Prólogo

Então! Desculpem se vocês não conseguirem entender nada nesse capítulo, é proposital. Eu não lamento nada.

"Foi o que eu disse!" Exclamou, arregalando os olhos e contendo o riso. "Mas então ela começou com aquele discurso de sempre!".

"Ah, não." O outro já não se conteve, riu abertamente da cara do irmão. "Acho que estou começando a sentir pena de você!"

"Foi exatamente o que pensei, irmãozinho"

Ele continuou rindo, seus cabelos chacoalhando durante o ato. Seu irmão conseguia ser tão bobão às vezes. Mas logo ele parou...

"O-oh"

"O quê- O que foi?" O tom do irmão foi tão abrupto e repentino que o assustou.

"Aquilo"

"Aquilo?"

"É!" Ele exasperou, sentindo a boca do estomago arder em brasa; se contorceu, sentando-se na cama do quarto que estava arrumando com seu irmão. Parecia uma cólica, mas então subia para o peito e acelerava seus batimentos cardíacos, ele não conseguia pensar direito! "Aquilo".

Então ele pareceu entender.

"Ah, não!" Ele começou a andar em círculos. Era tudo muito mais sério do que aparentava, atualmente. "O que pode ser dessa vez? Nós não podemos fazer nada! Lembra-se do que aconteceu da última vez?! Não teve perdão! E-"

Ele assistiu o irmão reagir; falando diversas sentenças aleatórias. Ele estava tentando ignorar a vontade insana de sair correndo o mais rápido possível e fazer alguma coisa.

Mas então. Mas então algo como um rápido flash pintou em sua cabeça. E desapareceu do mesmo modo que veio. Porém ele conseguiu ver ela.

"Elizabeth."

"E nós não- O quê?" Aparentemente isso tinha tirado seu irmão do movimento aleatório.

"Não temos tempo para isso!" Ele levantou, ignorando a dor que se rompeu em suas costas, é realmente parecia uma cólica; as lágrimas escaparam de seus olhos, mas não pela dor e sim pelo que viu.

Seu irmão, ao vê-lo aos prantos, tornou a balbuciar incoerências, chocado.

Ele apenas o agarrou pela mão e o arrastou, porém ao sair de casa, foram surpreendidos.

"Brittany!"

A garota alta e loira sorriu para eles.

"Ei, meninos. Eu quer-"

"Desculpe, Britt" Pediu o mais novo, sem realmente olhar para ela. "Não temos tempo".

"O que vocês vão fazer?"

Com essa pequena frase, ele percebeu que já era. Estavam perdidos. Se não explicassem para ela o que iam fazer, ela com certeza perguntaria para os outros e eles estariam ferrados.

Ele suspirou; pronto para responder, quando seu irmão o fez.

"Isso é sigiloso" Ele começou. "Eu e meu irmão aqui estamos indo salvar uma pessoa, na Terra."

A boca da loira formou um perfeito O e ela sorriu, animada.

"É por isso que temos que ir e-"

"Vocês vão atrás daquele menininho de novo"

É; ela não era estúpida como todos diziam.

"Como sabe?" Seu irmão não resistiu.

"Vocês estão sempre saindo correndo quando vão atrás dele."

Era verdade.

"E porque é sigiloso?"

Ele falou antes do irmão dessa vez. "Se os outros souberem, estamos ferrados. Porque não podemos fazer o que estamos prestes a fazer!"

"E porque não?"

"Porque- Porque nós não podemos ser vistos!"

"Ah, isso é verdade". Concordou Brittany. "Mas porque vocês irão vê-lo então?"

E daí surgiu o silêncio.

"Porque..." Ele começou, mas parou. Não sabia explicar, não sabia colocar em palavras! Era mais forte do que ele, simplesmente não tinha controle.

Todas às vezes; todas as vezes que sentia isso, via esse menino ou alguém próximo dele; e então não conseguia fazer mais nada a até finalmente correr ao encontro dele e ajudá-lo no que fosse necessário. Mas sem ser visto. Ele sabia que tinha algo por trás disso. Algo muito grande que se ele tentasse entender lhe traria dores de cabeça, mas... Ele estava ligado a esse garoto e só isso importava naquele momento. Isso tudo era tão frustrante.

"Porque ele precisa de mim."

E não estava dando certo.

Ele e o irmão estavam acelerando para conseguir chegar a tempo. Conseguiram fazer Brittany encobri-los caso alguém desse por falta deles.

"Só para você saber," Começou seu irmão, desviando rapidamente de um caminhão. "Não seremos os únicos lá."

Ah, ele sabia.

"E vou levar mais de uma hora para conseguir me secar!"

A tempestade, claramente, não estava ajudando e era tudo culpa dela, também.

"Eu sei! Mas precisamos fazer isso!"

"Eu sei."

Eles tiveram algum trabalho para identificar o lugar da visão dele, mas não ficava muito longe de onde ele costumava ir para salvar o menino.

Ele estava suando frio, e a chuva gelada só estava piorando tudo isso. Não conseguia respirar, não havia tempo para isso! Tinha que chegar a tempo, tinha que ser rápido, se não...

"Ela está ali!"

E então o tempo parou.

"Chegamos tarde."

Ele sentiu as lágrimas descerem, queimando seu rosto, e correu ao encontro de Elizabeth.

Aproximou-se do carro em que ela estava; o veículo virado de cabeça para baixo. Toda a sua esperança foi jogada fora quando viu sangue.

Seu irmão o ajudou a tirá-la de lá. Estava tudo acabado, ele não via mais sequer um cisco de vida nela.

"Ligue para o marido dela." Ele pediu, não segurando mais os soluços. Sentia-se tão culpado, se ao menos tivesse chegado a tempo, talvez ela não estivesse assim. "Ligue para Burt."

E ele o fez, pegou o celular da mulher e procurou o numero na agenda. Logo depois, ligaria para a ambulância, enquanto isso, o outro amparava Elizabeth. Tão jovem; tão bonita. Ele se amaldiçoava entre mentes. Uma mãe e uma esposa maravilhosa.

Seu irmão terminou as ligações e sentou-se ao lado dele, acariciando o rosto da mulher, derrubando suas próprias lágrimas. Era algo tão feio de se ver, a morte.

"Como será que aconteceu?" Perguntou-se o irmão mais velho, mordendo o lábio inferior.

"Não sei." E com isso, rompeu em soluços. Seu irmão o abraçou.

"Isso é uma droga," Ele disse; as lágrimas misturando-se com a chuva em seu rosto. "Se ao menos-"

"Nem pense nisso." Disse o outro; seu irmão mais novo esfregando a testa em seu pescoço, olhando para Elizabeth. "Tinha que acontecer."

"Mas-".

Seu irmão o soltou, esperando-o terminar, mas ele olhava através do ombro do irmão, atento.

"Tem alguém ali." Sua voz estava rouca em antecipação.

E, de repente, uma sombra de forma humana passou correndo em direção a ele e...

"COOPER, CUIDADO!"

Foi tudo o que ele conseguiu gritar, seu irmão não conseguiria fazer nada, então ele o entregou o corpo de Elizabeth e defendeu o irmão; agarrando o adversário.

Era um garoto entre sua faixa etária; ele tinha cabelos castanhos jogados que acompanhavam o seus movimentos. Seus olhos verdes brilharam em malícia ao medir o outro dos pés a cabeça.

Ele era um deles, caído. E ele não estava sozinho, olhando ao redor, o garoto notou mais uns sete deles.

"O que vocês querem?!" Ele praticamente cuspiu na cara do garoto-caído, as lágrimas cessaram naquele instante.

Ele sorriu, provocando, medindo-o novamente. O que fez o garoto girar os olhos.

"Ela." Uma garota, vestida de preto, como todos os outros, gritou, apontando para onde Cooper segurava Elizabeth.

"Só se passarem por mim." Respondeu ele.

Com isso, todos os caídos avançaram nele, e, naquele momento, sentiu-se um tanto apreensivo, mas ia conseguir.

Ele estava os derrubando, um por um, estava os mandando de volta para seus devidos lugares. Por um momento, esteve em desvantagem, sendo agarrado e jogado no chão com uma força hedionda; mas ele era forte. Sempre que tinha um tempo livre, ele e seu irmão treinavam em casa, ou com os outros; mas ele nunca havia feito nada do que ele estava agora. Isso era bem impressionante; Cooper estava impressionado, mantinha-se atento para tudo, entretanto seu cérebro parecia absorver apenas os sons de ossos contra a pele, gritos e grunhidos.

Mas não havia tempo para isso, um dos que seu irmão acabara de derrubar estava se virando e indo até ele, até Elizabeth. Precisava protegê-la, quando tentou se erguer para atacar - a mulher ainda em seu colo; seu irmão surgiu do nada e derrubou o adversário.

"Wow." Cooper fez; boquiaberto.

Ele estava pronto para enfiar a mão na cara do caído, quando algo cegou sua visão.

O farol alto de um carro, seguido de uma sirene e ambulância.

"Ah, não." O pânico o pegou, eles tinham que sair dali naquele segundo.

Ele voltou-se para o caído para dar de cara com seu punho, vazio. Fugira.

O barulho de portas batendo e passos apressados o fizeram entrar em choque, por um minuto seu coração parou.

Ergueu os olhos, enlouquecendo. Não podia ser visto!

Porém lá estavam eles, bem na sua frente, os olhos maiores que os dele; sentiu uma tremenda falta de ar quando viu Burt quase esmagando a mão de seu filho de oito anos.

O menino era uma graça, seus cabelos castanhos desalinhavam em todas as direções e seus olhos azuis/verdes/cinzas brilhavam ao encarar algo atrás dele.

O menininho tapou a boca, engasgando. Na sua frente, de cabelos negros encaracolados e rebeldes, olhos castanho-mel , vestindo apenas branco, um anjo. Em suas costas rompiam as mais lindas asas que ele já viu, eram brancas e brilhantes, e enormes! Pareciam ser tão gostosas de tocar, mas ele ao menos era real? Ele se lembrava de ver em filmes e animações alguns anjos, mas esse era tão real. E estava logo ali na sua frente.

"Kurt." O menino-anjo disse, causando uma sensação engraçada na barriga do pequeno.

Um nome ecoou em sua mente, era totalmente novo para ele; parecia procurar por uma saída e acabou escapando pelos seus lábios num sussurro. "Blaine."

"VOCÊS TEM IDEIA DO QUE FIZERAM?!"

E agora, Blaine e Cooper se deparavam com um grupo de anjos mais velhos, mais importantes do que eles. Estavam todos reunidos em uma sala alta e branca, com decorações simples, de tirar o fôlego; entre os anjos mais velhos e os irmãos havia uma enorme mesa. Cada um estava sentado em uma cadeira com um encosto alto; Blaine e Cooper se encolhiam em seus lugares; suas asas quase coladas em suas costas tremiam.

"Senhor, acalme-se." Pediu uma senhora ao lado dele, cobrindo o ouvido com a mão, obviamente dolorido.

"Desculpe," Ele disse, sentando-se ao lado dela e bufando abertamente. Retornou sua atenção aos irmãos e respirou pausadamente. "Vocês não podiam ter sido vistos. Tem ideia das consequências?"

Cooper abriu a boca, provavelmente querendo se explicar.

"Meu irmão não tem nada a ver com isso," Afirmou Blaine, determinação queimando em seus olhos. "Fui eu."

"Blaine-".

"Eu que tenho essa ligação com Kurt, que me faz querer ir até ele e garantir que ele esteja a salvo. Senti isso hoje, só que vi Elizabeth e quis ajudá-la! Fui eu que arrastei Cooper e chantageei Brittany para nos encobrir, fui eu quem foi visto e só eu sou o culpado de tudo isso." Blaine disse, de uma vez.

Seguiu-se o silêncio, eles pareciam estar considerando as palavras dele. Cooper queria dizer algo para ajudar o irmão, mas não conseguiu encontrar palavras. Blaine estava ferrado.

"Mas não entendo porque isso é tão ruim." Continuou; agora se levantando e andando até onde os anjos estavam reunidos, apoiando as mãos de modo dramático na mesa em sua frente. "Tudo o que fiz foi salvar um garotinho de se machucar seriamente na maioria das vezes! E hoje, tentei salvar a mãe dele! Falhei, mas salvei a alma dela de ir para o lar dos anjos caídos! E meu maior erro foi ser visto! Qual o problema?! Pelo menos agora Kurt sabe que tem uma criatura com asas lá fora, olhando por ele."

"Blaine, por favor," A senhora que mais cedo havia tampado os ouvidos pediu. "Retome seu lugar."

Ele o fez. Cruzando os braços, demonstrando sua irritação.

"Irmãozinho, tome cuidado," Cooper sussurrou para ele, preocupado. "Ou eles vão te derrubar."

"Blaine, quando você é visto por alguém que ainda vai atingir sua faixa etária, essa pessoa, não importa quem seja; se apaixona por você." Explicou um dos anjos que parecia estar entre seus quarenta anos, ele tinha a testa franzida. "E ela não te esquece- Não consegue esquecer; não consegue fazer mais nada a não ser pensar em você." Ele se levantou e caminhou até Blaine, o garoto parecia estar suando frio. Ele passou a mão pela testa dele, descansando-a acima dos olhos castanho-mel.

Naquele momento Blaine viu Kurt e Burt, no quarto do menininho, Burt estava abraçando o filho, enquanto ele chorava e soluçava. Ele não sabia como, mas de algum modo sabia que Kurt estava o chamando, pedindo pra que ele trouxesse sua mãe de volta.

"Oh, Deus." Blaine parou por um momento, afastando a mão do anjo de seus olhos, começando a lacrimejar. "O que eu fiz?"

Cooper apoiou a mão no joelho do irmão, sentindo pena dele.

"Vocês podem concertar isso, não é? Por favor, me digam que vocês conseguem-"

"Podemos, podemos." Afirmou uma moça, talvez a mais jovem deles. Infelizmente Blaine não sabia o nome de nenhum deles... E nem queria. "Mas você precisa saber de uma coisa antes."

Com isso, eles se entreolharam, assentindo.

"O quê?"

"Eu estava fazendo algumas previsões e revendo algumas profecias uns tempos atrás," Ela fez uma pausa, apreensiva. "E eu vi alguma coisa sobre você, Blaine."

Ele sentiu os músculos ficarem tenso. Fitou o chão por um tempo, com a esperança de se acalmar. Até Cooper enrijeceu.

"O que você viu?" Seu irmão perguntou, hesitando. Nunca vinham coisas boas dessas previsões.

"O menino Kurt, daqui nove anos."

"Você vai se apaixonar por ele, Blaine. E vai cair."

O silêncio se seguiu de uma forma tão intensa que Blaine achou que se esticasse a mão, conseguiria senti-lo, mas ele estava ocupado demais, entrando em choque.

"Por isso você tem essa ligação com ele."

E ele sentiu tudo se encaixar, tudo fazia sentido agora.

Mas ele não queria que Kurt o amasse por que tinha o visto e isso era uma coisa louca de anjos. Ele queria que fosse real, que ele pudesse escolher que tivesse sua chance.

Mas Cooper sacou algo que Blaine deixou passar.

"Então vocês não vão jogar Blaine na terra?"

Nenhum deles respondeu. Blaine tentava se recompor, mas estava com falta de ar, as lágrimas fugindo de seus olhos. Isso era tudo uma grande droga!

"Talvez... Possamos fazer um trato." Sugeriu o que gritou com eles mais cedo. "Você continua com a gente, Blaine, já que você já está condenado; e nós apagamos você da memória de Kurt," Blaine se sentiu mais leve com isso. "Porém você não pode mais ir atrás dele quando sentir necessidade."

Ele se virou para olhar o irmão, que franziu a testa, até ele parecia estar considerando, pensando se era uma boa ideia. Seu irmão já tinha certeza do que ele queria.

"Feito."

"Oh, Blaine." Brittany o abraçou, esfregando as mãos nos ombros dele.

Ele estava em choque, à realidade acabara de atingi-lo. Não veria mais Kurt, por longos nove anos.

"E-Eu fiz a coisa certa."

"Acho que sim." Concordou a loira.

Estava feito, quando Kurt acordasse essa manhã, jamais saberia de Blaine.