Autoras: Midnight Desire e Mitsu

Título: Heartbeat

Pairing: Sherlock Holmes/John Hamish Watson

Universo: Sherlock Holmes, mas alheio a livro, série ou filme.

Timeline: Original

Advertências: Relacionamento homossexual entre dois homens, temática criminal.

Disclaimer: Desde a sua criação por Sir. Arthur Conan Doyle até as inúmeras versões, cópias, filmes e seriados, nada disso tem a ver conosco. Não estamos fazendo lucro e nenhum dos personagens nos pertence. Não é songfic.

Sinopse: Aquele jantar tinha sido desastroso para Sherlock; não apenas por seus resultados, mas porque ele estava ciente do que - ou quem - tinha distorcido todas as suas prioridades na investigação.

Comentários: Mais uma diversão literária Johnlock a quatro mãos por Midnight Desire e Mitsu. Então, novamente uma mistura de estilos, um jeito novo de conduzir a história e uma experimentação bem maluca. Teremos mais capítulos, e, a quem vier ler, por favor não tenha pressa e não se prenda a preciosismos. Esperamos que aproveitem!


Heartbeat

Pé ante pé, mal podia aguentar mais um passo. John havia passado o dia resolvendo quaisquer problemas que pudessem lhe trazer e, como se não bastasse, ainda precisara andar por toda a cidade procurando por alguém que não queria ser encontrado. Nunca se acostumaria a esse tipo de coisa e, certamente, não estudara para isso. Talvez adversidades metabólicas, mas 'garoto de recados'?

Não, ele não merecia esse tipo de coisa. Seu diploma valia isso?

Não suficiente sê-lo no trabalho, ainda tinha nas costas o peso de levar notícias a alguém que não se escondia, necessariamente, em lugares diversos – mas que se enclausurava em casa a cada curtos períodos fazendo todo tipo de bizarrices.

Chegou a seu destino, finalmente; a porta que conhecia tão bem parecendo lhe dar as boas-vindas cheias de sarcasmo. Passando uma mão pelo rosto em cansaço, percebeu que não adiantaria bater – mas, ainda assim, bateu: a educação pedia que o fizesse.

Entrou, já que tinha posse da chave, dirigindo-se à sala numa tentativa inútil de encontrá-lo fazendo algo comum em um lugar ordinário – coisa que a maior parte das pessoas faria. Ridiculamente óbvio: não o encontrou.

– Holmes?

Não que chamá-lo adiantasse, mas já estava tão cansado que mal refletia sobre atitudes válidas ou não. Seguiu, atravessando a sala, em busca de algum resquício de presença. Assim que chegou próximo à cozinha, um suave aroma adocicado encheu suas narinas e, não fosse alucinação, algo de muito errado estava acontecendo.

Aproximou-se o suficiente para que se convencesse de que não era um delírio, o suficiente para perceber que a porta estava fechada. Sua mão tocou a maçaneta, os ouvidos atentos em busca de algum estrondo, mesmo que o silêncio ainda lhe fizesse companhia.

Abriu a porta.

A improbabilidade da imagem permeava o ar como uma bruma suave dentro do cômodo, junto aos vestígios doces apetitosos e ao calor do fogo. As roupas de Sherlock permaneciam limpas, impecáveis; mas havia farinha e açúcar pontilhando todo o balcão repleto de louças, vasilhas, colheres de pau e cumbucas sujas.

Sherlock, com luvas de tecido, levantou-se da frente do forno, tirando de dentro dele uma forma de metal.

– Oh, olá, Watson! – Dissera sem desviar o olhar, enquanto deixava o recipiente sobre a mesa da cozinha, ao lado de mais pratos de doces.

Sim, eram doces. Pudins e bolos, apenas aquilo – tão estranho quanto imaginar Holmes cozinhando seria imaginar que qualquer outra coisa pudesse ter aquele formato e aquele cheiro e ainda fazer algum sentido.

Nada fazia.

Com a mesma altivez que regia todos os seus movimentos, Sherlock tirou um pires de um armário, pegou uma colher de cima da bancada e usou-a para cortar um pedaço de um pudim, servindo-o no tal pratinho.

Girou os calcanhares e deu um longo passo na direção do doutor que assistia, estarrecido, à cena.

– Está servido? – Estendeu-lhe o pires, com naturalidade.

Watson piscou algumas vezes, como quem tenta assimilar muita coisa em pouco tempo.

– O que é que você...? – franziu o cenho, sacudindo a cabeça e reorganizando os pensamentos – o que é que, exatamente, você estava fazendo? E não me responda 'doces'. – concluiu, erguendo uma das sobrancelhas enquanto seu rosto se flexionava numa expressão de pura incredulidade.

Poderia ter estendido a mão para pegar o pires, mas estava tão bestificado que se permitiu apenas colocar os dois braços junto ao corpo. E aquela bagunça? Todas aquelas coisas. E o melhor: a face límpida do outro combinava bem com as roupas intactas.

Era melhor mesmo manter as mãos sob controle.

– Não é preciso ter uma capacidade de dedução como a minha para concluir sozinho, meu caro. – Sherlock apenas deu de ombros e puxou o pedaço de pudim de volta para si. Encarou a colher por alguns instantes antes de enchê-la com o doce e levá-la à boca, sempre a mesma leveza, de quem tinha aquilo por seu cotidiano. – Ouvi baterem na porta. Quem era?

Respirou fundo, jogando a cabeça ligeiramente para trás enquanto tentava se acalmar. Levando uma das mãos ao pescoço, nem percebeu quando gesticulou ao responder.

– Eu que bati, Holmes – resmungou, o nome do outro saindo em um muxoxo. Ele havia feito doces, afinal de contas. Não podia ser tão ruim; podia?

O detetive franziu o cenho, os braços dobrados e as mãos paradas, como se tivesse congelado naquele gesto.

– Por estar batendo à porta de sua própria casa portando a chave desta, eu questionaria seu equilíbrio mental por alguns instantes. Mas não acho que ele já tivesse em você grande presença. – deixou o pequeno prato no balcão de volta e voltou-se mais uma vez para a porta. – Tem um recado para me dar, estou correto?

Watson pensou retrucar, mas deteve-se. Mordeu suavemente o lábio inferior, adentrando a cozinha. Fechou os olhos, puxando uma das cadeiras recostadas à mesa e sentando-se.

Abriu-os, encarando o outro por alguns segundos antes de continuar.

– Sim, e não vou perguntar como sabia. Há uma festa. Mycroft estará lá. Ele disse querer sua presença. – as palavras saíram atropeladas, como se o cansaço travasse os músculos de seu maxilar. Forçou um leve sorriso, encarando as próprias mãos. – Sim, ele deseja sua presença.

Antes de responder, os olhos de Sherlock escrutaram cada um dos gestos de Watson. Apenas ergueu as sobrancelhas.

– Mycroft foi falar com você? Acredito que use intermediários para evitar receber negativas diretamente. Ou para não gastar argumentos. – Ele deu as costas, apressando o caminhar para fora da cozinha e andando até a sala, os passos ligeiros, saindo de vista antes que Watson pensasse em se levantar. – Bem, nós não vamos. – Acrescentou, do cômodo ao lado, erguendo a voz.

O outro bufou, indignado com a consideração do detetive – ainda que soubesse que essa postura era de costume.

– Nós? – deu uma breve risada, ainda indeciso por continuar ali ou levantar-se e ir até o outro cômodo. – Bem, ele previu que você não iria aceitar a ideia. Deu vários nomes para lhe convencer. Nomes como 'Wiltshire' ou 'Humpfrey', seguidos de muitos títulos. – revirou os olhos, já começando a desistir de convencê-lo.

Como uma aparição, Sherlock ressurgiu no vão da porta cozinha, segurando-se no batente.

– Wiltshire?" Sua voz permeou-se de uma curiosidade audível. "Como o Conde de Wiltshire?"

O doutor semicerrou os olhos, coçando o maxilar com a ponta de seus dedos.

– Sim... Exatamente esse o título. Vejo que ele acertou – suas sobrancelhas formaram um arco suave enquanto finalizava a sentença.

O olhar de Holmes desviou de John e trancou-se em algum lugar indefinido no fundo da cozinha. Seu semblante tomou vagueza e aos poucos se despiu de expressão, em uma concentração profunda que durou instantes.

– Certo. – Ele então retomou o tom direto e enérgico, logo em seguida. – Separe o seu melhor terno.

Watson deu uma risada suave, levantando-se enquanto balançava a cabeça.

– Certo...

...

Ainda enquanto os cavalos não tinham parado por completo, Sherlock lançou um olhar pela janela da diligência, um vislumbre na direção da mansão em que ocorreria a tal festa. Era o começo da noite e muitas outras carruagens aproximavam-se, delas descendo figuras nobres e distintos indivíduos da sociedade de Londres, personificações daqueles títulos que lhe foram citados anteriormente.

Muitas das linhas da arquitetura do casarão lembravam um palacete; outras, casas comuns, prédios centrais. Diante daquele equilíbrio peculiar, sob a luz de dois lampiões de rua que se despejavam em um amarelo cálido, estava parado Mycroft.

Quando o movimento cessou, toda a estrutura na qual estavam sofreu um ligeiro baque. Watson apressou-se a levantar-se e sair dali assim que a porta lhes foi aberta, dando com a testa na superfície gélida do batente. Levou uma de suas mãos à fronte, a superfície gelada da luva de couro permitindo o alívio quase imediato da dor pontuada que se fazia pelo local.

Após o pequeno episódio, o doutor fitou o local ao seu redor e não pôde deixar de surpreender-se. Os casarões. Ah, eram sempre tão onipotentes. Aqueles jardins laterais pequenos, mas estonteantes e abusivamente bem-podados; as árvores, geralmente aos fundos, de posicionamento milimetricamente planejado – o granito que cobria o chão das passarelas e se estendia, em geral, até o interior do recinto, em tons alvos e reluzentes.

Na faixa de entrada, os detalhes da construção poderiam prender seus olhos. Tudo minuciosamente planejado; aquilo era quase uma arte.

– Ora, ora. – a voz de Mycroft soou esganiçada, como que rindo, só, numa piada interna infinita.

Sherlock descera da diligência logo depois de Watson, sustentando um sorriso casual no rosto. Marcou seus passos com um despojamento calculado.

– Conseguiu-me aqui, como vê. – Ele então tomou a frente e parou diante do irmão.

– Parece que sei o que faz com que você saia daquele apartamentinho na Baker Street, Sherlock. – O mais velho colocou as mãos nos bolsos da calça, dando um longo suspiro com uma efetiva risada ao final.

– Claro... – o sorriso esmaeceu do rosto do detetive – Afinal, foi-me garantida a presença de Wiltshire. E nós sabemos o que isso pode significar.

– Ele virá. – Mycroft confirmou – Do contrário, não teria chamado você.

Watson apenas ergueu as sobrancelhas, perceptivelmente desavisado do que se passaria ali, mas sem expectativas positivas. Se o outro saíra de casa, notícias ruins estariam por vir; no mínimo.

Quase ao mesmo tempo, os dois Holmes voltaram-se para a entrada guarnecida por duas estátuas brancas e deixaram que seu andar fosse guiado para onde seria realizada a comemoração. Atravessaram por sobre aquele granito indefectível, toldados pelo verde minucioso das árvores selecionadas.

Aos poucos, a velocidade dos passos do detetive diminuiu, para que, com isso, Watson o alcançasse e seu irmão apenas seguisse adiante. Quando o doutor estava ao seu lado, Sherlock deu-lhe um sorriso de canto, apenas para então voltar o olhar para frente e a seriedade retomar seu rosto.

– Não vai me fazer pergunta alguma?

O outro deixou que um sorriso sutil transpassasse seus lábios, sacudindo a cabeça negativa e divertidamente enquanto punha as mãos nos bolsos da calça ao caminhar.

– Talvez você não queira gastar seus argumentos comigo, como seu irmão. – alfinetou, mas só pelo efeito daquilo. Depois, uma risadinha sucinta, e tornou a falar. – Realmente, estou perdido. Quem é esse tal Conde, afinal? O conhece?

– Quem ele é? Bem... digamos que alguém que interessa ao Mycroft e que não me interessa em absoluto. No entanto, algumas coisas bastante peculiares andam o rodeando nos últimos tempos; essas, sim, me interessam. De início, pareciam apenas ameaças. – Sherlock seguiu andando, um suspiro. – Não que não seja esperado, um homem como ele tem seus inimigos, e, mais ainda, tem acesso a pessoas que poucos têm. Mas, depois que duas pessoas próximas a ele morreram nas últimas duas semanas, contudo, eu tenho motivos para acreditar que isso pode atrair meu interesse.

Watson olhou de soslaio para o detetive, um misto de questionamento e compreensão pairando como uma névoa sobre seu olhar.

– E uma reunião desse porte traria tanto amigos quanto tais inimigos... – limpou a garganta, compreendendo parte dos riscos e ponderando se não deveriam estar de fato em casa – Éclaro, não perderiam essa oportunidade.

– É o tipo de situação em que, normalmente, um indivíduo não sairia de casa, ou informaria à Scotland Yard. Por algum motivo, no entanto, tudo segue encoberto; não é para ninguém ficar sabendo. Mesmo assim, temos um perigo hoje, que vai muito além do Conde. A mera presença dele aqui bota todos em risco, um risco que ninguém sabe existir. – O detetive freou seus passos e tocou o ombro de John para que ele fizesse o mesmo. Parou de frente para ele com gravidade no tom. – Estou falando isso por que, se ainda quiser ficar aqui, preste atenção ao que eu fizer nesse jantar. Não... não dê passo em falso.

Watson arregalou ligeiramente os olhos, para depois voltar com sua expressão suave de aceitação constante. Abriu novamente o sorriso leve, numa torção ligeira e tentativa sutil de acalmar o outro.

– Estarei prestando atenção em você, não se preocupe quanto a isso. – deu outra risada, satisfeito – E, ora, você praticamente determinou que eu viesse. Não seria justo sair agora, seria? – com o tom de brincadeira já espalhado pelos ânimos, o doutor rumou o olhar adiante, o sorriso desaparecendo assim que o fez.

Era comum a Sherlock, que, ao tomar conhecimento de um novo caso, sua primeira reação fosse pronunciar algo que levasse Watson junto; e não seria diferente dessa vez. Contudo, algo despontava um pouco curioso em sua percepção daquela vez. Algo como um branco, um espaço de passo em falso. Intuição? Não, não, intuição era bobagem. Sherlock tinha todos os motivos para deduzir que aquilo era um tipo de perigo de difícil contenção, de limites complicados de serem vistos, até mesmo por ele.

Tinham cruzado as portas duplas de entrada, no entanto.

...

Os matizes sóbrios do interior do salão eram ponderados pelo brilho dos cristais dependurados nos lustres. Vibrava pelo ar um burburinho de conversas polidas, talheres de prata tilintando e o som dos saltos das mulheres marcando passos em estalos surdos. Alguns conhecidos sentavam em mesas rigorosamente especificadas, coroadas por arranjos de flores carmesim e cobertas por toalhas finas de um tom de creme.

Sherlock já não seguia mais Mycroft; andava a esmo por entre as pessoas, o caminhar parecendo incerto em seu cálculo exato. Naquele ritmo, tornava difícil para Watson não perdê-lo de vista, como havia sido advertido.

O local parecia um formigueiro – um formigueiro repleto de formigas pomposas, de perfumes caros e exagerados e língua afiada. Formigas infelizes, alcoólatras; cheias de dívidas consigo e com a sociedade. Era desagradável e fantástico estar ali, e a tensão pela vida dos convidados dava a tudo um brilho surreal.

As pessoas seguiam uma lógica animalesca, transitando por todos os lados em busca de algo fútil ou desconhecido. Um novo passo, e o doutor ali se sentia mais energizado – toda sua energia sendo sugada novamente a cada olhar de desdém que ele percebia por entre os presentes.

Ele fixou mais uma vez os olhos nas costas de Holmes, tentando acompanhá-lo de todas as maneiras possíveis; mas o detetive ia rápido demais para que pudesse de fato segui-lo sem um esforço descomunal. Ele parecia ir de um lado ao outro, e Watson cogitou correr em alguns instantes.

Todos os elementos eram facetas claras na mente de Sherlock, sem escapar-lhe, como os olhos de uma borboleta. Seu andar decidido era muito mais do que um caminhar ou a tomada de algum rumo específico; era a resposta corporal ao desenrolar infinito daquelas imagens em sua mente.

Por isso que, quando alguém se pôs à sua frente, interrompendo-o e tirando-o da linha de seus pensamentos, foi como um golpe físico, como um soco. As facetas se tornaram estilhaços e ele cerrou o punho com força, trincando os dentes e estreitando os olhos.

Quem estava parado à sua frente, uma expressão de surpresa caricata, era um homem de seus quarenta, quarenta e poucos anos. Em seu terno escuro e seus cabelos castanho-avermelhados, sua imagem ornava perfeitamente com as nuances do ambiente, parecendo ser-lhe parte completante.

– Ora, se não é Sherlock Holmes! – O homem arregalou os olhos, alegria forçada no sorriso por detrás de um cavanhaque.

– Conde de Wiltshire. – Sherlock então lhe estendeu a mão com qualquer coisa de banal, perfazendo uma expressão cordata.

– Não esperava vê-lo aqui. – O tom do Conde era um tanto interrogador.

– Mycroft me convidou. Final de ano, não é época de se fazer desfeitas à família – A voz do detetive não se preocupava em disfarçar uma mentira tão cristalina.

O doutor, logo atrás dos dois, ergueu quase que imperceptivelmente uma de suas sobrancelhas quando ouviu a voz rasgada de Holmes definindo o indivíduo a sua frente. Encarou-o por breves segundos, aproveitando o momento de conversa falsamente polida entre os dois para guardar bem os traços de suas feições.

Watson poderia jurar que o ar se movia de forma quase hostil – um hostil secreto, não necessariamente agressivo. Havia um quê de preocupação na voz do Conde, mas nada que lembrasse exato medo.

'Não é coragem, é falta de ciência', pensava, enquanto concluía quase automaticamente que o senhor ruivo à sua frente era um tanto cego demais para alguém de sua posição.

– E esse seria...? – a voz do Conde soou ao seu redor, líquida; fazendo o doutor pensar por alguns instantes antes de compreender que falava de sua presença.

– Doutor Watson – O detetive tomou a palavra ao perceber que John não responderia – Moramos juntos.

O Conde apenas ergueu as sobrancelhas, esboçando um 'ah' por sua boca apenas fracamente aberta. No instante em que o doutor pensou em responder, mais uma vez Sherlock atravessou uma frase acima dos pensamentos de todos.

– Acredito que em instantes o banquete estará pronto, e precisamos encontrar nossas mesas junto a meu irmão.

– Mycroft sentará à mesa comigo. Acredito que o lugar de vocês é na mesma mesa que eu. – O conde colocou a mão sobre o braço do detetive, como se começasse a guiá-lo, desviando um olhar breve para Watson – E com toda a certeza há lugar em nossa mesa para Sherlock e seu... amigo.

O doutor revirou os olhos de leve assim que viu o Conde dar as costas. Não pôde evitar encarar a área em que os corpos dos dois entravam em contato – achara aquilo desnecessário, um tanto quanto forçado demais -, e achou prudente desviar o olhar assim que se deu conta disso. Ele tinha razão – aquele Holmes. O lugar era perigosíssimo, em muitos sentidos. Mas, afinal, eles tinham um evento a investigar e um jantar a comparecer.