Aviso! Fic para os Gundamaníacos hardcores, porque está fazendo referências quase diretas às novels recentes.

Disclaimer: Katsuyuki Sumisawa, Y U NO STOP MAKING HEERO AND RELENA FIGHT? THEY ARE IN LOVE AND WILL HAVE CUTE LITTLE SOLDIER-ROYALTY KIDS.


Ele estava apontando uma arma em sua direção. Aquela não era a primeira vez que aquilo acontecia.

- É tudo uma ilusão, Relena.

Assim como em todas as vezes anteriores em que haviam repetido aquela dança – com a arma, a ameaça, e a completa falta do medo que ela deveria estar sentindo, porque é claro que ele tinha toda a intenção de puxar o gatilho – os olhos azuis de Heero estavam frios, como o Espaço. Um vácuo cheio de estrelas, em constante crescimento.

Com as mãos entrelaçadas diante do ventre, Relena não se moveu um milímetro sequer. Não havia sentido, ou necessidade. Aquele uniforme que usava era confortável, porque ela havia aprendido sentir-se bem dentro dele e de todos os outros que vestira antes. Também não estava cansada, não estava com fome, e certamente não estava com medo.

Mas deveria.

- Pensei que era Wu Fei quem gostava de falar em charadas, Heero. – retrucou.

Talvez se eles ainda fosse os jovens de dezesseis anos que tinham sido décadas atrás, e não essas mentes velhas presas em corpos adolescentes, a única resposta que Relena receberia fosse o click do gatilho sendo engatado. Mas os dois haviam passado por muita coisa juntos, e Heero considerava Relena importante o bastante para se dignar a expor o que pensava em palavras.

Não que fosse necessário. Relena o conhecia bem o suficiente para saber o que ele estava pensando. E amava-o o bastante para não se sentir traída. Afinal, ele já havia apontado uma arma em sua direção, outra vez.

- A paz. É uma ilusão.

Relena suspirou.

- Eu sei. – concordou.

Só ela teria percebido que ele ficara surpreso com a resposta, caso houvesse mais alguém além na sala de comando da nave.

Heero esperou, porque sabia que ela nunca deixava de argumentar o que achava ser a verdade.

- Mas nós, eu, você, todos nós, somos humanos, Heero. – ela sorriu, aquele sorriso que escondia os dentes, comedido e charmoso; aquele que ela sorria só para ele. – E, como humanos, precisamos de sonhos.

O grande painel de vidro que mostrava o espaço sideral do lado de fora também refletia a imagem dos dois, de pé, um diante do outro, dos lados opostos de uma guerra. Mesmo usando o uniforme militar, Relena ainda era a adolescente que o sono criogênico mantivera adormecida por mais de vinte anos. Heero também, exatamente igual ao que fora antes de ser congelado em uma capsula e armazenado como um plano de back up.

Os dois estavam sendo usados, e sabiam disso.

Heero fechou os olhos. Seu corpo continuou rígido, e pronto para ação. A arma, firme, apontada para o coração dela, como sempre.

- Eu estou tão... Cansado.

Relena deu um passo à frente. Quando o cano da arma encostou-se em seu peito, ergueu uma mão para tirá-lo, gentilmente, do caminho, sem encontrar resistência. Baixou a cabeça e encostou a testa no ombro dele, onde podia sentir o cheiro nostálgico de pólvora e combustível.

- Eu também.