Você vai Saber
Após passar alguns dias com sua família, Kagome voltou para a Era Feudal em meio a uma tempestade. Percebendo que não conseguiria chegar à cabana de Kaede naquela chuva, a jovem procurou algum lugar para se abrigar. Depois de andar alguns metros, encontrou uma caverna e resolveu que aquele lugar teria que servir por ora.
Sendo assim, ela foi até a caverna, sentou num canto que estava seco e ficou observando a chuva cair. Algo que trouxe um sorriso a seus lábios. Sempre adorara a chuva. Gostava do cheiro da terra molhada, gostava do barulho da chuva no telhado. Era ótimo dormir ouvindo esse barulho.
De repente ele espirrou e começou a tremer. Esse era o único lado ruim da chuva. Ela logo começava a espirrar, depois de se molhar. E o pior é que não trouxera nenhum casaco de casa e começava a sentir frio. A jovem tentou se aquecer abraçando o próprio corpo, mas sem sucesso. Ela estava pensando no que poderia fazer, já que isso falhara, quando sentiu que alguém cobria seu corpo com um quimono.
Si tu lisais entre les lignes
(Se você ler por entre as linhas)
Entre les peurs
(Por entre os medos)
Entre les signes
(Por entre os sinais)
Un peu plus loin que voient les yeux
(Um pouco além do que os olhos podem ver)
Si tu croyais à l'impossible
(Se você acreditar no impossível)
Qu'il y a une heure et une rive
(Que há um tempo e um momento)
Pour laisser place au merveilleux
(Para abri caminho ao que é maravilhoso)
Tout pourrait alors commencer
(Tudo pode começar)
Na mesma hora a jovem se levantou assustada. E levou outro susto ao ver quem era a pessoa.
- Sesshoumaru? O que faz aqui? – Perguntou chocada.
- O mesmo que você, humana. – Kagome não conseguia parar de encará-lo, chocada.
- Por que me emprestou seu quimono? – Ela corou ao notar que Sesshoumaru estava nu da cintura para cima. Ele tinha um corpo definido e atraente demais para o seu próprio bem.
- Vocês humanos são tão frágeis... – Disse ele sentando-se do outro lado da caverna, de frente para ela. – Não acho que Rin ficaria feliz ao saber da sua morte. – Kagome concordou com a cabeça e voltou a se sentar.
- Obrigada. – Respondeu com um leve sorriso. – Mas você não está com frio. – Sesshoumaru deu um sorriso malicioso.
- Acha que está falando com o fraco do meu irmão?
- Não. – Disse Kagome ficando séria. – Só que você ficou desprotegido e...
- E você planeja morrer de frio e me devolver o quimono?
- Não. – A jovem falou resignada.
- Então não vejo porque discutir o assunto.
Parce que derrière les apparences
(Porque além das aparências)
Derrière les griffes de l'existence
(Além das garras da existência)
Il y a tant de beauté
(Há muita beleza)
Parce que derrière les différences
(Porque além das aparências)
Malgré le passé les distances
(Apesar da enorme distância)
Tout reste à inventer
(Tudo dever ser inventado)
Sauras-tu aimer?
(Você vai amar?)
Sauras-tu m'aimer?
(Você vai me amar?)
- Eu ia dizer que podemos dividir. – Ela respondeu com um pouco de raiva. – Mas esqueci que você odeia os humanos. Exceto pela Rin, é claro. – Os dois ficaram em silêncio por um momento e em seguida Sesshoumaru se levantou e sentou ao lado dela.
- Como você sugere que façamos isso? – O youkai perguntou num tom que ela nunca ouvira. Um tom quase sedutor.
- Bem, podemos colocar o quimono sobre nós dois. – Mas logo Kagome viu que não daria certo, e começou a pensar novamente. Por fim, teve uma ideia, mas ficou envergonhada só de pensar em contar a Sesshoumaru.
- O que você pensou? – Ele perguntou como se desse uma ordem.
- Eu... Acho que... Você poderia colocar o quimono e...
- E o quê? – Indagou impaciente.
- E se eu te abraçasse, e você me abraçasse de volta, nós dois ficaríamos aquecidos. – Kagome pôde notar um leve arregalar de olhos por parte de Sesshoumaru. – Foi uma ideia idiota. – Continuou a jovem. Mas Sesshoumaru pegou o quimono das mãos dela, vestiu-o e passou uma das mãos pela cintura dela, puxando-a para junto de si. Kagome envolveu o torso descoberto dele e sentiu que ele cobria suas costas com as abas do quimono. Era como se os dois fossem uma pessoa só.
- Parece que teve uma boa ideia, humana. – Disse Sesshoumaru com a cabeça sobre a dela.
- Meu nome é Kagome. – Ela ergueu o rosto para encará-lo ao dizer isso, enquanto sentia o calor do corpo dele se espalhar pelo seu.
- Eu sei. – Respondeu ele baixando seu rosto até o dela e encostando seus lábios num beijo.
Entends-tu le cœur pur
(Você ouve a pureza em seu coração)
Sous les rumeurs
(Abaixo dos rumores)
Ce long murmure
(Esse murmúrio longo)
Qui disent mes tendres vérités
(Que diz minhas doces verdades)
Vois la lumière sous mes parures
(Veja a luz em minha elegância)
La vraie couleur, et la nature
(Verdadeira cor e natureza)
Qui saurons bien nous transporter
(Quem saberá que carregamos)
Vers nos vies métamorphosées
(Metamorfose em nossas vidas)
Kagome arfou, mas em seguida correspondeu ao beijo. Isso era algo que nunca imaginara que pudesse ocorrer entre os dois. Logo uma de suas mãos estava no pescoço dele, acariciando-o.
- Sesshoumaru... – Ela sussurrou após o beijo, ainda sentindo-se perdida. Ele lhe deu mais um beijo. – O quê...? – Ela queria perguntar o que significava aquilo, mas bastou olhar nos olhos dele para saber que não adiantava saber se ele gostava dela ou não. Os dois não poderiam ficar juntos. Tinham que destruir Narak. Depois disso, talvez pudessem conversar sobre essa noite na caverna, mas até lá, deviam apenas aproveitar o momento. – Eu entendo. – Ela disse com um sorriso. Sesshoumaru se perguntava se, de fato, ela entendia, mas não pôde pensar muito no assunto, pois Kagome voltou a beijá-lo. Teria que pensar nisso outro dia. No momento tinha que agir e esquecer o amanhã. Por isso, apenas correspondeu ao beijo de Kagome, puxando-a para mais perto de si.
Tu sauras m'aimer
(Você vai saber me amar)
Je me laisserai emporter
(Vou me deixar levar)
[Sauras-tu M'aimer? – Yoann Fréget]
