Os efeitos de uma bebedeira II

O golpe do "Boa Noite, Cinderelo"

Sinopse: Sarutobi Ayame, mais uma vez, planeja se aproximar de Sakata Gintoki a qualquer custo. Como ela conseguirá o que pretende? E será que conseguirá?

Parte 1

Saquê "batizado"

Mais uma vez, estava à espreita de seu alvo. Nenhum movimento fugia de seu campo visual. Praticamente nada, nos últimos dias, fugia de seus olhos atentos de kunoichi. E fazia o possível e o impossível para seguir seu alvo em qualquer que fosse o lugar. Fosse ao trabalho, ao bar, à banca pra comprar mais uma Jump, ao supermercado... E até mesmo ao banheiro.

Era esse seu trabalho. O trabalho de uma stalker obcecada por um homem. Enquanto não se aproximasse de Sakata Gintoki sem ser enxotada por ele, Sarutobi Ayame, a ninja assassina Sa-chan, não iria desistir. Queria aquele albino para ela. De qualquer maneira.

Ela o desejava intensamente. A permanente natural prateada, os preguiçosos olhos castanho-avermelhados, os 65 quilos bem distribuídos em 1,77 de altura... Tinha que conseguir se aproximar de qualquer maneira.

Era só vê-lo, e, com sua mente poluída, pervertida e sadomasoquista, imaginava tudo a que tinha direito.

Tinha que dar um jeito de agarrá-lo logo, não aguentava mais ficar só olhando. Tinha o risco de ser enxotada de novo por ele em uma nova investida, mas era disso que Sa-chan gostava.

A kunoichi de cabelos púrpura tirou de seu bolso um vidrinho com um pó fino e rosa e o beijou.

- Gin-san, você vai ser meu... E faremos muitas coisas "S" e muitas coisas "M", e...!

Nisso, o vidrinho escapou de sua mão e quase se espatifou no chão, não fosse ela ter caído de cara antes para salvar o pequeno frasco. Ouviu passos se aproximando e rapidamente se escondeu.

- Com tanto trabalho pra limpar um bar mais empoeirado do que aquele da bruxa velha, eu acho que merecia ganhar mais do que uma garrafa de bebida desconhecida e quinhentos ienes.

- Gin-san, por que você não leva essa garrafa pra Otose-san ver? – Shinpachi sugeriu.

- E o que a velha vai querer ver em uma garrafa velha e desconhecida?

- Talvez ver se a garrafa é mais velha que ela? – Kagura perguntou.

- É, quem sabe... Se isso valer alguma coisa, eu troco por dinheiro.

Nisso, o trio Yorozuya chegou e se adentrou no bar de Otose. Sa-chan, em fração de segundos, conseguira se esgueirar ali. E, por incrível que pareça, conseguira sem ser notada. E sem perder os óculos.

- Ei – Gintoki disse sem rodeios. – Esta bebida aqui vale alguma coisa?

Sem a menor cerimônia, botou a garrafa no balcão e cruzou os braços à espera da resposta. Essa resposta teria que ser dita logo.

Otose examinou detidamente a garrafa e o seu conteúdo. Abriu a tampa e cheirou. Em seguida, tampou e devolveu ao Yorozuya:

- É apenas bebida comum em uma garrafa bonita. Você foi passado para trás.

- Como é que é? Tem certeza de que não tá me sacaneando, bruxa velha?

- Catherine! – Otose chamou. – Traga aqui o saquê de sempre!

Catherine entregou a referida garrafa a Otose, que a abriu e fez com que Gintoki cheirasse o conteúdo. Em seguida, ele cheirou a garrafa que tinha recebido e percebeu que era a mesmíssima coisa. Era um saquê bastante comum, colocado em uma garrafa diferente.

- Eu não acredito que fui enganado! – o albino murmurou.

- O sujeito te enganou muito bem. Vai ter que se contentar em beber isso aí. Não vou usar pra abater o seu aluguel, porque o valor é uma mixaria.

- Quê? Mesmo depois de eu ter quase me matado pra desentupir uma chaminé, além de limpar um bar? Eu fiquei meia hora entalado lá respirando fuligem e é assim que eu sou tratado?

- Você deveria prestar atenção no que recebe, seu irresponsável!

- Será que não te convence a explicação de que um babaca me passou a perna, bruxa velha?

E assim a discussão seguia, com os ânimos acirrados de Otose e Gintoki. Enquanto isso acontecia, Shinpachi começava a cantar no karaokê a mais nova música de Terakado Tsuu e Kagura se empanturrava com uma tigela enorme de arroz.

Sa-chan, de cabeça para baixo, abriu o vidrinho e jogou o seu precioso pó rosa em uma das garrafas. Claro que, antes de tomar um chá de sumiço, quase deixou escapar um gritinho histérico e se abraçou, completamente arrepiada com o que estava imaginando após aquele pozinho fazer efeito com uma certa pessoa.

Gintoki, aborrecido, saiu dali com a polêmica garrafa na mão e subiu pra casa, seguido por Shinpachi e Kagura. Alguns minutos depois, o garoto de óculos se despediu por estar na hora de ir para casa.

Assim, restaram apenas o ex-samurai e a garota Yato. Mas ela também não permaneceria ali. Passaria a noite em uma festinha do pijama. Na casa de uma das garotas que moravam ali nas redondezas.

E, assim, o albino ficou sozinho... Ou era isso que ele pensava, pois mal sabia ele que Sa-chan entrara ali de fininho, como costumava fazer.

- Que ótimo... – ele murmurou. – Agora eu tô com uma garrafa de saquê barato, que não me deu retorno nenhum. Só pra não ficar no prejuízo total, vou experimentá-lo.

Abriu a garrafa e sentiu um cheiro bastante familiar. Aquele saquê tinha um cheiro de morango misturado ao cheiro tradicional da bebida. Despejou um pouco do líquido em um copinho, bastante intrigado.

Sentiu o cheiro mais uma vez e resolveu arriscar. Bebeu a dose e até gostou do leve sabor de morango da bebida. Resolveu tomar mais, afinal o saquê poderia se perder.

Mas, eis que, na hora em que Gintoki iria saborear a segunda dose, algo caiu atrás dele, produzindo um forte baque no assoalho. Ele se virou pra ver e...

- Você?