de Godric adoravam ler, sobre todos os assuntos, mas certamente eles devem ter uma preferência às ciências ocultas, disso Godric desconfiava muito. Geralmente, ele passava o dia na biblioteca, lendo um livro qualquer ou estudando latim. Às vezes, Godric perambulava na vizinhança, mas ele nunca tinha o que fazer lá. A escola ficava há uns quatro quilômetros de sua casa, e era igualmente nessa distância que seus colegas moravam. Godric não se relacionava muito com as outras pessoas, além de tímido, era pouco conhecido, e talvez pudesse até ser considerado anti-sociável. Todavia, isso não era culpa dele. Os pais de Godric o isolavam de todo a sociedade, pois afirmavam que aquele não era o momento certo para se fazer amigos. Na escola, Godric também não era muito sociável. De uma classe que contém vinte e cinco alunos, Godric apenas se relacionava com oito, sete ou meia-dúzia de alunos. Certamente, podemos afirmar que não era fácil para ele levar uma vida dessa maneira. Mas Godric aceitava a tudo isso de cabeça erguida, pois sabia que as coisas ainda estavam a melhorar.

Muitos mistérios o cercavam, de lá para cá. Para começar, a história do porão, onde seus pais ficavam trancados uma boa parte do dia. Godric não fazia idéia do que se passava por trás da porta do porão. Certa vez, ele tentou espionar, mas imediatamente fora percebido e como conseqüência recebeu um castigo. Estava proibido de descer aquelas escadas. Outro dia, Godric tentara mais uma vez entrar no porão, mas a porta estava trancada. Não entendia o porquê de tanto segredo. Afinal de contas, o que ele não podia saber? Tudo isso era considerado estranho por ele. Outro tópico nada comum é os amigos dos pais de Godric: os Petlieclourech. Uma vez por semana, os Petlieclourech visitam os Gryffindor. Aliás, visitam os pais de Godric, pois mal o casal entra em casa e já se dirigem ao porão, onde ficam horas e horas confinados. De vez em quando, é possível ouvir vozes altas ecoando no porão. Que tipo de conversa eles têm? Certamente era discriminada pela sociedade, para se esconder tanto dessa maneira. Os empregados dos Gryffindor com certeza devem saber do que se trata tudo aquilo, mas a Godric nunca ousaram revelar. Por mais que o garoto insistisse, nada conseguia obter com os criados. A única opção que lhe restava era investigar tudo isso. Afinal, ele não gostaria de ser o único da casa a não compreender o que se passa no porão. Porém, toda essa investigação deveria ser deixada para depois, pois no momento outra coisa agoniava Godric. Coisas profundamente estranhas aconteciam a ele. Por exemplo, na escola. Certa vez, Godric chegou atrasado na escola, e como castigo, o docente ordenou que Godric passasse a aula inteira na "carteira liça". A carteira era feita de madeira e estava cheia de pregos enferrujados que machucavam aos alunos que ali se sentavam. Ao final da aula, o corpo estaria com muitos ferimentos e se não fossem bem tratados poderiam resultar em inflamação. Naquela época, os castigos físicos estavam dentro da filosofia das escolas. Mas a Godric nenhum ferimento ocorria, nenhum arranhão, nenhuma dor. Ele agira naturalmente. O professor afirmava que Godric resistia às dores, sem compartilhar os seus gritos com a classe, como faz a maioria dos alunos que recebem esse castigo. Por quê ele não sentia dores? Por quê não recebia ferimentos? Não que ele quisesse que isso acontecesse, mas isso não deveria acontecer, já que com os outros alunos isso acontece? O mesmo ocorreu no último castigo de Godric. O menino teve que passar a aula toda com os pés descalços, sobre cacos de vidro. Uma vez ou outra, o professor pisava no pé de Godric, partindo os cacos que estavam sob o pé do garoto. Muitos alunos desviavam o olhar, pois a dor era imensa. Mas a única coisa que Godric sentia eram leves cócegas. Por quê? O menino muitas vezes pensava em contar isso aos pais, mas tinha medo que eles o considerassem um bruxo. E aos bruxos, existia apenas um único destino: a fogueira. Os bruxos eram queimados vivos. Deve ser uma experiência tremendamente hedionda, e certamente Godric não iria querer passar por isso.

O mais estranho ainda aconteceu naquele dia. Godric estava sendo levado por sua carruagem à escola, quando percebe alguns flashes dourados e vermelhos vindos da floresta. Aquelas cores certamente faziam influência nele, afinal, todas as suas roupas possuíam essas cores. Ao chegar na escola, Godric dirigiu-se a pé para a floresta. É claro que quando ele voltasse, receberia um castigo muito rigoroso, mas valia o risco. Na encosta da floresta havia uma coruja. A coruja voou e pousou em seu ombro, sem que Godric pedisse. Naquela época, a coruja simbolizava a morte de um parente na família e as pessoas que apreciassem as corujas eram consideradas hereges. Se alguém visse Godric com aquela coruja, certamente o Tribunal da Inquisição o esperaria de portas abertas, sem esperanças para uma saída. A opção mais sensata naquele momento era ir embora, partir de volta para a escola. Mas a coruja o levou mais adentro da floresta e os dois conversaram.

- Olá, menino. – disse a coruja, que possuía uma voz fina e doce, como de uma majestosa princesa dos contos de fada.

- O... O que... Como... – Godric mal conseguia falar uma palavra naquele momento, quanto mais conversar com a coruja que olhava fixamente nele. Os olhos dela chegavam a causar arrepios, tão grandes que eram.

- Tenha fleuma. Eu entendo o que deve se passar em sua cabeça nesse momento. Por isso, acho melhor eu ir falando sozinha enquanto você se tranqüiliza. Adiante, você faz as suas perguntas.

Godric concordou com a cabeça, embora aquela situação fosse por um tanto embaraçosa. O que pensaria aquele que o encontrasse conversando com uma coruja? Certamente, seria preso na hora, sem nem ao menos ser constatado aos pais.

- Bom, eu sou a Coruja da Floresta. Venho a esta parte da floresta, que é mais próxima da cidade, para colocar as pessoas em seus devidos destinos. Você, por exemplo, está fugindo de seu destino. Todas as coisas estranhas que você anda notando, certamente significam alguma coisa. Eu devo avisar-lhe que o mais certo é que o senhor converse com os seus pais a respeito disso. Trata-se de algo mito importante, pois envolve muitos cotidianos de sua vida. – e a coruja finalizou, à espera de que Godric pudesse responder alguma coisa.

- É apenas isso? Quer que eu fale com os meus pais? – disse Godric rapidamente.

- Por ora, sim. – respondeu a coruja.

- Então quer dizer que há mais coisas? – concluiu Godric sobre o que a coruja acabara de responder.

- Sim. Na verdade, eu não irei mais te procurar. Você irá me procurar. Eu sei de que precisará de mim, por isso virá a floresta. Quando precisar, é só procurar a minha casa. Eu geralmente estou sempre lá. Ela fica no centro da floresta. Há dois caminhos: o mais longo e o mais curto. O caminho mais longo é sempre o mais fácil, guarde bem isso.

- Não esquecerei.

- "timo. Agora, com licença. Pode ir à sua casa, não se preocupe com a escola. Você não precisa mais dela. – A coruja voou e desapareceu no céu. Godric ficou pensando nas palavras da coruja. Acontecera tudo muito rápido. Após uns quinze minutos, ele foi para casa.

Duas horas Godric permaneceu caminhando até chegar em casa. Estava exausto. Alguns empregados notaram a sua presença e permaneceram inquietos, um tanto preocupados. Parecia que havia algo na casa que Godric não deveria ver. Após alguns minutos, Godric entendeu o porquê daquele comportamento. A porta do porão estava aberta. Finalmente ele descobriria o que se passava naquele lugar. Já estava descendo as escadas do porão quando dá de encontro com a sua mãe, que estava subindo. A mãe, muito aborrecida, o leva pelas orelhas de volta à cozinha.

- O que pensa que estava fazendo? Tem muitas explicações a me dar. O que faz aqui, não deveria estar na escola? – disse a mãe de Godric com muita rispidez. Ela é severa, mas justa.

- Desculpe-me, eu precisava descer. – justificou Godric.

- O que precisa de lá? Não há nada seu no porão. – respondeu a mãe de Godric.

- Eu preciso falar com vocês. Você e o papai. – disse Godric, quase desesperado. – Então, a Sra. Gryffindor desce as escadas do porão e após um minuto volta com o pai de Godric, o Sr. Gryffindor.

Os três se encaminham para a sala de encontro da casa. Cada um senta em sua poltrona. Godric respira fundo e começa a contar toda história, desde a coruja até os castigos da escola. O garoto suava frio, esperando a reação dos pais ao final daquela conversa.

Quando Godric terminou de contar tudo o que devia, os pais se entreolharam. Era precisamente o que Godric temia o que acontecesse. O próximo ato com certeza seria encaminhá-lo para o Tribunal do Santo Ofício, aonde ele será condenado por seus atos que eram considerados heresias.