N/A.:Fanfic escrita para o Projeto Hide and Seek, da Slytherin Royalty, que visa a produção de fics sobre a infância de Pansy e Draco; a situação escolhida foi "Coleção".

A fic está sem betagem, perdoem qualquer erro esdrúxulo D:


Sourire

Draco era um exímio colecionador. E como todo bom colecionador, ele achou que tivesse a coleção mais incrível de todas.

(Draco não colecionava desenhos, figurinhas de sapos de chocolate, rótulos de balas, nem nada disso, meus caros. Podemos dizer que Draco colecionava sorrisos; melhor dizendo, memórias de sorriso, porque ele não havia encontrado um jeito de tornar todas aquelas imagens de lábios finos em algo que pudesse colocar no fundo de sua gaveta, de modo que as guardava no fundo da mente.)

Qualquer pessoa poderia colecionar sorrisos, mas Draco não era qualquer pessoa. Os sorrisos dela só ele colecionava – alguns só ele tinha. Então, não o chame de estúpido por sua coleção abstrata, ele pode detestar isso.

(Não esqueçamos, por favor, de quem foi o menino Draco. Ele era o menino colecionador com ninguém para amar, e ela era a menina que tinha todo o tempo do mundo.)

Ele gostava especialmente do sorriso número doze. Era um sorriso pequeno, de canto, cuja maior beleza se encontrava durante a formação: os lábios – preguiçosos, sem pressa alguma – se curvavam para cima, num movimento estimulante e vagaroso; depois o leve enrugar no canto dos olhos, que brilhavam enquanto o fazia. E esse era um sorriso só dele, ele tinha certeza.

O número vinte e sete era o de menina levada, lábios a se abrir num sorriso enorme, que estampava toda a sua face, sem vergonha das pessoas ou do lugar. Era o sorriso que ela tinha enquanto brincavam, ele percebia. Ele não gostava muito daquele, porque não era só seu.

O onze era aquele pequeno, triste, que ela deu ao enterrar seu gato. Draco não gostava de ver nela aquele sorriso, porque ele sempre vinha acompanhado de lágrimas.

(Draco não gosta de falar muito no sorriso número um, o primeiro de sua coleção, mas eu vou dizer a vocês, digníssimos leitores.

Eles nunca haviam se visto antes daquele momento de encontro entre as duas famílias. Só sabiam seus nomes, ou melhor, sobrenomes, porque aqueles eram os únicos que importavam para duas crianças sangue-puro de seis anos de idade.

- Sou Malfoy, prazer em conhecê-la.

Ele disse do mesmo modo polido e educado a que fora ensinado, e ele deu um risinho baixo de todo o seu porte astuto e arrogante. Ela o julgara engraçado em sua capa negra e cabeça erguida, imaginando o momento em que ele fosse topar na capa e cair, por não estar olhando onde pisava. Mas não foi esse o sorriso número um: essa risadinha ele classificou, mais tarde, como o sorriso número dois.

O primeiro foi definitivamente mais importante. Ela não disse seu nome naquele momento, o que o fez olha-la admirado, apenas apertou a mão dele e saiu.

Naquele mesmo dia, ele a encontrou no jardim, e não perdeu a oportunidade de perguntar-lhe sobre o ocorrido de mais cedo.

Ela sorriu – o sorriso número um.

Primeiro, o leve curvar de lábios para cima, num movimento lento e vagaroso – num gesto preguiçoso e bonito, como quase tudo nela. Ele considerou esse curvar de lábios com estimulante, embora negue a si mesmo o fato até hoje. Depois, os olhos. De cílios longos e íris negra, eles brilharam naquele momento, como se colocassem duas grandes e redondas pedras de ônix sobre a luz. Um sorriso quase tímido, de canto, misterioso e tão sedutor quanto pode ser uma menina de seis anos.

A maior beleza não estava no sorriso feito, embora este formasse um belo quadro, que encaixaria muito bem em uma tela – mas se ele tentasse pinta-la, não conseguiria colocar na tela mais que uma mistura sem forma de cores, porque um pintor pinta o que sente, e o menino sentia muita coisa naquele momento –, mas em sua formação. Na soma de todos os gestos lentos, preguiçosos, na emoção, no brilho dos olhos.

- Sou Pansy.

E esse foi o primeiro sorriso de sua coleção, o motivo por ele colecionar sorrisos.)