Aprendiz das piscinas
Tão tingidas de escuro
Aonde, peixe safo
Eu nado até você
Até o teu mundo
Que eu também procuro
Nesse quarto sem luz
Nessa ausência de tudo
"Sher-lock..." – foi o seu suspiro...
Demorei pra responder; meu corpo estava tão cansado, até minha mente produtiva doía sem cessar, latejava como uma bomba prestes a explodir, mas não por não ter no que pensar, mas por pensar demais e não chegar à conclusão que me satisfizesse:
"Hurm..." – foi o que consegui responder, minha garganta ardia de leve, a fome finalmente arranhava meus pensamentos.
Eu o ouvi engolindo em seco, só conseguia vê-lo pela metade, o topo da cabeça, os pés e um pouco das pernas.
"Por quê, Sherlock?" – perguntou ele tossindo, erguendo um pouco da cabeça para observar-me.
"Você sabe por quê." – disse, abaixando os olhos primeiro pra ele, depois para o chão. Sebastian sabia. Moriarty devia ter contado.
Ele sabia que meu ponto fraco era John. Não, ele era forte, era um bom soldado e médico, mas meus sentimentos por aquele pequeno doutor eram muito perigosos, tanto pra mim quanto pra ele.
Passei a língua por meu lábio superior, escorreguei minha cabeça no cano em que me amarraram. Sabia que dava para tirar a corda, mas tendo feito isso, eu não tinha mais nada a fazer, me frustrar era uma coisa inútil e indesejável. Mas o pequeno tossia tanto:
"O que você tem?" – disse num tom reprovatório e severo, percebi sua testa enrugando com minha má-educação e me senti mal.
"Nada. Desculpe" - disse, sem demonstrar muita emoção.
"Não, desculpe...desculpe-me eu, desculpe" – mordi os lábios, mordi a corda parte por parte para tira-la de entorno de mim.
Levantei-me, mesmo que cambaleante, com as mãos apertando uma a outra, sem poder movê-las mais que isso. Fui até John, que pra meu ardor, estava com uma aparência de fraqueza e de dor.
"O que você tem?" – agora num tom mais desejável, um tanto preocupado, talvez receoso.
"Nada..." – e ele voltou a tossir, tentei puxar minha mão, mas com certeza era impossível; as algemas não iam deixar. Sentei-me no chão, e desci meus pulsos até a altura do meu quadril. Comecei a descer meus pulsos para baixo de minha bunda e sob minhas pernas até ficar com as mãos à minha frente, levantei-me e me aproximei do pequeno, agachando-me de novo:
- John... – sussurrei o nome dele, vendo seu rosto pálido. Passei a palma das mãos em sua testa, ela ardia que nem lenha em brasa, ele suava e seu rosto se tornava um pouco amarelado. – John, isso não é nada... – disse acariciando suas buchechas enquanto examinava o estado de seus olhos.
- Não é nada mesmo. – disse ele, desviando levemente o rosto das minhas mãos, desviando também o olhar.
- John, por favor... – falei eu, sentando a sua frente e sentindo um gelado na barra das minhas calças, me levantei um pouco surpreso, percebendo a poça de água que tinha ali. – Isso...isso... – tateando o chão, percebi que tudo ali estava molhado, passei as mãos ao redor de John e tive desagradável sensação de que ele estava sentando numa possa e, agora, parecia estar ficando doente com isso. – Você não pode ficar sentado ai. – olhei-o bem e completei – Tire suas calças!
- O q-quê? – exclamou ele.
- Estou falando sério, não estou tentando tirar uma com sua cara. Ande, tire sua calça. – bati a testa na cabeça e lembrei-me que ele estava amarrado. – Quer dizer, posso tira-la? – meu rosto ruborizou e acabei por abaixa-lo para que ele não visse.
- Você-você...você acha mesmo necessário? – perguntou ele baixinho, abaixando a cabeça pra mim, me observando admirar o chão. – A gente pode sair daqui...alguma hora, não vai demorar...
- John. – disse eu firmemente. – Não sei quando vamos sair daqui, então faça um favor a si mesmo, doutor. Deixe-me tirar suas calças...
Ele me observou por mais um tempo, ganhando cor em seu rosto claro, mas depois de alguma relutância muda, ele aceitou:
- Nunca conte isso a ninguém, ok? Já basta aquela da piscina... – disse ele rapidamente, e eu ri disso, enquanto ele deu um sorriso torto.
Ele virou o rosto pro lado e tirou os olhos de mim, um pouco constrangido. Pedi-lhe que levantasse os joelhos do chão e ele obedeceu, o ajudei, lhe segurando pelos cotovelos, e segurando suas pernas com as minhas para manter-lhe firme na subida.
Agora, um pequeno relato das sensações que tive naquele momento, que me foram memoráveis e um tanto quanto vergonhosas de certa forma. Eu me agachei, escolhendo o melhor lugar para me ajoelhar, me ajoelhei a uns 30 cm de John, ele me olhou por um instante e correu com o olhar para fora do campo de visão em que eu estava, quando eu levantei a cabeça para ele, percebendo o olhar curioso que ele tinha sobre mim.
Sua calça era uma calça jeanz marron escura de zíper e botão, não pudi deixar de constatar que apesar de ser mais demorada pra tirar, era mais gostoso para isso. Nunca tinha ficado de joelhos na frente de John, nunca tinha ficado de joelhos na idade adulta na frente de ninguém. Tinha conhecimento de muitas coisas que aconteciam com pessoas de joelhos, o que elas faziam. E meus pensamentos iniciais e a maioria deles não foram de pessoas rezando. Segurei-lhe as coxas, apertando-lhas de leve com as unhas; e pude perceber o formato delas, a textura delas. Como elas eram torneadas e firmes, mas macias de tocar. John me olhou novamente, quando eu não continuei a fazer o que falei que ia, então ele me acordou dos meus pensamentos:
- O que você está fazendo?
Eu, por um momento, não soube exatamente o que responder. Não estava afim de conversar, de me explicar, estava afim de curtir aquela sensação estranha e silenciosamente prazerosa que crescia nas laterais do meu corpo:
- Estou lhe segurando, e me segurando, para poder fazer isso. – disse eu sem um tom que pudesse desconfiar-lhe que eu estava interessado em outras coisas além de lhe ajudar a ficar mais confortável.
Passei as mãos para o centro da calça e desabotoei o primeiro botão. Observei durante uns instantes aquela abertura desuniforme que me parecia muito agradável; segurei o zíper firmemente e corri ele para baixo, pressionando-o levemente contra o seu corpo, sentido uma certa rigidez de toda a região de seu quadril. Desci a calça pelas pernas rapidamente, mas não sem tornear minhas mãos ao redor delas. Tirei seus sapatos delicadamente e suas calças.
Peguei sua calça e levantei-me, olhei para ele, ele mantia o rosto virado pro lado, sem vontade de me encarar:
- O quê? Não foi tão ruim assim... – disse eu um pouco desapontado.
- Não, não. – disse ele um pouco nervoso, virando-se para mim.
- Vou ter que te secar.
- Você o quê? – ele franziu a testa, e seu rosto todo franziu com a ideia.
O olhei com cara de ultrajado, com um rosto sem muitas expressões:
- Olha aqui, John. Não tem ninguém aqui, e se tiver que se dane. Você vai pegar uma pneumonia só para os outros não falarem nada?
Ele se sentiu um pouco atacado; de alguma forma, parecia que havia mais que "os outros vão falar isso ou aquilo", mas não ousei ficar pensando sobre, então ele acenou que sim e comecei a secar-lhe as pernas.
Comecei a seca-las com toquezinhos, mas aos poucos voltei a alisar-lhe as pernas, ele olhou pra cima, pudi ver por minha visão periférica, e fechou os olhos, fazendo uma careta leve. O que será que ele estava sentindo? Eu mal sabia o que eu estava sentindo; mas sabia que era algo que nunca provara, era algo novo, mas algo tão prazeroso quanto um caso de homicídio, era excitante e dava medo. Subi a calça por suas pernas, aquilo deveria acabar; poderia ser bom, mas eu não tinha controle sobre aquilo, eu não podia levar em frente algo que eu não tinha controle.
Quando cheguei em suas coxas, e finalmente em suas virilhas, não consegui me conter, derrubei a calça em seus pés e aproximei meu rosto de sua virilha, comecei a suga-la, depois chupa-la, morde-la, e finalmente dei um beijo nela, uma loucura realmente deliciosa, ouvi ele gemer audivelmente no meio disso. Mas, depois, ele me olhou espantado, pronto pra falar algo, mesmo que parecesse que estava mudo com aquilo que acabara de acontecer. No entanto fiz um sinal de silêncio, colocando o dedo indicador na boca, fechando os olhos pra ele, com uma cara um pouco chorosa, meio que pedinte de piedade; me senti mal, extremamente mal. Nunca me senti tão pequeno e tão devoto daquele doutor, daquele pequeno, do meu amigo. Nunca senti nada disso por ninguém. Percebi seu olhar espantado na minha testa, e insisti em manter os olhos fechados. Peguei a calça e toquei-lhe a bunda rapidamente. Não me tentei a fazer mais nada, estava excitado, desejoso, mas sabia que ele não ia me dar o que eu queria. E eu morria de medo de perder o controle, de me doar pra ele, de lhe deixar domar meu coração, meu coração domar minha mente. Não, isso não podia ser feito. Então joguei a calça longe. Puxei meu sinto, joguei-o de lado, desci meu zíper, ele me olhou espantado ainda, mas ainda sim, não me temeu, ele deveria, eu estava louco por aquela pele, com aquele cheiro dele. Por aquele ser todo lindo. Mas ele não temeu, ele confiava em mim. Ele era perfeito pra mim.
