Disclaimer: Saint Seya e seus personagens pertencem ao mestre Masami Kurumada e às editoras licenciadas.

E aqui vai a Sheilinha em mais um projeto de fic. Esta aqui é muito especial e por dois motivos básicos, que explico melhor a seguir...

Primeiro, ela nasceu depois de uma conversa muito bacana e esclarecedora com a Isa (RavenclawWich) no domingo, quando passamos um bom tempo em uma confeitaria na Liberdade expondo nossas opiniões sobre o fandon yaoi de Saint Seiya e os casais que gostamos ou gostaríamos de escrever e ler fic a respeito;

Segundo, eu a considero minha entrada oficial no mundo yaoi de Saint Seiya.

Espero que todos curtam e gostem, ou se não gostarem, paciência. Eu gosto e isso já me basta.

Boa leitura a todos!

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Capítulo I

Escrito ao som de "Carry you home", James Blunt

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O problema em si não era ter voltado à vida, isso não. Certo que ainda não entendia muito bem o "ato de misericórdia" por parte de Zeus diante da intercessão de Atena, mas de que adiantava se questionar sobre isso agora?

Questão muito maior e mais urgente era o que fazer com essa nova vida concedida a ele e seus companheiros de armas. E essa questão não girava em torno de sua aceitação, apesar de ainda ter dúvidas quanto ao perdão de seus companheiros, embora o mais prejudicado de todos tenha sido o primeiro a chamá-lo de irmão ao retornarem, mas...

O que seria de sua vida dali em diante? O que um soldado faria em uma época de paz e em um lugar onde não haviam mais guerras?

Eram tantas perguntas rodando em sua mente que já estava ficando atordoado. Largou-se no sofá da sala privativa da casa de Gêmeos, os longos cabelos negros espalhando-se sobre o móvel. Os olhos azuis muito intensos fitando o teto, quase não piscava. Ao seu lado, sobre a mesinha de canto, uma garrafa de vinho tinto aberta e uma taça vazia.

Atena os deixara livres para, em um primeiro momento, fazerem o que quisessem de suas vidas. Férias, um período de descanso, a busca pelo passado perdido em algum lugar remoto do planeta... Bom, ele não estava tão cansado a ponto de precisar de férias e era grego, nascido ali mesmo na vila de Rodório. Não era como Aldebaran, o primeiro a deixar o Santuário para viajar de volta ao seu país, procurar pelos avós que sabia ainda serem vivos.

Aos poucos, os demais seguiram esse mesmo caminho e as doze casas zodiacais estavam mais vazias. Shaka estava na Índia, Máscara da Morte na Sicília, até Afrodite voltara à Suécia para assuntos inacabados. E ele?

Bom, ele quase aceitara um convite de Shura para ir à Espanha com ele. Quando procurados por Hades e ao retornarem como espectros ao Santuário, haviam ficado próximos, compartilhando a desonra e a missão maior de alertar Atena e sacrificar mais uma vez suas vidas em nome da justiça. No entanto, desistira ao ver que Aiolos também iria. Aquela viagem deveria ser somente dos dois amigos, ainda tinham diversas questões a acertar e ele não queria ser um empecilho a isto.

E lá estava ele, quase enlouquecendo com tantas perguntas e pensamentos truncados quando percebeu que alguém se aproximava de sua casa. Um cosmo determinado e único.

Não que os demais fossem iguais, mas somente aquele era capaz de fazê-lo sentir o calor mais abrasador e o frio intempestivo de uma única vez. Levantou-se do sofá e se dirigiu aos fundos de sua casa, onde o cavaleiro o aguardava. Parou à entrada, entre as duas colunas que sustentavam o pórtico, encarando os olhos verdes do recém – chegado.

-Pois não, Camus de Aquário.

-Tenho permissão para passar, Saga de Gêmeos?

Uma simples pergunta, que já nem era mais utilizada pelos cavaleiros que habitavam aquelas doze casas. Uma formalidade ainda difícil de desvencilhar. Mas era engraçado como na voz fria e séria de Camus parecia ter mais significados do que uma simples pergunta.

Saga lhe deu passagem, e Camus agradeceu com um aceno, colocando-se ao caminho, os longos cabelos ruivos agitados pela brisa suave. Porém, não seguiu até o fim, detendo-se à entrada da área privativa da casa de Gêmeos. A porta da sala estava aberta e ele então entrou, deixando Saga sem entender muito bem o que ele queria com aquela atitude.

Camus se dirigiu até a mesa onde estava a garrafa de vinho, pegou-a e encheu a taça até a metade. Segurando-a com certa delicadeza, aproximou-a das narinas e fechou os olhos por um instante, apreciando o aroma.

-Montparnassy, safra 1920. – ele disse, abrindo os olhos, mas sem encarar Saga – Pensei que esta garrafa já havia sido aberta há mais tempo.

-Estava esperando uma ocasião especial, mas ela nunca veio. Então pensei em finalmente apreciar o famoso tinto das vinhas de Montparnassy.

-Poderia apreciá-lo em sua própria terra de origem, não?

Saga encarou Camus com uma certa confusão no olhar, como assim? O cavaleiro de Aquário bebeu do vinho e então deixou a taça de volta sobre a mesa, voltando seu olhar frio e enigmático para o cavaleiro de Gêmeos, que a esta altura tinha os braços cruzados na altura do peito e estava encostado no batente da porta.

-Atena nos concedeu férias, lembra-se? E alguns de nós já estão em viagem ou planejando algo nesse sentido.

-Sim, eu sei disso.

-Pois eu também pretendo viajar, Saga. Um retorno às origens, por assim dizer, e pensei que poderia ir comigo.

-Eu? Mas e o Milo?

-Milo estará muito ocupado pelos próximos dias. Além disso, não consigo pensar em outra pessoa que aproveitaria melhor esta viagem do que você, Saga.

-Como?

-Um região rural tranqüila, vinhos, uma boa conversa, artes... Com quem mais eu poderia dividir tais preferências?

Saga arqueou uma sobrancelha, mas sabia que Camus tinha razão. Assim como acontecera com Shura, se tornara próximo de Camus e descobrira diversas coisas e gostos em comum com o francês. Mas do que isso, descobrira que a sua companhia era deveras agradável e, por incrível que pareça, divertida, pois Camus sabia como entabular uma boa conversa.

Pensando bem, uma viagem à Provença poderia ser uma excelente ideia...

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Um capítulo curtinho para introdução da fic e dos personagens envolvidos, espero que tenham gostado!

Beijos e continua...