É o fim... ne?
Parte I
Eles andavam silenciosamente de mãos dadas. O caminho para o poço era tão conhecido pelos dois que podiam chegar lá de olhos vendados. Era triste que tudo terminasse daquela maneira. Naraku estava morto e a Jóia destruída, não havia nada a prendendo àquele lugar. Tinha que voltar à sua Era, onde estava sua família e amigos, onde ela pertencia e onde devia acabar seus estudos, como qualquer garota normal. Era um único pulo e estaria em casa, de uma vez por todas e sem volta, em casa.
Chegaram à tão temida clareira e lá estava o Poço Come Ossos, como se estivesse esperando-a o tempo inteiro. Sem soltar a mão do namorado, ela se sentou da borda, implorando silenciosamente que ele a empurrasse para dentro como havia feito uma vez.
– Então – ele levantou a cabeça sorrindo forçado – Acho que é aqui que termina.
– É... – ela concordou seguindo o olhar dele para o céu, achando as nuvens muito interessantes – É o fim...
O ventou soprou leve no rosto dos namorados. As nuvens movendo-se vagarosamente tinham um efeito quase hipnótico. Ao longe, passarinhos cantavam e as pessoas do vilarejo comemoravam finalmente os tempos pacíficos.
– Acho... – ela disse incerta – Que é hora de ir...
– Acho que é...
Ela se virou, olhando o poço como se implorasse que não a deixasse passar.
– Kagome, espere...
– Inuyasha...
– Eu... gosto muito de você.
– Eu também.
– Não vou te esquecer.
– Nem eu.
Ela olhou dentro do poço.
– Tenho mesmo que ir, Inuyasha?
Ele suspirou triste.
– Tem sim – olhou o chão, a grama de repente muito interessante – Sabe que não pode ficar.
– E que você não pode ir.
– Nós sabíamos que ia acabar assim.
– Você é parte youkai, seria perigoso ir para a minha Era.
– E você pertence àquele mundo.
Ela o abraçou de leve, os braços contornando o pescoço masculino. Inuyasha colocou uma mão nas costas dela.
– Vamos lá, Kagome – ele puxou o rosto dela – É hora de ir.
– Sim...
Ela se sentou com as pernas para dentro do poço, esperando mais uma vez por um empurrão.
– Então – suspirou sem olhá-lo – É o fim...
– É.
– Acho que é adeus, ne?
– Infelizmente.
– Então... Adeus.
– Adeus.
Uma brisa leve soprou, balançando os cabelos dos dois.
– É assim mesmo que acaba? ... Com adeus?
– Suponho que sim... – ele respondeu incerto.
– Você não vai me beijar nem nada?
– Eu devia?
– Tipo... Eu estava esperando que sim.
– Mas Kagome...
– Me beije, baka!
– Mas eu...
– Inu-chan, por favor...
– Tá bom...
Ele encostou de leve os lábios nos dela. Fechando os olhos Kagome tentou apreciar o momento, o primeiro e último beijo deles. O triste, pensou, foi que tudo acabou muito rápido, rápido demais.
– Feliz agora?
– Um pouco...
– Só um pouco?
– Tenho que ir, Inuyasha.
– Eu sei.
– Bem... Então é o fim.
– É.
– Vou sentir sua falta.
– Eu também.
– Não me esqueça, ne?
– Já disse que não vou.
Ali, outro silêncio desconfortável. Não adiantava enrolar mais, teria que ir cedo ou tarde. Se pudesse decidir, iria tarde, bem tarde.
– Então... – continuou – É o fim...
– É...
