OMCME - 1
– Sasuke! Hey, Sasuke, acorde.
– Ahn? O que foi?
– Sasuke, assim chegaremos tarde. Acorde de uma vez.
– Eu não quero.
– Mas você precisa, prometeu me levar, não se lembra?
– É não me lembro, mas antes que você tire o resto de juízo que eu tenho, eu te levarei.
– Certo, mas não demore muito, hoje eu tenho um treino importante com o meu time.
– Se acalme, Naruto! Eu vou tentar não demorar.
– Ok.
– Droga. - bufou Sasuke, contrariado. Ele que por alguma razão detestava se levantar ou ser acordado, sobretudo ser acordado por Naruto que tinha a delicadeza de um tsunami.
– Sasuke, você não me parece bem.
– Eu estou bem, é que acabei de acordar. Sossegue.
– Hum. - Naruto não havia se convencido nenhum um pouco com a resposta, mas sabia, porém, que não conseguiria tirar de Sasuke nenhuma informação a mais, então, acabou por engolir aquilo mesmo.
– Eu vou tomar banho, depois saímos.
– Não vai comer?
– Sem fome. - Sasuke se limitou a responder.
Sasuke e Naruto moravam juntos há algum tempo. Ambos entraram para a Universidade, saíram da casa de seus pais e compraram um apartamento no qual dividiam as despesas. Devido ao fato de possuírem apenas um carro e de que somente Sasuke sabia dirigir, Naruto dependia dele para se locomover, inclusive para ir à Universidade.
Isso é claro, quando não estava disposto a esperar para pegar o metrô.
– Por que tem faltado aula?
– E isso lá é da sua conta?
– Chichiue e Hahaue não vão gostar de saber disso. - dizia Naruto parado perto da cama observando Sasuke se espreguiçar.
– Eles não vão saber se você se parar de se preocupar com a minha vida e pensar mais na sua. Quando fizer isso, não terá tempo de ficar me dedurando.
– Não quero controlar você, Aniki. É que fico preocupado, você pode ficar de recuperação. Indo às aulas eu já me dou mal vez ou outra, imagine faltando.
– Isso é porque você é burro.
Naruto fechou a cara e resolveu esperar por Sasuke na sala, enquanto este se encaminhava ao banheiro que ficava em uma porta na parede paralela à cama.
Depois de tomar banho, o garoto pegou uma roupa qualquer de dentro do armário e a vestiu displicentemente no corpo. Passou as mãos pelos cabelos moldando-os como de costume, arrepiados atrás e separados em duas longas mechas na frente, cada qual de um lado do rosto. Fez então a cama, pegou a mochila, alguns livros e foi até a sala encontrar Naruto.
– Vamos?
– Hai. - Naruto, que estava sentado no sofá, lendo algo que provavelmente tinha a ver com estratégias de jogo de seu time de futebol, ao ouvir a voz de Sasuke, interrompeu a leitura. Guardou o papel e, apanhando a mochila, seguiu o outro até o elevador. Eles desceram ao estacionamento e pegaram o carro: uma BMW preta que Sasuke ganhou de presente do pai ao ser aprovado no exame de habilitação no ano anterior.
Passados alguns silenciosos minutos de viagem os dois chegaram à Universidade, esta que era uma das mais prestigiadas do país e com alto padrão educacional. O campus era grande e muito bonito, cercado por muitos jardins e árvores. Sasuke estacionou o carro em uma vaga disponível dentro da área da Universidade em que estudava e se despediu de Naruto que se dirigia para a quadra de esportes próxima dali.
Do lado de fora do carro Sasuke debruçou-se sobre o teto quente deste e começou a devanear.
O vento soprava forte, levando os cabelos muito negros na mesma direção em que soprava.
– Se eu soubesse onde ele está. - pensou.
– Caramba, não tem mais nada aqui, eu preciso de arroz.
– O que foi, Deidei?
– Hey, já acordou?
– Acho que sim. Mas por que a cara?
– Nem tem mais arroz, e o nosso almoço? Como fica?
– Não tem problema, eu compro mais arroz. Vou e volto num minuto.
– Ah, que bom, só não demora, temos muito pela frente hoje.
– Hai.
Um rapaz moreno de longos cabelos negros um pouco opacos, que vestia um moletom preto, desceu as escadas do prédio onde morava e foi para a rua providenciar o que seria seu almoço e de seu amigo. Ele andava distraidamente, fios de cabelo charmosamente despenteados passeando pelo rosto, mãos nos bolsos da blusa, olhar no alto, afinal o dia estava ótimo, no entanto...
– O que é que tá acontecendo? Não to enxergando muito bem. - a visão do jovem foi ficando anuviada e escura, e por um momento ele não pensou em mais nada.
– Sasuke-san, Sasuke-san...! - uma bela garota de olhos e cabelos castanhos, presos em dois coques aos lados da cabeça, corria desesperadamente pelo corredor do departamento de medicina, onde estaria Sasuke, na direção dele.
– O que houve Tenten-san?
– É o Naruto-kun, ele se machucou treinando com o time, e não consegue ficar de pé. Achei melhor te avisar.
– Caramba, me leve até ele.
– Certo.
– AIIIIIIIIIIIII...
– Pare de se mexer Naruto, Vai piorar. Dizia um garoto ao lado de Naruto que se retorcia no chão pelas dores.
– Naruto, o que foi? O que aconteceu com você? - Sasuke perguntou ao chegar.
– Ele, digo, nós estávamos treinando pro jogo da semana que vem, e quando o Naruto foi tentar tirar a bola daquele aluno do terceiro ano, Kabuto, ele acabou torcendo o tornozelo ao tentar tomar o passe do cara que o empurrou com tudo.
– Ah, que ótimo hein, Naruto?
– Poderia deixar o sermão pra depois e me levar ao hospital?
– Está bem. – disse Sasuke levantando o outro pelos ombros e o apoiando em si segurando-o pela cintura.
– Vou ajudar você a chegar até o seu carro com ele, sorte que não estamos muito longe. - disse o rapaz que informara tudo à Sasuke.
– Certo. – respondeu Sasuke.
Chegaram ao estacionamento e Sasuke abriu o carro, então o amigo colocou Naruto no banco do passageiro e puxou-lhe o cinto. - Agora vai ficar bem.
– Bom, daqui eu assumo. Obrigado pela ajuda, Kiba.
– Disponha, Sasuke. E boa sorte Naruto, te esperamos de volta logo.
– Tá. – disse com os olhos fechados e um fio de voz, a expressão retorcida em sofrimento.
Depois de chegarem ao hospital, Naruto foi para a ala de emergência. Sasuke teve de esperá-lo na recepção. Ele se sentou no sofazinho branco da sala, fechou os olhos, e suspirou. Por um momento, sentiu o corpo formigar e ficar mais leve. Parecia estar começando a adormecer. Nesse momento sentiu um peso fazer afundar o sofá ao seu lado.
Sasuke virou a cabeça e se surpreendeu com o que viu. Um homem, que devia ser só um pouco mais velho do que ele, com longos cabelos escuros e perfeitamente lisos, juntos em um rabo de cavalo baixo, pele clarinha, olhos grandes e pronfundamente negros tal qual os seus, e duas fendas que desciam pelos cantos de seus olhos se abrindo até morrerem uma em cada lado da face, sentara-se ali.
Além de tudo isso, Sasuke teve sua atenção captada pelo curativo no cantinho da testa do rapaz, que estava um pouco manchado de sangue. Ele também parecia triste e desolado.
Sasuke se sentiu impulsionado a perguntar:
– Desculpe, já não nos conhecemos? - perguntou Sasuke.
– Se sim, não me lembro. - respondeu o outro com um sorriso discreto. - Qual é o seu nome?
– Sasuke, o seu é?
– O meu é Itachi. Prazer, Sasuke!
– Prazer.
– Esperando alguém?
– Sim, meu irmão aparentemente torceu o tornozelo e está sendo examinado.
– Ah, entendo, que pena.
– Tudo certo, ele é muito desajeitado, está sempre acabando consigo mesmo.
– Sei como é isso.
– Sabe?
– É, sei sim, é por isso que também estou aqui. - ao dizer isso Itachi adquiriu um tom misterioso, porém, cabisbaixo.
– O que aconteceu?
– Bom eu andava na rua, e acabei, sem motivo algum, caindo no chão desacordado. Quando recobrei os sentidos, estava aqui. Alguém deve ter pedido ajuda médica, que me trouxe pra cá e me atendeu.
– Mas porque você desmaiou?
– Isso eu não sei ainda.
– Hum.
Curiosamente Sasuke se sentia estranho perto de Itachi, ao mesmo tempo em que se sentia confortável ao falar com ele, sentindo já conhecê-lo. Também se sentia agitado, quente por dentro. Uma euforia que o espantava e o levava a indagar porque um estranho lhe despertaria tantos sentimentos diferentes e simultâneos. Algo de especial aquele rapaz tinha que ter. Considerando que Sasuke sempre foi uma pessoa um tanto virada para si, e de poucas palavras, achou incomum se ver falando tão espontaneamente com quem acabara de conhecer.
– Bem, e agora, como vai voltar pra casa?
– Eu vou andando mesmo, só estou dando um tempinho aqui para me certificar de que estou bem, e depois vou pra casa. - falou Itachi.
– Cara, você é maluco? Pode ser perigoso. Escute, quando o meu irmão voltar, eu levo você conosco no meu carro pra sua casa.
– Cara, o maluco aqui é você. Vai dar carona a alguém que nem conhece? Isso sim é perigoso!
– Por quê? Você pretende me fazer algum mal?
– Claro que não. Felizmente, pra você, esse não é o caso.
– Como eu pensei. - disse Sasuke em meio a uma risadinha. - Você vem com a gente.
Naruto saiu e Sasuke o apresentou a Itachi, depois os três se dirigiram para o carro onde durante o trajeto Itachi mostrou a Sasuke quais ruas seguir para chegar à sua casa.
– É aqui.
– Bem, foi muito bom te conhecer, espero que melhore logo. - disse Sasuke.
– Obrigado por tudo. Também gostei de te conhecer, e a você também Naruto.
– Obrigado Itachi-san, digo o mesmo. Melhoras.
– Pra você também. Vemos-nos em breve Sasuke. – Itachi disse, estendendo sua mão para o outro.
– Claro, nos vemos sim. - Sasuke estremeceu ao tocar a mão de Itachi. Estava muito fria.
– O que foi? Tachi, porque sua cabeça está ferida e... Onde está o arroz?
– Ahn, longa história Deidei.
– Quero ouvi-la.
– Tá.
Já em casa, Naruto acomodou-se em sua cama com ajuda de Sasuke, para descansar, mas algo o intrigava.
– Sasuke, o que foi aquilo?
– Aquilo o quê?
– Você fez amizade com um estranho sem ninguém ter te obrigado a isso. E ainda lhe deu carona?
– Sei lá, simpatizei com o cara, oras. A vida tem dessas coisas. Agora você vai ficar de repouso como ordenado e eu vou ligar para o seu departamento da faculdade e avisar que você vai se ausentar por um tempo.
– Tá bom. - disse Naruto, emburrado.
De noite, Sasuke e Naruto já haviam jantado e o moreno se encontrava em sua cama. Porém, estava longe de dormir.
"Que cara curioso, por que eu sinto que já sei quem ele é? Putz, ele é tão intrigante, mas deve ser uma ótima pessoa, e é bonito... Epa! Bonito? Como assim, Sasuke? Pirou? Mas mesmo assim é verdade, é evidente demais pra não notar. Cara, eu gostaria que o meu irmão de sangue do qual me separaram fosse exatamente como ele. Ia ser demais. Será que eu vou vê-lo de novo?
"E por que eu quero tanto vê-lo de novo?"
E como o tempo responde à todas as perguntas, Sasuke teria à sua mais recente respondida muito em breve.
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