Disclaimer: Os personagens presentes nessa fic são da obra de J...
60 segundos
Ele subia lentamente, um degrau de cada vez, a respiração compassada. Tentava conter o entusiasmo que disparava seu coração. Estava tão perto! Ouviu o choro baixo e ao mesmo tempo desesperado e sorriu levemente, aquela mulher tola acabaria morta se não agisse como ele queria.
E foi como o previsto, a mulher morreu por nada, eliminar o bebê seria o menor dos seus problemas. Encontrou as órbitas verdes que brilhavam em direção a ele e um pensamento ameaçou cruzar sua mente, mas foi bloqueado no mesmo instante em que a maldição da morte saiu de seus lábios.
Sentiu algo forte atingir o seu corpo, como se algo o puxasse, tentando separá-lo em dois, ao mesmo tempo em que sentia pensamentos rejeitados voltarem com força, dando-lhe uma sensação de enjoo que há anos não sentia.
"É apenas uma criança, uma criança que sequer teve chance de conhecer o mundo, estou te poupando, criança, te poupando de viver nesse mundo que me criou".
A sensação aumentava, mas algo bloqueava sua mente para que pensasse no que estava acontecendo, e apenas um pensamento entrepassou as lembranças confusas que lhe socavam o estômago.
"Eu estou morrendo e ele vai viver".
O cadáver de Lily Potter passava ofuscado em sua mente, até ser transformado em uma mulher que dava a luz, sem forças não pelo momento, mas pela ausência de vontade de viver, quase como a sombra daquilo que fora um dia.
Algo lhe dizia que aquela era sua mãe, não tinha certeza, afinal, quem era ele?
Havia um homem morto ao pé da escada, se lembrava, era seu pai, o homem que não o quis. Aquele pensamento aumentou sua anciã, sentia dor ao redor dos olhos e algo preso na garganta, como uma criança que segura o choro.
Flashes do orfanato transpassaram sua mente lhe deixando tonto, não conseguia esquecer aquele lugar, mas tampouco costumava se lembrar dele.
Gritou, expeliu com palavras aquilo que se juntava em sua garganta e entendeu que aquela era a sua vida passando por diante de seus olhos, como acreditava não acontecer. Era verdade, então? Sua vida passava por diante de seus olhos quando se estava para morrer? Mas ele não estava morrendo, era imortal.
O cadáver transpassou sua mente mais uma vez e entendeu: magia antiga, uma vida por outra. Maldita mulher! Por um segundo se lembrou das razões para não matá-la, lembrou-se de Severus. Amor! Maldito sentimento.
E quando aquele minuto, que mais parecia uma eternidade, terminou, apenas um espectro sinistro deixou o quarto. Nenhum cadáver, apenas um apelo silencioso.
"Nunca me ensinaram o que era o amor"
Ninguém, nem mesmo o próprio Voldemort, poderia dizer se Tom Riddle morreu naquele instante ou viveu tempo o suficiente para experimentar o amor que transpassava para aquele pedaço de alma, trancado entre janelas disfarçadas de olhos.
