Título: Lágrimas da Lua
Anime: Gundam Wing
Casal: Heero Yuy e Duo Maxwell
Gênero: Yaoi, U.A., Angst, Drama, Supernatural - Spiritual, Romance, Lemon? Veremos!
Classificação: Entre 'T' e 'M' até o presente momento.
Status: Em andamento

Disclaimer: Gundam Wing, série, foi produzida pela Sunrise e Bandai, e dirigida por Hajime Yatate e Yoshiyuki Tomino (criador da linhagem). Todos os direitos são reservados aos seus produtores & criadores, eu como fã me dou o direito de usufruir os personagens ao meu bel prazer respeitando os créditos. Apenas alterando e incluindo alguns sobrenomes. Os nomes dos pais de Heero eDuo, assim comodos outros personagens, são de minha autoria.

Observações: Esta fic não busca ofender nenhuma crença-religião, portanto, espero que apenas apreciem a leitura independente do que possa ser relatado aqui sobre assuntos tidos como sobrenaturais e/ou espirituais.

Sumário: Quando a dor da culpa se abate sobre uma pessoa e esta decide se entregar à tragédia, o que pode ocorrer para que sua alma, crença e desejo de viver sejam resgatados? O amor pode ultrapassar todas as barreiras resgatando uma alma envolvida em culpa, dor e sofrimento? Esta história se passa, em sua maior parte, em um cenário onde a lua, o lago e acontecimentos sobrenaturais determinam todos os caminhos e junto com eles encontramos o sentimento mais puro: o amor.

Boa leitura


Lágrimas da Lua

- Capitulo 1 -


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O brilho da lua pairava sobre as águas calmas do lago. Uma leve brisa fantasmagórica balançava os longos cabelos castanhos dourados do jovem que ali, a beira do lago, se encontrava. De seus olhos, lágrimas eram vertidas em um pranto melódico. Mais uma noite se passava, mais uma vez chorava, mas uma vez cantava... Cantigas que aprendera, canções de um tempo perdido... Apenas cantava e chorava ao fitar o lago que refletia lindamente a lua plena... cheia. Tão cheia como naquela trágica noite... bela, mas sofrida.

Leves passos podiam ser ouvidos acompanhados de pequenos risinhos infantis. Uma alegria característica única dele. Sempre sorridente, sempre alegre, até mesmo com tudo que lhe acontecera.

Tratou de limpar as lágrimas que banhavam seu belo e pálido rosto, ao notar que era seu irmão. Seu adorado irmão. O único que podia encontra-lo.

O riso cessou e uma voz infantil pode ser ouvida carregada de preocupação.

"Chorando de novo, maninho? Porquê você não volta logo? Seu lugar não é aqui, e lá!". A voz era carinhosa, o carinho que sentia falta.

Olhos exóticos, de um azul tão diferente, tão... violeta, fitaram o pequeno rosto ao seu lado.

Olhos do passado presos a olhos de um presente tão envolto em tristeza.

"Não volto porque lá é triste... me dói tanto, Solo!". Mais uma vez sentia as lágrimas escorrendo pela face.

"E aqui também é, maninho! Logo não mais poderei ficar com você. Logo chegará a minha hora... Por favor, Duo, volte...". Dedos pequenos acariciavam os fios castanhos dourados que balançavam com a brisa.

"Eu sei que você não poderá ficar por mais tempo... você já ficou por mais do que deveria, mas...". Teve a fala interrompida com a fala apressada de Solo.

"Mamãe está sofrendo, Duo! Ela quer você de volta, maninho. Ela não deve sofrer mais do que já sofreu...". Ao falar deslizou as pequenas mãos tomando entre elas as mãos de Duo.

"Tenho medo, Solo! Eu a fiz sofrer tanto depois que... depois daquele dia aqui neste lago. O que pode me esperar do que uma família destruída? Mamãe não irá me perdoar pelo que aconteceu... nunca!". Olhou em direção ao lago mais uma vez.

"Ela já te perdoou, Duo... Na verdade ela nunca te culpou por nada, em nenhuma das vezes, maninho. Você tem tanto para viver, tanto...". Solo olhava intensamente para Duo. Sua metade, seu espelho. Distante, mas era um espelho do que poderia ter sido no futuro.

Um silêncio se fez entre os dois. Entendiam-se sem precisarem de palavras. Sempre foi assim. Antes e mesmo agora, bastava um simples olhar que palavras não eram necessárias.

Em um rompante, Solo pulou demonstrando uma alegria repentina.

"Maninho... vamos cantar? Gosto de sua voz, sempre gostei! Canta comigo, vai?". O kimono de Solo, de uma tonalidade azul clara, balançava com a brisa. Em seu rosto brilhava o sorriso que era marca dos irmãos Maxwell Takahashi.

Duo olhou para o irmão. Era sempre assim... Solo lhe consolava e depois o alegrava. Acabou limpando as lágrimas com a barra de seu kimono lilás com adornos em temas de flores de cerejeira, e sorriu... O mesmo sorriso, mas este tentava disfarçar a tristeza que envolvia sua alma.

oOo

"Helen... Por Deus, essa situação não se deve prolongar mais! Vamos procurar algum hospital". Minako falava para cunhada tentando mais uma vez convencê-la.

O rosto que já fora belo, voltou-se abatido para fitar a irmã de seu marido.

"Não... Não quero mais hospitais. Não quero ter que entrar novamente em mais um e arriscar perder tudo o que tenho". A voz carregada de choro pode ser ouvida.

"Mas se continuar aqui, neste estado, ai sim pode perdê-lo. Não vê que ele está muito mais pálido do que antes? Helen, este estado em que ele se encontra deveria estar sendo tratado no hospital, com médicos preparados para atende-lo e não em casa".

Helen Maxwell Takahashi não mais conseguiu segurar o pranto. Debruçou-se sobre o corpo de seu filho adormecido e permitiu-se chorar. Sua história era triste, assim como a de seus filhos. Solo e Duo. Seus dois gêmeos. Um lhe fora arrancado bruscamente pelas mãos do destino e o outro...

Ainda era nítido: em sua mente os acontecimentos daquela noite trágica há sete anos atrás...

oo Flashback oo

"Duo, filho... vá já tirar esta roupa e prender os cabelos. Não quero que suje o kimono da apresentação de amanhã a noite, meu filho". Dizia Helen enquanto recolhia algumas peças de roupa que se encontrava espalhadas no quarto do filho.

Estava feliz. Seria a primeira apresentação de Duo no teatro de estilo kabuki. Desde cedo Duo havia treinado para poder fazer parte deste tipo de tradição que o país de seu esposo possuía.

"Tudo bem mamãe, já estou indo me trocar".

Duo estava terminando de escovar os cabelos para voltar a prendê-los em uma trança. Enquanto cuidava de seus cabelos cantarolava baixinho uma das canções que lhe fora ensinado por sua mãe.

Do lado de fora estava Yoshiro-san, bêbado e irritado. Perdera muito dinheiro no jogo aquela noite, além de ouvir comentários nada agradáveis sobre a aparência efeminada de seu filho. Em passos largos e pesados entrou em casa já reclamando.

Helen logo foi de encontro ao marido tentando acalma-lo, mas Yoshiro estava por demais agressivo, tanto que em um de seus atos empurrou a esposa contra uma das paredes do corredor.

Duo parou de trançar seus cabelos ao ver sua mãe se direcionar a sala, indo até seu pai. Não gostava de se meter em conversa de adultos, mas estava preocupado. Yoshiro-san há muito deixou de ser um pai dócil. Na verdade até o era, em raros momentos, mas a maior parte do tempo a docilidade do pai não mais existia. Estava escondido quando viu Helen ir de encontro com a parede do corredor, batendo com as costas e logo deslizando para o chão.

Helen sabia que Duo estava presenciando tudo e isto lhe doía o coração. Não queria que o filho visse como o pai poderia ser tão agressivo em determinados momentos como estava sendo agora. Uma dor alucinante vinha de seu couro cabeludo, afinal, Yoshiro agora segurava um punhado de seus cabelos castanhos enquanto lhe dirigia palavras enroladas, as quais pouco entendia.

Duo não queria que aquilo continuasse e quando se deu conta já estava abraçado à cintura do pai chorando para que ele não continuasse a maltratar sua mãe.

Tudo aconteceu muito rápido. As palavras, as agressões, tudo...

Helen tentava em vão evitar que o marido continuasse a bater em Duo, seu filho, mas estava se tornando uma tarefa difícil. Sentiu um forte soco e sua visão se escureceu, deixando-a atordoada.

Yoshiro estava por demais descontrolado. E por estar sem noção do que realmente estava fazendo começa a puxar Duo pelos cabelos, arrastando-o para fora de casa. Destino? O lago que quase fazia parte da propriedade e que ficava a poucos metros na parte traseira da residência.

"Você me envergonha. Você foi um erro! Nunca deveria ter nascido, ou melhor, deveria ter morrido no lugar de Solo... meu Solo... Aberração! Zombam de mim na rua e nos lugares que vou por ter um filho que se parece uma mulherzinha. E nem meu filho de verdade você é... Vou te ensinar... Bastardo!".

Duo chorava. Suas mãos, ainda pequenas, tentavam em vão fazer com que seus cabelos fossem soltos, mas sem forças não conseguia. Não chorava só pela dor física, mas principalmente pelas palavras que Yoshiro, seu pai, o único que conhecera lhe dizia naquele momento.

Não tinha culpa de ter uma aparência não muito masculina. Fora o próprio pai que lhe incentivara a entrar para o teatro quando novo. Seus modos, gestos e aparência ficaram delicados pela educação e treinamento que recebia.

Em determinado momento Duo parou de se debater. Se tudo aquilo era verdade, se seu pai lhe odiava tanto a ponto de desejar que ele estivesse morto, então... Para quê lutar? Envergonhava sua família, certo? Então o mais correto era aceitar o que seu pai lhe fizesse e lhe pedir perdão por tudo que lhe fez passar.

Helen conseguiu recuperar a visão e um pouco de força em suas pernas. Seu desespero aumentou ao ver a porta dos fundos aberta e a silhueta de Yoshiro próximo ao lago. Seu coração se apertou mais com o pensamento que lhe veio à mente, e sem se demorar buscou forças em seu interior e começou a correr em direção ao esposo o máximo que podia, mesmo que ainda se encontrasse debilitada.

"NÃO... MEU FILHO NÃO!".

Gritou desesperada ao ver o corpinho de seu filho sendo empurrado para água... Sendo afogado pelo seu marido. Pelo o homem que deveria amar e cuidar de sua família, pelo homem que lhe aceitou por amor.

Yoshiro estava completamente fora de si. Suas mãos se encontravam no pescoço de Duo, empurrando-o para dentro do lago com o intuito de afoga-lo. Afoga-lo como Solo se afogou naquele mesmo lago.

Duo já não possuía muita força para lutar e também havia se decidido deixar de lutar e acatar o que lhe reservava as mãos do pai. Culpava-se pela morte do irmão, já que não conseguira salva-lo, pois infelizmente não sabia nadar. Seus olhos antes tão brilhantes, de cor fora do comum, violeta intenso, já estavam ficando opacos e mal conseguia respirar pela quantidade de água que engolia.

Helen se agarrou ao marido tentando faze-lo largar o filho, mas não estava tendo êxito. Yoshiro era um homem forte e quando descontrolado a força parecia triplicar.

Dos lábios de Duo, como um último suspiro, palavras de um tom infantil e carregado de culpa puderam ser ouvidas...

"Paizinho... perdão".

Yoshiro ao escutar aquelas palavras, rapidamente largou o corpo de Duo, mas este já estava inconsciente. Seu corpo se encontrava mole, sinalizando...

"NÃO... DUO... MEU FILHO, NÂO... NÃO!".

O grito desesperado de Helen pode ser ouvido as margens do lago enquanto mantinha o pequeno corpo amolecido entre os braços, embalando-o, imprensando-o contra seu próprio peito como se desta forma pudesse trazer de volta seu amado filho. Em seu desespero pedia socorro aos berros na esperança que os poucos moradores que aquela localidade possuía lhe ajudassem a salvar seu filho, seu único filho.

oo Fim Flashback oo

Aquela noite foi terrível. Seu filho acabou entrando em coma profundo e seu esposo... Yoshiro Takahashi por se sentir com vergonha de seus atos acabou por tirar sua própria vida com uma de suas katanas. Nunca em toda sua vida Helen poderia esquecer aquela noite fatídica.

O+O+O+ CONTINUA +O+O+O


Explicações:

Esta fic seria a minha proposta para o contest 'Um Novo Amor' do fandom de Gundam Wing, realizado pela Mlist Operação Meteoro. Infelizmente não consegui terminar esta fic para o concurso, uma vez que a mesma é até que complexa e com uma carga sentimental muito grande.

Duo não colaborava e me travava, Heero e Solo são os únicos que estão dispostos a me ajudar a reerguer esse cabeça dura do Duo.

Agradeço a algumas pessoas que no msn tem me dado a força necessária para esta fic: Dee-chan, Yoru no Yami, Mey Lyen, Isabella Lestrange, Jade Toreador e Blanxe.

Agradeço também a mega ajuda da minha Mo-chan Cris Kanaschiro que me ajudou em opções de nomes e em alguns detalhes.

Por último, mas não menos importante porque sem ela eu mataria não só o Yoshiro (japonês), mas também o Manuel (português), agradeço a Pipe por betar esta fic.

Espero que não fiquem com o coração na mão. Deixem-no batendo no peito porque esta fic ainda tem uma média, longa (?) caminhada pela frente.

Bjins
Litha-chan

Parte 1: Dezembro de 2005 + Janeiro-Fevereiro de 2006.