Depois de ser qualificado e reconhecido ser habilidoso o suficiente para ser um honrado cavaleiro de ouro, que representaria o décimo primeiro signo zodiacal (Aquário), Dégel fora conhecer os outros guardiões das Doze Casas.

Apesar de possuir um caráter frio e antissocial, sua beleza era inegável. Tinha longos cabelos esverdeados-escuros, da altura de seus quadris. Estava sempre andando com um livro em suas mãos e um óculos no rosto, dando-lhe um aspecto intelectual. Não era à toa que era o cavaleiro mais sábio do santuário. Seus gélidos olhos púrpuras pareciam poder congelar tudo aquilo que fosse fitado por eles.

De fato, o aquariano não queria ir ao encontro. Entretanto, como fora ordens de Athena e do Grande Mestre, sentiu-se no dever de obedecer às tais ordens e comparecer à reunião. Fora que não estava tão empolgado como imaginava que poderia ser. Mas continuara a subir as escadarias que levavam à décima segunda casa de Peixes.

Talvez, fosse conhecer o pisciano antes de todo mundo, uma vez que teria de passar por seu recinto e jardim de rosas venenosas para se dirigir ao destino. Foi o que ocorreu. Ao chegar mais perto da última casa zodiacal, deparara-se com um belo rapaz de longos cabelos azuis-celestes, ondulantes à fresca brisa vespertina, vestido de sua armadura de ouro correspondente à sua constelação protetora, fitando-o com seus encantadores olhos safiras enquanto sustentava uma bela rosa rubra por entre os seus lábios rosados.

Dégel espantou-se com tamanha beleza deste e fitava-o por alguns instantes, da cabeça aos pés, antes de estender uma de suas mãos, com intenção de cumprimentá-lo:

Boa tarde... Meu nome é Dégel. Creio que já esteja ciente de que serei o novo cavaleiro de Aquário, no lugar de Krest... Prazer em conhecê-lo...

No fundo, o rapaz apreciava a gentileza do outro, mas sentia que não poderia corresponder a tal ato. Depois que seu mestre, Rugonis de Peixes falecera por intoxicação sanguínea selando vários pactos com ele, jurara a si mesmo nunca mais deixar uma única gota de sangue ser derramada sobre seus companheiros. Por conta disso, andava sempre isolado, procurando manter distância de outras pessoas e evitava missões em grupo. Assim, disfarçava seu triste e solitário olhar, esboçando um sorriso de canto e cumprimentava-o verbalmente:

O prazer é todo meu, Dégel. Sou Albafica de Peixes. Não quero ser chato, mas, por favor, não chegue perto de mim...

No início, o francês achava que era modéstia de Albafica. Porém, percebia e sua expressão que parecia pedi-lo perdão ,concordando com o pedido do outro, abaixando a mão:

Tudo bem... Ahn... Preciso ir ao Salão do Grande mestre. Poderia anular o veneno de suas rosas para que eu possa passar?

Claro.- respondeu-o de pronto- Na verdade, eu o estava esperando para acompanhá-lo até lá...

Agradeço e aprecio a sua gentileza, Albafica.

Ambos foram caminhando, em silêncio, por entre as rosas. Seu aroma era inicialmente doce e enjoativo, mas, com o cosmo de Albafica amenizando o veneno das mesmas, o odor fora ficando gradativamente agradável e puderam chegar sãos e salvos em frente ao recinto do Grande Mestre.

Abriram a porta pesada feita e detalhada em ouro e bronze, deparando-se com os outros onze cavaleiros guardiões das doze casas, além da reencarnação da deusa Athena, Sasha, e o Grande Mestre.

O aquariano e o pisciano ajoelharam-se, por um breve momento, em um respeitoso cumprimento à todos ali presentes. Assim, receberam as agradáveis palavras de Sage:

Que bom que vieram, Peixes e Aquário. –ele deu alguns passos curtos e calmos para frente- Posicionem-se em seus devidos lugares, para se apresentarem a todos, novamente. Mesmo que vocês se conheçam, será essencial para que o Aquário saiba um pouco sobre vocês para poderem interagir entre si, de agora em diante.

Assim, o fizeram. Alinharam-se, todos, de acordo com a ordem da constelação do Zodíaco que representavam. E, como ninguém o conhecia e sabia a seu respeito, o patrono do Santuário fez questão em indicar Dégel para ser o primeiro a se apresentar os novos amigos, em um sutil gesto com uma de suas mãos senis. Após tal ato, o frio aquariano ajeitara os óculos, que usava de quando em quando, e proferia:

Bem... Meu nome é Dégel. Vim da França e serei o novo cavaleiro de Aquário... Espero nos darmos bem... -Seus olhos violetas passaram, calma e singelamente, por todos. Contudo, apenas um em especial fora capaz de chamar totalmente a sua atenção.

Um jovem rapaz de longos cabelos azul-escuros e ondulados, que desciam formosamente por suas costas, chegando à cintura. Ele bocejava indiscretamente, coçando preguiçosamente a nuca, além de parecer irritado com algo ou alguém, de tanto que reclamava para si. Não podia ouvir, mas, por conta de sua apurada leitura labial, sabia que blasfemava.

Voltava a si quando outra pessoa começava a se apresentar. Este, tinha longos cabelos amarelo-esverdeados e olhos rubis tão serenos quanto ele mesmo aparentava ser:

Sou Shion de Áries. Vim de Jamiel. Prazer em conhecê-lo.

Assim, cada um dos cavaleiros foram se apresentando e falando um pouco sobre si. Para Dégel, uns pareciam ser mais tranquilos, outros mais agitados, assim como alguns aparentavam ser agitados e alegres e outros um pouco mais arrogantes e egoístas. Cada um de sua maneira. Era o que ele pensava, analisando a tonalidade de voz e a atitude de cada um, sem deixar de prestar atenção no que diziam.

Depois das apresentações, foi decidido que treinariam, em duplas, durante aquele dia inteiro com pausas apenas para almoço e jantar. Logo, os pares foram: Shion de Áries e Dohko de Libra, Hasgard de Touro e El Cid de Capricórnio,Aspros de gêmeos e Asmita de Virgem, Manigold de Câncer e Albafica de Peixes, Regulus de Leão e Sisyphus de Sagitário e, por fim, Kardia de Escorpião e Dégel de Aquário.

Foi assim que o gélido francês sentira-se atraído e interessado por alguém. No começo, ficara mais quieto, em seu canto. Mas, conforme o dia foi passando, puxavam assunto, trocavam ideias, pediam sugestões, soltando-se cada vez mais, até formarem um vínculo de amizade.

O primeiro amigo de Dégel no Santuário, depois que se mudara da França e virara aspirante de cavaleiro. Agora, vive o dia-a-dia com seu amigo. Tem contato com os outros, é verdade. Todavia, o escorpiano era quem lhe fazia mais tempo de companhia, farreando e aborrecendo, de vez em quando, o aquariano que se irritava e o expulsava da casa de Aquário ou desistia de treinar com ele. Sim. Discretamente, o admirava de longe, por trás das árvores e colunas das construções do Santuário, quando não estava trancafiado em seu recinto, estudando. Queria saber o que Kardia gostava de fazer, como ele agia em cada ocasião, o que o fazia sorrir, irritar-se...Interessando-se em se aproximar cada vez mais e interagir com seu novo e melhor amigo. Porém, ele mesmo não sabia, nem imaginava, tampouco desconfiava que este seria o início de mais uma história de amor...