O ÚLTIMO ATO
Disclaimer:Saint Seiya não me pertence, mas sim a Masami Kurumada. Esta fanfic não possui fins lucrativos.
Sinopse: Ikki Amamiya é um advogado bem sucedido, que esconde de sua família a verdade sobre sua opção sexual. Até que após uma noite de fuga da realidade, sua vida muda para sempre. Ikki x Hyoga, Universo Alternativo/Yaoi/Lemon.
Avisos: 1) Esta fanfic é Universo Alternativo. Portanto fatos, idades e ambientação da história foram alterados, além de alguns personagens estarem um pouco ooc.
2) Contém Yaoi e Lemon, ou seja, amor e sexo entre homens. Se você não gosta, por favor, não leia.
Beta: Não consegui encontrar nenhuma beta disponível, então me desculpem pelos possíveis erros.
ATENÇÃO: Vocabulário pesado. Proibida para menores de dezoito anos.
CAPÍTULO UM – THE BRIEF ESCAPE
Pov Ikki
O mês de janeiro sempre marcava o início do inverno ateniense. Nunca gostei muito dessa época. As noites frias e chuvosas sempre me desestimulavam a sair de casa e até os moradores menos pacatos preferiam permanecer no conforto de seus lares. Nesta noite em particular, em que a temperatura não passa dos cinco graus e uma pesada chuva insiste em cair sobre a cidade, as ruas de Atenas mais parecem o cenário de um filme de horror, de tão escuras e vazias.
Mesmo não sendo o clima perfeito para sair por aí sozinho, esta noite não pude ficar em casa. Silêncio demais me incomoda. A solidão por muitas vezes foi um refúgio, mas não é o que tem acontecido ultimamente. Todas as vezes que fico sozinho em meu luxuoso apartamento, sinto-me mais fraco, incapaz de continuar levando a vida mentirosa que idealizaram para mim.
Hoje é mais uma dessas noites solitárias, com a diferença de que fui mais fraco que o normal. Esta noite eu sou incapaz de reprimir os meus desejos e é justamente por isso que estou aqui, dentro do meu carro, estacionado em um bairro nobre bem próximo ao centro da cidade.
Li mais uma vez o cartão preto em minha mão e olhei pela janela, para me certificar de estar no local certo. Clube Millenium, era como o lugar se chamava, apesar de não haver nenhum letreiro chamativo na entrada. O tal clube era muito discreto e eu gostei de saber disso, esta noite eu precisaria de toda a discrição possível. Diante da requintada porta de madeira, havia dois homens conversando e pelo uniforme, certamente eram manobristas.
Guardei o cartão no bolso do meu blazer e acendi um cigarro. Ainda não tinha coragem de descer do carro e isso me fez rir como um idiota. Quem diria! O grande Ikki Amamiya, advogado renomado e temido, estava apavorado com a simples idéia de entrar naquele clube privado.
Tentando recuperar a usual frieza que aprendi na faculdade de direito, traguei meu cigarro devagar, concentrando-me apenas no ar entrando e saindo de meus pulmões. Então me lembrei de que esse é mais um de meus segredos, pois minha conservadora família não podia nem sonhar que eu andava fumando. Geralmente consigo controlar o impulso de fumar, principalmente quando sei que vou encontrá-los. Mas essa noite preciso de uma dose extra de coragem e qualquer ato de rebeldia que me ajude é muito bem vindo.
"Ok, Ikki! Saia desse carro e entre naquele clube ou volte pra casa! Não dá pra ficar parado aqui a noite inteira!", pensei.
Com esse ultimato, enchi-me de uma repentina coragem e saí do veículo. Entreguei as chaves ao manobrista e dei uma última tragada em meu cigarro, antes de jogá-lo no meio da rua.
- Ok, aqui vamos nós! – disse a mim mesmo, abrindo a porta do clube Millenium.
Se algum desavisado entrasse ali, poderia pensar facilmente que se tratava de um restaurante ou até mesmo de uma sofisticada boate. Jamais passaria pela cabeça de alguém que naquele lugar funcionava um bordel de luxo.
O hall de entrada não era muito grande. Apenas uma pequena sala bem iluminada, com três elevadores ao fundo e um balcão de recepção em que uma bela moça se apoiava, ladeada por dois enormes seguranças.
Aproximei-me do balcão.
- Boa noite, senhor. Posso ajudar? – a moça me perguntou sorridente.
Eu não soube exatamente o que dizer, então remexi meu bolso novamente e mostrei o cartão de visitas a ela, que provavelmente entenderia a minha intenção.
- É a sua primeira vez aqui? – a recepcionista voltou a me perguntar.
Apenas assenti com a cabeça, minha garganta estava seca demais para tentar falar alguma coisa.
- Está bem, vou te explicar como funciona. Eu preciso de algum documento seu, apenas por segurança. – quando ouvi isso, dei como certa a minha desistência. A moça deve ter percebido, porque se apressou em me explicar: – Não precisa se preocupar, nosso sistema é muito sigiloso e não há a menor possibilidade de seu nome ser revelado. Além disso, nós cobramos uma taxa de cem euros pela entrada, tudo bem?
A taxa era bem cara, mas não me importei. Entreguei minha carteira de motorista a ela, junto com uma nota de cem.
- Tudo certo. – disse a moça, devolvendo meu documento. – Hetero ou Homo?
A naturalidade com que ela fez essa pergunta derrubou todas as minhas defesas. Lembrei-me imediatamente de quantas vezes em minha adolescência me questionei a mesma coisa, na escuridão de meu quarto. Em todas às vezes, a resposta era sempre igual, embora fosse doloroso demais admitir.
A única vez em que confessei minha homossexualidade para alguém, foi para meu vizinho e melhor amigo na época. Era o meu aniversário de dezesseis anos e, para minha surpresa, a revelação resultou em minha primeira e única transa com um homem. Hoje, aos vinte e sete anos, sei que aquela noite foi uma das melhores experiências de toda a minha existência.
Porém, o peso de fazer parte de uma família renomada e conservadora falou mais alto. Fiquei tão assustado com a situação que minha única atitude foi reprimir completamente meus próprios desejos, me escondendo atrás de uma vida mentirosa.
Hoje em dia, sou um advogado talentoso e muito bem sucedido, herdeiro de um dos maiores escritórios de advocacia do país. Dinheiro nunca foi problema para mim, cresci em meio a muito conforto. Tenho uma bela família que vejo com freqüência, acabo de ficar noivo de uma linda mulher, filha de um importante e riquíssimo empresário. Então por que, tendo tudo o que alguém pode querer, ainda me sinto tão frustrado?
A recepcionista tossiu, chamando minha atenção.
- Senhor, o nosso salão é dividido em três partes, apesar de todos terem acesso entre si. Não é nada demais, apenas para que encontre mais facilmente o que procura. O elevador da esquerda leva ao salão hétero, o da direita ao salão homo e o elevador do meio te deixará no clube misto.
Eu não disse nada, apenas caminhei lentamente até os elevadores. A situação era constrangedora demais, eu sabia que os três me olhavam, quer dizer, eu tinha a impressão de que me olhavam, mas ainda assim eu precisava fazer isso por mim. Apertar o botão daquele elevador seria o primeiro passo para deixar o verdadeiro Ikki Amamiya se manifestar, nem que fosse somente por esta noite.
Eu poderia muito bem entrar no elevador que levava ao salão hétero e depois discretamente passar para o outro salão. Mas se não tinha coragem sequer de entrar no lugar pela porta da frente, como conseguiria abordar um garoto de programa?
Eu não preciso de uma mulher, não quero uma mulher. Já é difícil demais fingir desejo quando estou com a minha própria noiva, pra que fingir aqui também? Não, eu estou aqui à procura de um homem. E seguirei até o fim com isso.
Dizendo a mim mesmo que depois desta noite, jamais me entregaria a meus desejos novamente, apertei o botão do elevador da direita, que imediatamente se abriu.
A decoração do lugar era impressionante. Tons sóbrios, sofás de veludo, mesas de vidro, meia luz, música agradável… Ao fundo, um palco vazio e, no canto oposto, um bar. O salão não estava cheio, o que era de se esperar em uma terça feira fria e chuvosa. Assim que entrei, percebi diversos olhares sobre mim, o que me deixou extremamente sem graça. Preferi sentar no balcão do bar, pois dali poderia ver melhor todo o salão, e pedi uma dose de uísque assim que o barman veio me atender.
Não demorou muito para um rapaz se aproximar. Eu fiquei nervoso, essa situação era totalmente nova pra mim. O cara tinha cabelos ruivos, provavelmente tingidos, corpo magro, olhos castanhos e aparentava uns dezenove anos, porém não fazia muito meu tipo. Não que eu saísse por aí observando outros homens descaradamente, mas eu sempre tive preferência por loiros.
- Oi, bonitão! Posso me sentar? – a quantidade de trejeitos afeminados do jovem me irritou. Definitivamente não era meu tipo.
Na falta de uma resposta, o rapaz se sentou ao meu lado.
- Meu nome é Ícaro. Cobro cem euros por hora.
Um pensamento cruel veio a minha mente: Ele não valia tanto dinheiro. Fiquei ainda mais apreensivo ao pensar que todas as abordagens seriam assim, tão descaradas. Não queria dessa forma.
- Você é direto… - o tom de minha voz era mais de reclamação.
- Não há necessidade de rodeios, ambos sabemos a razão de estarmos aqui, melhor ir direto ao ponto, não acha? – de certa forma ele tinha razão. Mas não custava nada um pouco mais de sedução.
- Desculpe, Ícaro, não estou interessado. – sequer olhei para ele ao falar.
Com cara de pouquíssimos amigos, o ruivo se levantou e me deixou novamente sozinho.
Depois de meia hora, eu já tinha perdido a conta de quantos acompanhantes havia recusado. Todos utilizavam uma abordagem direta demais, estranha por muitas vezes. E os que eram um pouco mais interessantes, não me atraíam fisicamente. Prometi a mim mesmo que essa era a única vez que freqüentaria um lugar como esse, queria escolher um cara bacana, mas depois de tantas decepções já estava começando a imaginar que não encontraria ninguém do meu agrado.
Corri meu olhar pelo salão, vi alguns casais se beijando, outras pessoas brincando a três, algumas dançando… Quando olhei na direção oposta ao bar, o que vi fez o meu corpo inteiro se arrepiar. Próximo ao palco vazio, Ícaro conversava animadamente com o homem mais lindo que já vi em toda a minha vida.
Um belo loiro com os cabelos levemente ondulados caídos sobre os ombros, trajado com roupa social, uma camisa azul clara e uma calça creme. As roupas caíam perfeitamente em seu corpo, adornando seus músculos bem definidos. Não deveria ter mais que vinte e dois anos e carregava uma garrafa de água mineral vazia em uma das mãos enquanto sorria amplamente para Ícaro.
Eu estava completamente perdido naquele lindo sorriso quando o loiro pareceu notar que era observado. Nossos olhares se cruzaram por um instante, antes de Ícaro desviar a atenção do belo homem para algo no outro canto do salão.
O que um cara tão lindo como aquele fazia num lugar como esse? Aquele loiro poderia claramente ter o homem que quisesse sem pagar absolutamente nada… Talvez estivesse na mesma situação que eu, quem sabe?
Eu não tinha a intenção de atrapalhar o programa de Ícaro, mas não conseguia tirar os olhos daquele loiro. Encarava-o tão descaradamente, que por várias vezes nossos olhares voltaram a se encontrar, e em uma dessas vezes ele chegou até a sorrir para mim.
- Você vai escolher alguém ou veio só olhar?
Saí de meu transe e me virei para ver um moreno alto, que me encarava extremamente sério.
- Desculpe, o que disse? – era só o que me faltava, arrumar briga.
- Eu perguntei se veio para escolher alguém ou apenas olhar. – o cara estava realmente irritado.
Fiquei totalmente embaraçado, não sabia o que responder. Se dissesse que ninguém ali tinha me agradado, provavelmente o cara ficaria ainda mais irritado.
- Deixe-o em paz, Vincent. Que eu saiba, o cliente não é obrigado a escolher um acompanhante. – soou uma voz atrás de mim, com um leve sotaque estrangeiro.
Eu senti um frio na espinha quando virei para ver quem me defendia e dei de cara com o lindo loiro.
- Ele esnobou quase todos os garotos do lugar, quem ele pensa que é? Não deve é ter dinheiro para pagar um programa e está vendo se descola algo de graça. – o tal Vincent esbravejou e eu tive vontade de abrir a minha carteira e jogar todas as notas na cara dele.
- Com essa aparência, eu diria que ele tem todo o direito de rejeitar quantos quiser… - o loiro riu e eu tenho certeza de que fiquei levemente corado.
Sem outros argumentos, Vincent voltou para o meio do salão.
- Obrigado.
- Não tem de quê. – ele estava escorado no balcão, de perfil pra mim, mas me olhou e me lançou aquele sorriso, capaz de derreter qualquer um.
O loiro pediu outra água ao barman e eu notei que ele chamou o funcionário pelo nome, ao fazer o pedido. Devia ser um freqüentador assíduo do lugar.
- Você costuma vir muito aqui? – eu sei que essa cantada é péssima, mas não consegui pensar em qualquer outra coisa para puxar assunto.
Sorrindo novamente pra mim, ele pegou sua água e se sentou, de frente para mim.
- Quase sempre, - respondeu. – De duas a três vezes na semana.
Formou-se um silêncio constrangedor, em que ele me encarava com uma expressão curiosa.
- Desculpe, não tenho o costume de abordar homens… - comentei com sinceridade.
- Percebi! – ele retrucou, provocando risadas em nós dois. – Hyoga. – declarou, estendendo sua mão direita para mim.
- Ikki. É um prazer conhecê-lo, Hyoga. – lancei o meu melhor sorriso.
- Igualmente, Ikki. – Houve outro silêncio, desta vez não constrangedor, mas significativo. Apenas nos encarávamos, os olhos presos um no outro. – Você quer outra bebida?
- Me acompanha? – joguei um charme.
- Te acompanho com a minha água. – ele riu novamente. – Nikos, traz outro uísque para o Ikki, por favor!
Assim que peguei meu uísque, ele me chamou para que sentássemos em uma mesa mais ao fundo.
- Então… É a sua primeira vez aqui… – Hyoga puxou conversa.
- Não tem como disfarçar, não é? – eu ri sem graça.
- Eu estava te observando de longe, você parecia um gatinho assustado. – nós rimos.
- Não sabia como agir, me senti como o prato principal. Nunca fui tão assediado na vida…
- Você apenas escolheu um dia ruim, geralmente isso aqui é mais movimentado… Hoje não tem nem dez clientes… E ainda chega um cara lindo como você, todo mundo acaba querendo tentar a sorte. – eu senti a perna dele roçar na minha por debaixo da mesa e fiquei com a forte impressão de que foi proposital.
- Não queria causar uma má impressão. – eu me expliquei e o toque sutil dele continuou, para a minha felicidade.
- Não causou! Agora, de uma coisa nós sabemos: – o loiro debruçou-se, apoiando os cotovelos na mesa e aproximando seu rosto ao máximo do meu. – Você é muito exigente.
Eu ri demais com o comentário dele.
- Posso perguntar uma coisa, Ikki? – eu o senti tocando minha mão levemente.
- Claro. – aqueles toques ocasionais já estavam me deixando louco.
- Se você fosse a uma boate GLS qualquer, seria igualmente assediado. Arrumaria um encontro e acabaria a noite transando com um cara boa pinta num motel de beira de estrada. Por que vir a um lugar como esse? Por que pagar por sexo quando se pode tê-lo de graça?
Eu hesitei um pouco, mas resolvi ser sincero com Hyoga.
- Eu curto homens, tenho tesão neles, mas não admito isso nem pra mim mesmo. Eu tenho uma vida estável e aparentemente bem sucedida, mas sempre soube que é apenas um teatro, uma mentira. – falar isso em voz alta foi meio que relaxante.
- O seu casamento está próximo? – ele me questionou e me deixou totalmente desconcertado.
- Como você…
- Com uma aliança desse tamanho, você esperava que alguém não visse? – ele sorriu e eu me senti o ser mais idiota do mundo. Como pude esquecer que estava de aliança?
- Por que perguntou do meu casamento? – Eu não entendi onde ele queria chegar.
- Isso acontece muito por aqui… Jovens confusos que vêm para descobrir o que realmente querem…
- E eles descobrem? – perguntei.
- Claro que sim! Mas a maioria não é capaz de acabar com a farsa em que vivem… Vê aquele senhor na mesa próxima ao palco?
- Sim.
- Casado, pai de quatro filhos, avô de dois netos… Vem aqui toda semana. Imagina o esforço que faz para manter sua própria farsa?
- Eu sei o que quer dizer… - era verdade, eu vivo exatamente isso com a minha família.
- Você não respondeu a minha pergunta. Por que pagar?
- Eu não posso e não quero me envolver. Conseguir o que desejo num lugar como esse é a minha garantia. Sem contar o sigilo, que é o mais importante. Não posso me dar ao luxo de ser chantageado por aí. – fui novamente sincero com ele.
- Entendi. Você só quer aliviar a frustração, sem maiores complicações, certo? Sexo, pura e simplesmente. Mas e depois? Virá toda semana, também? – o loiro sorriu.
- Essa é a primeira e última vez.
- Oh! Então tem de se certificar de que seja memorável, correto? – Hyoga roçou novamente sua perna na minha. – Agora eu entendi a quantidade de foras que você deu…
- E você? Por que vir a um lugar como esse? – Já que eu estava me abrindo com ele, não via nada de mal em matar a minha curiosidade também.
Hyoga não respondeu, apenas me olhou sugestivamente, como quem dizia que eu já sabia a resposta.
- Você… trabalha aqui? – Eu fiquei completamente desconcertado, sentindo um misto de alegria e decepção. Alegria por saber que aquele loiro poderia ficar totalmente a minha mercê, desde que eu pagasse. E decepção por pensar o que faria alguém tão interessante escolher essa profissão.
- Pensei que você nunca fosse reparar… - Hyoga riu. – Está surpreso?
- Um pouco… - Eu fiquei sem graça, não sabia como agir. Deveria perguntar de uma vez o preço, ou esperar que ele falasse?
- Diga-me uma coisa, Ikki, eu sou bom o suficiente pra você? Ou ganho um fora também? – Eu ofeguei quando senti a mão dele acariciar a minha coxa, subindo insinuante até a virilha.
Então ele se aproximou mais de mim e começou a sussurrar em minha orelha.
- Eu tenho um quarto no andar de cima… O que acha de irmos para lá? Você não vai se arrepender, eu posso fazer essa noite memorável pra você…
Eu desejei por tanto tempo sentir um toque como aquele, que por pouco não consegui conter um gemido.
- Quanto? – perguntei com meu coração aos pulos.
- Duzentos e cinqüenta euros por hora. – Hyoga afastou-se um pouco, provavelmente esperando que eu me decidisse. Comparado aos outros acompanhantes, ele era o mais caro do lugar e devia saber disso muito bem.
Mentalmente, agradeci o fato de ter recheado minha carteira com mais de mil e duzentos euros antes de sair de casa. Não me importava com o valor, se eu realmente transaria com um homem esta noite, tinha que ser com esse loiro.
- Duas horas. – declarei, deslizando minhas mãos pela cintura dele.
Depois disso as coisas aconteceram muito rápido. Eu paguei pelas bebidas que consumi e logo depois Hyoga me guiou até um elevador. Passamos por uma espécie de recepção, onde ele pegou uma chave com uma das funcionárias.
Quando dei por mim, já estávamos dentro de uma suíte simples, porém confortável. O loiro trancou a porta e apoiou-se em uma espécie de cômoda.
- O pagamento é adiantado. – foi a primeira vez que o senti vacilar. Não entendi direito o porquê, mas por um instante, toda aquela segurança que ele transparecia pareceu se esvair de seus olhos.
Abri minha carteira e entreguei quinhentos euros a ele, que os colocou sobre a cômoda, junto com seu relógio.
O meu nervosismo era indisfarçável. Tenso pelo que estava prestes a fazer, minha respiração estava ofegante antes mesmo de Hyoga me tocar. Ele se aproximou e correu as duas mãos sobre meu peito e abdômen, tocando cada gomo de minha barriga com verdadeira adoração. Tenho certeza de que os clientes dele não são tão dedicados à malhação como eu.
- Hmmmm – Hyoga lambeu os lábios. – Algo me diz que vou me divertir muito essa noite… - riu. – Como você quer? – perguntou enquanto retirava o meu blazer e a gravata.
- O-O quê? – Eu não queria gaguejar, mas estava tenso demais.
Hyoga abriu lentamente os botões de minha camisa. À medida que me despia da peça, ele beijava cada novo pedaço de pele exposto.
- Como… você… me quer? Ativo ou… passivo? – Cada palavra era intercalada com mordidinhas e lambidas no meu dorso, agora completamente despido.
Os toques suaves dele continuaram, acariciando e beijando o meu peito. Eu percebi que ele estava indo com calma, para não me assustar e gostei de receber esse tipo de consideração.
Eu olhei as minhas peças de roupa no chão e o pavor começou a tomar conta de mim. A realidade do que eu estava fazendo pesou demais na minha consciência. Pensei na minha família, no que eles diriam se me vissem ali. Respirando com dificuldade, levei minha mão esquerda até a aliança e a toquei levemente. Aquele anel era a representação de meu teatro. Sempre que desejava repreender-me por meus desejos secretos, olhava para aquele aro dourado e voltava a representar meu papel.
- Relaxa, vou cuidar bem de você… Vai descobrir que eu valho cada centavo. – Hyoga pareceu sentir que eu estava perdendo o controle, pois parou de me tocar.
Afastando-se um pouco, ele olhou profundamente em meus olhos. E então aquele loiro sexy fez algo que abalou completamente as minhas estruturas: sem desviar seu olhar do meu, levou o meu dedo anelar da mão direita a sua boca e confesso que não consegui conter um longo gemido quando ele começou a sugar meu dedo.
Sem grande dificuldade, ele retirou minha aliança usando apenas a boca. Depois de libertar a minha mão, ele retirou o anel de seus lábios.
- O mundo lá fora, - ele indicou a aliança para mim, rodando-a entre os dedos. – Fica lá fora. – ele colocou o anel em cima da cômoda, ao lado de seu relógio. – Aqui dentro, você pode fazer o que quiser…
Aquelas palavras serviram muito bem, foi uma forma reconfortante de pensar. O que aconteceria ali era apenas uma pausa em minha realidade, eu não precisava ter medo. Bastava deixar todo o resto do lado de fora. Dentro daquele quarto eu não era o Ikki Amamiya advogado, filho perfeito e noivo apaixonado. Ali dentro eu podia ser eu mesmo, um cara gay, louco de tesão por aquele loiro delicioso.
- Bem, eu sou todo seu por duas horas… O que você quer? – ele perguntou colando seu corpo no meu.
Mais relaxado, eu resolvi curtir aquele momento único. Enlacei a cintura de Hyoga, colando ainda mais nossos corpos e sussurrei no ouvido dele.
- Eu quero meter bem gostoso em você, loiro.
Ele devia gostar de ouvir essas coisas, pois o senti estremecendo em meus braços.
Eu acariciei a nuca dele e ergui sua cabeça, buscando sua boca, porém ele desviou do meu beijo.
- Desculpa, gato. Beijo na boca não está no pacote. Mas você nem vai sentir falta, garanto.
Eu me deitei na cama e, sem desviar os olhos dos meus, Hyoga se despiu lentamente. Não tenho palavras para descrever aquele corpo, e as sensações que ele causava em mim. Não era musculoso, como o meu, mas também não era magrinho. O loiro tinha cada músculo de seu corpo definido, embora não fosse um cara grande. Era um misto de força e beleza na medida certa.
Nu, ele se deitou sobre mim, com uma perna entre as minhas. Nossos membros se roçaram e eu estremeci. O peso do corpo dele sobre o meu, o calor que ele emanava, a sensação de pele contra pele, aquele hálito quente em meu pescoço… Eu sonhei com algo assim por diversas vezes, mas a realidade era infinitamente melhor.
As mãos de Hyoga vagaram pelo meu peito e desceram até a minha calça. Ele retirou as últimas peças de roupa que me restavam, então senti meu rosto esquentar… Não sei se fazia parte dos serviços dele ou se era genuíno, mas ele olhou o meu corpo com deleite, parecia uma criança diante de uma mesa lotada de doces.
Ele voltou a se deitar sobre mim e agora o contato de pele com pele era total, completo. Hyoga ondeou os quadris e eu ofeguei, ante o movimento insinuante. Antes que eu pudesse buscar sua boca novamente, ele beijou meu pescoço de uma forma que eu nunca senti antes. Ele agarrou os meus cabelos, erguendo a minha cabeça, e continuou a beijar e lamber meu pescoço.
Quando ele segurou um de meus mamilos entre os dedos, enquanto ainda explorava meu pescoço, eu gemi alto e longamente. Hyoga me olhou com um sorrisinho sacana, e sugou meu mamilo, arrancando outro gemido de mim.
O loiro chupou a minha barriga e continuou descendo. Quando chegou a altura de meu pênis, eu empurrei meus quadris pra cima, não agüentava a expectativa. Ele pareceu se divertir com meu desespero e, ao invés de atender ao meu pedido mudo, resolveu brincar um pouco: com a mão direita, masturbou meu membro vagarosamente, me torturando, enlouquecendo…
Eu me apoiei em meus cotovelos para ver o homem mais sexy que conheci bater meu pênis várias vezes em seu rosto, olhando fixamente para mim. Só de olhar aquela imagem eu sabia que poderia gozar, mas não era assim que eu queria.
- Chupa. – não era um pedido, e sim uma ordem. O tom altivo de minha voz não deixou dúvidas disso.
Hyoga sorriu novamente para mim, mas ao invés de me obedecer, passou a chupar e morder a parte interna das minhas coxas. Aquele loiro sabia o que fazia. Eu sempre estive acostumado a ter todos ao meu redor obedecendo cada uma de minhas ordens sem pestanejar, e a idéia de ter alguém a quem eu não poderia domar com facilidade me deixava alucinado.
Ele me mordeu bem próximo a virilha, e eu não reprimi um gemido. Sem agüentar mais, agarrei seus cabelos e o forcei a olhar pra mim.
- Por favor… - balbuciei. – Eu preciso… Por favor…
Hyoga sorriu satisfeito. Sem desviar os olhos dos meus, ele segurou meu pênis com uma das mãos e abocanhou a cabeça. Eu soltei um gemido gutural quando ele começou a fazer aqueles movimentos com a língua, brincando com a glande.
E então ele começou a sugar, tomar todo o meu comprimento na boca, acariciar minhas bolas com a outra mão… Hyoga subia e descia a boca no meu membro, fazendo movimentos de vai-vem. Eu gemia, me contorcia, gritava todos os palavrões que eu conheço e até mesmo aqueles que nunca tive coragem de pronunciar.
- Ahhhhhhhh! Isso… Tão… - era difícil formar frases coerentes naquela situação.
Eu não conseguia raciocinar, não quando aquele homem me chupava daquela forma, fazendo aquelas coisas insanas com a língua… Minha noiva não faz isso, ninguém nunca me fez isso, nunca havia sentido uma boca quente me tomar inteiro, até o fundo da garganta daquela forma.
Eu volto a agarrar os cabelos dele e ele olha nos meus olhos, sem parar o que fazia. Movimento meu quadril pra cima, de encontro a ele, e me enterro mais profundamente em sua boca. Hyoga não reclama e eu volto a me movimentar, compassadamente, fodendo sua boca sem pudor e ele não só aceita como coloca as mãos para trás e me deixa guiar os movimentos do modo que eu quiser.
Gemendo como um louco, eu senti meu corpo inteiro estremecer e se arrepiar. Estava a ponto de gozar, sentindo o meu ápice chegar, quando Hyoga retirou minha mão de seu cabelo e se ergueu na cama. Não pude segurar um gemido desapontado.
- O que foi, gatinho? Você não quer mais meter bem gostoso em mim? – ele disse no meu ouvido.
Eu passei minha mão pelas costas dele, que novamente ficou por cima de mim. Eu apertei sua bunda e deslizei meus dedos por entre as nádegas, roçando sua entrada. Hyoga gemeu baixinho, estremecendo em meus braços.
Então eu percebi que queria ouvir mais daqueles gemidos, queria fazer com que aquele loiro se sentisse completamente perdido em meus braços. Eu o virei na cama e me deitei por cima dele. Ele me olhou de uma forma tão doce, seus lábios carnudos e vermelhos eram tão convidativos que eu quis muito beijá-lo, mas logo me lembrei da regra.
Conformado, me contentei em beijar-lhe o pescoço, os ombros, o peito, a barriga… Ele gemia tão gostoso, baixinho, mordendo o lábio inferior, se contorcendo todo… Eu lambi e mordi suas coxas e ele abriu suas pernas e apoiou os pés no colchão, ficando ainda mais aberto pra mim.
Meio desajeitado, eu coloquei seu membro em minha boca e comecei a chupar. Só havia feito aquilo uma vez, mas acho que me saí bem, já que ele começou a gemer mais alto.
- Gostoso… Assim… - ele balbuciava.
Ele agarrou os meus cabelos e começou a forçar a minha cabeça para cima e para baixo, comandando os meus movimentos. Ouvir os gemidos dele estava me deixando louco, eu fui tomado por uma luxúria insana, queria possuir aquele corpo com furor.
Lendo meu pensamento, ele esticou seu braço até a mesinha de cabeceira e pegou um vidrinho de lubrificante e algumas camisinhas. Hyoga me entregou o gel e ergueu um pouco mais o quadril, dando-me livre acesso ao seu ânus.
Meu tesão era tanto que eu não consegui me controlar, lambi seu buraco enrugado e me surpreendi com a reação dele.
- Ahhhhhhhhhh! Foda! – Hyoga gritou, puxando ainda mais os meus cabelos.
Eu adorei ver aquele loiro perder completamente o controle, e voltei a aplicar-lhe o beijo grego, dessa vez com muito mais dedicação.
- Siiimmmm! Oh, Sim! Delícia! – ele rebolava, permitindo que minha língua o acariciasse cada vez mais fundo.
Retirei minha língua e percebi que Hyoga mal conseguia respirar. Abri o vidrinho de lubrificante e depositei uma generosa quantidade em meus dedos. Sorri para o loiro, que me retribuiu e, sem desviar meu olhar do dele, enfiei um dedo em sua entrada. Eu não sabia ao certo como fazer isso, e acho que minha expressão me denunciou, porque ele sorriu e começou a me dar as coordenadas.
- Enfia mais fundo… Assim… Ahhh… Gira o dedo… Isso, gato… Agora enfia outro… Ahhh! Sim! Deixe-me pronto pra te receber… Hmmm… Desse jeito quem vai ter de pagar aqui sou eu…
Eu inseri o terceiro dedo e continuei seguindo as instruções dele, até que Hyoga me avisou que estava pronto. Ele saiu de sua posição e me deitou de costas na cama, abriu um pacote de camisinha e, antes de posicionar o preservativo, ele voltou a me chupar.
Depois de desenrolar a camisinha e lubrificar meu membro, Hyoga se sentou em meu colo, com uma perna de cada lado do meu corpo, posicionou meu pênis em sua entrada e foi descendo, sendo empalado aos poucos. Eu gemi baixinho, quando me senti completamente dentro dele.
Quando Hyoga se apoiou em meu peito e começou a se movimentar, não consegui conter meus gemidos. Ergui meu quadril e o penetrei mais fundo, arrancando um alto gemido dele.
O loiro ergueu-se do meu colo e deitou na cama de bruços, com as pernas abertas.
- Vem… - ele me chamou.
Eu me deitei sobre ele e voltei a penetrá-lo, muito mais profundamente devido à nova posição. Aumentei a velocidade de meus movimentos, agora saía quase que completamente dele e voltava a preenchê-lo.
- Isso, gato… Mete, vai… Assim… Me fode. – ele me provocava, rebolando e empinando a bunda para mim.
Eu estava alucinado, gemia como um louco, agarrava a cintura dele com tanta força que provavelmente ficariam marcas depois. O barulho dos nossos corpos se chocando se misturavam com os nossos gemidos, o cheiro de suor e sexo entrava em minhas narinas e me entorpecia completamente.
Diminuí a velocidade das estocadas, passei a me movimentar de forma lenta e profunda, Hyoga já estava enlouquecendo sob mim, cada vez que eu acertava aquele ponto dentro dele.
- Mais fundo… Assim… Bem forte… Ahhhhh!
Eu senti o corpo dele se contrair completamente, e então ele gozou, aumentando ainda mais o aperto em meu pênis e me fazendo gozar logo depois, com um alto e longo gemido.
Desabei em cima dele, sem conseguir controlar meu próprio corpo.
- Você está bem, gato? 'Tá respirando? – ele me perguntou e riu.
Eu não consegui falar, o ar me faltava. Lentamente, eu saí de dentro dele e, antes de me encaminhar para o banheiro, depositei vários beijos em suas costas.
Depois que me livrei da camisinha, voltei para o quarto. Hyoga estava deitado de costas na cama, com os braços dobrados atrás da cabeça. Eu me deitei ao lado dele e me apoiei em seu peito.
- Você é um profissional excelente… - eu comentei entre risos.
- O prazer foi todo meu… - ele riu.
- Por que você não beija na boca? – eu perguntei, muito mais por frustração de não poder beijar aquela boca linda do que por curiosidade.
- 'Eu não posso e não quero me envolver'. – ele imitou a minha voz grossa e riu, enquanto afagava meus cabelos preguiçosamente.
- Você transou comigo. Isso é um envolvimento muito maior, não acha?
Ele ficou sério, mas continuou afagando meus cabelos.
- É complicado de explicar e a maioria das pessoas não consegue entender… Sexo é sexo. Eu posso transar com você sem estar apaixonado, sem te amar. Os meus clientes usam o meu corpo como bem entendem, claro que respeitando alguns limites, mas basicamente é isso. Eu deito na cama e faço o meu trabalho, simples assim. Com muitos, meu corpo está aqui, mas minha mente está em um lugar completamente diferente.
Meu estômago se embrulhou com a idéia de que talvez eu fosse um desses clientes. Mas logo eu afastei esse pensamento, pois por mais que Hyoga fosse um profissional, não poderia fingir tão bem.
- Sexo você pode fazer até sem vontade, mas o beijo é diferente. – ele continuou. – Pra mim, um beijo quer dizer: 'ei, eu gosto de você', entende? É algo muito mais íntimo, mais cúmplice, é por isso que guardo meus beijos pra alguém que signifique algo mais do que uma fonte de renda pra mim.
Eu permaneci calado e ele deve ter notado o meu incômodo, porque tocou meu queixo e me forçou a olhá-lo.
- Você foi muito gostoso, hoje. Teve uma consideração comigo que, honestamente, cliente nenhum jamais teve.
- Como você caiu nessa vida? – perguntei.
- É uma longa história. Tem certeza de que quer gastar o nosso tempo ouvindo? – ele arqueou uma sobrancelha e acariciou minhas costas.
- Tenho. Estou curioso sobre você. Pelo sotaque, não é daqui. Onde nasceu?
- Rússia.
- Hmmm, quer dizer que eu acabei de traçar um russo sexy? – brinquei.
- É. Acho que sim… - Hyoga riu. – Eu vim pra cá há uns três anos…
- Sozinho?
- Você é bem curioso, não é?
- Desculpe. – fiquei embaraçado.
- Tudo bem, só estava brincando. A minha mãe morreu quando eu tinha uns quatro ou cinco anos, e a partir daí vivi em um orfanato, já que nunca conheci meu pai. Aos dez, fui adotado por uma família abusiva, que me batia muito.
- Você fugiu? – eu o interrompi.
- Sim. Quando completei dezesseis. Depois de dois anos passando perrengues na rua, conheci um turista grego que se dizia agente de modelos. Ele me tratava muito bem, e eu acabei me envolvendo na história dele. Quando estava voltando para a Grécia, ele me prometeu mundos e fundos e me convidou para vir junto. Disse que eu era muito bonito, que me arrumava emprego de modelo, essas coisas.
Eu percebi que os olhos dele lacrimejaram.
- É claro que era tudo mentira. Quando cheguei aqui, tive duas opções: Ou me prostituía ou morria de fome. O instinto de sobrevivência falou mais alto.
- Você nunca tentou outro caminho? – perguntei pesaroso.
- O turista grego fazia parte de uma quadrilha, Ikki. Eles pegaram meus documentos e mantinham-me cativo. Eu era obrigado a pagar pela comida e água que consumia, e o dinheiro que ganhava não era o suficiente. Minha dívida foi ficando maior, até que conheci Cleófas, o dono desse lugar.
- O dono do clube Millenium?
- O próprio. Ele se comoveu comigo e pagou a minha dívida. Mas em troca, eu tive que vir pra cá. Mas não reclamo, esse lugar é bem melhor do que o outro.
- Sinto muito… - eu não sabia direito o que dizer.
- Não precisa, querido. Está tudo bem. Eu vou sair dessa, um dia.
Eu beijei a barriga dele, acariciando sua cintura.
- Posso perguntar de você? – ele me questionou um pouco hesitante.
- Nada mais justo.
- Ok. – Hyoga sorriu. – Eu já sei que você é noivo, e deve ser de uma família importante, já que tem medo de chantagem… Rico?
Eu assenti com a cabeça.
- Agora, o que você faz pra viver me deixou intrigado…
- Por quê? – eu ri com a desenvoltura dele.
- Você está acostumado a mandar, é curioso, sisudo, um pouco arrogante… Eu tinha pensado em policial, mas você tem dinheiro, então…
Ele mordeu o lábio inferior e eu me perguntei como alguém poderia ser tão sexy.
- Advogado? – Hyoga deu o palpite certeiro.
- Você é bom! – eu sorri pra ele.
- Então, senhor advogado, 'Como você caiu nessa vida'? – Ele imitou minha voz grossa novamente, me fazendo rir de novo.
- Meu pai é advogado… – sem desviar meus olhos dos dele, eu beijei a barriga de Hyoga. – Assim como o pai dele… – beijei seu peito e ele sorriu pra mim. – E o pai do pai dele…
Eu me deitei sobre seu corpo e Hyoga envolveu minha cintura com suas pernas, então eu continuei meu relato:
– Antes mesmo de nascer, meu velho já tinha decidido que eu me tornaria advogado e herdaria o escritório… – beijei seu pescoço. – Aos dez anos, eu fui meio que prometido a filha de seu melhor cliente… – mordi seu queixo e ele mordeu o lábio. – Cada um de meus amigos foi cuidadosamente selecionado e pré-aprovado por meu pai...
Eu mordi o lóbulo de sua orelha e ele lambeu os lábios, então continuei:
– O meu carro foi escolhido por ele... – eu enfiei minha língua em sua orelha e ele gemeu. – Meu apartamento é exatamente como o dele quando tinha a minha idade… – eu ondulei o quadril e Hyoga gemeu novamente. – Eu vou me casar na mesma data e igreja que os meus pais se casaram… E a minha lua de mel será um presente deles, ou seja, vou para onde eles escolherem…
- Hmmm, Isso deve ser muito difícil, gato… – ele disse entre gemidos, quando eu voltei a ondular o quadril.
- Cada mísero detalhe da minha vida foi meticulosamente arquitetado por meus pais… – desajeitadamente eu abri uma camisinha e a coloquei em meu pênis. – Nunca estive por mim mesmo, sempre segui os passos do meu velho… Eu vivo a vida dele…
- E agora você esta transando com um russo sexy. Isso está totalmente fora dos planos, seu garoto rebelde. – ele brincou.
Eu sorri e o penetrei, nossos olhos fixos um no outro. Quando comecei a me mover e Hyoga gemeu daquele jeito tão gostoso, eu senti como se estivesse tomando as rédeas da minha vida pela primeira vez. Cada toque dele, cada palavra, fazia com que eu finalmente me sentisse vivo.
Mais tarde, depois de transarmos pela terceira vez, o meu tempo esgotou, assim como o meu fôlego. Aquele loiro não era fácil. Enquanto eu tomei um banho, Hyoga permaneceu deitado na cama, descansando.
Vesti minha roupa com a maior paciência possível, pois não queria sair dali. Ajeitei cuidadosamente a camisa por dentro da calça, coloquei a gravata e depois o blazer. Olhei para o loiro quase adormecendo na cama e sorri.
- Você não tem que trabalhar? – perguntei.
- Tenho, mas não ê me deu uma canseira… – ele sorriu, fazendo manha.
Eu fui até a cômoda e peguei minha aliança. Hesitei por uns instantes antes de colocá-la.
- Você volta? – Hyoga me perguntou, e curiosamente era a mesma pergunta que estava fazendo em minha mente nesse instante.
- Não. – respondi encarando a minha aliança.
- Eu acho que volta… – ele caminhou até mim e deu um beijo em meu rosto, logo em seguida ajeitou o meu cabelo. – Eu sou gostoso demais pra você resistir. – falou em meu ouvido, me fazendo rir.
- Foi muito bom fazer negócios com você, Hyoga. – estendi minha mão para ele, que a apertou prontamente.
- Digo o mesmo, Ikki.
Eu já ia saindo, mas me detive quando abri a porta. Retirei minha carteira do bolso e olhei para ele.
- Você estava enganado, sabe?
- Por quê? – ele me encarou confuso.
- Você não vale cada centavo… Vale mais! – dizendo isso, retirei mais duzentos euros de minha carteira e coloquei sobre a cômoda, junto ao relógio dele.
Eu saí daquele lugar com uma sensação estranha. Uma leveza nos ombros que nunca havia sentido antes. Peguei o meu carro e voltei para casa e, pela primeira vez, o silêncio de meu apartamento não me incomodou.
Continua…
N/A: Olá! Agradeço de coração a quem leu até aqui.
Eu tive muito receio em postar essa fic por causa do lemon, acho que ficou pesado e indecente demais… O que vocês acham?
Não pretendo demorar muito para postar o próximo capítulo, mas um incentivo não seria nada mal, pois vocês sabem que dedinhos felizes digitam mais rápido!
Então, que tal deixarem reviews? Nem que seja pra dizer: Li e gostei, ou me chamar de indecente… tanto faz, o importante é me deixar saber o que vocês estão pensando, ok? Bjão
Mamba
