Autora: Dione Kurmaier

Título: Reflexos

Palavra-Tema: Chuva

Link:

Observação: Hogwarts (Férias de verão da Ginny entre o primeiro e o segundo ano)

REFLEXOS

Por Dione Kurmaier

PING. PING.

Era madrugada de sábado e ela ainda não conseguia dormir. Abraçava suas pernas e via a chuva cair pela janela. A goteira pingava sem parar no meio do seu quarto, caindo na bacia e fazendo o barulho estridente, que a incomodava, mas também a fazia ter uma reflexão que vinha evitando desde que saíra pelos portões de Hogwarts.

PING. PING.

Ginny sempre pensara que quando chovia era por que o céu estava chorando. Ela sentia que a chuva representava muito bem o que ela queria fazer. Deixar as lágrimas caíres de seus olhos. Lágrimas de dor, de aflição, de raiva. Até mesmo do mais puro amor. Todos esses sentimentos que lhe tomavam o corpo, a mente e o coração ao mesmo tempo. E ele causara tudo aquilo. Ela estava se destruindo. Graças a eles.

PING. PING.

Tom Marvolo Riddle. Um garoto que se mostrara gentil, educado, simpático e amigo no início. Tão belo e tão encantador. Tanto que ela se encantou por ele. E esse encanto era forte. Com o tempo, esse encanto foi morrendo, se dissipando, dando lugar novamente a sua sanidade. E quando as dores de cabeça vinham, traziam memórias incertas e confusas. Tinha brancos intermináveis em sua mente, o que a fazia pensar que estava ficando louca. E então ele mostrou sua verdadeira face.

PING. PING.

Lord Voldemort. Um homem frio, duro e nada compreensivo. Aquele que todos temiam pronunciar teu nome agora a aterrorizava. Ela tentara se livrar dele, mas não conseguira. Ela ficava se perguntando onde fora parar Tom, o seu amigo, aquele que sempre estivera ao seu lado, que a apoiara e a entendera. Ele sumira, mas ela o queria de volta. Ela chorava e implorava para ele voltar, mas a única coisa que ele fazia era rir. Rir de seu choro e de seu desespero.

PING. PING.

Agora percebera o quanto o encanto havia sido destruidor. Ela agora percebia que o encanto era doloroso e permanente. Que sempre restaria um pouco dele em si mesma. Sempre. Ela via seu reflexo no vidro da janela e via o negro daquele encanto. Ela via seu reflexo na água da chuva dentro do balde e via o negro daqueles olhos no lugar dos dela. Ela ainda o tinha dentro de si. E conseguia sentir que ele nunca iria embora.

SILÊNCIO.

A chuva agora parava e deixava o céu negro, sem lua e sem estrelas. Límpido, mas ainda sim negro. A goteira parara, mas ela ainda ouvia o som da água caindo, da mesma forma que ainda via o negro de Tom e da mesma forma que ouvia a voz doce e enjoativa de Lord Voldemort. Aquilo nunca teria fim, ela sabia. Mas ela não sabia se queria o fim.

FIM