Dead Body
Dean pegou mais uma tora de madeira, sentindo todo o peso do mundo nos braços enquanto levava até ao altar que ele e Sam estavam empilhando, apenas para poderem repousar o corpo de Charlie em cima e então queimá-lo, extinguindo para sempre a presença dela no mundo, mesmo que as memórias ainda permanecessem para lhes atormentar.
"_E você vai deixar para lá? - ela perguntou com os olhos cravados em sua face.
_Nunca. - respondeu."
Ele nunca poderia deixar pra lá, nunca poderia desfazer-se do que era, porque era a única coisa que tinha, a única vida que conhecia, a única família que lhe restava, mas agora, estava enterrando mais uma membro daquela família destruída e arruinada.
"_Charlie, ei, eu cuido de você."
Sam impediu que uma lágrima escorresse. Ele não tinha sido capaz de cuidar dela, ele tinha deixado ela vulnerável, tinha deixado Charlie morrer para conseguir salvar Dean... Nunca se perdoaria... Ela não merecia isso.
"_Eu te perdôo, Dean"
Mordeu os lábios e sentiu o coração se despedaçar. Ela o tinha perdoado, mas ele nunca se perdoaria por ter feito ela entrar nessa vida. Desejou voltar no tempo, naquele dia em que a persuadiu a ajudá-los com Dick Roman, desejou poder fazer com que ela desistisse e apenas sumisse, desejou nunca ter a conhecido, porque apenas desse jeito ela ainda estaria viva.
Sam colocou mais duas toras de madeira e viu quando Dean pegou o corpo sem vida nos braços, foi Dean quem levou-a até colocá-la em cima do altar, tremendo e inconsolável, pensando em se deixar levar junto e queimar também. Para simplesmente acabar com tudo.
_Charlie, - a voz de Sam era mais baixa que o crepitar das chamas. - Vamos sentir saudades. Você era incrível e... Sinto muito.
_Cala a boca. - a voz de Dean era grossa, sem emoção, rude, fria. - Você a matou. - acusou. - Não tem direito de se desculpar.
_Estávamos tentando te ajudar.
_Eu não precisava de ajuda.
As chamas crepitavam ainda mais alto, reduzindo o corpo a cinzas e Dean não conseguia encarar aquela cena, desde o começo, tudo se reduzia a apenas isso. Morte. De todos. De quem ele amava, de quem ele queria proteger.
_Você acha que eu algum dia vou me perdoar por isso? - Sam perguntou, finalmente vendo Dean se virar para ele.
_Quer saber o que eu acho? Devia ser você lá e não ela. - e saiu.
Não se arrependeu de suas palavras, e Sam sabia que merecia escutá-las, mas ouvir aquilo vindo de Dean acabou com ele. Estavam devastados demais para qualquer pensamento racional... Mas ainda assim, o corpo, agora inexistente, de Charlie era real demais para Dean e Sam ignorarem.
