Capítulo Um: Snap Explosivo

Era uma noite fria de inverno, em que alunos amontoados na Sala Comunal da Grifinória pareciam disputar o aquecimento da lareira.
À um canto do aposento, Lino Jordan, Alícia Spinnet, Katie Bell e os gêmeos Weasley disputavam uma animada partida de Snap Explosivo.
- O que vocês acham, rosto cinza e cabelo laranja seriam legais para o baile? – perguntou Fred com o rosto coberto de cinzas quando o baralho explodiu na sua cara.
Eles estavam no sexto ano e faltavam poucos dias para o grande Baile de Inverno, tradição do Torneio Tribruxo. Fred havia convidado Angelina na véspera para ser seu par e desde então não parara de tocar no assunto.
- Você quer parar de falar no baile? – perguntou Lino tirando outro baralho do bolso.
- Ah, você só reclama porque não tem com quem ir – disse Jorge abraçado à sua namorada, Alícia.
- Pois é – respondeu Lino aumentando o tom de voz de modo que Angelina, que estava sentada em uma poltrona próxima conversando com uma garota do sétimo ano, pudesse ouvir – Se ao menos a Angelina quisesse ir comigo ao baile...
Angelina olhou para ele e sorriu, em seguida voltando a falar com sua amiga monitora. Ela já estava acostumada com as brincadeiras de Lino, sabia muito bem que ele não gostava dela, mas que adorava provocar.
- Brincadeira, Angel – gritou Lino, em seguida voltando a se dirigir a Jorge – Eu tenho sim com quem ir!
- Você vai com a Murta, é? – debochou Jorge.
- Não, eu vou com a Katie.
- Vai, é? – perguntou Katie olhando assustada para o amigo, ao mesmo tempo em que o baralho explodia diante de Alícia.
- Não sei... – brincou Lino sorrindo marotamente – Se você quiser ir comigo...
- Claro que quero! – respondeu Katie ruborizando.
Fred estava prestes a fazer uma piadinha com relação aos dois, mas foi interrompido por Angelina, que acabava de se juntar a eles.
- Katie, você conhece a Rebecca Smith?
- Se eu conheço quem?
- Rebecca Smith, sétimo ano, Corvinal...
- Ah, sim, lembrei. O que tem ela? – de repente as duas mantinham um diálogo, enquanto o resto da turma ouvia curioso.
- Está namorando o Patrick Youngblood – contou Angelina, com ar de quem traz notícias fúnebres.
Katie parou boquiaberta. Angelina reparou que Fred, às costas da garota, fazia uma imitação muito bem feita de uma Katie assustada, o que a fez rir.
- Qual é a gra... Pára com isso, Fred! – reclamou Katie virando-se para trás.
Todos riram da situação.
Durante alguns minutos, continuaram a jogar baralho, cada um deles parecendo fazer um esforço mental para encontrar um assunto e começar uma conversa.
- A Mari deve estar chocada... – comentou Katie dirigindo-se à Angelina.
- Eu disse a ela para esquece-lo. Sonserina... Todos cafajestes! – contou Angelina na sua vez de jogar.
De repente, Fred, Lino e Jorge se olharam e começaram a gargalhar indiscretamente.
- Posso saber qual é a graça? – perguntou Alícia a Jorge.
- Sonserina... – disse Jorge tentando parar de rir.
- O que tem a Sonserina?
- Uma menina da Sonserina pediu para ir ao baile com Fred hoje – comentou Lino, o primeiro a conseguir controlar o riso.
- E qual é a graça? – insistiu Katie.
- Qual é a graça? – repetiu Fred espantado – Me imagine indo ao baile com uma monitora da Sonserina!
- Vocês iriam se divertir tanto... – comentou ironicamente Jorge.
- Coitada da garota... – comentou Katie – Ela não tem culpa de ser da Sonserina.
- Mas de ser monitora ela tem culpa – respondeu Fred – Se chegou a esse ponto é porque era muito... Comportadinha!
Angelina balançava a cabeça com um quê de repreensão, embora sorrisse.
- Existem monitores legais... Mariana Mattews, por exemplo!
- Mariana de quê? – perguntou Jorge torcendo o nariz.
- Mariana Mattews, uma amiga minha do sétimo ano.
Fred abriu a boca, mas tornou a fecha-la. Não parecia muito disposto a discutir com Angelina. E ela pareceu ler pensamentos, pelo jeito que sorriu e olhou para ele.