Capitulo I – De volta aos Dursley

É engraçado como a vida às vezes nos prega algumas peças.

Era exatamente nessa frase que Harry Potter estava pensando. Depois de ter passado quase uma semana na casa dos Dursley, ele ainda não se sentia pronto para sair, e encarar o mundo lá fora. Era como se dentro da casa dos Dursley ele estivesse protegido, que o mundo real lá fora não existia, que ninguém estava morrendo, que as pessoas que ele mais se importava estavam seguras.

É triste ver como nossos pensamentos estão totalmente fora da realidade.

Harry Potter, não mais um menino, mas sim um adolescente de cabelos negros, particularmente abagunçados, olhos verdes olivas e de aparência desleixada, estava agora deitado em sua cama, repassando mentalmente seus próximos passos. Acordara hoje cedo, para se preparar para deixar essa casa que o trazia lembranças de dias... Agora ele nem sabia mais o que pensar. Sua infância fora realmente horrível, mas Hogwarts trouxe esperança, esperança essa que aos poucos foi se acabando. Primeiro foi Voldemort, fazendo de tudo para acabar com a sua vida. Até aí para ele, como um legítimo grifinório que era, não havia problema, não havia nada com que ele não pudesse lidar. O grande problema foi quando Voldemort começou a matar pessoas inocentes, a matar as pessoas mais queridas de Harry.

Harry não sabia se poderia suportar perder mais pessoas tão queridas para ele como Sirius e Dumbledore.

Mas, ele não ficaria parado enquanto pessoas estavam morrendo. Afinal, não era ele o encarregado de acabar com Voldemort de uma vez por todas? Não era para isso que a sua mãe, seu pai, Dumbledore e tantos outros tinham morrido? Para proteger ele, o escolhido?

Harry sentia uma força revigorante quando pensava que iria largar de vez essa casa, e começar a sua caçada atrás dos Horcruxes e acabar de vez com...

Paf.

Harry foi acordado de seus devaneios por uma bicada particularmente forte, de uma agressiva Hedwiges, que piou indignada depois de tantas tentativas fracassadas de chamar-lhe a atenção. A coruja branca deixou uma carta se soltar de suas patas e voou para a sua gaiola.

Alisando o braço bicado, Harry pegou a carta, e reconhecendo a letra de Ron, rasgou o envelope e começou a lê-la.

Oi Harry.

E aí tudo bom cara?

Eu to te mandando essa carta pela Hedwiges porquê o Pichitinho já foi entregar a carta da Mione há dois dias e até agora não voltou, quando eu pegar aquela corujinha preguiçosa...

Harry riu ao pensar na careta que Ron deveria estar fazendo.

Eu tô te convidando pra ir ao casamento da Fleur com o Carlinhos, que vai ser sexta-feira. O papai deve passar aí sexta. E quanto ao passeio que a gente vai dar depois do casamento, minhas coisas estão prontas, e mandei uma carta pra Mione, que disse que estava levando as delas. Os responsáveis ainda não sacaram.

Acho que é só isso.

Depois a gente se fala.

Ron

Harry quase tinha se esquecido do casamento do irmão mais velho de Rony, Carlinhos. Harry imaginava como ele devia estar depois de ter sido mordido por Fenrir Greyback, sem estar na sua forma de lobisomem. Mas lembrar do dia em que isso aconteceu não era uma lembrança das mais animadoras, portanto tratou logo de esquece-la.

Ao invés disso pensou na sua caçada em busca dos Horcruxes. Ron mencionou na carta, sugestivamente, que eles iriam para Godric's Hollow, o vilarejo aonde seus pais moraram e foram mortos. Harry não sabia ao certo porque queria ir para lá, mas alguma coisa o fizera ter essa idéia, e ela parecia a mais certa possível. Este seria o ponto de partida para a sua jornada de acabar com a vida daquele ser, atendido pelo nome de Lord Voldemort.

– Harry, venha já para a cozinha preparar o café da manhã!

Suspirando, Harry foi logo preparar e tomar o seu café da manhã. Este seria mais um longo dia na casa dos Dursley.

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Harry.

Harry.

HARRY POTTER!

- QUÊ! – Acordou Harry sobressaltado. Ele quase não havia dormido essa noite, teve pesadelos que ele não conseguia entender, só lembrava de brumas... Tudo estava ficando cada vez mais esquisito e nebuloso em sua vida.

Depois de ter ouvido alguém gritar seu nome, Harry abriu os olhos e tateou em seu criado-mudo a procura de seus óculos. Quando o mundo entrou nos seus eixos, Harry pode distinguir Rony a sua frente, e, olhando um pouco a esquerda pôde ver o Sr. Weasley juntando os seus pertences.

– O quê voc...

– Shh! Você quer acordar a casa toda logo? – Sussurrou Rony em resposta. – A gente vai dar o fora daqui, espera só o papai arrumar as suas coisas.

– Mas com...

– A gente vai aparatando, o papai veio porque ele vai aparatar com as suas coisas. – Interrompeu Rony novamente. – Nós vamos par'A Toca.

Harry ia perguntar o quê eles estavam fazendo ali quarta-feira, no meio da madrugada, sendo que Rony tinha falado na carta que viria sexta, mas deixou para lá, sabendo que suas dúvidas seriam respondidas daqui a pouco.

Depois de trocar de roupa no banheiro, e tentar em vão se tornar apresentável, penteando os seus cabelos, Harry desistiu e foi se juntar ao Sr. Weasley e ao Rony no quarto.

– Vamos aparatar daqui a um minutinho Harry. Se você não se sentir muito bem para aparatar eu posso fazer uma chave de portal, mas vai demorar algum tempo, e eu não gostaria de ir contra o Ministério, porquê não há tempo de pedir autorização. – Falou o Sr. Weasley.

– Não, está tudo bem Sr. Weasley. – Depois de ter aparatado com Dumbledore naquela fatídica noite, ele achava que já estava pronto para qualquer coisa.

– Então venha aqui, quando derem seis horas nós vamos aparatar. Quando eu disser três. Um. Dois. Três!

Harry pensou n'A Toca e sentiu aquela sensação horrível de compressão e então, pôde sentir um delicioso aroma de café e bolo de chocolate assando, quando abriu novamente os olhos pôde ver que estava no lugar que mais parecia com a sua verdadeira casa, estava n'A Toca.