Nota: Essa fanfic é femslash: Red Beauty e Swan Queen. Pode conter cenas +18, se isso de alguma forma te incomoda ou te ofende, por favor nem leia. O universo que exploro pertence a série Once Upon a Time e a Disney/ABC, com algumas referencias ao folklore e a mitologia Grega. Essa fic não possui nenhum fim lucrativo, de modo que não estou ganhando nada com isso, apenas a satisfação de escrever.

Os eventos aqui retratados se passam depois dos episódios "Crocodile" e "Child Of The Moon" e não seguem a cronologia e a historia da segunda temporada, sendo assim é um Universo Alternativo.

Neal e Baelfire não são as mesmas pessoas e Neal não será apresentado a história da mesma forma que foi contado na serie.

Essa fanfic é uma obra de ficção, que não tem compromisso algum com a verdade, então qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas ou com fatos reais terá sido mera coincidência.

Os créditos da capa pertencem a: you-are-crazy-beautiful*tumblr*com/post/47061573288/what-can-you-say-about-this-just-wow


Capítulo 1 - Falling To Pieces

Ela encarou o relógio pela segunda vez em menos de dois minutos. Estava claro que os ponteiros do relógio não correriam mais rápidos pelo fato dela encara-los, mas isso não a impedia de mesmo assim fazer isso. Ainda eram sete e meia da manha, não fazia nem uma hora que o Café estava aberto e ela já se encontrava entediada. Bem, era sexta feira: "Dia de ficar entediada", ela pensou consigo mesma, já prevendo o quão chata seria sua noite. Porém, seus pensamentos foram logo quebrados assim que um senhor entrou no Café. Era apenas um cliente de sempre, mas não foi isso que deixou Ruby em alerta, mas sim o perfume que entrou junto com ele.

Obviamente o perfume não pertencia ao senhor, ela sabia bem disso, já estava acostumada com aquele perfume que precedia a chegada de Belle. Bem, vantagens de ser uma "Criança da Lua".E como uma tradição que ela começara sozinha, assim que ela sentia que Belle estava chegando ela já fazia o pedido do que ela iria comer. Era sempre a mesma coisa: panquecas com suco de laranja ou com chá gelado. Então, ela não tinha como errar. E mesmo que ela errasse e escolhesse algo diferente do cardápio que Belle ainda não havia provado, ainda assim ela sabia que Belle iria experimentar sem dizer nenhuma palavra.

Ruby nunca admitiria isso a ninguém, mas ela adorava o fato de tudo ser novo para Belle. Adorava também o fato de que era ela quem mostrava e falava sobre todas as coisas que Belle nunca poderia imaginar que sequer existiam. Era por isso - e por vários outros motivos - que ela gostava tanto da companhia dela pela manhã. E apesar de adorar todos os clientes que passavam por ali, ela não podia negar que sua cliente favorita era Belle. Bem, talvez porque ela não fosse apenas uma cliente.

"Bom dia!" – Disse Belle sentando-se no balcão e sorrindo para Ruby. Ela retribuiu o sorriso, o bom dia e depositou uma xícara na frente de Belle, pegando a cafeteira logo em seguida e despejando o café na xícara. - "Ah, muito obrigada. Sem chá gelado pra mim hoje?" – Belle perguntou dando um pequeno sorriso enquanto pegava a xícara de café e tomava um pequeno gole da bebida.

"Nossa, desculpa. Não gosta de café? Se não, eu posso trocar sem problema algum." – Respondeu Ruby, um pouco constrangida. Na verdade, ela iria de fato servir o chá gelado, mas por algum motivo ela acabou se distraindo e em um minuto ela estava atrás do balcão esperando Belle entrar e no outro ela já estava despejando o café na xícara. Foi como se o tempo tivesse acelerado quando Belle entrou. De fato era assim que ela se sentia com Belle por perto. A presença dela era simplesmente muito agradável a ponto de acelerar o tempo. Ruby fingia não entender o porquê isso acontecia.

"O café está ótimo, Ruby. Mas eu gostaria muito daquelas panquecas, se for possível." – Ela respondeu entre um gole e outro e foi só ela terminar a frase que Ruby já estava a caminho da cozinha, trazendo as panquecas logo em seguida. Ela nem se surpreendeu das panquecas estarem prontas antes mesmo dela decidir fazer o pedido, já que Ruby sempre fazia isso por ela. - "O que vai ser de mim quando você não quiser mais trabalhar aqui?!" – ela continuou com um tom de falso desespero. – "Eu realmente estou me acostumando a ser mimada por aqui." – continuou e foi logo atacando as panquecas. Ruby a observou comer por um instante antes de finalmente responder.

"Bem, se quiser eu posso suspender esse servicinho extra que a gente oferece." – Brincou Ruby, fingindo logo em seguida tirar o prato dela.

"Não! Jamais! Pode trazer todas as panquecas que vocês tiverem! Não abro mão desse mimo!"

"Pode deixar." – Respondeu Ruby sorrindo pra ela. – "O que vai fazer hoje à noite?"

Belle pareceu pensativa, não era muito de planejar o que ia fazer, mesmo porque não tinha muita opção do que fazer a noite.

"Acho que vou ficar em casa lendo alguma coisa. Por quê? Tem algum evento importante na cidade?"

"Ah, por favor! Evento importante em Storybrooke? Só se o Sr. Gold aprontar algo a ponto de nos deixar ocupados por algum tempo." – Ela disse, se arrependendo logo em seguida de citar o nome de Rumple na frente de Belle. Mas aparentemente esse nome não surtia efeito algum nela, pois ela apenas continuou comendo e prestando atenção em Ruby durante uma garfada e outra. - "É que tem esse lugar que abre nos finais de semana. Uma boate. É incrível! A musica é ótima. Muita gente bonita. Acontece que eu realmente não sei sair sozinha e eu adoraria que você fosse comigo! Acho que eu estou te devendo novas experiências! O que acha?"

"Eu topo!" – Belle respondeu, sem ao menos pensar direito na proposta. – "Quer dizer, música? Tipo um baile?".

"Bem. Eu nunca fui a um baile antes. Mas creio que seja muito diferente, então não vá com essa expectativa! E nem com aqueles vestidos armados de princesa, porque acho que vai ocupar metade da pista de dança!" – Ela respondeu, imaginando logo em seguida Belle em um vestido de princesa. Belle apenas riu com a resposta dela, fazia tanto tempo que ela não ia a um baile ou que usava um vestido de baile, não poderia negar que adoraria poder reviver isso novamente, mas esperaria pela ocasião certa. - "Posso te buscar na sua casa, então?" – Continuou Ruby.

"Claro. Já estou te esperando!" – Belle respondeu animada. Queria muito conhecer todos os pontos possíveis da cidade, embora ela não tivesse dúvidas de que sua biblioteca e o Café da Vovó sempre seriam seus lugares favoritos em Storybrooke. Ruby também ficou animada, confirmou mais uma vez que a buscaria em sua casa por volta das dez da noite, e saiu em seguida para atender um cliente, deixando Belle sozinha para terminar seu café da manha.

Belle ficou observando enquanto ela se afastava e por algum motivo ela elevou todas suas expectativas para esse encontro: não fazia a menor ideia do que encontraria por lá, mas entrou na vibe de Ruby sem ao menos perceber. Talvez a noite de fato fosse ser ótima, ela pensou. E sem querer transformou a animação em ansiedade e a vontade de se divertir em medo de odiar o lugar a ponto de decepcionar Ruby. Tentou então deixar esses pensamentos de lado assim que percebeu que estava muito atrasada para abrir a biblioteca. Deu um ultimo gole no seu café e foi embora, se despedindo de Ruby apenas com uma troca de olhares.

-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

"Acho que eu não escolhi bem meu vestido." – Belle disse, assim que entrou no carro de Ruby. Ela havia escolhido um vestido preto, um pouco mais curto do que usualmente ela escolheria. Pensou que o preto combinasse mais com a ocasião, mas odiou a cor, não tinha nada a ver com ela. Deixou seus cabelos soltos e passou apenas um batom vermelho não muito escuro. Ruby olhou para ela, assim que ela se acomodou no banco do passageiro, analisando bem cada detalhe, guardou para si alguns comentários e apenas respondeu que ela estava ótima.

"Tem certeza?" – Belle perguntou preocupada. Não que ela tivesse algum problema com a sua aparência, mas ela realmente não estava sentindo-se nada à vontade com aquele vestido. Principalmente agora que ela estava sentada e percebeu que assim que cruzasse as pernas tudo ficaria muito mais constrangedor. Ruby apenas confirmou que sim com a cabeça, saindo em seguida com o carro. - "Você está ótima também." - Belle disse reparando bem em Ruby agora e percebeu que a palavra ótimanão conseguia descrever nem 5% do quanto ela estava linda naquela noite.

"Ah, qual é! Não se preocupe com isso. Você está linda! Nós duas arrasaríamos até sem roupa! A única coisa com o que você deveria se preocupar esta noite é com o fato de que eu sou uma péssima motorista, não com as suas pernas!" – Ruby disse, rindo na ultima parte. Ela disse isso, pois queria que Belle se sentisse à vontade, porque a verdade era que Ruby conseguia ser péssima em muitas coisas, mas não na direção.

"Na próxima vez a gente tenta sem roupa, então, acho que eu me sentiria mais à vontade do que com esse vestido." – Belle respondeu, desistindo de tentar ajeitar seu vestido e tentando curtir a vista pela janela do carro. - "Quer dizer, eu já estou me sentindo quase sem roupa mesmo" – Ela continuou, brincando.

Mas Ruby não conseguiu levar apenas na brincadeira, ela realmente pensou a respeito. Chegou até a imaginar a cena e logo em seguida sentiu suas bochechas corarem. Sabia que isso seria algo que Belle poderia notar. Então tentou rapidamente apagar esses pensamentos, passando a mão pelo rosto logo em seguida, como se isso fosse deixa-la menos vermelha.

A viagem então se seguiu assim: com as duas em silencio o caminho inteiro. Não era tão longe a ponto de tornar o silencio muito constrangedor entre elas, mas era longe o suficiente para que as duas começassem a sentir falta uma da voz da outra. Porém, nenhumas das duas resolveram quebrar o silêncio. Belle não disse nada, pois estava adorando poder ver todos os lugares que ainda não tinha visto em Storybrooke e Ruby porque se ouvisse a voz de Belle novamente, provavelmente aqueles pensamentos de antes voltariam à tona. E ela estava tendo muito trabalho pra não pensar naquela cena.

Não demorou muito e elas já estavam na porta do Clube. Ruby estacionou o carro e caminhou com Belle para a porta de entrada. Não tiveram problema nenhum pra entrar, apesar da grande fila que se formava na entrada. Aparentemente, Ruby era uma velha conhecida da casa e simplesmente foi entrando como se dominasse completamente o local. Antes de chegar próximo ao segurança, que estava controlando a entrada das pessoas, Ruby segurou a mão de Belle. Caminharam então de mãos dadas e assim que Ruby chegou próximo ao segurança ele se afastou, permitindo que as duas entrassem.

O lugar estava lotado, a pista de dança ficava no piso inferior, de modo que as duas teriam de descer uma escada. O saguão de entrada era uma espécie de sacada com duas escadas laterais com acesso ao andar inferior, onde ficavam: o bar, a pista de dança e ao fundo um palco onde o DJcomandava a festa. Era tudo escuro e ao mesmo tempo colorido, havia um jogo de luzes que fazia esse efeito na pista de dança. Para Belle era tudo muito esquisito, mas aparentemente estavam todos se divertindo, inclusive Ruby, embora tivessem acabado de chegar. As duas ainda nem tinham se mexido, estavam no saguão de entrada olhando tudo que acontecia lá de cima, Ruby estava esperando com que Belle se acostumasse ao local.

"E então?" – Ruby perguntou, virando-se para Belle.

"Realmente não é nada igual a um baile!" – Ela respondeu.

"Mas acho que você vai se divertir. Que tal agora você soltar minha mão e a gente descer até o bar?" – Ela disse sorrindo, olhando para a mão das duas. Belle não estava apenas segurando a mão dela, estava apertando tão forte como se Ruby estivesse caindo de um penhasco ou algo do tipo, e a única pessoa que poderia salvá-la era ela.

Na verdade, ela segurava a mão dela dessa forma porque ainda estava sentindo-se muito insegura desde que entrara no carro. E quando Ruby segurou sua mão, de repente toda a insegurança desapareceu. E apesar do lugar em que elas estavam fosse completamente estranho para ela, naquele instante não era mais. Enquanto Ruby segurava sua mão tudo parecia normal novamente.

Segurar a mão de Ruby a fazia se sentir em casa, se sentir segura. Como se elas nunca tivessem saído do Café, como se esse simples gesto fosse capaz de quebrar até mesmo a maldição mais forte. E talvez se as duas nunca se soltassem, poderiam até sair de Storybrooke sem que nenhuma das duas perdesse a memoria. E mesmo que perdessem, Belle tinha a certeza de que sua mente daria um jeito de trazer Ruby de volta para ela. De volta para sua mente e para seu corpo, que agora já não sabia mais como era ficar longe dela.

Mas mesmo assim Belle soltou sua mão e a observou enquanto ela descia as escadas indo em direção ao bar. E no primeiro instante Belle não conseguiu ir atrás dela, parecia que seu corpo já não mais obedecia a suas vontades. Ela também já não ouvia mais nada ao redor e ela sabia o quão barulhento estava aquele local. Ainda assim tudo que ela ouvia era um som abafado. Seu corpo já não mais pertencia a ela. Seus sentidos já não mais pertenciam a ela. Ela queria pensar em outras coisas, queria ouvir os sons ao seu redor, queria poder caminhar novamente.

Mas só conseguia pensar em uma coisa: "O que é isso que eu sinto por Ruby?"

Em algum momento ela conseguiu retomar o controle de seu corpo e a seguiu, acompanhando-a até o bar. Sentou-se no banco próximo a ela e a ouviu enquanto Ruby falava. Mas apenas concordava com tudo o que ela dizia sem prestar muita atenção de fato, pois na verdade ela não conseguia mais se focar em nada. Pegou uma taça de uma bebida de cor muito suspeita que foi colocada para ela pelo barman, deu um primeiro gole e cuspiu a bebida logo em seguida, fazendo com que Ruby risse dela por um instante. Mas no instante seguinte Ruby estava em pé ao lado dela com um ar de preocupação.

"Desculpa." – Ruby disse com um tom de voz extremamente arrependida. – "Eu devia ter dito que era muito forte." – Ela tirou em seguida à taça da mão de Belle e pegou um guardanapo do balcão, o levando na direção dos lábios de Belle, que a impediu assim que percebeu a intenção dela.

"Você não precisa fazer isso." – Belle disse gentilmente, segurando o braço dela e o afastando de sua boca. Ruby então trouxe o braço para si, fazendo com que ela o soltasse.

"Sei que não preciso. Mas eu quero." – E dizendo isso, Ruby se aproximou dela, de uma forma tão abrupta que ela não soube como reagir. A única reação que ela teve foi de se virar no banco em que estava, de modo que ficasse de frente com Ruby.

O que aconteceu em seguida Belle nunca conseguiria descrever ao certo, porque o que antes já estava muito confuso ficou cada vez mais. Ruby havia se aproximado completamente de Belle, parando apenas quando as pernas dela criaram uma barreira física, impedindo que ela se aproximasse mais. Mas Ruby fez com essa barreira fosse quebrada, colocou uma de suas mãos sobre o joelho de Belle e o empurrou gentilmente, fazendo com Belle cedesse.

Ruby então se encaixou perfeitamente entre as pernas dela, que se abriam lentamente a medida que ela se aproximava. Ruby a olhava tão profundamente que Belle sentia-se como se tudo a sua volta se fundisse naqueles olhos verdes. E então tudo ao redor se tornou vermelhoe Belle já não mais sabia se queria que o mundo voltasse a ser da cor que era antes.

Com a mão que ainda segurava o guardanapo, Ruby foi em direção aos lábios dela. E percorreu cada centímetro daqueles lábios, embora não houvesse necessidade alguma. Belle havia apenas respingado um pouco da bebida no canto da boca, mas ela não conseguiu parar uma vez que havia começado. Ela estava tão concentrada naquilo, passando gentilmente aquele pedaço de papel nos lábios de Belle, como se fosse possível sentir o sabor que eles tinham apenas com esse gesto. Enquanto ela fazia isso não tirou os olhos daquela boca por nenhum segundo, nem percebeu que Belle fazia o mesmo.

Quando Ruby então se deu conta do que estava fazendo, já havia tirado por completo o batom que Belle usava, mas ainda assim não queria parar. Na verdade parecia que ela nem havia começado. Mas de qualquer forma ela abaixou o braço e se afastou de Belle, quebrando aquele perfeito encaixe. E agora não era só nos lábios de Belle que ela reparava, mas sim em seu rosto inteiro. Ruby então pensou na primeira vez que a viu, de como ela parecia sozinha, de como ela parecia perdida. De como ela sentiu vontade de simplesmente correr até ela e a abraçar, pois simplesmente parecia que ela precisava de um abraço. De alguém. E talvez ainda precisasse, mas será que Ruby poderia ser esse alguém?

Belle foi a primeira a quebrar o contato visual, abaixou o olhar por um instante enquanto passava a mão nos cabelos. Ruby se afastou mais então, tão desconcertada quanto ela, mas permaneceu parada onde estava ainda olhando para Belle, que mantinha a cabeça um pouco abaixada, olhando fixamente para o chão.

Fitava o chão por vergonha, criando coragem ou talvez até pensando. Pensando se era muito errado sentir toda essa confusão de sentimentos, desejos e vontades que passavam por ela tão rápido como um trem chegando a sua estação final. E que se ela não se segurasse no pequeno fio de razão que ainda restava na sua mente repleta de pensamentos plantados sem querer por Ruby, ela seria levada para esse mundo que uma vez ela conheceu tão bem.

Um mundo o qual Rumple lhe apresentou, mas que pra chegar até esse mundo ela teve de enfrentar todos os seus medos, toda sua solidão e uma fera.Acontece que agora ela se perguntava se teria valido a pena todo o sofrimento apenas para ganhar umticketpara esse mundo tão incerto chamado: Amor. Perguntou-se se o que sentiu uma vez por Rumple foi amor de fato. Se a fera que uma vez ela pensou ter domado era de fato a fera destinada a ela. Talvez não fosse. Ela desejou que não fosse. Elevou o olhar e encontrou uma Ruby confusa e ansiosa ao mesmo tempo. E o olhar de Ruby entregava que aquele toque e aquela aproximação não tinham sido de todo modo impensado.

De fato não foi. Talvez Ruby não tivesse a intenção de alguma forma provocar Belle, ou muito menos a loba dentro dela teve essa intenção. Mas feras são assim. Movidas por instintos e vontades das quais não são capazes de controlar totalmente. Ruby podia pensar que controlava totalmente a fera dentro de sim, mas não o suficiente pra conseguir controlar cada vontade, principalmente quando tanto ela quanto a fera queriam a mesma coisa.

E foi por isso que ela se aproximou tanto de Belle, buscando por algo que há muito tempo sua fera buscava: alguém que a entendesse. Que acalmasse as duas almas que a habitavam, que dissesse mais do que frases do tipo: "Estarei do seu lado.". Mas que ficasse de fato, que ficasse com ela em seu castelo tão escuro e sombrio. Mesmo nas horas mais difíceis em que até sua própria aparência natural de fera chegasse a ser repugnante para ela mesma. Mas que mesmo assim ficasse.

Então ela lembrou quando a cidade inteira estava atrás dela, caçando-a, tentando acabar de vez com o monstro que ela era. Mas mesmo assim ela quis ficar ao seu lado e teria ficado quantas vezes fosse necessária se ela tivesse permitido. E Ruby nem tinha a certeza se seria capaz de controlar sua própria fera, mas ainda assim ela quis ficar. Talvez por que ela tivesse muita confiança em Ruby, ou talvez por que ela soubesse algo que ela só percebeu agora: que sua fera já estava completamente dominada por Belle e sempre esteve. E por esse motivo a fera dentro de si jamais poderia machucá-la.

Pode ser que tudo isso tenha começado na primeira troca de sorriso, ou na primeira troca de olhares. Talvez. Mas o fato é que era aLua que havia traçado o caminho daquelas duas almas. E mesmo que houvesse mais uma maldição entre elas e mil anos de espera, a Lua ainda assim acharia um jeito de unir as duas.

"Desculpa." – Ruby começou a falar, pedindo desculpas pela terceira vez no dia. – "Mas há muita beleza na sua alma e muita inocência. E eu não posso jamais fazer isso com você." – E dizendo isso ela foi embora, deixando Belle confusa sentada no bar a vendo subir as escadas e desaparecer pela porta de saída. Belle levou alguns minutos pra criar coragem e ir embora também, e enquanto subia as escadas em direção à saída ficou imaginando se ela estaria esperando-a para ir embora. Mas ela não estava lá. Ela havia indo embora sem ela.

Havia um táxi a alguns metros dali, ela caminhou até ele. O taxista estava em pé encostado no carro, abriu uma das portas traseiras para ela assim que ela se aproximou, ela agradeceu e entrou no carro. - "O senhor poderia me deixar-" – Belle começou a falar, mexendo na pequena bolsa que levava consigo, porém não completou a frase. O taxista completou para ela: - "Sei onde fica. Ruby já havia me dado o endereço um pouco antes da senhorita sair. E não se preocupe, já está paga a corrida." - Belle agradeceu. Ela não queria que a noite tivesse terminado dessa forma, mas ela simplesmente não podia sequer imaginar que de uma hora pra outra Ruby se tornaria algo tão forte dentro dela. Pela manhã a ansiedade que ela sentia quando se encontrava com Ruby no Caféera porque ela era capaz de preencher o vazio que ela sentia ao acordar. Mas agora já não era mais ansiedade, era quase uma necessidade, pois agora ela sabia que não era só sua solidão matinal que Ruby podia curar e sim a solidão de uma vida inteira.