Jennifer Watson, uma mulher de 28 anos, nascida e criada em Lawrence no Kansas, vivia atualmente em Portland no Oregon, sempre esteve ligada ao mundo sobrenatural graças a sua avó Lilian que era vidente e seus pais que eram caçadores, Jennifer tinha apenas Lilian como parente mais próximo, mas ela não reclamava, sua avô cuidou e amou Jennifer com tudo o que ela tinha, e por isso Jennifer agradecia.

Apesar de estar ligada a esse mundo obscuro que poucas pessoas conheciam, Lilian fazia de tudo para não se envolver em nada que tivesse haver com coisas sobrenaturais.

Os pais de Jennifer morreram quando ela tinha 15 anos de idade em uma caçada por demonios, desde então ela mora com a sua avó, e foi a sua avó que lhe explicou tudo de mal que existe lá fora, a ignorância seria muito perigosa para Jennifer.

A sua vida permaneceu pacata até que algo terrível aconteceu.

- E essa é você com 3 anos de idade.

Disse Lilian pra sua neta enquanto olhava sonhadoramente pra foto em que a pequena Jennifer estava sentada na cama segurando seu ursinho favorito.

- Nugget, eu me lembro desse urso. - Jennifer lembrou com um sorriso nostálgico no rosto.

- E como não iria lembrar, você andava com ele grudado no seu braço o tempo todo, era quase impossível tira-lo de você.

Jennifer riu, Lilian continuou passando as fotos quando chegou em uma foto que foi tirada pouco antes dos pais de Jennifer morrerem.

- Meu aniversário de 15 anos, esse foi um dos melhores dias da minha vida - Ela fungou o nariz enquanto virou o olhar pra parede mais próxima – Se eu soubesse o que iria acontecer pouco tempo depois disso.

- Eu que deveria ter sabido, do que adianta ser vidente se as visões não acontecem quando eu realmente quero?.

Lilian zombou tristemente com um pouco de raiva em seu tom, Jennifer olhou pra sua avó com um olhar suave.

- Vovó, não foi culpa sua, você não pode controlar quando uma visão vai acontecer, vai ver não era pra termos impedido, talvez eles tivessem mesmo que...

Ela não conseguiu terminar, mas estava óbvio o que ela iria falar, mesmo depois de tantos anos, a morte de seus pais ainda não foi superada, a ferida ainda sangrava.

- Me senti tão impotente, eu fiquei anos com isso na cabeça. - Lilian mencionou e Jennifer franziu a testa em questão.

- Isso o que?.

- Que eu poderia ter impedido.

Lilian revelou e Jen suspirou.

- Vovó...

- Eu sei, sei que não posso controlar, agora não adianta mais, temos apenas que seguir em frente, tentar esquecer, mesmo que seja tão difícil.

- É, pro nosso próprio bem.

Jen beijou a bochecha de sua avó e subiu pro seu quarto pra dormir, deixando Lilian sozinha com seus pensamentos.

Lilian estava sentada na mesma poltrona por 2 horas seguidas, as lembranças do passado voltando como uma grande onda e a levando pra um mar de pensamentos.

Poderia ter impedido

Mas Lilian sabe que não podia, e isso é o que mais a frustra, saber que podia mais não podia ao mesmo tempo.

Ter sua neta na sua vida era uma bênção, Jennifer era a neta que qualquer avô ou avó iria querer, ela era doce, amável, mais também era protetora e fiel a quem ama, qualquer um teria muita sorte de tê-la na sua vida.

A perda de seus pais fez a menina ter medo do mundo, por isso ela nunca deixou a sua avó, por isso elas ainda moram juntas, mesmo Jennifer sendo uma mulher adulta, que poderia estar casada agora é tendo muitos filhos lindos parecidos com ela.

Lilian tentou muito fazer Jen sair e namorar, mais ela nunca quis, e Lilian não queria que Jennifer remoesse o passado pra sempre.

Lilian foi retirada de seus pensamentos quando sentiu algo familiar se aproximando, dessa vez parecia mais forte que a fazia querer vomitar, uma visão.

Visão ON

Toc, toc, toc.

Uma batida na porta fez Lilian estranhar, ela olhou pro relógio e viu que era 10: 45 da noite, ela de vagar foi até a porta e a abriu.

Ao abrir ela se encontrou com um homem de aparência jovem e um sorriso no rosto.

- Posso ajuda-lo?

Ela perguntou e não pode deixar passar o sentimento de medo que estava se formando em seu interior.

- Podemos dizer que sim, estou procurando Jennifer Watson, conhece?

Ele perguntou tranquilamente enquanto olhava pra Lilian, ela podia sentir a Frieza de seu olhar enquanto a encarava e isso realmente a incomodava.

- Porque pergunta?

- Nada especial, eu apenas quero mata-la.

Lilian congelou quando viu os olhos do homem rapidamente se tornarem pretos, o sorriso cruel e zombador petrificado em seus lábios.

- Você não vai encostar na minha neta sua abominação.

Lilian o encarou corajosamente pro demônio na sua frente, ninguém iria machucar sua neta, não enquanto Lilian pudesse impedir.

- Sinto muito, mas não é você que me interessa.

Em um segundo Lilian estava parada em frente a porta e no outro ela estava sendo jogada do outro lado da sala caindo em cima de uma mesa de vidro, ganhando cortes em diversas partes do corpo.

Visão OFF

A visão passou pro quarto de Jennifer onde Lilian pode ver Jen se levantando rapidamente e correndo pra sala.

- Não Desça Jen, por favor.

Lilian sussurrou pra si mesma enquanto a cena se desenrolava sem que ela pudesse impedir nada.

Visão ON

- Vovó, você está bem? Eu ouvi um barulho aqui em ... VOVÓ.

Jen gritou quando viu sua avó jogada no meio de cacos de vidro e com muitos cortes pelo corpo.

- Jen, fuja daqui, AGORA.

-Oque? Não eu...

Foi quando ela viu outra pessoa na sala, um homem, ela rapidamente correu pro lado de sua avó.

- O que você quer, por favor nos deixe em paz. --Jennifer gritou pro homem, mais ela também acabou sendo jogada por uma força invisível e super humana que a fez perder os sentidos.

- JENNIFER.

Sua avó gritou enquanto tentava se levantar mais não podia.

- Por favor deixe-a em paz, ela não tem nada haver com isso.

- Como não? Ela é filha de Adam e Amélia Watson certo? --O demônio perguntou ainda mantendo um tom que a fazia um tremor na espinha.

- Não – Ela sussurrou enquanto sentia lágrimas surgirem em seus olhos – Foi você que os matou.

Ela sentiu o ódio ferver por dentro e tudo o que ela queria era mandar esse maldito demônio direto pro inferno.

- Bem tecnicamente foi eu, mas eu estava com outra aparência quando fatiei os dois, você sabe.

- SEU DEMÔNIO DESGRAÇADO.

- Olha o tom sua velha, se você se comportar eu mato você primeiro assim você não vai ter que ver sua querida netinha morrer na sua frente.

Ele zombou com um sorriso sádico se espalhando pelo rosto desse pobre homem que ele está possuindo.

- Porque está fazendo isso? Não basta ter matado os pais dela e agora quer mata-la?

Ela perguntou tentando manter a calma enquanto via o demônio andar até a sua neta desacordada.

- Bom eu não teria que ter esse trabalho, se aqueles dois idiotas não tivessem me mantido preso e me torturando POR 5 FODIDOS DIAS. – Ele gritou a última parte fazendo Lilian se encolher onde ela estava deitada impotente – Mais sabe o que? Agora eu posso me vingar, eu jurei que quando eu me libertasse eu mataria os dois e depois mataria a pessoa mais importante da vida deles, e foi difícil mais eu finalmente a encontrei e olha, ela já é uma mulher adulta, Hum a vida passa voando não é mesmo?

- Por favor deixe ela em paz, me mate no lugar dela, por favor.

Lilian implorou ao demônio claramente sem sentimentos, ela podia sentir lágrimas escorrendo por suas bochechas e ela não ligava, se se humilhar vai salvar a vida de sua neta ela fará.

- Não se preocupe, você vai também. --Ele riu o que fez Lilian ainda mais desesperada.

- Por favor me mate e deixe a minha neta em paz eu imploro.

O demônio lhe jogou um olhar de tédio enquanto ele se aproximava de Lilian com uma faca estranha que ele tinha tirado do cinto.

- Nossa como você é chata, tá bom, você vai primeiro.

Ela não teve tempo pra reagir quando sentiu o demônio enfiar a faca incrivelmente pontuda em seu abdômen, a dor que ela sentiu não tinha dimensão, era insuportável.

Com o grito de Lilian, Jen acordou desorientada e quando viu pra sua avó ela soltou um grito de pânico enquanto corria pra ela.

- NÃO, VOVÓ NÃO.

Lilian ainda estava acordada, ainda podia ver a sua neta chorando rios de lágrimas.

Ainda pode ver quando o demônio esfaqueou Jennifer por trás.

Visão OFF

- NÃOOO

Lilian gritou no topo de seus pulmões, Deus isso iria acontecer, não, não não.

-Não, Não, Não...

- Vovó ei, ei o que aconteceu, o que você tem? - Jen perguntou definitivamente horrorizada pelo estado de sua avó.

Lilian se encontrou de volta no mundo real e viu o olhar em pânico de sua querida neta, ela não podia dizer a Jennifer o que ela viu, Jennifer iria querer entrar no meio e sua visão iria se concretizar, Jennifer jamais deixaria o lado de sua avó, Lilian olhou pro relógio e viu 10:21, ela ainda tinha alguns minutos.

- Nada, acho que tive um pesadelo.

Ela tentou parecer o mais calma possível enquanto tentava um pequeno sorriso que mais parecia com uma careta.

- Quer que eu pegue alguma coisa pra você?

Jennifer perguntou devagar e Lilian acentiu em já sabia o que iria fazer, isso era pro bem de sua neta, ninguém iria machuca-la, não no seu horário.

- Na verdade eu gostaria daqueles bolinhos que eu gosto, se você não se importasse de ir comprar pra mim.

Jen franziu o cenho.

- Mas vovó, a essa hora está tudo fechado.

Jen tentou argumentar mais a sua avó estava relutante.

- Tem aquele mercado 24 horas que você sempre vai a noite quando sente fome.

- Mas ele é pelo menos 20 minutos de carro pra ir e 20 pra voltar ... Tudo bem, só porque é pra você.

Jen sorriu e pegou um casaco e as chaves do carro, antes dela sair pelo porta Lilian correu e abraçou a sua neta o mais apertado que conseguiu, esse era o jeito dela se despedir se as coisas dessem errado.

- Vovó, pra que isso?

Jen perguntou com um sorriso carinhoso pra avó que sorriu de volta.

- Apenas, tenha cuidado, eu amo você.

Ela disse fazendo o máximo pra esconder as suas emoções, se ela começasse a chorar agora Jennifer perceberia que tem algo de errado e não iria sair, e Jennifer não podia estar aqui quando tudo fosse acontecer.

- Eu também te amo.

Ela sorriu e saiu, Lilian ficou na porta vendo sua neta desaparecer na escuridão da noite quando deixou as lágrimas a tomarem sem controle.

- Adeus querida.

Nesses poucos minutos que tinha de tempo Lilian chorou e chorou mais ela sabia que estava fazendo a coisa certa, Lilian já tinha 64 anos, ela acha que já viveu o suficiente, Jennifer por outro lado ainda tem muito pra viver, ela ainda tem que se casar e ter filhos, ela tem que ter a sua própria família.

Lilian deixou uma carta em cima do travesseiro de Jennifer, explicando por que ela fez isso e mandando Jen tomar cuidado e fugir pois tinha algo que a estava perseguindo, a carta também dizia pra ela procurar por um caçador chamado Bobby Singer, ele saberia como ajudar.

Ela segurava o livro de exorcismos nas mãos, enquanto lia as palavras que já leu tantas vezes mais com a idade foi começando a esquecer, depois da morte de sua filha e de seu genro, Lilian fugiu com sua neta, ela não queria que acontecesse o mesmo com Jennifer, então ela a criou totalmente fora desse mundo sobrenatural, apesar de Jen saber muito sobre as coisas que tinham no escuro.

Ela leu e leu até as palavras entrarem na sua mente, sua memoria não era mais a mesma e ela torcia pra não esquecer quando estivesse mandando o bastardo pro inferno.

Quando deu 10:45 alguém como esperado bateu na porta.

Lilian não tinha medo de morrer mas ela tinha medo que sua neta morresse tão jovem, ela não podia deixar isso acontecer.

Ela corajosamente foi até a porta e a abriu, o mesmo homem estava parado com o mesmo sorriso de sua visão, Lilian não perdeu tempo e começou a falar o exorcismo.

- Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas, omnis incuriso infernalis adversarii, omnis legio, omnis congredatio et secta diabolica...

O demônio que se contorcia na sua frente sorriu diabolicamente quando percebeu que Lilian esqueceu o resto do exorcismo.

Droga, maldita memória.

- Oh sua velha você está tão morta.

Foi quando ela sentiu, a mesma dor tão intensa ou mais intensa que a sua visão, o demônio ria muito enquanto olhava pra Lilian que não perdeu sua determinação mesmo as portas morte.

Ela caiu de joelho e pra surpresa do demônio, Lilian continuou com o exorcismo fracamente.

- Ergo, Perditionis venenum propinare. Vade Santana, inventor et Magister omnis fallaciae...

Ela continuou enquanto tentava se manter viva por amor a sua neta, o demônio se contorcia de dor na sua frente e quando Lilian não pode mais ficar acordada, viu o demônio fugindo do corpo do homem possuído que caiu desossado no chão.

O mundo começou a ficar escuro e ela pode ouvir a voz do homem que estava possuído possivelmente apavorado por tudo o que tinha presenciado, a sua voz estava ficando distante e Lilian deu um último sorriso pois sabia que a sua neta estava segura. Por enquanto.

TBC