Contém relacionamento homossexual explícito.
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Nota Importante:
Primeiramente queria me desculpar a todos pelo sumiço. Sim, ando desaparecida do mundo das fics por inúmeros motivos que certamente não entrarei em detalhes. Estou tentando voltar à ativa, mas como notaram, está difícil...
Não tenho respondido aos seus reviews e isso é uma grave falta de minha parte, mas saibam que leio todos e os agradeço de coração. Estou negligente com vocês e isso me afeta muito, mas quando penso que tenho um tempo para sentar na frente do computador e colocar em ordem as pendências e responder-lhes devidamente, "bomba", sempre acontece alguma coisa...
Já tive surtos momentâneos que por pouco não resulta em minha conta no FanfictionNet zerada, e isso graças a todos os comentários maravilhosos que vocês deixaram ali registrado. Cheguei a chorar na frente da página de reviews de Enter in the Heart com tanto carinho e entusiasmo que vocês me passaram ali (e em todas minhas outras fics) e que ainda me passam, fazendo com que eu acredite que ainda posso criar e escrever.
Sabe quando você se sente um lixo? Que tudo o que faz é porcaria? Estou assim desde muito tempo, desde anos talvez... Então, quando eu penso em engavetar tudo (meus desenhos de HarryxDraco inacabados) e apagar dos arquivos minhas fics (também inacabadas), eu paro e lembro no apoio de vocês e como uma tremenda teimosa que sou, acabo deixando tudo como está e acreditando que um dia ainda vou ter aquela inspiração de antes. Que dessa cabeça ainda sairá algo digno para vocês lerem...
Bem... Agora o segundo e o principal motivo dessa nota:
Este fic é dedicado exclusivamente à Condessa Oluha. No início era para seu Niver em Março do ano passado que ficou para este ano, mas como sou lerda, não consegui terminar a tempo então, a única coisa que posso dizer é: Espero que goste!
Acho que devo acrescentar aqui que será uma estória um pouco voltada ao drama, com nuances dark e angst... Não se enquadra totalmente no gênero de aventura (ou assim creio eu), mas posso afirmar, que como a maioria de minhas criações (pra não dizer todas), é voltada ao romance, suspense e mistério. Às vezes me odeio por puxar tanto para o romance, mas é instinto, não tem jeito...
Outro detalhe fundamental é que se passa após o ultimo livro, incluindo o Epílogo sem ser 19 anos depois. Então já sabem: contem Spoilers. E os Vampiros mencionados aqui não são como os Ghoul criados por Rowling, estes vampiros são mais pra Lestat em Entrevista com o Vampiro só que com asas.
Os pares? Acho que não preciso dizer que é os meus favoritos: Harry seme x Draco uke (sinto muito a quem goste ao inverso), os demais casais deixo para vocês descobrirem conforme a leitura.
Todos já sabem que Harry Potter e personagens pertencem a JK Rowling e faço isso sem nenhum fim de arrecadação milionária, quem me dera...
Fico por aqui e eu realmente espero que você, Condessa Oluha, goste um tiquinho que seja dessa trama e da minha forma de narrativa. Faz tempo, e creio estar um pouco enferrujada, mas é de coração...
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Título: A Cruz Celta
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1
Ser criança era um saco! A multidão ao seu redor a estava deixando tonta e assustada. Era algo bobo, mas não gostava de lugares cheio de gente. Tentava acompanhar os passos de sua mãe que a puxava pela mão e seus pés pareciam torpes ao caminhar.
- Mãe... – chamou e sua voz sumiu com o burburinho das pessoas – Mãe! – gritou mais alto, mas apenas foi arrastada o que a fez perder seu urso de pelúcia quando esbarrou em um pedestre qualquer.
Olhou angustiada para trás, vendo o bueiro se distanciar onde por desgraça seu brinquedo havia caído. Tentou deter os passos, mas era impossível sendo puxada dessa forma pela mãe.
Quis gritar com ela nesse momento, sentindo como os soluços brotavam em seu peito. Era o presente que ganhara do irmão... Então foi suspensa por um par de braços.
- Não a arraste dessa forma Ginny, ela não gosta.
- Estamos atrasados! Se James não nos encontra na plataforma, não duvido que tente voltar pra casa sozinho – Ginevra não deu ouvido, passou por um grupo de pessoas e sumiu dentro da estação King Cross precisamente na plataforma nove três quartos.
Harry apenas suspirou seguindo sua esposa e com a filha no colo. Seu outro filho o esperava impaciente perto da entrada.
- Papai... Meu urso caiu e a mamãe não quis voltar pra pegar... – Lily fez biquinho.
Harry franziu o cenho e olhou para trás sem ter qualquer indício do urso no meio de tanta gente. Certamente já havia sido achado por alguma outra criança. - Oh minha princesa. Depois a gente tenta achá-lo. Está bem? – estendeu a mão para Albus que a aceitou obediente.
De onde estava, Lily podia ver tudo com mais clareza. Sentia-se privilegiada e até havia se esquecido em parte de seu urso. O Expresso de Hogwarts já estava na plataforma e um mar de estudantes descia dele.
Seus grandes olhos castanhos percorreram cada cabeça na tentativa de avistar o irmão, mas não conseguia distinguir ninguém.
- Vamos papai! – tentou apressá-lo. A ansiedade de rever o irmão era tanta, pois nunca ficara longe dele durante tanto tempo.
- Não seja apavorada como sua mãe. É meio difícil caminhar com tanta gente.
- Consegue vê-lo? – Albus perguntou de baixo. Era pequeno e não via nada além de casacos e pilhas de bagagens.
Lily apertou a boquinha. – Não...
- Venha – Harry passou a filha para um braço e carregou o filho com o outro para que pudesse ver acima das pessoas.
Albus sorriu, avistando em cheio a cabeleira marrom avermelhado do irmão. – Ali! – apontou para que Lily também o visse.
Lily sentiu-se eufórica. Quis descer do colo do pai para correr em direção do irmão quando este os avistou e abriu um largo sorriso, mas foi firmemente impedida. Ficou agitada esperando sua vez quando James alcançou a mãe e a abraçou apertado.
Ginny parecia mais calma com os filhos novamente reunidos ao seu redor. Segurou o rosto do mais velho e o observou detalhadamente vendo cada diferença adquirida.
- Ei mãe! Não me trate assim na frente de tanta gente! – a empurrou para poder abraçar ao pai juntamente com os irmãos.
Era o primeiro ano de James Sírius Potter em Hogwarts e esta ainda era a férias de inverno. Harry sabia que o filho estava se divertindo no castelo e fazendo muitas amizades. Dava pra ver no rosto do menino, mais alegre e radiante.
Sorriu ternamente vendo como Lily praticamente se atirava em cima do garoto com os bracinhos rodeando o pescoço de James a competir com o cachecol listrado de Gryffindor, Casa a qual o filho havia sido escolhido pelo Chapéu Seletor. A pequena era muito apegada ao mais velho e sabia que sentia muita falta do irmão.
Mas teve sua atenção desviada quando foi abraçado por um sorridente Teddy Lupin que o bombardeou com uma avalanche de palavras entusiasmadas. Logo James entrou na conversa e instantes depois se juntaram ao grupo velhos conhecidos de Harry e Ginny.
Colocada de volta ao chão e temporariamente esquecida, Lily observou ao redor as pessoas que aos poucos deixavam a plataforma. Não havia mais aquele tumulto de quando chegaram ali e de onde estava, dava para ver a saída, as ruas que levavam para as avenidas e também podia ver claramente o bueiro onde seu urso havia caído.
O presente que James lhe dera de aniversário e que ainda não tinha escolhido um nome...
Decidida, afastou-se da família e a passos determinados se aproximou do fosso. O ar nesse momento pareceu-lhe mais denso e era como se ao seu redor uma bolha gigante abafasse o som, o tornando longe e confuso...
Então seus olhos caíram sobre o escuro bueiro protegido por grades. Um filete de água descia pelas laterais e parecia que podia ouvir o som de uma goteira vindo lá de baixo. Ficou com medo... Muito medo...
Sua visão se aprofundou no negror e pareceu-lhe por um mísero instante, ver algo se movendo ali embaixo.
- Lily! - com um grito, a pequena se girou para ver quem colocara a mão em seu ombro, esse gesto a arrastou de volta à realidade. Era Albus. – Sabe que não pode se afastar da gente... – a observou por um tempo estranhando o comportamento da caçula, logo percorreu a vista ao redor desconfiando das pessoas que passavam por perto - Por que está com medo?
- Meu urso... – ela apontou para o buraco.
Albus se aproximou e parando quase sobre a grade, agachou e olhou lá dentro. Podia ver apenas a cabeça do urso que por sorte não rolou pelo declive diretamente ao esgoto. Quando passou um braço pelas grades, Lily se agitou assustada.
- Al, não! E se tem um monstro aí dentro? Vamos chamar o papai...
Albus tentou alcançar o brinquedo, mas como seu braço era curto por ter apenas oito anos, não conseguiu. Então notou algo se mover em direção de sua mão. No susto se afastou caindo sentado e apavorado não desviava os olhos da escuridão do bueiro.
Assustada com a repentina reação do irmão, Lily retrocedeu espontaneamente, tropeçando em uma pessoa que passava por ali.
- Cuidado... – um braço amparou sua queda – Melhor não brincarem perto dos bueiros. Alguns estão com as grades soltas e vocês podem se machucar...
- Não estamos brincando. O urso da minha irmã caiu aí dentro – Albus retrucou ignorando o medo que sentia e o que seria aquilo que quase o atacou. Já estava de pé e tratou de puxar a irmã para longe do estranho.
Era um homem alto de roupas ricas. Vestia um casaco e chapéu de pele e nas mãos luvas de couro por onde sobressaía dois anéis e uma grossa pulseira no braço direito.
Albus apertou firme a mão da irmã quando o olhar curioso do estranho se pousou em seus olhos, depois em seu rosto e cabelo. O homem então sorriu de leve retirando a varinha de dentro do casaco o que o deixou ainda mais apreensivo.
- Lumus... – e uma luz se fez na ponta da varinha.
Lily, que estava atrás do irmão, observou curiosa o homem clarear o bueiro e passar um braço entre as grades alcançando o estimado urso de pelúcia que foi prontamente estendido em sua direção.
Ignorando a desconfiança do irmão, a pequena se aproximou do estranho pegando o brinquedo e lhe sorrindo em agradecimento.
- Perdeu o livro também? – antes que pudesse negar, viu como o homem introduzia o braço de volta no buraco e alcançava um livro de capa escura, na mesma hora em que uma voz familiar chegou em seus ouvidos.
- Malfoy?
O aludido ergueu os olhos para deparar-se com Harry Potter não muito distante e que certamente estava ali já algum tempo os observando a julgar pela tranqüilidade em seu rosto e a curiosidade em seus olhos. Fazia muito tempo que não se viam pessoalmente...
- Potter... – respondeu em tom baixo se erguendo e passando o livro para Lily – Tome mais cuidado, pequena... – Draco voltou os olhos para Harry e se despediu com um leve aceno de cabeça antes de se afastar e retomar seu caminho até uma carruagem.
- Quem é aquele moço, pai? – Albus olhava em direção à carruagem que partia apressada.
- Um companheiro de escola... – o filho o olhou estreito, notando a resposta evasiva – Venham, sua mãe deve estar achando que eu os perdi pela estação e James tem um monte de novidades para contar a vocês...
- Jay também trouxe presente pra gente? – Lily perguntou com os olhinhos brilhando.
- É meio difícil, já que ele estava num colégio estudando... – Harry riu enquanto voltavam para junto dos outros – Mas eu garanto que no Natal, todos vão ganhar muitos presentes.
Ginny colocou as mãos na cintura assim que os viu. – Finalmente! Onde estavam?
- Resgatando um urso perdido? – Harry brincou. Vendo a falsa indignação no rosto da esposa, Harry passou um braço ao redor de sua cintura depositando um casto beijo em sua testa. – Vamos pra casa... Teddy e Jimmy devem estar cansados de tanto falar. Não pararam de tagarelar desde que desceram do trem...
- Ei! Eu não falo demais!
Enquanto o pequeno Lupin reclamava, James segurou a mão da irmã como sempre fazia quando saíam e lhe sorriu como o bom e protetor irmão mais velho. Apesar de ter apenas onze anos, se sentia na obrigação de olhar pelos mais novos na ausência do pai e sentiu falta deles, mesmo nunca admitindo isso em voz alta.
- Venha Al, ou eu vou segurar a sua mão também...
Albus rolou os olhos frente à ameaça de James e antes de seguir o irmão olhou pela ultima vez ao bueiro... Não tinha visto errado, sabia que havia algo ali embaixo que tentou agarrá-lo e sabia que Lily também viu... Só esperava que aquilo - seja lá o que fosse - ficasse ali o resto da vida, pois passava uma sensação tão ruim e assombrosa que até arrepiava quando se recordava da sensação.
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Astória estava sentada displicente na sala de recepções da mansão. Repousava as costas numa almofada apoiada no braço do sofá enquanto mantinha as pernas estendidas ao longo do acento. A barra de seu vestido caía suavemente até o tapete onde Scorpius estava deitado, estudando sobre a história bruxa.
- Por que não podemos treinar magia se nessa época os pais ensinavam os filhos desde pequenos?
Astória o olhou sobre o livro que lia antes de ponderar a pergunta. – Nessa época não existia Leis...
- Mas se somos um povo tradicional, as Leis não teriam que vir desde essa época?
- Algumas Leis são antigas, mas com o passar dos tempos surgem novas Leis... – o garoto franziu o cenho, não muito convencido com a resposta, ele nunca ficava satisfeito com suas respostas – Por que não pergunta ao seu pai quando ele chegar?
- Ta bem... – enquanto a mãe voltou ao livro que tinha em mãos, Scorpius passou a virar as páginas do livro de História, vendo as imagens que o ilustravam.
Havia reproduções dos Duendes, que eram bem diferentes dos que cuidavam de Gringots, e havia ilustrações dos Gigantes e dos Trolls, criaturas que nunca chegou a ver na vida... Algumas páginas mais a diante encontrou os Lobisomens e os Cobolts, estes últimos eram muito familiares aos duendes, mas de olhos maiores próprios para enxergar no escuro.
Virando a página, seus dedos deslizaram sobre a imagem de um Vampiro. Eles pareciam humanos, porém eram humanos com asas negras e garras afiadas...
- Acha que os Vampiros podem viver entre a gente sem percebermos?
Astória riu. – É claro que não, querido. Que absurdo!
Scorpius fechou o grosso livro e se sentou a olhando seriamente. – Eles parecem humanos...
- Mas todas as criaturas são mantidas longe da comunidade bruxa pelo Ministério da Magia. E eles possuem asas, garras e presas. Saberíamos se algum estiver na nossa frente.
- E as outras criaturas? O Ministério também as mantém longe da gente?
- Com exceção dos Duendes em Gringots... Sim... – Astória notou como o filho abaixava os olhos e ficava pensativo, então olhou ao livro em desaprovação. Não queria que o menino ficasse com medo e se perguntando se seria atacado por alguma daquelas aberrações quando estivesse dormindo. Sentou deixando seu livro de lado para melhor dar atenção ao garoto – Acho que já chega de História da Magia pra você. Que tal estudarmos a partir de agora um pouco sobre Política e Astronomia? Vai ser divertido desenhar nosso mapa astral. O que acha?
Antes que Scorpius pudesse responder, a porta principal se abriu dando passagem ao pai. Sorrindo, foi correndo abraçá-lo.
- Papai! Você voltou mais cedo hoje!
Draco retribuiu o abraço passando os dedos pelo cabelo do menino. – Não tive reunião e achei melhor deixar o resto do serviço para amanhã. Como foi o seu dia?
- O vovô foi para o laboratório à tarde e me deixou acompanhá-lo...
Enquanto ouvia o relato animado de Scorpius e em como ficou ajudando o avô a fazer algumas Poções, Draco retirou o chapéu e o casaco, deixando-os no armário de entrada. Quando foi retirar as luvas, sentiu uma pontada de dor na mão direita.
Sobre ela havia um corte por onde escorria um pouco de sangue. Estranhando não ter sentido o machucado antes, olhou sua luva notando que ela também se encontrava cortada.
Uma delicada mão se pousou sobre a sua encobrindo o ferimento com um lenço. Ergueu os olhos e sorriu para sua esposa.
- Pelo jeito não se lembra de ter se machucado...
- Devo ter me ferido quando ajudei uma garotinha a pegar seu urso de pelúcia que caiu dentro de um bueiro... Na hora não senti nada, mas agora está incomodando.
- Melhor passar a poção cicatrizante antes que infeccione...
Draco a observou com devoção, levou a outra mão ao rosto de Astória e a acariciou com cuidado, puxando seu rosto para um apaixonado beijo.
- Não sei o que seria de mim sem você... – sussurrou entre seus lábios.
- Papai! – Scorpius puxou de leve sua camisa. – Vem, vamos comer o bolo de morango com suspiros que pedi para quando você chegasse.
Draco e Astória sorriram cúmplices antes de se separarem para que o pai pudesse dar atenção ao filho.
- Como adivinhou que eu estava morrendo de vontade de comer esse bolo? – estendeu a mão ao menino que a segurou feliz.
Enquanto ambos se afastavam em direção à cozinha Astória apenas ficou ali parada, vendo como o filho competia consigo pela atenção do pai. E seu sorriso se desfez quando o garoto olhou para trás, em sua direção. Scorpius a olhava de forma fria e carente de emoções.
Sentindo algo ruim por dentro e um repentino frio, ela abraçou a si mesma, como uma forma de se proteger. Por mais que o filho preferia o pai, ele nunca a olhara dessa forma...
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- Vamos crianças! Hora de irem pra cama! – gritava a senhora Weasley.
Lily correu para segurar a mão de James quando este estava subindo a escada rumo ao quarto. Albus torceu a boca olhando para a avó que com as mãos na cintura, costume que infelizmente havia notado que sua mãe também tinha, o olhava de forma desafiadora.
- Ainda são nove e meia vovó! – argumentou como se ainda era bem cedo para estar na cama.
- Nada de objeções mocinho. Crianças dormem às nove e meia, então, já pra cama com seus irmãos.
- Mas...
- Não reclame Albus e vá dormir! – Ginny ordenou da cozinha, onde estava conversando com o pai, o avô e os tios Ron e Hermione.
Albus suspirou largando sobre a mesinha de centro as figurinhas que conseguiu nos últimos sapos de chocolate que Hugo e Lily comeram e contrariado seguiu a prima Rose que também ia dormir.
Ao passar pela avó, esta afagou sua cabeça de forma carinhosa em sinal de boa noite.
- É chato ir dormir cedo... – Rose o olhou sobre o ombro quando subiam a escada – Mas precisamos obedecer o horário de dormir...
- Só que estamos na época de Natal. E James e nossos primos estão de férias, por isso estamos todos reunidos aqui – disse como se fosse muito óbvio.
Rose parou na frente do quarto e o olhou confusa. – E?
- E isso significa que não precisamos dormir cedo porque passamos o ano todo dormindo cedo! – Albus empurrou a porta – Quero dizer que ao menos durante um mês tínhamos o direito de brincar até tarde, de dormir até dez horas da manhã e essas coisas...
- Bem... – Rose o olhava impressionada – Pode ser...
O quarto em que dormiriam era o antigo quarto dos tios Fred e George. Ali colocaram dois beliches e dois colchões.
Hugo já estava dormindo em um dos colchões desde as oito horas. O irmão de Rose nunca conseguia ficar acordado mais que isso. James terminava de acomodar Lily no segundo colchão e Albus sabia que ele e a prima ocupariam as camas de baixo dos beliches enquanto James e Dominique as camas de cima.
O restante dos primos estavam ocupando o quarto que pertencia ao tio Percy.
Como já estavam todos banhados e trocados, Rose se acomodou em sua cama e o observou pensativa.
- Seu irmão entrou em Gryffindor... Será que iremos para a mesma Casa quando chegar nossa vez?
Antes que Albus pudesse responder, James foi mais rápido. – Certamente você entraria em Gryffindor, mas garanto que Al entraria em Slytherin.
Com raiva, Albus tentou chutar o irmão, mas este foi mais rápido subindo em sua cama e se cobrindo. Suas risadas eram ouvidas abafadas pelo cobertor.
- Eu não serei uma serpente!
Um garoto de cabelo claro quase loiro, pele branca e olhos azuis que neste momento entrava no quarto, parou na porta e observou como o primo estava revoltado e era o único que ainda estava de pé.
- E que mal há em ser um Slytherin? - Albus girou o corpo para ver o primo de braços cruzados e uma sobrancelha erguida. Dominique tinha a mesma idade de James, mas era quase um palmo mais alto que o irmão e supostamente, havia ingressado na Casa verde e prata – Tem algum preconceito em relação às serpentes?
- Não! – quase grunhiu – Mas meus pais são de Gryffindor, os nossos tios Weasleys são de Gryffindor e até os nossos avós da parte da mamãe e do papai são de Gryffindor! Eu seria o diferente da família.
- Viu só? – James voltou a se pronunciar, para mais revolta do irmão – Você é dramático, resmungão e vive retrucando tudo que não está de acordo, como todo Slytherin.
- E você é um intrometido que não consegue ficar um minuto fora do assunto alheio, como todo Gryffindor. Porque não cala a boca e vai dormir James?
Albus camuflou um sorriso. Dominique havia comprado a briga com James e isso era muito interessante. Quase nunca tinham contato com os primos Delacour-Weasley e certamente não os conhecia suficiente.
- Por que não tenta me calar? – um provocativo sorriso de meio lado, característica do avô cujo nome era o mesmo que o do mais velho dos Potter, surgiu em sua boca.
Oh-oh! Albus abriu a boca com surpresa. Tinha esquecido que o irmão fazia isso. Adorava uma disputa. Até Rose apoiou o corpo nos cotovelos ficando de bruços para poder ver melhor a cena. Ela também parecia divertida com a discussão.
- Não deveria ter dito isso... – o meio-veela soou tão baixo que Albus achou que James mal conseguiu ouvir.
Foi tudo muito rápido. Num instante o primo havia alcançado o beliche e num movimento rápido agarrou o braço de James o puxando fora da cama.
Para não cair, o Potter girou o corpo apoiando ambos os pés descalços no chão e dobrando os joelhos para amortecer o impacto. Seu braço ficou torcido para as costas devido o movimento, pois Dominique ainda o mantinha seguro.
Isso não assustou ao moreno que tão rápido quanto o outro havia agarrado seu braço, sua perna corria rente ao chão numa rasteira precisa, que apenas não surtiu efeito porque o outro estava atento, escapando com um salto para trás e finalmente o soltando.
James o olhou divertido, mas não pôde se lustrar mais porque Dominique avançou contra si o derrubando no chão onde passaram a uma luta confusa, onde nem Rose nem Albus conseguiam dizer quem estava ganhando.
Com um movimento o moreno ficou sobre o loiro tentando imobilizá-lo, mas depois de alguns instantes Dominique voltou a ter o domínio sobre James. Suas mãos agarraram os punhos do Potter e tentava encostar seus braços contra o piso e sobre a cabeça, quando a porta se abriu.
Harry parou no batente um pouco surpreso pela cena que via. Custou alguns segundos antes de se pronunciar seriamente.
- Vocês estão brigando?
Dominique se afastou de James sem antes lhe dedicar uma mirada de advertência. Em seguida olhou ao tio. – Estávamos apenas brincando.
Harry franziu o cenho não muito convencido, então olhou para o filho de forma inquiridora. Sabia fazia mais ou menos meia hora, quando conversavam lá na cozinha e Bill e Fleur comentaram casualmente, que esse sobrinho a sua frente havia entrado em Slytherin e tinha a personalidade bem diferente de Victoria que freqüentava Ravenclaw. E somando que uma pequena rivalidade era bem fácil de surgir entre Gryffindor e Slytherin, pois já passou por isso um dia...
- É pai, estávamos apenas brincando... – James confirmou com um alegre sorriso.
- Não sei porque isso me soa familiar... – Harry ficou um pouco pensativo vendo os dois garotos irem deitar, depois olhou para Albus – E você, não quer dormir?
- A mãe nunca deixa a gente ficar acordado...
Harry o ajudou a se cobrir quando finalmente deitou. Sabia que o pai era mais fácil de dobrar, mas como sempre por trás havia as ordens da mãe...
- Vou tentar convencê-la em deixá-los acordado até às onze da noite.
Albus sorriu. – Ela vai brigar com você, dizendo que é um irresponsável...
Harry também lhe sorriu, retirando a franja de sua testa. – Não importa, afinal, estamos em Dezembro e vocês têm o direito de passarem por cima de algumas regras nessa época do ano...
Albus ficou olhando como o pai falava algo para o irmão, depois ia ver e cobrir Lily para em seguida, após olhar se todos estavam bem, apagar a luz e encostar a porta deixando o quarto silenciosamente. Só não reparou que a irmã, que ainda estava acordada, colocava a mão debaixo do travesseiro e tocava a capa do livro que lhe foi entregue por engano, curiosa em abri-lo para saber que conteúdo encontraria ali...
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Continua...
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N/A: eu ia escrever um oneshot, mas sairia enorme, isento de detalhes e eu tinha a certeza de que ficaria muito confuso o tempo e o ambiente na hora de ler, então resolvi fazer com mais detalhes e em partes (como sempre Sanae fazendo fics longas). Fico por aqui e amanhã posto a continuação, até lá.
