Remorso e decepção
- Gaaah! Tira essa mulher daqui, Jasper! – rosnei, puxando as extremidades do meu cabelo completamente frustrado.
Eu não fazia ideia de quem era essa infeliz que tem um marido que não fode bem; ou por que diabos ela detestou tanto a minha insalata di pollo; o motivo do meu paillard de fettucinne ao molho branco e filet mignon ter retornado para a cozinha sob fortes críticas de não estar no ponto ou porque diabos ela chegou a provar o tiramisù.
- Ela é importante, Edward... tenta se acalmar, cara. Você não tem todos esses prêmios de culinária nas suas costas a troco de nada.
Jasper era, definitivamente, uma das pessoas mais racionais que já conheci. Notar que precisou apelar para os meus prêmios de uma maneira tão descarada só significava que eu estava parecendo mesmo uma vadiazinha mimada que nunca recebeu críticas na vida.
Respirei fundo ajeitando meu avental de cintura, enquanto retirava a panela com o molho de tomate seco do forno.
- O que ela quer? – perguntei com uma voz forçosamente tranquila enquanto despejava o molho vermelho por cima do talharim.
Jasper, meu amigo e sócio, me olhou por longos segundos tentando identificar a iminência de uma explosão minha.
Suspirei resignado, enquanto jogava a colher de pau na pia. Apoiei as mãos na bancada de mármore e relaxei o pescoço, sentindo-o estalar.
- Caramba, Edward. Está tudo bem, cara? – Jasper perguntou em um tom realmente preocupado.
- Está. Quer dizer, mais ou menos.
- O que é?
- Parece que tudo resolveu dar errado, cara. Alice está lá em casa, - reclamei e recebi uma gargalhada em resposta, - e ela nem deu previsão de quanto tempo vai ficar!
- Se quiser ela pode ir lá para casa. – ele comentou abertamente, sem fazer questão alguma de esconder o apreço que sentia por minha irmã caçula. Meu olhar irritado só serviu de combustível para que gargalhasse ainda mais alto.
Eles tinham um relacionamento antigo. Ano passado terminaram o namoro - que durou quase quatro anos -, e ele não fazia nenhuma questão de superar a minha irmã. Segundo Alice o momento não era certo, mas eventualmente eles iriam casar. Era como se tivessem nascido um para o outro. Aparentemente ele não só acredita nessa afirmativa, como segurava firmemente nela.
- E pra completar minha mãe, nada sutilmente devo acrescentar, sugeriu que passássemos a virada de ano juntos. Aqui em Nova Iorque. – falei a última frase por entre os dentes porque se tinha algo que me certificava, religiosamente todos os anos, era de passar o natal com a minha família em Forks para que no Ano Novo pudesse ter a minha liberdade. – E como vou negar isso a minha mãe?
- Não vai. – Jasper sugeriu de forma tranquila.
- Vá se fuder!
Ele sorriu largamente enquanto afrouxava o colarinho da sua gravata. Quando decidi construir minha vida, Jasper não só me apoiou moralmente, como financeiramente. Não era comum vê-lo passeando pelo La mia Bella donna, mas ultimamente – com os nossos números em queda – ele resolveu checar mais de perto o restaurante. Especialmente porque tinha um MBA em Business.
- Por que mesmo ela é importante? – perguntei quando voltei a me sentir calmo. Recordava-me dele ter citado a importância da cliente insatisfeita, mas não consegui lembrar-me do motivo.
Jasper arregalou os olhos enquanto me fitava intensamente.
- A cliente, sua mãe ou Alice? – perguntou realmente com dúvidas.
- A cliente. – respondi revirando os olhos.
- Filha do chefe de polícia de Washington. – ele sussurrou com um sorriso malandro nos lábios. Jasper apoiou as costas na parede, enfiou as mãos nos bolsos da calça e cruzou os pés no calcanhar. A posição só me deu vontade de socá-lo.
Como diabos ele conseguia ficar tão relaxado com alguma madame reclamando que a comida do meu restaurante estava ruim quando eu torrava dentro dessa cozinha dando o melhor de mim só para depois ouvir descasos?
Acho fascinante quando a comida está ruim e ninguém hesita a me chamar, mas quando está realmente boa não ouço um só elogio!
- Ela poderia ser a filha do presidente! – reclamei e seu sorriso apenas aumentou, de maneira irritante, devo acrescentar.
- O pai dela é filho de italiano com americana. –comentou como se isso fosse algo relevante.
- Meu senhor, Jasper! Ela podia ser descendente direta dos Fenícios!
Ele gargalhou alto.
- Professora de literatura européia da NYU com enfoque em literatura inglesa.
- Que fosse a reitora! – contrapus petulantemente.
- Morou em Forks durante a década de 1980 e 1990. – ele disse com um tom de voz irritantemente implicante, enquanto eu sentia a porra do meu coração disparar na minha caixa toráxica.
Limpei as mãos, agora suadas, no avental enquanto pigarreava de maneira nervosa.
- Pais separados. Mãe em Phoenix. Pai em Washington DC. Criada pela tia.
Eu sabia quem era a pessoa que ele estava falando. Lógico que eu sabia. Flashes de crianças brincando, fotos de uma beldade de cabelos castanho em barcos velejando, lugares paradisíacos ou históricos invadiram minha mente.
Seus sorrisos eram completamente forçados para a câmera, mas o brilho contido naquelas imensidões castanhas - que nem as lentes de uma máquina eram capazes de deturpar - fizeram meus lábios entortarem para cima, em uma expressão de contentamento.
- Bella? – perguntei com a voz falha. – Bella Swan? – meus olhos estavam arregalados enquanto o coração continuava a bombear o sangue de maneira frenética. – Não é possível. – sussurrei essa última parte completamente descrente que ela tivesse voltado a me procurar.
- Cheque com seus olhos, Tomé. – gargalhei alto com a comparação com o apóstolo de Jesus que era incrédulo. Eu sou ateu e Jasper – sempre que possível – arruma alguma maneira para me envolver com algo religioso, visto que também é ateu, mas diferentemente de mim, estudou para virar padre. Jasper Withlock que um dia frequentou o seminário, hoje não vê a hora de enfiar sua pica na minha irmãzinha. Nem fudendo.
E sim. Fiz jus ao apelido e fui checar pela janela pequena da porta da cozinha.
- Para de ser viado. Ela pediu pra te ver de qualquer forma! Vá lá.
- Pediu? – perguntei imediatamente fazendo-o gargalhar mais alto.
- Se você é o Chef, então sim... Não Masen! Ela não pediu para ver o Edward. – respondeu antes que eu tivesse chance de vocalizar a pergunta que brotou em minha cabeça desde o momento que percebi que Bella estava no meu restaurante.
- Ela não sabe que o Edward é o Chef?
- Pare de falar de você na terceira pessoa. E não, não sabe. Acho que não, pelo menos... Use isso ao seu favor; ela está na mesa 17.
Subitamente a vadiazinha que detestou as minhas comidas deixou de ser vadia. Se Bella não apreciou o que cozinhei, significava que algo estava errado. Muito errado.
Retirei o avental sujo e me certifiquei que o dólmã estava limpo antes de fazer meu caminho para a mesa do canto, só depois de receber umas palavras de encorajamento como: Vá pegá-la, Bull! E eu gargalhei ainda mais alto quando notei que Jasper trocou o originário 'tigers', por 'bull', o mascote dos Longhorns, seu time de baseball do Texas.
Com uma confiança que não me era falha, fui caminhando na direção da beldade - que se o mundo conspirar ao meu favor, ainda era morena -, enquanto cumprimentava alguns clientes.
Quando passei pela adega de mostruário fitei o Asti e decidi que nada melhor do que um espumante de Piemonte bastante doce para acalmar os ânimos de alguém que, certamente, me receberia com pedradas.
Bella e eu fomos inseparáveis até entrarmos na adolescência, quando eu me tornei popular no colégio e ela apenas a nerd que sentava na primeira cadeira, usava óculos e vivia com o nariz enfiado em um livro.
Eu me arrependi amargamente de ter me afastado dela a partir da primeira lágrima que deixou escorrer na minha frente.
15 anos antes
- Edward, por favor! – a voz suave dela suplicou e Edward respirou fundo.
- Como você entrou aqui,cabeçuda? – o menino perguntou com desdém enfatizando o apelido que seus amigos e ele deram a ela.
Isabella Swan era bastante magra e a desproporcionalidade da cabeça com o corpo miúdo era algo gritante. Com 13 anos as meninas começam a desenvolver seu corpo, mas isso não apareceu tão cedo em sua vida. Seu corpo começou a se formar quando ela tinha quase 15 anos.
Seu amigo - ou antigo amigo - ao contrário dos meninos que começam a encorpar pouco mais tarde do que as mulheres, entregando-se ao esporte com 12 anos, conseguiu chegar aos 14 um corpo ligeiramente definido. Pelo menos o suficiente para fazer com que as meninas da sua idade, procurassem-no, e não os mais velhos.
- S-sua mãe... – ela respondeu tentando engolir o choro. A dor de ouvir palavras tão ofensivas de alguém que há uns meses atrás ainda era seu melhor amigo só fazia o buraco em seu peito aumentar.
Bella sentia-se tão sozinha sem sua mãe – que se mudara para Phoenix com seu novo marido -, seu pai que morava em Washington DC - do outro lado dos EUA como novo Chefe de polícia - e agora sem seu melhor amigo. Sua tia Esme Platt era suficientemente carinhosa para garantir que Isabella não entrasse em depressão, mas era como se a sua vida depois que Edward Masen virou popular tivesse tornado-se cinza. Era para eles serem amigos para sempre, afinal de contas.
- Ela te deixou entrar? - perguntou e Bella concordou entusiasmada ao ouvir seu amigo voltar a se dirigir a ela tão gentilmente. - Legal! Estou deixando você sair. – ele completou e não fez questão nenhuma de esconder o sorriso em seu rosto. Edward só conseguia pensar em como seus amigos teriam inveja da maneira que ele tratou acabeçuda.
- Edward! Caramba! – ela disse batendo com o pé no chão e puxando seus cabelos. – Droga! Nós éramos amigos. Por que você está me machucando tanto? O que eu te fiz? – a insegurança na menina era algo palpável. Seu coração doía quando ouvia qualquer comentário malicioso, mas vindo dos lábios do seu melhor amigo a dor subia desde a barriga até a garganta. Era uma pressão tão grande, mas tão grande que a vontade que ela tinha era de gritar e chorar até que todo aquele peso fosse embora pra assim poder voltar a respirar.
- Faça o favor de não repetir isso em público. – ele retrucou com escárnio. – Todos temos um segredo escondido embaixo do tapete.
- Edward... – ela soluçou, invocando todas as suas forças para não chorar. Não na frente dele.
-Swan. Rá! Engraçado como o mundo é. Está mais para patinho feio do que para cisne, Isabella. A diferença é que você não vai desabrochar. Agora me faça o favor e vá embora.
- Edward. Por... quê?
- Vai embora. – ele disse por entre os dentes. – aproveite a minha bondade de deixar que saia pela porta, porque a vontade que eu tenho é de te jogar pela janela.
Isso foi suficiente para derrubar as barreiras da menina. Ela era só uma garotinha, afinal de contas. E então lágrimas grossas começaram a rolar pelo seu rosto. O desespero era tanto que seus olhos doíam, tamanha a pressão em seu globo ocular. Ela estava sufocando. Sua garganta, cada vez mais fechada, nada fazia para ajudar na passagem de ar. E ela fez a única coisa que pensou naquele momento. Correr.
Bella Swan era conhecida por ser uma das pessoas mais desastradas daForks High School, sua escola, e por isso não foi tão surpreendente que ela tropeçasse naquele momento.
Edward ofegou e ameaçou levantar da sua cama para ajudá-la quando ouviu um lamurio baixinho vindo da menina branquinha, mas logo optou contra isso e, ao contrário do que pensava fazer, gargalhou alto e forte com o objetivo de humilhá-la ainda mais. Perceber que ele quase ajudou sua pequena amiga a levantar-se do chão foi praticamente um chute certeiro em suas bolas. Ele podia imaginar perfeitamente James implicando com ambos. E ele não queria isso; não quando disputava por uma vaga no time de futebol americano da escola para o ano seguinte.
Foi por isso que ele decidiu ignorar o aperto no peito quando notou as penas finas e cobertas por uma jeans surrada tremerem quando Isabella terminou de se levantar do chão. De cabeça baixa e sem voltar a olhar para Edward, ela saiu. Essa fora a gota d'água pra ela. Depois deste dia nunca mais dirigira uma palavra ao menino que pouco menos de seis meses atrás considerava seu melhor amigo.
Isabella nunca se formou em Forks HS. Ela optou por mudar-se para a casa de seu pai e lá completar o ensino médio.
Até o fatídico dia que ela resolveu conhecer o seu restaurante - mais de uma década após o ocorrido -, Edward e Bella não voltaram a ser ver pessoalmente.
~*~
Minhas pernas estavam ligeiramente trêmulas, enquanto eu fazia o caminho para o salão principal, que me levaria ao fim do restaurante onde ficava a mesa 17. Meu coração disparou no peito enquanto eu observada a iluminação do ambiente.
Respirei fundo algumas vezes até que me percebi parado na mesma posição, então, sem pensar nas conseqüências ou nos xingamentos que ouviria, fiz meu caminho de volta para a cozinha. Com o peito pesado e as costas ardendo.
Pela primeira vez em anos voltei a sentir o amargo gosto do arrependimento, e isso porque eu nem tinha visto mia Bella ragazza, como seu pai e eu a chamávamos e que se ainda estivesse na minha vida seria chamada de mia bella donna; porque a verdade é que desde o dia da minha descoberta do seu perfil no facebook e vi suas fotos, não existia nada mais que eu pensasse exceto que a cabeçuda ou o patinho feio, definitivamente virara o cisne - Swan.
- O que está fazendo aqui, cara? – Jasper perguntou enquanto me empurrava pelo peito, para fora da cozinha.
- Me escondendo.
- Vai embora daqui, Edward. Isabella está te esperando.
- Ela está esperando o Chef. Eu posso fingir que estou ausente e mandar Mike no meu lugar. – afirmei procurando pelo cabelo loiro do gerente.
- Eu já disse que o Chef estava na casa e que apareceria em poucos minutos. – ele disse por entre os dentes.
- Jasper. Eu. Não. Vou. – disse pausadamente.
- Ok. Mande Michael então.
- Sim. É isso que vou fazer. – concordei enquanto depositava a garrafa em cima do balcão.
Procurei por pouco tempo e assim que o vi fui à sua direção. Ele estava perto da porta, conversando com o maître.
- Mike. – chamei. Ele virou o rosto na minha direção e balançou a cabeça. – Preciso falar com você.
- Claro. – afirmou vindo na minha direção.
- A senhora da mesa 17 pediu para falar como Chef, mas estou impossibilitado no momento. Vá lá e certifique-se que está tudo bem. Ela devolveu três pratos. Faça tudo o que ela quiser, certo? Ela é uma cliente importante.
- Sim chefe. – Mike brincou. Eu dei um tapa fraco em seu ombro e voltei para a cozinha.
- Você vai mesmo deixar o Michael atender Isabella? A sua Isabella? – Jasper perguntou em um tom descrente.
- Ela está longe de ser minha. E obrigado por isso, Withlock.
- Disponha... – ele respondeu com um sorrisinho tão escroto que senti minhas mãos fecharem-se num punho.
- Vai se fuder.
- De novo, Edward? Precisando aprender xingamentos novos?
- Chupa a minha rola. – retruquei petulantemente, tentando esconder o sorriso do rosto.
- Mas nem em um milhão de anos. Prefiro voltar ao seminário.
Ambos rimos durante alguns segundos até que sua fisionomia voltou a ficar séria.
- Edward...
- Eu sei.
- Não. Você não faz ideia do que está fazendo.
- Eu sei, Jasper. Eu sei.
- O que você sabe?
- Eu sei que eu deveria estar falando com ela.
- E por quê?
- Porque eu já fiz merda demais no passado.
- Não, Edward! Não não não. – ele disse frustrado.
- O que é?
- Michael!
- O que tem?
- Como o que tem Edward? Você come merda?
- Ei! Quer parar de agressão, seu estúpido? – falei sério. Jasper olhou apologeticamente.
- Edward... Entenda uma coisa. Michael Newton é sinônimo para mulherengo.
- Eu não estou preocupado com ele, Jasper. Mike sabe se portar em ambiente de trabalho. – respondi normalmente, enquanto misturava a calda de morango no forno.
- Não? – Jasper perguntou. Virei meu rosto e notei uma de suas sobrancelhas levantadas, formando uma fisionomia de questionamento.
- Não.
- Certeza que não tá sentindo uma pontada, nah esqueça isso, uma puta facada de ciúme?
- Eu não tenho motivos para isso.
- Edward... – chamou em um tom paternal.
Bufei alto, larguei a colher dentro da pia e me virei completamente para encará-lo.
- Mexa isso, Angela. – comandei a uma das minhas funcionárias. – Entenda uma coisa, Jasper, Isabella Swan não quer me ver nem pintado de ouro. Eu não estou nem um pouco confortável de enfrentá-la sabendo que ela pode causar um escândalo na porra do meu restaurante e terminar de fuder com a nossa imagem.
O problema maior da nossa clientela ter caído tanto tem nome e sobrenome: Jacob Black.
Ou pelo menos essa era uma grande suposição. É por isso que ele foi colocado – forçadamente – de férias, enquanto nós esperávamos a poeira baixar para que pudéssemos investigar o problema pouco mais a fundo.
Eu não queria demiti-lo sem ter a certeza que o desvio do nosso dinheiro foi dele, porque além de ser uma pessoa íntegra e um amigo de infância, Jasper e eu também desconfiávamos do James, o homem que cuidava da contabilidade do restaurante.
Jacob Black também nasceu em Forks, mais especificamente em La Push, uma reserva indígena que fica nos arredores do lugar que mais chove nos Estados Unidos. Ele, Bella e eu crescemos juntos. Lógico que minha convivência com ela era muito maior e mais intensa porque além de morarmos perto, estudávamos na mesma escola e fazíamos a maioria de nossas aulas juntos. Jake, por ser nativo, preferia estudar na escola da reserva. E, dessa forma, naturalmente criando uma certa distancia de nós dois.
Bella era muito mais próxima dele do que eu. Nunca consegui compreender o porquê, mas nunca me preocupei com essa situação. Ela sempre estava ao meu lado quando eu precisava e sempre escolheu a mim em seu lugar, isso, pelo menos, até o incidente.
Foi só depois que Bella deixou Forks para mudar-se para a casa do seu pai que percebi a real falta que mia bella ragazza me fazia. Jacob passou meses sem dirigir uma só palavra a mim, mas eventualmente nós nos encontramos, trocamos fortes e violentos socos, passamos mais alguns meses sem nos falar e enfim, retomamos a amizade quando Sam Uley tentou machucar Rachel, sua irmã que tinha acabado de voltar da Califórnia para visitar sua família.
12 anos antes
- Corta essa, James! – Edward falou, socando o braço do amigo. – Ela não quer. – acrescentou tentando fazer o imbecil que considerava como amigo soltar Lauren.
- Não quer... Edward, Laurenzinha está piscando pra mim, se é que me entende.
- Nojento James! Guarda os seus pensamentos sujos pra você.
- O que? Vai dizer que não gostou dela? – a sobrancelha do loiro estava levantada, criando uma fisionomia sugestiva. Lauren tinha um pequeno sorriso no rosto, enquanto fingia bater na mão do James que apertava sua bunda.
- Eu não sei do que você está falando. – o garoto respondeu a provocação do amigo, igualmente sugestivo, enquanto deixava seus olhos caírem sobre o corpo da garota.
Lauren era o que poderia ser considerado como gostosa e Edward jamais seria capaz de esquecer do ménage que ela e Jéssica optaram fazer com ele. Ou do boquete que ela tem feito nele, atrás dos banheiros todas as quintas feiras.
Jéssica, por outro lado, não era muito de ficar dando lhe prazer. Edward desconfiava que ela nutrisse sentimentos românticos por ele, porque hora ou outra a percebia olhando-o por baixo dos cílios, ou tocando os dedos da mão calejada do rapaz com os seus, ou até mesmo sussurrando em seu ouvido... Estranha, ele considerava, mas enquanto atendesse seus telefonemas quando quisesse fuder, poderia deixá-la se afundar na paixãozinha besta. Ele sabia que não iriam juntos a lugar algum mesmo.
Edward entrou na SUV que James pegou do pai dele e quando estava devidamente fechada acendeu o baseado de maconha que estava em seu bolso. Pouco tempo depois o carro já estava com tanta gente e com tanta fumaça que optou por sair. Alguém tinha que vigiar as redondezas, afinal de contas.
Os garotos estavam numa parte um tanto quanto deserta de Port Angeles. Foi uma rua que ficou conhecida por ser o ponto de encontro de vândalos. Depois de muitos anos sem que a polícia encontrasse evidencias do boato, as buscas pararam, mas as histórias, que hoje os garotos vivenciavam, continuam na mente de cada morador. E outro ponto importante para a falta de movimentação daquela rua era a sua localização. Não só ficava numa parte ruim e perigosa, como para entrar lá tinha que passar por diversos becos.
Edward suspirou enquanto dobrava o joelho e encostava seu pé na roda do carro. Acendeu um cigarro e deu uma longa tragada, sentindo seu peito inchar e um alivio imediato tomar seu corpo.
Fechou os olhos imaginando o fim desse ano que tinha sido um completo desastre. Seu último ano na escola. Graças a Deus conseguiria sair dessa merda de lugar, dessa bosta de escola e dessa vida escrota – era o mantra que se repetia na cabeça perturbada do adolescente. Finalmente ele poderia viver sua vida, poderia retirar a máscara que por tantos anos usou e voltar a ser ele mesmo.
Ser alguém diferente por tanto tempo acabou nublando a forma de se auto-compreender. Edward acreditava que sua personalidade arruaceira era apenas fachada, mas a verdade é que esta era a única que ele conhecia. Ou pelo menos desde que ela foi embora.
A lembrança do dia que a 'bella ragazza' falou com ele pela última vez o perseguia como praga. As imagens não existiam, na verdade, a lembrança era só feita de sensações. Nojo, pena e por último repulsa. Esta, por outro lado, era apenas pela sua atitude. Quando finalmente percebeu o que realmente queria já era tarde demais, Bella já havia ido embora, Jacob não mais falava com ele e seus pais sempre tinham um olhar carregado de críticas quando estavam consigo.
Já era tarde demais.
E foi com isso em mente que viveu os últimos três anos da sua vida. O fato que Bella não voltaria, Jacob não o perdoaria por ter feito-a ir embora e que seus pais não mais o olhavam como antes, eram suficientes para manter sua aparência e continuar conquistando seus boquetes, sexos e drogas quando e onde quisesse.
- Ei! – uma voz masculina gritou do outro lado da rua, chamando a atenção do Edward. Como em um impulso, jogou seu cigarro no chão, pisou nele e bateu no vidro da SUV, enquanto forçava sua vista para enxergar quem estava falando.
Jéssica saiu do carro rapidamente e se prostou ao seu lado.
- O que é? – murmurou esfregando os braços. Ele passou o braço por trás da sua cintura e segurou em seu quadril. Notou, pelo canto dos olhos, ela sorrir suavemente, enquanto olhava para o chão.
- Não sei, Jess. Só ouvi umas coisas estranhas. – explicou tentando observar o que estava acontecendo.
- Onde? – ela perguntou colando-se mais a ele.
- Ali do outro lado da rua. – ele apontou.
- Eu não estou vendo nada. – ela esclareceu.
- É... eu também não estou. Foi só uma voz, mas ninguém apareceu. Vi uma silhueta, mas voltou a sumir.
- Você tá falando sério? – ela tencionou ao lado do rapaz, que apertou seu quadril tentando passar segurança.
- Não deve ser nada, relaxa.
- Eu não sei se consigo.
- Jess. Para de bobeira. Vem cá. – urgiu trazendo seu corpo pra frente do dele.
- Edward... – ela enrolou uma mecha do seu cabelo no dedo fino. Ele a pegou e colocou atrás da orelha dela.
Jéssica soltou um suspiro embaraçosamente ridículo e ele lutou contra a gargalhada. As mãos femininas foram para o peito masculino e o acariciaram. Em seguida elas subiram, parando atrás do pescoço dele. Jéssica começou a acariciar os cabelos da sua nunca, enquanto seu olhar titubeava entre a boca e os olhos de Edward.
- Jéssica. – ele avisou retirando seus braços de cima dele.
- Eu sei. – ela reclamou, enquanto voltava a ficar ao seu lado na SUV. – Posso te fazer só uma pergunta?
- Lógico, mas eu posso escolher não responder.
- Por que essa regra de não beijar na boca?
Ele suspirou completamente irritado. A lembrança dos lábios dela tocando os dele quando tinham apenas 12 e 13 anos o atingiu de uma maneira violenta. Bella foi a única mulher que o beijou e isso aconteceu porque ambos estavam muito curiosos para entender o frisson que as pessoas da idade deles tanto comentavam.
Foi esquisito e nada romântico. Depois deste aconteceram mais dois porque ela insistia saber beijar antes de tentar com um menino de verdade. Aparentemente ele não era um menino de verdade. Isabella disse que ele se encaixava na categoria de 'melhor amigo' e, dessa forma, ignorar o sexo do 'amigo' era natural. Edward conseguia compreender, especialmente porque a sua amiga magrela e de joelhos largos não tinha nenhum apelo sexual.
Ele não se apaixonou por ela, ou o contrário. Foram alguns beijos trocados e nada mais.
Ele queria guardar essa memória só para eles dois e seus lábios 'selados' era a forma de fazê-la. Era por isso que tudo era permitido no sexo, menos apagar a lembrança dos lábios dela nos dele.
- Intimidade demais. – respondeu simplesmente.
- Edward. Intimidade? – ela perguntou incrédula.
Ele riu coçando sua cabeça. Sabia exatamente o que ela estava falando.
- É. Beijo na boca é algo muito pessoal.
- E sexo não? – seus olhos estavam arregalados.
- Talvez para meninas decentes como você, ele seja. Mas para caras como eu, não é. – respondeu da forma mais suave que conseguiu, enquanto apertava a ponta do nariz dela entre seus dedos.
Jéssica era uma menina decente. O fato dela já ter transado com ele de todas as formas imagináveis não fazia dela uma piranha como Lauren, que a essa altura já deveria estar no terceiro orgasmo com James – mesmo com a SUV abarrotada de pessoas. Jéssica só se entregava para Edward. E por mais estranho e errado que fosse, fazia isso porque estava apaixonada. Ele não se sentia culpado porque nunca mentiu ou a enganou, ela sabia que ele gostava do corpo dela, ou de conversar, mas não havia nada, romanticamente falando, que o prendesse à ela.
- Um dia você ainda vai parar de pensar assim. – ela encostou sua cabeça no braço dele que, delicadamente, apoiou o seu atrás dos ombros dela, fazendo-a se aconchegar mais.
- Prometo deixar você saber.
- É sério, Edward. Não estou falando que vai ser comigo nem nada do tipo, só estou querendo dizer que um dia você vai estar tão alucinadamente apaixonado por alguém que, às vezes, um simples roçar de lábios vai, sei lá, clarear seus dias nublados. – ela riu com essa última parte e ele bufou, mas trouxe seu corpo mais para junto do dele.
Jéssica era incrível. Mesmo passando por tudo o que ele a fazia passar, ficava do seu lado e ainda conseguia enxergar – não completamente, é claro – pela sua fachada de bad boy. Ela sabia que ele queria se sentir apaixonado, mas que não conseguia, e ainda assim ficava junto dele.
- Já tem acompanhante para o baile de formatura, Jess? – Edward perguntou fazendo-a tencionar.
- Eu fui convidada pelo Mike, mas... eu... não sei se vou com ele.
- Não sabe?
- Não.
- Por quê?
- Pedi um tempo para pensar.
- Pra que? – ela o olhou irritada. Jéssica estava esperando por um convite dele, e assim que ele entendeu o que ela queria sorriu, novamente apertando seu nariz entre o polegar e indicador. Ela corou suavemente, nada perto de como Bella costumava corar, e olhou para baixo. – Me acompanha? – Edward murmurou.
O sorriso que ela o lançou foi suficiente para fazê-lo sorrir de volta.
- Não espere nada, ok? – perguntou sentindo-se um cachorro por dar-lhe esperanças. Ela fez um bico exagerado.
- Nem uma foda gostosa na limousine? – ela perguntou com a voz infantil, ansiosa e brincalhona.
- Esqueça a limousine, mas sim. Posso te fuder gostoso. – Edward respondeu e gargalhou alto quando ela socou seu peito.
E então ouviram um grito feminino agoniado na mesma direção que o masculino foi anteriormente ouvido.
- Merda. Vai para dentro do carro, Jéssica. – ordenou, enquanto começava a correr na direção da voz. – E chama James e os outros.
Em pouquíssimo tempo Rachel – a irmão de Jacob – estava nos braços da Jéssica, chorando copiosamente, enquanto James, Mike e Edward socavam Sam Uley porque ele tentou forçar-se à ela.
Os dias que passaram depois do incidente praticamente voaram. Mas o da formatura, que coincidiu com a visita de Jacob à casa do Edward, finalmente aconteceu.
Detalhes e conversas a parte, os dois voltaram a ser amigos. O nativo confidenciou que mantinha contato semanal com Bella e estavam marcando de passar as próximas férias juntos em Washington e agradeceu por ter ajudado sua irmã.
Edward fingiu que não ligava nem para o agradecimento, nem para o fato que Bella ainda estava na vida do seu amigo; mas a verdade é que seu coração esmigalhou completamente com a dura lembrança da sua existência.
~*~
- Você devia parar de tentar entender o que se passa na cabeça das pessoas, Edward. Por mais que acredite nisso, você não é nenhum leitor de mentes. Então vire homem, vá até ela, beije seus pés se isso for necessário pra ela te desculpar, mas faça alguma coisa.
- Eu-
- Não, Edward. Ela veio até o seu restaurante. Meu deus, Bella esteve fora dos Estados Unidos pelos últimos 6 anos! É uma oportunidade de ouro! – Jasper racionalizou, jogando direto em meu rosto o fato que nos últimos anos ela deixou o seu país para viver na Europa estudando.
- Jasper... – suspirei. – Eu não...
- Não nada. Se você não for eu vou trazê-la até aqui.
- Quantos anos você tem? Dez?
- É pegar ou largar.
- Vá tomar no meio do seu cú. – bufei.
Sem olhar para Jasper, que sem dúvida alguma estaria com um sorriso arrogante no rosto, peguei o espumante que tinha deixado na bancada, preenchi a vasilha de gelo com o mesmo e repousei a garrafa dentro dela. Em seguida retirei uma taça de cristal do seu suporte e, com os objetos em mãos fiz o meu caminho até ela.
As costas do Mike tapavam quem quer que estivesse sentada na mesa 17.
Eu conseguia ver claramente os movimentos dos seus ombros, quase como se ele estivesse gargalhando e, subitamente, imaginei que não existisse nada que pudesse ser engraçado.
Acelerei meus passos e quando me aproximei mais da mesa ouvi algo que remexeu todos os meus órgãos, congelou a minha barriga e me deu uma sensação nostálgica absurda. A risada dela.
Não era a risada que eu estava acostumado a ouvir, mas ainda assim era inconfundível.
Não havia nada educado ou contido na gargalhada exagerada da Bella que eu tanto ouvi. Ou nada suave com os roncos que dava pelo nariz quando buscava ar. Mas o som era tão feminino e puro que só a lembrança da verdadeira risada dela me fazia sorrir.
- Eu assumo a partir daqui, Newton. – expliquei cutucando suas costas. Mike olhou por cima dos ombros com um sorriso ainda no rosto e concordou com a cabeça. Ele ainda estava na frente dela, impossibilitando, desta forma, que Bella me visse.
- Foi um prazer, Isabella. – ele disse dando um aceno suave com a cabeça e, depois de pedir licença, se retirou.
Bella estava olhando para a toalha extremamente branca da mesa. Suas mãos estavam esticadas ao lado do prato limpo, enquanto seus dedos tamborilavam alguma melodia que eu desconhecia.
Ela parecia estar tranquila. Irritantemente tranquila, enquanto eu sentia meu corpo inteiro passar por um turbilhão de emoções ao passo que meus olhos reconheciam um corpo nada familiar. Nenhuma foto que vi dela era capaz de reproduzir a grandiosidade da mulher que estava prostrada à minha frente.
Segurei a garrafa mais forte na mão, enquanto observava seu rosto tingir-se de rubro. Era quase como se ela soubesse que eu estava observando-a, mas, por mais deselegante que isso fosse, simplesmente não conseguia achar forças para parar a ação dos meus olhos. Ela estava tão bonita.
Seu cabelo, antes só castanho, agora era tingido com algumas mechas avermelhadas. Tão naturais que eu não era capaz de dizer se seu cabelo foi pintado ou se ele apenas mudou desde sua infância. Eles estavam soltos. Suas antigas ondulações foram transformadas em cachos grossos que cobriam todo seu ombro.
Seu pescoço era esquio e reto. O rosto ainda era fino, mas sem nenhum traço infantil. O nariz continuava delicadamente pequeno e arrebitado, suas bochechas eram magras, as sobrancelhas finas e a boca... Por Deus! Ela tinha metade do seu lábio inferior entre os dentes - o que só me dava vontade se substituir os seus, pelos meus. Sua boca parecia ser grossa e extremamente carnuda. O lábio superior, aparentemente mais fino que o inferior, estava enrugado.
E eu sorri, lembrando perfeitamente desse hábito de morder os lábios que ela tinha quando estava tensa.
- Bel...Isabella? – murmurei sentindo minha garganta travar.
Ela estremeceu visivelmente e demorou alguns segundos para olhar na minha direção, mas quando ela o fez, quem estremeceu a olhos vivos fui eu.
Seus olhos ainda tinham a mesma coloração. Castanho. Eu só precisava me aproximar pra ver se a linha que envolvia sua íris ainda era acinzentada ou se os pontinhos amarelos e verdes ainda existiam dentro daquela imensidão âmbar.
E foi exatamente isso que fiz. Como se meu corpo não mais tivesse autocontrole, me inclinei na sua direção. Os olhos amendoados dela se arregalaram e ela se afastou, fazendo-me acordar do transe.
- S-sinto muito. – gaguejei.
Ela apenas piscou os olhos várias vezes seguida, quase como se estivesse esperando a minha imagem – projetada na sua frente – desaparecer.
Então eu sorri.
Ela encarou minha boca por alguns segundos até que suas bochechas atingiram um tom tão escarlate que refletiu no seu pescoço.
Meu Deus, Bella estava absolutamente maravilhosa.
O vestido branco de alça fina que moldava seu corpo me deixava em brasas. O cinto preto preso abaixo dos seios fartos e escondidos pelo tecido só me dava vontade de arrancar aquela roupa ofensiva e jogá-la em cima da mesa, enquanto eu a possuiria de todas as formas que a minha mente podre pudesse imaginar.
Paralisei quando ouvi um pigarrear feminino então, tentativamente, voltei a levar meus olhos ao seu rosto. Ela tinha uma sobrancelha erguida e um olhar irritado.
- Sinto muito... – me desculpei sorrindo. Ela não correspondeu ao sorriso, mas seu rosto, que tinha voltado à cor normal, começou a enrubescer.
Ela acenou com a cabeça, novamente pigarreando, mas dessa vez não era para chamar a minha atenção porque ela olhava para todas as direções, menos a minha.
Muito tempo passou sem nenhum de nós falar nada.
- Disseram que você pediu para ver o Chef. – ela concordou com a cabeça, enquanto dobrava e desdobrava o guardanapo de pano. - Estou aqui. – tentei engatar a conversa.
- Posso perceber. – ela retrucou seca e eu me questionei se fazia alguma ideia da minha identidade. Subitamente o simples fato que ela podia não se lembrar de mim trouxe-me sensações horríveis. Ao contrário do alívio – que qualquer pessoa que agiu com ela da maneira que eu fiz, deveria desejar –, senti rejeição.
- Não lem-
- Vamos aos fatos. – ela me interrompeu. – A maionese da insalata não está no ponto, o paillard está mole demais e seu tiramisù está duro. Existe algo na sua cozinha que valha a pena ser comido?
Ela não faz ideia do que está falando.
Comecei a sentir meu sangue esquentar dentro de mim enquanto olhava para a cabeça de Isabella. Minha respiração acelerou ao mesmo tempo que estreitei meus olhos.
Com violência repousei a garrafa de espumante na mesa, recebendo, em resposta, um ofego e o tilintar dos talheres chocando-se com o prato.
- Façamos o seguinte, senhorita, - disse por entre os dentes com um tom de voz irritado. – fique com essa garrafa de Asti e a conta é cortesia da casa.
- Nada suficientemente bom produzido por você? – ela perguntou com uma voz implicantemente doce.
- Por que você não vem visitar a minha cozinha quando o restaurante estiver um pouco mais vazio? – perguntei tentando soar o mais calmo, profissional e casual possível.
A verdade é que eu não sabia se queria esganá-la pela maneira bruta que ofendeu as minhas habilidades, ou se queria abraçá-la porque a saudade da minha melhor amiga de infância era sufocante ou ainda, se queria esfregar nossos corpos nus procurando pelo alívio que meu pau semi-duro estava buscando.
- Tenha um bom dia. – respondeu levantando-se da mesa, ainda sem me olhar.
Observei - estagnado na mesma posição - Isabella caminhar na direção do cabide com o vestido flutuando ao redor do seu corpo. Suas canelas estavam descobertas e a pele clara que ficava a mostra me deu uma imagem mental maravilhosa. Eram as mesmas pernas 'abraçando' a minha cintura enquanto eu me perdia dentro do seu corpo.
Fitei cada movimento desde seus passos até a maneira como ela envolvia o sobretudo longo em volta de si. Ou como suas mãos delicadas trabalhavam no cinto do agasalho.
Presenciei, com nostalgia e desejo, aquela mulher maravilhosa enrolar um grosso cachecol no pescoço fino e elegante e puxá-lo para cobrir seus lábios e nariz, enquanto ela se preparava para enfrentar a bruta neve típica de Nova Iorque.
E foi com pesar que dei um adeus - silencioso e sem gestos - à mulher que me faz sentir caçado pelo meu passado quando ela cruzou as portas de mogno que ornavam a entrada do La mia Bella donna.
Traduções e explicações:
Insalata di pollo - salada de frango (em italiano).
Paillard - o nome do prato feito com talharim, molho branco e file mignon bastante batido pra ser muito fino.
Tiramisù - um doce feito de café expresso, biscoito de champagne, queijo mascarpone e rum (mt bom, devo acrescentar).
La mia bella ragazza - a minha linda menina. (italiano)
La mia bella donna - a minha linda mulher (não no sentido de esposa, ja que em italiano, esposa é moglie. (italiano)
Swan - Cisne (inglês)
É isso... Esse foi o primeiro capítulo de uma fic que possuirá cinco. (capa pode ser encontrada no meu perfil ou no meu blog)
Primeiro de tudo... Preciso agradecer à Cella E.S por ter betado maravilhosamente bem e de uma maneira tão fofa que me deu vontade de apertar! Muuuito obrigada, tchu!
Gordo, senti falta dos seus dedos nesse meu capítulo! =/ continue me amando que eu continuarei te amando, ok?
Pra quem ainda não sabe, La mia Bella donna está participando de um projeto de fanfics e eu vou precisar DEMAIS da ajuda de vocês, ok?
Pra começar, nós temos uma comunidade no orkut. Eu adoraria poder contar com a presença de vocês ( www . orkut . com . br/Main#Community?cmm=95987773 ) retirem os espaços. Lá vocês vão encontrar os links das demais fics participantes, o perfil das outras autoras e algumas informações adicionais! ;)
Agora... eu REALMENTE preciso dos comentários; mas não só por ser importante para a colocação da fic no Projeto, mas porque queria a opinião de vocês.
O que acharam da ideia dos flashbacks?
E a Bella? Acham que ela não se lembra mesmo do Edward? Já faz mais de uma década que eles não se encontram, e bom... ele mudou MUITO desde quando tinha 14 anos, não é?
E por último, mas não menos importante. Qual é a comida favoita de vocês e qual é a que melhor cozinham?
Beijos, comentem e fiquem comigo!^^
Lou.
