Em uma cidade do interior, havia um casarão de paredes vermelhas e janelas amarelas. Na entrada deste, um carro estava estacionado, completamente escancarado, com uma jovem de cabelos róseos sentada no banco da frente.
- SAAAAAAAI! – Sakura parecia entediada e tinha sérias dificuldades para sair do automóvel – Ajude-me aqui!
- O que foi? – Sai estava afobado, pois, desde que chegaram, não parou de andar por um minuto – Sakura, pelo amor de Deus, fique quieta!
- Qual é o problema? – apoiou-se na porta do carro e se inclinou com o intuito de erguer-se – Você me trata como uma inválida. – caiu no banco, pois não conseguia projetar-se para frente. Virou o corpo, segurou na porta e no painel e fez um enorme esforço para puxar o corpo – Eu não estou doente... – o rosto estava vermelho, e o fôlego começava a faltar – e sim, grávida! – conseguiu tirar a bunda do assento, e Sai a ajudou a ficar de pé.
- Grávida de oito meses e de gêmeos. – Sai segurou Sakura pelos ombros e colocou-a sentada no banco do carro novamente (mediante protestos, é claro). – Fique quietinha aí e não faça drama. Você sabe muito bem que não é inválida, mas a sua situação é delicada e, portanto, devemos tomar cuidado.
- Estou sentada aqui desde que chegamos. Mal pude ver a casa com os móveis! – encaixou as costas no encosto do banco e passou a acariciar a barriga. – A mamãe escolheu uma casa linda para morarmos, meus filhotes. Tem um quintal enorme, cheio de árvores, uma piscina...
- Bem longe de um hospital onde se possa dar à luz decentemente. Mas é para isso que existem as parteiras e os facões de se cortar carnes duras, além da esterilização caseira, não é? – como recompensa pelo sarcásmo, Sai recebeu uma bolsada na cabeça.
- Não ouçam seu pai. Ele não sabe aproveitar uma oportunidade quando a tem. – Sakura continuava acariciando a barriga. – Sai, querido, traga a minha bolsa, por favor.
- Onde, ou melhor, com quem você aprendeu a agir dessa forma? – indagou Sai, entregando a bolsa para a mulher.
- Você é péssima influência, e eu sou muito inteligente. – falou calmamente. Pegou um prendedor da bolsa e fez um coque com os cabelos. Suspirou enquanto abria um botão da blusa e abanava o próprio rosto – Deus, que calor. Quero ir para dentro da casa. Eu preciso deitar-me: minhas costas estão me matando.
- Venha. Eu te levo. – pegou Sakura no colo e se dirigiu a casa. Empurrou a porta da entrada com um dos joelhos. Passou por um curto corredor, que dava na sala de estar. Esta era espaçosa e bem iluminada. Nela, havia dois sofás, um móvel de madeira, no qual estavam a televisão e um aparelho de som, e uma mesa de jantar para doze pessoas. Sai colocou a esposa em dos sofás, de frente para a porta da varanda.
- Ainda falta desmontar algumas coisas. – sentou no sofá próximo ao de Sakura e espreguiçou-se – Eu concordo que a casa é belíssima, mas é inegável que ela está bem longe da civilização.
- Por isso é um ótimo lugar. – Sakura entrelaçou os dedos aos do marido – Vamos criar duas crianças. Não quero que elas respirem aquele ar poluído da cidade nem tenham que enfrentar a violência da mesma.
- Vendo por este lado, você tem razão.
- Só porque compramos esta casa, não quer dizer que vamos morar nela para sempre. Podemos, um dia, voltar para a cidade.
- Sim. – Sai soltou os cabelos de Sakura e passou a brincar com eles. – Como você disse anteriormente, essa casa nos veio como uma grande oportunidade. Conseguir um lugar tão grande e bonito pelo preço que compramos... É quase impossível!
- Aqui, teremos mais privacidade. – ela sentiu a mão de Sai escorregando pelo seu pescoço, chegando ao decote e abrindo mais um botão da blusa. – Sai, é melhor não... Pode provocar um parto prematuro.
- Eu sei. – Sai ajoelhou-se ao lado de Sakura. – Só que... – agora, beijava o pescoço e o colo da mulher. – estou a dois meses sem sexo. Na verdade, sem sexo, sem beijos, sem o seu cheiro...
- É para não cair em tentação, amor.
- É para me fazer sofrer. Pelo menos eu sei que não sou o único. – olhou para a barriga estufada de Sakura e sorriu. – Além disso, se for pelo bem dos meus filhos, eu me sacrifico! – levantou-se e foi em direção a uma das caixas de papelão sobre a mesa de jantar.
- Nós vamos ser felizes. – Sakura ajeitou uma das almofadas debaixo da cabeça e descansou as mãos sobre o ventre. – A gente se ama, temos uma casa linda, nossos filhos têm saúde, temos um bom emprego.
- Mesmo que me seja imposta uma abstinência de sexo. –Sai escapou de outra bolsada por pouco – Eu não tenho do que reclamar. Você terá os bebês daqui a algumas semanas, a casa já estará em ordem... e a abstinência sexual acabará! – não conseguiu escapar de uma almofadada certeira.
- Eu não sabia desse seu lado pervertido. Preciso tomar cuidado com você. – olhou para o marido, que abria as caixas de papelão. – Você sabe que não poderá fazer muita coisa comigo depois do parto, não é?
- Sakura, eu sinto sua falta, mas eu sei que precisará descansar depois do parto. – pegou um objeto da caixa de papelão, que estava embrulhado por jornal. – Eu que preciso tomar cuidado com o que falo para você: você leva tudo muito a sério.
- Não estou falando disso, Sai-chan.
- Então, do que é?
- Estou falando da temporada que Naruto-kun e Sasuke-kun passarão aqui.
- Que história é essa, Sakura?
- Eu os convidei. Esqueci-me de avisá-lo?
Neste instante, Sai se virou, com objeto já desembrulhado em suas mãos, uma cara de poucos amigos e andou em direção à esposa:
- Passou pela sua cabeça que, sendo seu marido e pai dos seus filhos, eu deveria ter manifestado minha opinião antes de você tê-los convidado.
- Qual é o problema? – a expressão de Sakura mesclava susto e incredulidade.
- Nada, meu bem. – Sai deu o melhor sorriso cínico dele. – Você só convidou o viciado em ramen espaçoso e a sua ex-fixação para passarem uma temporada aqui.
- Meu Deus, que reboliço por pouca coisa. Eles são os meus amigos de faculdade e precisavam de um lugar calmo para ficar. Ofereci a nossa casa.
- Terei duas crianças recém-nascidas para cuidar. Fora o meu emprego, a casa e você, meu anjo. Já não me basta tudo isso? Eu tenho mesmo que hospedar o Esnobe Uchiha e o Macarrão Instantâneo Uzumaki?
- Tem. E contenha-se. Naruto é uma ótima companhia e já é bem grandinho. Sasuke gosta de isolar-se, não dará trabalho algum.
- Eu só queria aproveitar a minha família em paz, isto é, só eu e a minha família. Há algo de errado nisso?
- Não, não há. Você terá a vida inteira para isso. – Sakura sentou-se no sofá com a ajuda de Sai. Ajeitou as costas no encosto maleável e distanciou as pernas. - Sente-se e encaixe a cabeça neste vão. Eu ainda consigo fazer massagem.
Sai obedeceu. Sentia as mãos firmes da mulher no pescoço e no início das costas. Começou a relaxar.
- Talvez você tenha razão, mas só sobre o Naruto. Aquele Sasuke não é confiável.
- Ciúmes? – Sakura massageava os ombros do marido.
- Não. Quero dizer, você não se casaria comigo se ainda fosse apaixonada por ele. Eu nunca gostei dele mesmo. Você deviria afastar-se do Esnobe Uchiha.
- Já falei que são meus amigos: não vou afastar-me deles. – a moça deslizava os dedos pelo cabelo do rapaz. – E pare de inventar estes apelidos.
- Você é opressora, heim. – Sai aproveitava a sensação. Momentos como aquele seriam raros com a vinda de dois bebês e de dois marmanjos complicados. – Eu prometo que vou comportar-me.
- Acho bom. – Sakura massageava um ponto abaixo das orelhas do esposo. – As minhas costas já me atormentam o bastante.
Mais uma fic, para o prazer (ou não) de todos.
Pode parecer que a história focar-se-á no casal SaiSaku, mas o principal será NaruSasu (pois o primeiro já emplacou), pelo menos a princípio.
Quero mandar um "obrigado" a todos que comentaram a fic "O que ainda há por vir", meu primeiro bebê. Ainda estou aprendendo a manejar o por isso, não se entristeçam caso eu não tenha respondido a alguma review.
Quero deixar bem claro, querido leitor, que reviews serão sempre bem-vindas, não importando se elogiam ou se criticam. Afinal, como vocês querem que eu escreva mais se não me estimulam, ou, se querem que eu melhore meus textos, se não me apontam os erros?
É só. Até o próximo capítulo.
Sakura e Sai mudaram-se para uma linda casa, o lugar perfeito para formar uma família. A vinda, no entanto, de dois rapazes, Naruto e Sasuke, a esse paraíso pode desestabilizar essa felicidade toda. Ou fortalecê-la. Contém linguagem inadequada e yaoi.
