(Cap. 1) Capítulo 1
Tudo começou com os humanos, muitos deles, uma multidão. Edward era apenas um garoto quando tudo aconteceu, mesmo sendo tão novo ele sabia que aquele momento seria crucial para sua vida, aquele momento definiria o resto da sua existência e podaria seu maior sonho.
O ano era 1908. O local era a escola primaria de Chicago, mais precisamente na sala dos alunos da senhora Winters, onde a mesma se encontrava dispersa lendo um livro em sua cadeira. Era a hora de intervalo e seus adoráveis alunos de sete a oito anos se comportavam como condizia à época. Eram perfeitos cavalheiros e damas mirins.
La no fundo daquela sala se encontrava o nosso herói, com um livro nas mãos, sim nosso pequenino Edward aos sete anos já sabia ler e escrever como ninguém, sempre foi um prodígio, sempre teve essa facilidade extrema de aprendizado, mas como é de regra em qualquer tempo, ser diferente era errado, sendo assim o menino era solitário e encontrava conforto nos livros que lia.
Também é de conhecimento publico que aos sete anos muitas crianças já perderam a piedade e a meiguice, com a chegada dos oito anos o restante que faltava é convertido em caça ou predador. Vis criaturas cruéis e zombeteiras, figuras mirins dos preconceitos de sua época e de seus pais hipócritas. Sendo assim, mais uma vez nosso pequeno menino seria o alvo, levando em conta que seus pais não eram bem vindos entre a sociedade.
Seu pai era um simples caçador, sua mãe de família rica e respeitável, ela se perdeu na floresta certo dia e foi encontrada por ele, começaram um caso até que ela se descobriu gravida e teve de se casar. Foi um escândalo. Como era filha única e o pai a amava, ela foi apoiada e anos depois quando morreram deixaram toda a fortuna para ela. A sociedade os condenava, mas havia amor entre eles e Edward apesar de muito novo já aprendia a não se importar com opiniões maldosas.
O intervalo estava sendo em sala por que estava chovendo, ouviu-se um estrondo, parecia uma pequena explosão, foi o suficiente para desesperar a todos os alunos.
– SILÊNCIO. – Sr Winters disse cortante. – Todos quietos e sentados em seus devidos lugares, eu vou até lá para verificar o que aconteceu e quando eu voltar quero todos sentados e calados.
– Sim Sr Winters. Todos falaram em uníssono.
Assim que a professora saiu da sala o silêncio se instalou por alguns minutos, Edward abaixou as vistas para seu livro, não percebeu quando Phil Rives, um garoto gordinho de bochechas vermelhas levantou-se e trancou a porta da sala. Nesse momento Cam e sua trupe se levantam com sorrisos maldosos nos rostos.
Eram ao todo seis meninos, eram os mais velhos da turma, seu alvo de hoje? O pequeno menino de cabelos acobreados e olhos verdes, que descobriram recentemente a história pela boca dos pais.
– Edward. – Cam disse tirando o livro de sua frente e o jogando longe, quebrando uma das janelas. – Olha como você é desastrado, a professora realmente vai ficar furiosa quando descobrir que quebrou a janela da sala por pura birra.
– Mas foi você que arremessou o livro não eu. – O garoto disse firme.
– Eu? Você com certeza esta enganado não é pessoal? – Os outros garotos que estavam perto concordaram com a cabeça. – Viu, ninguém vai acreditar em você, nem se fosse a sua palavra contra a minha. Quem acreditaria no filho de uma mulher da vida?
Edward era extremamente calmo, sempre foi. Mas ao ouvir o garoto uma raiva incomum o tomou. Levantou-se e encarou o garoto mais velho e maior que ele.
– Retire o que disse. – O pequeno fala firme a ameaçador.
– E o que vai fazer seu anãozinho bastardo? – diz o outro lhe empurrando. Tudo aconteceu rápido. Edward da um soco em Cam que cambaleia e vê sangue sair de suas narinas. – Segurem esse desgraçado.
Os seis garotos rodearam o pequeno ruivo, enquanto um o segurava os outros batiam e se revezavam. Não aguentando ver aquela sena à pequena Ana sai sorrateiramente da sala a procura de algum responsável.
Do lado de fora um homem observa a sena sem que ninguém o perceba. Ele tinha cabelos loiros claros e olhos azuis profundos, vestia uma calça social e uma camiseta branca de botões com sapatos também pretos, vestimentas comuns para a época. Seu olhar é piedoso, ali naquele momento ele toma uma decisão que vai mudar a vida do pequeno menino para sempre.
Um clarão invade o céu e dele cai um novelo de lã, era um novelo razoavelmente longo, deveria ter uns 70 metros mais ou menos. Era de um marrom intenso, e sem muitos detalhes e adornos. Extremamente comum e poderia ser invisível em meio a tantos outros que ele próprio já havia visto em sua coleção.
Em determinado cumprimento do novelo ele toca o fio e faz uma prece. O solo estremece e o céu clareia. Em um passe de magica tudo para, os garotos a sua frente, os pássaros acima de si, o vento e até mesmo a chuva. Do sul surge uma mulher extremamente sexy com um vestido vermelho com preto que deixava seu busto ainda mais evidente, cabelos negros muito bem penteados, olhos violeta adornavam seu rosto de anjo. Do norte aparece uma garota, pouco mais nova que a outra, com aparência meiga e doce, seus cabelos castanhos mel caiam lisos sobre seu rosto de porcelana e seus olhos verdes vivos, usava um vestido azul com rosa que a deixava com mais cara de boneca do que já tinha.
– Por que nos chamou Tin? – Disse a menina com um sorriso, ela sempre estava sorrindo.
– Olhem a sua frente. – ele disse simplesmente. A reação de ambas foi distinta. A mulher olhou para o garoto e logo depois para o fio da vida dele e deu um suspiro. A menina olhava para a sena horrorizada e se agarrou ao braço o homem.
– Tin, você sabe que não pode salvar todos não é? – A mulher disse tocando o rosto do homem com ternura.
– Ele não é qualquer um Rity. Olhe atentamente para o fio. – ela olhou mais atentamente, e lá estava. Bem escondido em meio a todo aquele marrom, vermelho, ele tinha poder, mas para alcança-lo dependiam de uma ajudinha deles.
– Ele pode ser muito poderoso Rity, veja tem dourado também. – disse a menina olhando bem pertinho da lã. Seus olhos muito maiores do que antes.
– Vá com calma Ide, ainda não está decidido. – disse Rity para a mais nova.
– Vamos minha irmã, eu me apiedei do garoto e tenho planos para ele. – Tin disse sorrindo para a irmã e a outra pequenina também sorriu com os olhos pidões.
– Está bem, vocês vencerão, mas vamos subir agora e vai me contar direitinho o que tem planejado para esse ex-mortal, não acredito que estou perdendo mais um. – ela disse bufando, mas pós a mão na altura do fio que o irmão segurava, e teve o gesto imitado de forma mais entusiasmada possível por Ide. Depois de um prece muda conjunta o fio que antes erra marrom se tonou dourado, mas tinha adornos bonitos de vermelho vivo e marrom. – quem diria, pode-se tirar o humano da chatice, mas não se pode tirar a chatice do humano.
Todos riram e partiram dali. Um trovão ecoou e a sena voltou a vida.
O pequeno Edward sentiu uma dor no pequeno coração, ele não sabia, mas seu destino acabara de ser mudado de forma tremendamente brusca, mas ele não foi o único a sentir, com aquele ato os três grandes mudaram não só a vida do pequeno, mas sim de todos a partir daquele momento. Uma dor coletiva foi sentida, fazendo com que os brutamontes largassem o pequeno garoto que cai no chão ensanguentado.
Pela porta passa uma Ana esbaforida, trazendo ninguém menos que o Diretor Tomas. Ele fica horrorizado com a cena, em seus doze anos na direção nunca presenciou tal barbaria de seus alunos.
– Mas o que está havendo aqui? – Ele perguntou já sabendo a resposta.
– Diretor. Eu e meus amigos estávamos ajudando nosso colega a levantar-se, ele teve uma convulsão. – Cam respondeu tentando se fazer de inocente.
– Jura Sr Hiverton? Vendo esta cena eu imagino outra coisa, e com os relatos de sua colega creio que a presença de seus amigos e o senhor se façam necessárias na secretaria. – Ele disse e se aproximou do pequeno Edward que o olhou.
– Eu não tive culpa. – Balbuciou Edward fracamente sendo amparado pelo diretor. – Meu livro... – foram as ultimas palavras do pequeno garoto antes de desmaiar.
Naquele mesmo dia os pais dos alunos envolvidos foram chamados. Os seis agressores foram expulsos da escola. Assim como a professora Winters, ela depois de perceber que o barulho não tinha sido nada demais foi ao encontro do zelador para fornicar, foi pega pela pequena Ana e enxotou a garota para a sala mesmo depois de saber o que acontecia em sua sala.
Daquele dia em diante a admiração de Edward pelo Sr tomas só cresceu, eles passavam longas horas conversando. Os dias se passaram logo se foram os meses e os anos.
Edward terminou seu ensino médio com 16 anos, era o mais brilhante dos alunos. Foi para a faculdade de pedagogia em NY. Seus pais foram juntos, nessa época a gripe espanhola já se espalhava, mas eles escaparam deste destino cruel.
Formou-se com louvor na faculdade, já tinha 20 anos. Era tão jovem e tão brilhante. Voltou para Chicago e foi lecionar literatura, seu grande sonho. Foi lá que conheceu a doce Izabel, um doce de menina, morena de olhos castanhos, de família rica e tradicional. A pequena menina tinha 15 anos, Edward já havia completado seus 21 anos e já acreditava que era hora de se casar.
Cortejou a menina durante longos meses, seu casamento já estava marcado para dali a dois meses, os dias não poderiam ser mais felizes.
De longe três figuras acompanhavam sua vida, nunca abandonaram o rapaz um dia sequer. Rity sorria agora perversa, entendia o plano de seu irmão, depois de muito suborno agora ela estava mais que de acordo.
Tudo aconteceu em um dia comum. Faltavam duas semanas para o casamento. Edward havia convidado sua amada para um passeio no parque. Eles adoravam fazer passeios ao ar livre, entrei beijos roubados e juras de amor o dia foi passando, não se atentaram ao cair da noite. Os três grandes estavam ali, tinham se preparado por anos para ver aquilo, principalmente à pequena Ide, que era totalmente contra o modo como aconteceria, mas era necessário, ela se manteve abraçada ao irmão.
Foi quando os instrumentos chegaram, eles iam passar longe do casal, mas Rity foi até os dois vampiros que passavam ao longe na escuridão, os induziu a tomarem o caminho contrario, estava feito.
– Vamos embora meu amor. – sussurrou no ouvido de Izabel.
– Já anoiteceu, nem havia percebido. – ela da um sorriso para seu amado. Juntos começam a arrumar suas coisas para partirem.
Tudo aconteceu rápido, em um momento estavam sozinhos no seguinte dois homem estavam a suas vistas.
– Veja Lian, que belo casal tem aqui. – Disse o moreno para o loiro. – não deveriam andar pela sozinhos. Não se sabe o que se esconde na escuridão.
Sorriram de forma malévola, Edward já estava à frente de sua amada tentando a proteger. Foi inútil. Lian havia o jogado longe. Ele bateu contra uma árvore, um osso quebrado.
– Veja que beleza temos aqui Silas. – Disse Lian sorrindo de forma perversa. – ela ainda é pura, um desperdício mata-la dessa forma não acha?
– Concordo Lian. – ambos se aproximaram de Izabel que já tremia. Ela sabia o que eles eram, sabia o que aconteceria. Ela havia visto tudo.
– EDWARD. – o grito estrangulado saiu de sua de sua fina garganta, lagrimas já banhavam seu rosto.
Edward mesmo com a costela quebrada levantou-se e tentou defender seu bem mais precioso. Silas o segurou enquanto Lian rasgava as roupas de Izabel e a tocava. O humano se contorcia em desespero.
– Observe meu rapaz, vamos fazer o que nunca teve coragem. – Silas disse no ouvido de Edward enquanto Lian beijava o corpo de Izabel, que gritava cada vez mais alto. Até que ela disse algo que assustou até mesmo os três grandes que observavam tudo de perto.
– Por Favor, eu rogo, como filha da terra, filha dos anjos e do inverno, eu imploro a vós, aos três grandes, poupem meu corpo, poupem a minha alma e a de meu amado. Imploro-lhes como por perdão pelo passado e pela proteção futura. Como guardião do Norte eu te invoco. – Ela gritou a plenos pulmões a oração antiga que aprendera da avó.
Rity sorriu, agora ela iria a desforra, antes que pudesse sair do lugar Lian quebra o pescoço de Izabel e drena seu sangue diante do olhar estupefato de todos.
– Vamos acabe com o amante da bruxa, sabe que temos pouco tempo antes que eles apareçam. – Lian grita para Silas que morde Edward. Logo Lian se aproxima e o morde também.
Tin já saído de seu choque fica com raiva. Ele não esperava por isso. Ninguém ali esperava. O tempo para quando ele estende a mão ao céu de lá caem dois novelos enormes, ambos dourados, a única distinção entre os dois eram os adornos, um verde e o outro roxo. Pegando seu pequeno punhal corta ambos com fúria e olha para as irmãs.
Ide cobre o rosto escondendo seu choro. Rity sorri perversa e indo até os dois vampiros, puxa ambos do corpo de Edward que continua parado no ar da mesma forma de antes, como se ainda estivesse sendo segurado.
Rity descongela os dois vampiros, eles não conseguiam se mexer, mas viam e ouviam tudo, sabiam o que estava acontecendo e tiveram medo.
– Nunca se meta com uma protetora, essa regra é simples. – ela disse e começou a torturar a ambos, imagens de seus maiores medos se passavam por suas mentes, tudo que eles mais temiam, até que depois de tanto implorar pela morte ela arrancou o coração de ambos e invocou seus protegidos para leva-los para seu reino.
Enquanto isso Ide se encaminhou até Izabel, eles enviaram os protetores a terra, eles deviam protegê-los, chorou pela pequena garota, ela deveria estar sendo iniciada ainda, por isso não a conhecia. Não importava o motivo, agora seria remediado.
– Pequena alma me escute, venha comigo querida, sua hora ainda não havia chegado, seu proposito ainda não foi alcançado, venha a meu reino e renasça pequena pureza. Venha comigo. – Ide sussurra docemente perto do ouvido do cadáver. Um manto rosado começa a se levantar do corpo, Ide chora mais ainda ao ver que era alma de guardião. Pega o pequeno espectro entre os braços e o encaminha até a floresta onde outro espectro de luz a esperava, entregando o pequeno manto rosado ela se volta para os irmãos.
Tin tinha ido até Edward, o rapaz era responsabilidade dele. O pegou nos braços e o levou até o fundo da floresta, deu ordens aos seus que fossem procurar o escolhido para cuidar do jovem. O deixou em uma caverna coberta de folhas e voltou para onde as irmãs se encontravam. Todas haviam acabado seus trabalhos, cada um se encarregando de sua função. Tin ergue a mão e descongela o tempo. Os três se olham com ternura e partem.
Não foi necessário usar palavras, cada um sabia o que tinha de ser feito, agora só havia uma única mudança, que eles tinham de concertar. A pequena Izabel merecia isso.
