7VERSE : SETE VIDAS
SETE VIDAS VIDA 3: DO LADO DE FORA DO ARMÁRIO DO CAÇADOR
vida 3 CAPÍTULO 1
VOCÊ É MEU IRMÃO E EU TE ODEIO
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ANTES
(Leia na FIC SETE VIDAS - VIDA ZERO)
Sam e Dean chegam à cidadezinha de La Grande, no estado americano do Oregon, para investigar um caso de fantasma vingativo e descobrem uma série de mortes associadas a bizarras coincidências.
Dean conclui que o Trickster é o responsável pelas mortes e decide romper o acordo que Sam fizera de não voltarem a persegui-lo se ele trouxesse Dean de volta à vida (episódio 3x11).
O Trickster se irrita quando Dean insiste em dizer que vai detê-lo, diz que NÃO GOSTA DA POSE DE MACHÃO do Dean e avisa que isso VAI MUDAR.
Numa realidade alterada (Leia na FIC SETE VIDAS - VIDA 1), Dean é um heterossexual que usa calcinha e pinta as unhas dos pés de vermelho. Como é fácil de imaginar, isso não acaba bem.
Em outra (Leia na FIC SETE VIDAS - VIDA 2), Dean é Diana e paga o preço de ser uma Winchester obrigando-se a viver longe do marido Luke e do filho Benjamin. Mas, nem eles nem ninguém está a salvo do distorcido senso de humor do Trickster. Num jogo de vida ou morte, as mortes se sucedem e Diana corre o risco de perder todos que ama.
Numa terceira realidade, esta que agora estamos, existe um Dean que você não conhece. Leia e descubra quem ele é.
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Em termos de cronologia, esta fic se situa em algum momento entre o episódio 3x11 (Mystery Spot) e a ida de Dean para o Inferno no episódio 3x16. Essa fic se passa no universo ficcional da série Supernatural. Pense nela como um episódio que não foi ao ar.
AGORA
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– Sam, deixa o laptop aí quietinho e vamos. Amanhã a gente trata disso. Eu quero ver gente viva. Dois banhos e parece que ainda estou cheirando a túmulo.
Sam olha para um pequeno despertador na mesa de cabeceira entre as duas camas de solteiro do quarto de motel. Exatamente 21:03.
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– Dean, você nesta toalha tira qualquer um do túmulo. Você sabe que não precisa ir a lugar nenhum para ver gente viva. Mais gente viva do que euzinho aqui tenho certeza que você não vai achar.
Sam, vestindo apenas camiseta branca justa e cueca slip branca, levanta da cama e se aproxima de Dean com um sorriso que denuncia suas intenções.
Dean, entre perplexo e intimidado com a proximidade crescente e com a determinação do olhar de Sam, recua até dar com as costas na parede. Seus olhos parecem que vão saltar das órbitas. Ele quer gritar, mas sua voz falha, quando Sam, com um só puxão, arranca a toalha e o deixa nu, complemente exposto. Ao ver o olhar satisfeito de Sam, sua única reação é cobrir o sexo em pânico.
– Dean, porque essa reação tão exagerada? Sou apenas eu, o SEU querido Sammy.
Dean pega a toalha no chão, se cobre como pode e corre para o outro lado do pequeno quarto de motel. Em pânico, não sabe se o melhor é se trancar no banheiro ou fugir do quarto, mesmo que só de toalha. O que mais o assustou foi o tom sensual com que Sam pronunciou 'O SEU querido Sammy'.
– Calma, Dean. Foi só uma brincadeira.
– BRINCADEIRA? Se foi uma brincadeira, foi de PÉSSIMO gosto.
– Se você não quer, porque vive me provocando? Quem é que veio ao meu encontro só de toalha molhada exibindo esse corpo de-li-ci-o-sa-men-te malhado?
E completa, malicioso:
– Ou não sabe que isso me deixa LOUCO?
– Sam pára com essa história. Você sabe que isso é ERRADO.
– Como você é HIPÓCRITA, Dean. Até quando vamos fazer esse joguinho? Até quando vamos continuar fingindo? Até quando você vai insistir nesta história de NÃO POSSO PORQUE É ERRADO? ERRADO! ERRADO! No amor não existe CERTO ou ERRADO. Você pode continuar fingindo que não me quer. Mas, eu não vou desistir de mostrar a verdade que você insiste em negar.
– Não há NADA DE ERRADO? Ficou louco, Sam? Como não há NADA DE ERRADO? Seria INCESTO. Nós somos IRMÃOS.
Sam olha para Dean com uma expressão entre surpreso e divertido. Como quem acabou de escutar uma piada. E cai na gargalhada. Agora é Dean quem faz cara de não estar entendendo nada.
– Que história é essa de IRMÃOS, Dean? Nós NÃO SOMOS irmãos. Você às vezes age como se fôssemos, mas a verdade é que nós NÃO SOMOS.
– NÃO SOMOS? Como assim NÃO SOMOS?
– Da maneira clássica de não sermos. Não temos a mesma mãe nem o mesmo pai. Desta maneira.
– NÃO TEMOS?
– Não. Não temos. Você se chama Dean Winchester e eu me chamo Jonathan HARVELLE.
– Jonathan? Não é Samuel?
– VOCÊ insiste em me chamar de Samuel, mas sabe muito bem que esse NÃO É o meu verdadeiro nome.
– Você se chama JONATHAN HARVELLE? Você é filho da Ellen e do William? É irmão da Jo?
– Irmão da Jo?
– É. Irmão da Jo. A Jo. Joanna Beth Harvelle.
– Pirou, Dean? Não sabe mais quem eu sou? Não existe nenhuma Joanna. Está cansado de saber que sou filho único. Só a minha mãe é que me chamava de Jo. Pelo menos, foi o que me disseram. Já Samuel é o nome que a SUA MÃE inventou para que ninguém na cidade soubesse de quem eu realmente era filho. Samuel Winchester. Que piada. Existe piada maior do que eu carregar o sobrenome do SEU pai?
– Sam ou Jonathan, não importa. ESTÁ TUDO ERRADO. Não era para ser assim. Era para sermos irmãos de sangue. Dean e Samuel Winchester. Irmãos que se amam de maneira saudável. COMO IRMÃOS. Mesmo que fôssemos apenas irmãos de criação, nada justifica essa relação estranha entre você e o Dean. Mas, eu não devia estar surpreso por estar novamente vivendo um pesadelo. Está lembrado do motivo de estarmos aqui e agora nesta maldita cidade?
– Você me arrastou para cá para que déssemos cabo do maldito fantasma de uma menina que foi atropelada. E depois quis ficar mais um tempo para que investigássemos mortes ligadas a coincidências bizarras. Amanhã, você estava planejando investigar o caso do repórter que virou notícia.
– O caso do repórter que virou notícia? Esse não é nenhum dos casos que levantamos. Mais uma diferença entre esta e a minha realidade.
– SUA REALIDADE? Ainda bem que você admite que está completamente FORA da realidade. Dean, você não está dizendo coisa com coisa.
– Sam, a primeira parte foi como você disse. Nós realmente viemos aqui atrás do fantasma de uma menina atropelada. Queimamos os ossos. Caso aparentemente encerrado. Então, descobrimos que estavam acontecendo outras mortes suspeitas. Coincidências bizarras, como você mesmo definiu. E descobrimos que o culpado de tudo era o Trickster. Está claro agora?
– O Trickster?
– É, o Trickster. Você sabe de quem estou falando, não sabe?
– Claro, já cruzamos com ele duas vezes. A última foi meses atrás. O que isso tem a ver com o fato de nós não sermos irmãos de sangue?
– Não foram meses atrás. Voltamos a encontrá-lo ONTEM. Ele esteve aqui, cobrando que cumpríssemos o acordo que você fez com ele. Eu prometi detê-lo. Ele disse que não gostava do meu jeito de machão e, de repente, não somos mais irmãos, você é GAY e gosta de mim.
– Então agora EU é que sou o gay? Não, Dean. Para sua informação, EU - euzinho aqui - NÃO SOU GAY. Nunca fui e não tenho nenhuma intenção de me tornar no futuro. E mais. Não sou EU que gosto de você, Dean. É VOCÊ quem gosta de mim. É VOCÊ que é APAIXONADO por mim. Você só não admite. É você quem não deixa que eu viva minha vida em paz. Por mim, eu estava bem longe de você, casado com a Jess. Foi VOCÊ quem ficou entre a Jess e eu. Foi VOCÊ que acabou com a minha chance de ser feliz com a mulher que eu amava.
– Jess? Jessica Moore? Você e a Jessica? Casados? Mas, e isso que aconteceu aqui minutos atrás? Eu sinceramente não estou entendendo nada.
– Dean, você sempre foi meio estranho. Mas agora bateu todos os recordes. Essa de não se lembrar de fatos, de ser de outra realidade ... Concorda comigo que isso é absurdo demais até mesmo em se tratando de você. O que aconteceu enquanto você estava tomando banho? Por acaso, você caiu e bateu a cabeça?
– Sam, vamos começar do zero. Lembra do que eu falei? Sobre o Trickster estar envolvido? Ele está manipulando a realidade. As coisas NÃO ERAM desta maneira. Esta NÃO É a nossa vida. Esse NÃO É você. Nós éramos IRMÃOS. Acredita em mim. Mas, antes me conta tudo. Mesmo que o que eu esteja dizendo pareça um absurdo completo para você. Me conta detalhadamente o que você sabe da história da nossa família - ou das nossas famílias.
– Está bem, Dean. Vou FINGIR que acredito e entrar no seu joguinho. Eu conto tudinho. Mas, antes, senta aqui do meu lado, Dean. Deixa eu fazer um carinho em você como os que você fazia quando eu era pequeno. Vem ficar com o Sammyzinho. Vem. Veeeeem. Nããããão, não faz essa cara, Dean.
– Sam, você está me assustando cada vez mais. Você fica aí mesmo onde está e eu fico aqui. Só me dê um minuto para eu terminar de me vestir e você me conta como foi que chegamos até aqui.
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– Não precisava ter trancado a porta do banheiro, Dean. Não confia mais em mim? Assim você me magoa, ma-ni-nho.
– Vamos à história, ok?
– Ok. Eu conto pra você a triste história da família Harvelle. Mamãe Ellen fez um pacto com um coisa ruim sem ler as letrinhas miúdas. Não contou nada para o papai Will. Uma noite, papai Will entrou no quarto do pequeno Jo e viu a mamãe Ellen, presa ao teto, explodindo numa GRANDE bola de fogo. O fogo fez o que é da natureza dos fogos fazer. Queimou o quarto. Queimou a casa. Queimou tudo o que havia de bom e de normal na vida do papai do pequeno Jo. Queimou o passado e o futuro da família Harvelle. William morreu dois anos depois amarrado numa camisa-de-força. Ele dizia que demônios gritavam nos seus ouvidos dia e noite. Os demônios diziam que o pequeno Jo ia crescer e se tornar poderoso. Poderoso o bastante para abrir o portal do Inferno e trazer o fim de tudo. Era para eu ter este destino grandioso. Mas, como pode ver, eles MENTIRAM. E aqui estou eu, dividindo um quartinho furreco num motelzinho barato de beira de estrada, na fronteira com o fim do mundo, justamente com você. Com um MALDITO Winchester.
– E como eu .. como minha família entrou nisso tudo?
– Sua mamãe Mary era assistente social e teve peninha do orfãozinho desvalido. Foi assim que eu me tornei um Winchester honorário. O filhinho caçula da Mary e do John. O irmãozinho caçula do Dean. Foi assim que eu me tornei Samuel Winchester. Um nome novo, para que na escola não soubessem que eu era o filho do louco que ouvia vozes de demônios e que, depois de matar a mulher, botou fogo na casa em que moravam, quase matando o filhinho recém-nascido. Você sabe que muitos acreditam que loucura é hereditária. Quem ia querer adotar um futuro homicida incendiário? Eu devia ser eternamente agradecido por ter sido adotado por uma família tão MARAVILHOSA, não é mesmo? Por ter um irmão tão DEDICADO como VOCÊ. Você cuidava de mim, dava banho, colocava no colinho. Foi bom, não foi? Vamos fazer isso tudo de novo? Você me dá banhinho, me coloca no seu colinho, pega na minha mãozinha. Só que não é mais uma mãozinha, não é mesmo? Eu cresci. A mãozinha virou mãozona. Tudo grande. TUDO GRANDE. Você ia adorar, não ia? Confessa, Dean.
– Sam, pára com isso. Com todas essas insinuações doentias. E a Jessica? Onde ela entra na história?
– O orfãozinho cresceu. Sammyzinho virou Big Sam, um carinha muito inteligente. Muito mais que você, Dean. Aliás, isso não é vantagem alguma. Qualquer um é mais inteligente que você. Já para alguém verdadeiramente inteligente como Big Sam, foi muito fácil entrar para a conceituada Universidade de Stanford com bolsa integral. Eu estava feliz só de saber que estava longe de você e de seus cuidados. Pela primeira vez, eu me senti verdadeiramente livre. Eu realmente acreditei que finalmente estava livre dos Winchester. Foi em Stanford que eu conheci a Jess. Lá, Sam & Jess viveram uma linda história de amor. Até VOCÊ se intrometer e acabar com tudo. Porque não faz comigo o mesmo que fez com a Jess? Porque não ME MATA? Afinal, EU TAMBÉM SOU UM MALDITO DEMÔNIO.
Dean observa, horrorizado, os olhos de Sam escurecerem.
– Se você não me matar, Dean, eu juro que SOU EU QUEM VAI MATAR VOCÊ.
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Notas finais do capítulo:
Nada de "Brincalhão". Detesto essa tradução. Trickster está mais para Trambiqueiro, Vigarista, Trapaceiro. Portanto, fica Triskster mesmo.
IMPORTANTE: O autor não se responsabiliza pelas opiniões e preconceitos de seus personagens.
ESCLARECIMENTO: Sam fez insinuações que dão a entender que Dean abusou do irmão de criação quando ambos eram menores. A verdade aparecerá no capítulo 6.
Sinopse:
Dean sempre foi um macho acima de qualquer suspeita. Mas isso foi antes do TRICKSTER interferir em sua identidade sexual. Na realidade 3, Dean é gay, embora esconda sua condição sexual da comunidade de caçadores. John está vivo e se dedica de forma obsessiva a matar o demônio responsável pela morte de Mary. Inexplicavelmente, Dean não está do lado do pai nesta cruzada. Pelo contrário, ele protege o assassino da mãe. Em meio a isso tudo, Dean busca algo mais que simples noites de sexo e parece ter finalmente encontrado alguém especial.
Disclaimer:
Sam Winchester, Dean Winchester e o Trickster são criações geniais de Eric Kripke, mas serão respeitosamente reinventados por mim. Sete Vidas. Sete diferentes Deans. Todos muito diferentes do que você conhece.
Muitos dos personagens coadjuvantes são criações originais minhas, mas permito que o Eric os utilize na série se ele assim desejar.
ESCLARECIMENTOS:
1) A leitura de SETE VIDAS-VIDA ZERO não é necessária para o entendimento dessa história. O resumo no início do capítulo (ANTES) traz as informações essenciais. Mas, se gostou do que leu aqui, se dê a chance de gostar também de VIDA ZERO.
VIDA ZERO: www fanfiction net/s/9685726/1/SETE-VIDAS-VIDA-ZERO
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2) A leitura prévia de SETE VIDAS-VIDA 1 e de SETE VIDAS-VIDA 2 não é necessária para o entendimento dessa história, mas é recomendado que as leia, já que as sete VIDAS são encadeadas e formam uma história maior.
VIDA 1: www fanfiction net/s/9710922/1/SETE-VIDAS-VIDA-1
VIDA 2: www fanfiction net/s/9736133/1/SETE-VIDAS-VIDA-2
12.10.2013
