O Fardo da Leoa Lannister

Ao nascer, um Lannister já sabe tudo o que quer e tudo o que terá. Queremos poder e que nossas vontades sejam absolutas, não importando os meios para isso. Sabemos que nada menos do que isso é o que teremos, se soubermos quando fazer nossos movimentos.

Jaime e eu nascemos no mesmo dia e na mesma hora, contudo, nossos destinos foram completamente diferentes. Meu irmão seria o herdeiro de Rochedo Casterly... e sendo um garoto, deram a ele uma espada, com a qual ele passava horas brincando. Quanto a mim, tudo o que eu deveria ser se resumia a uma palavra...

Submissa

Cersei Lannister deverá aprender a ficar calada quando não for sua hora de falar, deverá aprender a bordar, a dançar, até mesmo a cantar... Em resumo, deverá aprender a ser uma senhora. E acima de tudo, uma boa mentirosa. Deverá saber a sorrir mesmo quando estiver sofrendo, deverá dizer que ama e que é leal a um homem que provavelmente já dormira com metade dos Sete Reinos, sua mãe lhe dissera.

Por quê? Sempre me perguntei. Minha mente era tão cheia de planos de guerra e força, quanto à do gênio mais brilhante de todos os Sete Reinos. Mas ninguém presta atenção nessas qualidades, quando é uma menina quem as possui. Esse sempre foi o meu fardo, ser uma menina. Fardo este, que me fez ser obrigada a subir no Septo de Baelor e me casar para manter a estabilidade dos reinos.

Não posso dizer que nunca amei Robert, que nunca tentei fazer com que nosso casamento não fosse somente um contrato de paz. Mas ao preferir uma mulher morta a mim, ele mesmo o condenou. Foram 17 anos de silêncio e indiferença entre nós. Não senti nada... sequer uma lágrima brotou em meus olhos, quando ele morreu. A única coisa que veio a minha mente é que agora era livre. E enquanto Joff não assumisse a maioridade, era livre também para ser a rainha, a chefe de estado que nasci para ser.

A menor ideia de amor que conheço, devo a Jaime. Meu amado irmão gêmeo com um futuro brilhante. E que ao entrar para a guarda real, arruinou as esperanças de meu pai para que ele fosse seu herdeiro. Um cavaleiro não pode possuir terras, sendo assim tudo passaria para a aberração que era nosso outro irmão, Tyrion. A coisinha imunda que levou a senhora nossa mãe de nós. Eu senti sua morte. Mas ainda tinha Jaime... eu sempre teria Jaime.

Ele me deu três filhos lindos. Joffrey, Tommen e Myrcella. Meus tesouros. E como toda mãe faria, eu os defenderei até a morte. Não importando quantas cabeças devem rolar ou quanto eu precise mentir. Mais uma vez a condição de mulher me impede de fazer muita coisa, mas eu aprendi há muitos anos que as mulheres possuem duas importantes armas, minha mãe me ensinou. As lágrimas e a venda de nós mesmas.

Sempre evitei chorar. Considero as lágrimas algo que se assemelha a humilhação e a derrota. Eu sou uma leoa e nunca serei derrotada. Contudo, nunca poderia ter a emoção de me guardar para um homem que me amasse de verdade e jamais poderia ser de um homem só. Uma mulher é sinônimo de barganha. Assim que um marido meu morresse, outro deveria tomar seu lugar para o bem de minha casa. Então, para que me recusar a dar o que eles querem? Isso só me renderia várias marcas em meu rosto, e também preciso dele para continuar a valer alguma coisa.

Me chamam de fode-irmão, mas eles não sabem sequer a metade do que é ser uma Lannister. Do que é ser uma mulher em um mundo governado por homens. Por que me culpam por tentar participar do jogo pela única forma que me deixam jogar? Não sou eu quem escolhi. Eles fizeram as regras. Apenas aprendi a segui-las, para poder acordar na manhã seguinte e continuar a jogar.

Sempre tentei entender Cersei Lannister e escrever essa fic foi uma das maneiras que encontrei para tentar fazê-lo. Espero que tenham gostado. Se sim, mandem Reviews. Se não... Mandem Reviews. De qualquer maneira, mandem Reviews...