Lily Potter e o Grito do Unicórnio
Por: Ice Blue Quill
Disclaimer: Harry Potter não me pertence. Essa história não foi escrita com fins lucrativos.
(Já foi revisado! Mas qualquer erro, por favor, me avisem!)
N/A: Oi povo!
Então, eis que estou de volta – e com uma long fic. SIM! Long! *-*
E dessa vez, eu tenho até um horário programadinho de atualizações para ela e tudo mais.
Mas enfim, feliz ano novo! Êêê! Que 2018 seja muito bom para todos nós! E para começar com o pé direito, nada melhor que uma fanfic nova né? ^^
Nomes no original, porque eu gosto mais deles assim do que na tradução.
Boa leitura!
Ice
Capítulo 1
31 de dezembro de 2018
Quieto. Quieto até demais.
Desistindo de dormir, a menina caminhou em direção à janela próxima a sua cama. Do lado de fora, a noite parecia bonita e tranquila, mesmo com o céu escuro e sem estrelas se assemelhando a um veludo negro.
Respirando fundo, Lily sorriu para a linda lua redonda. Ela brilhava gentilmente, a única fonte de luz que tentava, quase que em vão, providenciar alguma claridade em meio a noite escura.
Tentando enxergar alguma coisa em meio ao breu, Lily concluiu que o silêncio era algo que sempre a incomodara, sempre. Com um suspiro, se questionou se isso poderia ter alguma coisa a ver com o fato dela dividir o quarto com James e Albus – e eles sempre eram barulhentos.
Então talvez esse fosse o motivo, talvez ela tivesse começado a equiparar barulho com segurança? Em todo caso, a combinação da noite escura, sem estrelas e um silêncio tão profundo que era quase assustador a estavam deixando nervosa.
Talvez fosse por que era o dia da virada de ano?
Esse dia nunca, jamais, foi silencioso dentro da Toca.
A simples tentativa de juntar todos os Weasley debaixo de um mesmo teto, bem – era impossível ser quieto. Eles eram meio barulhentos.
Mas nesse dia em especial, eles sempre tinham amigos se juntando a família para a celebração. A família de tia Luna, do tio Neville... Além dos mais diversos tipos de animais de estimação...
Enfim, era um pouco insano... e barulhento.
Se fechasse seus olhos, Lily quase conseguia enxergar a cena: sua avó, sua mãe e todas as suas tias fofocando na cozinha – todos menos tia Hermione, que tinha sido banida da cozinha. Lily nunca soube o motivo.
Seu pai estaria na sala, sentado naquela grande poltrona verde próximo a lareira, falando sobre o Ministério com tia Hermione, tio Ron e tio Percy. Nesse momento, tio Bill e tio Charles tentassem ajudar sua avó na cozinha e então o tio George se uniria a Fred, James e Louis para planejar a pegadinha desse ano.
Ela... ela estaria no chão, próximo a janela, Hugo e Teddy estariam sentados próximos a ela, brincando com qualquer coisa enquanto ouviam as suas primas falando sobre o show de alguma banda que elas tenham ido, ou algo interessante eu tivesse acontecido na escola.
Em Hogwarts.
Lily mal podia esperar...
Em todo caso, a qualquer momento, milhões de pequenas coisas estariam acontecendo dentro daquela casa – mas o que quer que fosse, haveria sempre carinho. Amor. Família.
Porém, não haveria nada acontecendo dentro d'A Toca esse ano. Nenhuma comemoração, nenhuma alegria, nenhum riso ou brincadeira... Nada.
E era culpa dela.
Ninguém nunca diria isso em voz alta. Ninguém nunca a acusaria desse jeito... mas ela sabia.
No fundo, Lily sempre soube.
Ninguém a culpou – muito pelo contrário. James e Albus passaram o jantar inteiro ao lado dela, se separando apenas quanto tia Luna pediu para que fossem dormir – eles dividiriam o quarto com Lorcan e Lysander.
Teddy havia visitado também. Com falsa animação na voz, perguntou se Lily não gostaria de ouvir uma história. Ela disse que sim... e adormeceu.
Ninguém a culpou de nada. Nem por um segundo.
Mas também, ninguém nunca poderia dizer que Lily Luna Potter era burra.
Ela percebeu os olhares. O fato de que sua mãe usara mágica para arrumar a mala dos três filhos, ao invés de mandá-los arrumar a mala sem mágica – como ela sempre fazia quando eles iam viajar por qualquer motivo.
Tia Hermione, tio Rony e seu pai paravam de falar toda vez que ela pisava na sala, lançando olhares de preocupação em sua direção. Sua mãe havia preparado seu café da manhã predileto naquele dia, antes de tia Luna aparecer para levá-la para casa.
Ela tinha tentado ser uma boa menina. Ela tinha tentado não questionar, obedecer seus pais e sua tia Luna e tio Rolf. Ela tinha tentado não perceber a preocupação estampada no rosto de Teddy quando ele se sentou ao seu lado na cama, contando-lhe sua história preferida.
Ela tinha tentado dormir.
Mas o barulho do silêncio a acordou.
Agora muito angustiada para ficar parada no quarto, ela se movimentou em direção a porta se questionando se Teddy ou alguém ainda estaria acordado. Se ela teria alguém para conversar.
Lily estava cansada de ser uma boa menina. Ela não era uma criança, oras, em alguns meses ela estaria indo para Hogwarts! Ela tinha o direito de saber o que estava acontecendo!
Se munindo de coragem, Lily fechou a porta atrás de si gentilmente e examinou o corredor e a sala de estar apenas para confirmar o que ela já sabia – estavam todos dormindo.
Todos menos ela.
Sem conseguir ficar parada, Lily tentou ser o mais silenciosa possível enquanto ela se movia dentro da casa. Ela não saberia dizer o que a fez decidir dar um passeio, mas quando se deu por si já estava caminhando na direção da porta.
Saindo no jardim, Lily sentiu seus músculos protestarem contra o vento gélido do final de dezembro – ou seria o início de janeiro? Já tinha passado a meia noite?
Ela não saberia dizer.
Mas nem mesmo hoje havia neve, nem mesmo um único floco. Havia alguma coisa na noite escura, fria e silenciosa que partia seu coração.
Estava muito quieto.
Esfregando as mãos contra os braços, Lily se arrependeu de ter saído de casa com apenas sua camisola. Olhando ao redor, se questionou momentaneamente se deveria retornar para colocar um casaco, mas algo a fez permanecer caminhando em direção à pequena casa que ficava nas bordas da casa de tia Luna, quase sumindo dentro da floresta.
Sua mãe era sempre rígida quando ela ia na casa de tia Luna, sempre a avisando para não entrar na floresta, não se aventurar próximo àquela pequena casa – a qual tio Rolf tinha transformado em uma espécie de enfermaria, onde ele cuidava dos animais que encontrava em seu trabalho ou nos arredores de sua casa.
Ainda assim, Lily tinha esperança de encontrar alguém lá – talvez tio Rolf estivesse tão desconfortável quanto ela? Talvez James ou Albus estivessem e tivessem tido a mesma ideia?
Ela se desanimou, porém, quando percebeu que todas as luzes do casebre estavam apagadas... não adiantaria tentar na casa... tudo o que ela faria seria acordar os animais que estavam lá dentro, se recuperando de feridas ou doenças, o que ia atrapalhar todo o trabalho de seu tio Rolf.
Lily estava a ponto de retornar para a casa de tia Luna quando ouviu barulhos vindos da parte de trás do casa, dentro da floresta. Estaria tio Rolf ali, resgatando mais um animal? Se tio Rolf estivesse ali, não haveria problema em Lily se aproximar para olhar.
Com esses pensamentos claros em sua mente, Lily apertou o passo, animada em finalmente ter alguém com quem conversar. Talvez ela pudesse brincar um pouquinho com o animal que seu tio tinha resgatado, Lily tinha uma certa facilidade para lidar com animais. Talvez ela apenas assistisse tudo em certa distância – não importa o que tio Charlie dissesse, ela ainda não conseguia confiar nos dragões.
Mas ainda assim...
Lily logo percebeu que ela não conhecia a pessoa na floresta, uma vez que o corpo de cavalo denunciava que ela estava na presença de um centauro, e ela nunca havia visto um centauro em sua vida – exceto, talvez, em um livro que sua mãe havia insistido que ela lesse.
Wow, um centauro. E centauros não gostavam de humanos.
Embora ela realmente queria ter alguém para conversar, Lily não queria causar mais problemas, então ela começou a gentilmente se afastar do local e caminhar em direção a casa.
"É uma bela noite." O homem sussurrou, nem uma única vez se virando para observar a pequena menina ruiva. "Mas por outro lado, o nascimento de uma nova estrela é sempre algo excitante. "
Lily se virou novamente para o homem, se movimentando em sua direção com confusão. "O senhor que dizer o novo ano? "
"Todo dia é o começo de um novo ano, o fato de que humanos escolheram o final de dezembro para celebrar é apenas um acaso... uma escolha de perspectiva. " O homem finalmente virou sua cabeça na direção da menina, a convidando a se aproximar. "Não, hoje é o nascimento de uma estrela de verdade. Surpreendente, porém, que você tenha vindo até aqui para isso. A maioria de sua raça é notoriamente... relapsa, sobre eventos tão importantes. "
Lily piscou, tentando não se sentir desapontada. Ela sabia que os centauros não tinham muita afeição pela raça humana, então não havia motivos para a decepção. De qualquer forma, Lily se consolou que o centauro a sua frente não poderia ter a compreensão do quão importante os eventos da virada eram para todos os humanos, o quanto aquele sentimento de renovação provocava mudanças e alegria para todos os presentes nas celebrações.
Em todo caso, ela tentou erguer os olhos para o céu e enxergar o que o centauro a estava mostrando. Com um suspiro de derrota, murmurou "Eu não consigo ver nada... Mas também, não sou muito boa com essas coisas. Tia Hermione tenta explicar, mas eu simplesmente não consigo entender. Papai diz que eu vou aprender todas essas coisas quando for para Hogwarts ano que vem de qualquer forma, mas tia Hermione só diz que eu deveria prestar mais atenção, mas eu acho isso muito difícil. Prestar atenção, quero dizer. Não é algo que eu faço de propósito, mas é só que uma linha de pensamento leva a outra e parece que meu cérebro nunca se cala, então é difícil focar em qualquer coisa que não esteja gritando para mim, sabe? "
O centauro desviou o olhar da menina, se voltando novamente para o espaço. Lily soltou um muxoxo de frustração quando o silêncio voltou a reinar entre os dois... talvez ela devesse desistir e se resignar a voltar para a cama.
Ela estava prestes a começar a fazer o caminho de volta, quando o centauro bateu com o casco no chão. "Preste atenção. Olhe para o céu. "
Para Lily, o céu parecia muito com o pedaço de pergaminho quando ela derramava tinta sobre ele, mas quando o centauro bateu no chão mais uma vez e suspirou, ela decidiu ficar calada.
No céu escuro, uma explosão de cores surgiu. Verdes e vermelhos que a lembravam dos fogos de artifício que ela estava acostumada a ver nas partidas de Quidditch. Era lindo.
"O que é isso? " Ela perguntou, admirada. "É mágica? "
"É como os centauros enxergam o céu. " Ele disse, à guisa de uma explicação. " É uma bela nova estrela. " Para Lily, o homem parecia estar maravilhado pela beleza em frente de seus olhos... assim como ela mesmo estava.
A menina, ainda sem saber que era provavelmente a primeira bruxa a ver com os olhos de um centauro em séculos, não conseguia estar nada além de completamente admirada. As cores continuavam se movimentando no céu, assim como um balé sincronizado, mudando e se transformando em frente aos seus olhos... como em uma pintura.
Um toque em seu ombro quebrou o encanto, e ela encontrou o centauro a observando com cautela. "Ouvi coisas boas sobre você, jovem Potter. Coisas muito boas, de verdade. " Ele disse, e, por algum motivo, Lily se percebeu tremendo de frio quando, a apenas alguns segundos atrás, ela tinha estado bem aquecida.
"De verdade? " Ela se perguntou, e o homem sorriu.
"Sim. Os unicórnios parecem gostar muito de você. " Os olhos de Lily cresceram em surpresa, e ela deu de ombros.
"Mas eu não fiz nada demais... Quero dizer, eles são apenas muito gentis. " Ela suspirou, desviando o olhar do centauro para observar as folhagens verdes das árvores ao seu redor. "Eu... eu não sou tão boa quanto eles gostam de achar que eu sou."
"Ninguém é cem por cento bom... ou mau, jovem Potter. " Uma longa pausa. "Eu conheci seu pai. "
Lily corou e acenou em entendimento. "Meu pai é fantástico... um herói. Eu... eu nunca poderia ser como ele. "
"Nem deveria ser." O centauro desviou o olhar, observando a floresta em silêncio por alguns minutos. "Você gostaria de saber algo sobre o seu futuro, jovem Potter? "
Se ela soubesse o quão rara aquela oferta era, Lily talvez aceitasse – afinal, a curiosidade quase a fazia se contorcer - mas na inocência de seus dez anos de idade, a menina tentou conter seu sorriso de excitação. "Você sabe adivinhação? Eu sempre quis, mas meu pai... bem, ele não gosta muito de profecias. Nem mesmo das boas. Ele nunca quis explicar o motivo, mas..." ela franziu o cenho, erguendo os olhos para fitar o centauro com determinação. "Muito obrigada, é muito gentil do senhor oferecer, mas... Mas é melhor não. Obrigada. "
O centauro se curvou, dobrando as patas e curvando-se elegantemente. "Entretanto... você deveria saber... Não é culpa de ninguém. "
Lily piscou, surpresa. "Do que você está falando? "
"Olhe para o céu... as estrelas... elas estão sendo bem claras. As coisas estão mudando, jovem Potter, mas claramente isso não é sua falta. Isso é algo grande... algo não terminado..."
Decidida a entender o que o centauro estava falando, a pequena ruiva ergueu os olhos para o céu, mas ela apenas conseguia ver o belo e macio veludo negro de antes. O que quer que o centauro tivesse feito para que ela pudesse ver o nascimento da estrela durante aqueles preciosos minutos tinha, claramente, acabado. "Não consigo ver nada..."
"Então feche os olhos... e ouça… o grito do unicórnio. "
N/A: Obrigada a todos que leram até aqui, espero que tenham gostado!
Lembrando que reviews são gotinhas de luz no universo!
