- É melhor você ir, Sirius.
- Por quê?
- Por que você insiste em ficar? Me explica.
Me levantei o encarando. A expressão depressiva ainda ali.
- Eu quero ficar, eu preciso.
- Não há nada aqui.
- Voc-
- Nada está a salvo, Sirius.
- Agora você vai me dizer que a culpa é sua?
- Cale-se, você sabe que foi.
Abaixei minha cabeça e fui em direção ao meu quarto, ao menos tentei. Só queria paz.
- Pára.
- Escute, Sirius. - parei de costas pra seu rosto no meio do corredor; não estava a fim de encará-lo. Certamente choraria. - Eu confundi tudo desde o princípio, foi tudo errado, não deveríamos ter começado com essa insandisse.
- Eu sei que não. Você me deixou livre.
- E foi aí que eu errei.
- Foi uma fraqueza, você sabe.
- Mais uma delas. Será melhor assim.
- Estás sendo egoísta.
- Egoísta, Sirius? Sério? Eu tô fazendo isso por você!
- Pelo o que você acha ser melhor para mim.
- Eu-
- Eu sei o que é melhor pra mim e não você. Quantos anos você tem?
- O suficiente para saber que tudo vai dar errado com qualquer mancada sua.
- Não era pra ser assim.
- Eu sei e não foi isso que você me prometeu.
- Mas estávamos indo tão bem.
- Não foi o bastante e não pense que eu planejei isso.
- Eu apenas não queria me sentir vazio mais uma vez. - senti sua respiração em minha nunca. Por mais que o arrepio fosse forte, não iria ceder. - Todos só querem uma história de amor; não era isso que você queria? - pressionou sua testa ali. Tentei rir.
- E é tudo sua culpa.
Encarava melancólico a escuridão a minha frente. Senti sua testa sustentar um rosto triste, choroso.
- Não deixe a situação pior do que já está.
- Por que você me deixa assim? Que droga, Lupin!
Então ouvi soluços. Fechei meus olhos. Queria sumir. E você diz que nunca deveríamos ter nos conhecido.. eu realmente não acredito nisso.
- Esse.. esse problema fugiu do controle há tempos.
- Problema, Remus? É isso que você acha?
- Deveríamos ter evitado isso. Aguentado agir certo.
- E você acha que daria certo? Seríamos felizes para sempre nos 'segurando', Remus?
- Também sentirei saudades.
Escorreram duas lágrimas em meu rosto. Eu tinha que ir embora se ele não o fizesse. Senti seus dedos fortes em meu punho.
- Não podemos voltar atrás.. nem um segundo atrás.
- Não tenho mais o que falar, Black. - sua mão me apertou mais forte. - Você sabe que é assim que tem que ser após tanta coisa negativa.
- E as positivas não contam?
- Para quê?
- Pra esse amor continuar.
- Não podemos cometer o mesmo erro duas vezes. - o choro se tornara contínuo.
- Erro? Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Eu tô aqui chorand- abri meus olhos avermelhados, encarei o nada no horizonte do vazio.
- Estais sendo retribuído. - então sua cabeça estava apoiada em minhas costas; aquela cabeça chorava sem parar, fraca. - Não posso.. eu deveria ter lhe dito que isso aconteceria.
- Apenas não sabia que seria tão difícil.
- Foi exatamente como você disse que seria, Sirius.
- Nós nem queríamos nos aproximar.
- Certo. - acenti com a cabeça, fechando meus olhos mais uma vez.
- Você se escondia.
- Era tímido. Você veio quando eu mais precisei, Sirius.
- Quando achava que nada seria bom o bastante.
- Entre tantos.
Sorri para mim mesmo. Era óbvio que houvera amor. Foi o único.
[flashback]
- Não posso ficar.
- Por que não?
- Sou um Black, um típico Black. - um típico Black na casa errada.
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- Eu apenas não poderia me entregar parar qualquer um.
[flashback]
- Você é um típico Black e eu um mero mestiço lupino grifinório, não posso me sentar com você.
- Por que não?
- Porque você mente.
- Não minto.
- Você não é um típico Black.
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- Éramos meros garotos do primeiro ano.
[flashback]
- Minha vida é monótona, e passaria a ser fantástica se eu passasse a gostar de café.
- Café?
- Eu não gosto de café, mas teu cabelo tem a mesma cor que ele. Posso passar a gostar de café por isso.
- Meu cabelo.
[/flashback]
- Então todo dia você sentava-se no mesmo pobre banco próximo ao lugar que eu costumava gostar na sala de aula.
- Sempre no mesmo horário.
- Se fosse às 4, às 3 horas já estaria ansioso.
- Nunca trocávamos nem uma palavra durante as aulas.
- Você não deixava, eram só olhares. Antes existia medo, vergonha. Às vezes evitávamos olhares.
- Mas passou.
- Crescemos como você disse que aconteceria. Rimos, passeamos, conforme o dito.
- Até houve o primeiro toque.
- Depois não sabíamos porque continuar.
- Mas continuamos.
Fechei os olhos com toda a força que eu tinha. O silêncio me fez continuar.
- Até acabar.
Senti sua cabeça deslizar pelas minhas costas até o chão.
- Me perdoa. Não é para deixa-lo infeliz.
- Eu sei. Mas machuca.
- Foi você quem pediu, lembra?
- Eu sei.
- Não sou bom o bastante.
- Foi tudo uma perda de tempo.
- Não. Você passou muito tempo comigo. Você me fez especial.
- Eu quero continuar.
- Continuas sendo meu eterno.
