Domo pessoal

Cá estou com mais uma fic, e minha mente não para de fervilhar com novas idéias. Por isso, como não poderia deixar passar, estou introduzindo Asgard a saga que estou escrevendo que começou lá em Troca Equivalente.

O Despertar das Valkirias como todas as minhas outras fics de Saint Seya são voltadas tanto para a série como seus primórdios mitológicos. Nesse caso, estarão presentes tanto divindades gregas como nórdicas.

Essa fic de certa forma é um prólogo para a fic principal que vem a seguir, que se passa mais no santuário, porém pelos meus cálculos ela ficaria muito grande e cansativa, então, resolvi dividir e colocar tramas diferentes para cada uma, embora estejam relacionadas.

Sinceramente espero que gostem. Essa fic só nasceu graças a uma grande amiga minha a Margarida que é louca, apaixonada e declarada pelo Alberich e conseguiu me convencer a gostar dele também.

Ela me fez ver que nem sempre os caras do tipo, príncipe encantado são os melhores, apesar de eu sempre ter uma predileção declarada por vilões. O Alberich é um personagem que ou você o ama ou você o odeia, na mesma proporção o que faz ele ter uma certa semelhança com Medeia da mitologia grega e que por sinal já passou pelas minhas fics e ainda vai ter mais participações.

Embora muitas fics não mostrem um lado muito bom dele, estou disposta a aceitar o desafio de deixá-lo mais irresistível do que já é. Me desculpe se isso parece pretensão, mas gosto de historias assim. E fazer com que os personagens existam como se fosse possível sair na rua e encontrá-los caminhando calmamente, fazendo coisas normais e sendo pessoas que você conversa a todo momento, é uma grande realização pra mim.

Enfim, vamos ao que interessa.


Boa leitura!


Nota: Os personagens de Saint Seya não me pertencem. Apenas alguns personagens que aparecerão no de correr da história.


O Despertar das Valkirias

Capitulo 1: Terra de Gelo.

I – Prólogo.

Diz a lenda que as Valkirias eram belas jovens de orbes azulados e longas melenas douradas, vestiam armaduras brilhantes, cavalgando pelos céus montadas em cavalos alados. Estavam sempre presentes em campos de batalha escolhendo os mais valorosos heróis que pereciam para levá-los ao Vallhala.

Ao cavalgarem pelos céus da Terra Média, suas reluzentes armaduras faiscavam, causando o mais belo espetáculo já apreciado por mortais. A Aurora Boreal.

As nove filhas de Odin com Gerda a deusa da Terra, eram comandadas por Freya. Deusa-Mãe da dinastia dos Vanir, filha de Niord deus do Mar.

Equivalente de Afrodite, Freya é a divindade que representa as coisas belas e os prazeres intensos da vida, porém, desde os primórdios seu coração pertenceu a uma só pessoa e a ela, sempre foi fiel, mesmo ao longo da eternidade.

Um retorno ao passado e novamente às divindades caminham sobre a Terra. Sentimentos se revelam e somente os ousados permanecem. Felizmente ainda existem pessoas corajosas que não tem medo de aproximar-se de um penhasco e pular de olhos abertos e braços abertos. Embora a vida sempre dê muitas voltas, ela sempre nos leva pelo caminho certo, não importa quantos buracos e quedas tenhamos nesse trajeto.

Aqui começa o Despertar das Valkirias, apenas abra sua mente e prepare-se para todos os mistérios que aqui serão revelados.

II – Destino.

No seio da terra elas fiavam, teciam e cortaram. Assim fora a vida toda, ou como alguns diriam, por toda a eternidade seria assim. Uma venda desgastada e já rasgada pelo tempo cobria-lhes os olhos.

Não precisavam enxergar o céu acinzentado e triste que jazia lá fora, não precisavam fechar os olhos para evitar enxergar os lamentos daquelas pessoas tão carentes de calor. Sempre fora assim... Elas sempre seriam assim e sabiam disso.

As três jaziam sentadas na beira de um lago, protegidas por um dos ramos de Yggdrasil. Uma delas deixou a ponta dos dedos tocarem a superfície do lago, deixando-a disforme.

-As energias do ambiente estão mudando; Skuld comentou, notando que a senhora ao seu lado acariciava ternamente o ventre saliente.

-O destino clama para ser mudado; Verdandi respondeu, voltando-se para ela, ainda mantendo a mão sobre o ventre.

Enquanto Skuld representa o futuro, a bela e jovem virgem do destino. Verdandi é a vigia do presente, tendo sempre o ventre saliente representando a evolução que dá-se pela maternidade.

-Já esperávamos por isso; a terceira falou, os cabelos já brancos caiam sobre os ombros, mas Urd não parecia se importar, já que era a eterna guardiã do passado, representada sempre pela forma de uma anciã.

-Até os deuses querem mudar o seu destino; Verdandi falou, com o olhar vago para a superfície do lago. –E eles vão lutar por isso;

-Vanirs e Aesiris ainda desejam caminhar sobre esta Terra; Verdandi falou.

-Não só eles; Urd completou de forma enigmática.

-Certamente, mas o destino vai ser mudado, queiramos nós, ou não; Skuld respondeu, como se acabasse de selar não só o próprio futuro, mas como o de toda a Terra e daqueles que caminham por ela.

III – Cumprindo Promessas.

A noite chegava no extremo norte do planeta. A neve caia incessante do céu, porém não parecia intimidar aquele ser que continuava sua caminhada. Envolta em uma capa preta, ela deixava que suas pegadas ficassem marcadas na neve, ao longe avistava a imponente e majestosa construção. O palácio Vallhala. Que em Eras imemoriais serviu de morada a guerreiros excepcionais que a Odin juraram fidelidade e prometeram proteger Asgard com as próprias vidas se fosse necessário.

Caminhou por mais alguns minutos até chegar na entrada de um pequeno terreno. Um velho portão de metal jazia semitorto, porém trancado, mas para ela não era esforço algum derrubar as correntes.

As mãos delicadas tocaram o metal, uma pequena pressão fez as correntes cederem e caírem praticamente ignoradas no chão. Ela atravessou o portão, mal dera cinco passos encontrara finalmente aquilo que procurava.

-Finalmente encontrei vocês, crianças que Harmonia jurou proteger; a jovem falou com amabilidade observando as sagradas armaduras que repousavam naquele cemitério abandonado.

As safiras de Odin ainda estavam incrustadas em algumas. Elas pareciam tão tristes sem vida e sem o calor de seus guardiões para aquecê-las.

A mulher misteriosa caminhou até uma das armaduras, a primeira era a de Merguerez. Olhou-a com certo carinho tremeluzindo nos orbes esverdeados.

-Pobre criança que aos Deuses jurou servir. Concedo-lhe essa nova chance de por Asgard caminhar com segurança; ela murmurou tocando a lapide.

Como num ritual ela fez o mesmo com as outras. Ajoelhando-se na frente de cada uma delas e tocando-lhes as safiras, mesmo na ultima armadura que não a possuía ela fez o mesmo, fazendo com que ali uma verdadeira safira viesse a existir.

As estrelas que formavam a Ursa Maior sob o céu do equador celeste, brilharam intensamente.

A jovem tirou parcialmente o capuz da cabeça para observar melhor à noite, as estrelas já anunciavam para aquele povo castigado pela neve que sempre haveria esperança e que seus valorosos heróis retornavam.

Os orbes tremeluziram um brilho prateado, refletindo a luz da lua, os longos cabelos dourados esvoaçaram com o vento.

-"Aqui cumpro minha promessa a ti Harmonia"; ela pensou, antes de desaparecer, sendo observada por alguém escondido em meio as sombras.

IV – Entre o Sonho e a Realidade.

Três anos atrás...

A jovem sacerdotisa de Asgard remexia-se nervosamente sobre o leito, parecia sonhar, porém algo lhe deixava num misto de preocupação e medo. Um gemido abafado pelo travesseiro indicava o pranto continuo sem motivo aparente.

-Hilda, minha irmã, acorde; Flér falou preocupada, batendo insistentemente na porta do quarto, esperando uma resposta, mas como ela não veio. A garota de madeixas douradas entrou.

Ao entrar encontrou a irmã, já sentada na cama com as mãos sobre os olhos e os cabelos revoltos. Parecia respirar com dificuldade, tentando conter os soluços.

-Hilda; a jovem chamou num sussurro.

-Eles voltaram; Hilda falou em resposta, vendo a irmã fitá-la confusa.

A jovem sacerdotisa levantou-se da cama com ar imponente, encaminhando-se para o banheiro anexado ao quarto, voltando de lá vestida apenas com um vestido de gola alta e que descia até o pé de um tecido bem grosso para agüentar a temperatura.

-Aonde vai? –Freya perguntou, vendo que a primeira pergunta fora ignorada. Hilda colocou por cima do vestido uma capa preta, que a protegeria do vento.

-Preciso ir até o Templo de Odin, não se preocupe, não pretendo demorar; ela disse saindo do quarto, sem ao menos voltar-se para explicar melhor a situação.

-Quem será que voltou? – Flér se perguntou, saindo do quarto da irmã, não sem antes fechar a porta, caminhando de volta a seus aposentos.

-o-o-o-o-

-"Não acredito que realmente sonhei com isso"; Hilda pensava, enquanto subia as escadarias do Templo praticamente correndo. –"Isso quer dizer que mais uma guerra esta por vir"; ela pensou com certa amargura. –"Não quero que eles sofram novamente com isso"; a jovem pensou, aproximando-se do pequeno altar diante da enorme estatua do Onipotente Senhor de Asgard.

Hilda permaneceu alguns minutos em silêncio ajoelhada ali, pouco a pouco seu cosmo começou a elevar-se. Em um ponto não muito distante do palácio alguns cosmos se manifestaram de maneira pacifica, como se reconhecendo a nova vida que recebiam, sem que ela percebesse esses cosmos começaram a movimentar-se indo em direção ao Vallhala.

-"Por favor, Odin. Senhor de Asgard, não permita que eles passem por tudo isso de novo"; ela pedia numa prece silenciosa para que seu desejo fosse atendido.

Passara-se um ano desde que os Guerreiros Deuses haviam enfrentado os Santos de Athena e perecido, mas agora aquele sonho insistente que parecia lhe dizer que algo estava para acontecer, aparecia noite após noite.

Sonhava com os cavaleiros vivos a mais de uma semana, sabia que isso era humanamente impossível de ser feito, porém, apenas um Deus teria poder para tanto, mas sendo ela uma sacerdotisa de Odin, porque não sabia tais respostas para suas indagações?

-Não se preocupe Hilda, as coisas acontecem sempre no tempo certo; uma voz sussurrou em seus ouvidos, fazendo-a sobressaltar-se.

-Quem esta ai? – ela perguntou, levantando-se e olhando a sua volta, porém não conseguia enxergar nada.

-Aqui; uma voz soou atrás dela como um sussurro atrevido perdido pela noite.

Ao virar-se a jovem ficou estática, quem era ele afinal? Um belo homem que contava por volta de seus trinta anos, longos cabelos negros com algumas mexas prateadas e orbes também prateados. Trajava uma longa túnica negra que lhe cobria os pés. Uma longa faixa dourada envolvia sua cintura, tinha o garbo de um verdadeiro líder, sério e persistente. Aquela sem duvidas era uma visão digna dos deuses.

-Quem é você? –ela perguntou cautelosa.

-Digamos que se não fosse por mim o mundo não existiria. Estou aqui. Ali; ele falou gesticulando casualmente enquanto se aproximava. –Porém não estou em lugar algum, só depende de como as pessoas preferem me ver;

-Não entendo; Hilda murmurou confusa recuando um passo para trás.

-Sou aquele que você teme, porém sou sua maior força. Sou sua força, sou sua fraqueza; ele continuou aproximando-se da jovem com um olhar felino. –Sou seu medo, sou sua coragem, sou aquele que existe em você mesmo quando não existo em mais nada. Seus temores e anseios são causados por mim, sou aquele que te instiga, sou aquele que te reprime; ela engoliu em seco, recuando mais um passo. –Existo desde que o mundo é mundo, eu o criei e eu também posso destruí-lo;

-O Caos; ela murmurou, colocando a mão sobre a boca para abafar o grito de surpresa.

-É o que sou; ele respondeu abrindo os braços e fitando a jovem com um olhar enigmático. –Sou tudo aquilo que você é e o que deseja ser. Eu sou a origem e o fim de tudo;

-Como é possível? – Hilda se indagou, vendo-o dar-lhe as costas e seguir para o altar de Odin.

-Tudo é possível minha cara, basta apenas você acreditar que é; Caos respondeu eloqüente.

-O que você faz aqui? Os deuses já não cansaram de castigar Asgard? Agora querem sua completa destruição? – ela falou indignada, deixando os orbes azuis brilharem de forma perigosa.

-Gosto desse fogo em seu olhar criança; Caos disse, aproximando-se da jovem e erguendo-lhe a face pelo queixo, os lábios a milímetros de distância. Hilda estremeceu, sentindo a quente respiração chocar-se contra sua face. –E é exatamente por pessoas perspicazes como você que estou aqui; ele falou, mirando-lhe os orbes de forma atrevida, deixando que um meio sorriso se formasse em seus lábios.

-O que quer dizer? –ela perguntou sustentando o olhar, não importava mais se estava em frente a uma divindade ou quem quer que fosse.

-Que a muito, os Deuses não dominam mais esta terra, embora alguns ainda ousem me desafiar e insistam em meter-se entre mortais; ele falou soltando-lhe e indo sentar-se no alpendre de frente a grande estatua. –Digamos que só vim lhe avisar que a guerra entre os deuses chegou a seu fim, em todos os cantos do mundo;

Hilda suspirou aliviada, porém ainda mais aliviada ao vê-lo se afastar. Viu-o voltar seus orbes para a grande estatua.

-Pensei que mais um Ragnarok estivesse se aproximando; ela falou cautelosa.

-Não; Caos respondeu vagamente. –Um dia uma deusa voltou-se contra as divindades para garantir que a próxima geração não sofresse mais com isso;

-Quem é ela? –Hilda perguntou intrigada, nunca pensou que isso fosse possível, talvez por ter a vida toda servido apenas à Odin, acreditava que quem teria o poder de salvar as pessoas que a si veneravam era apenas ele e não que qualquer outra divindade fosse capaz de tal feito.

-Não é importante agora, mas não é nenhuma das divindades veneradas pelo povo do norte; Caos respondeu, lembrando-se da jovem deusa que aceitara uma troca equivalente.

-Então, porque veio aqui? –ela perguntou confusa.

-Seus cavaleiros receberam a dádiva de retornarem a caminhar nessa terra, mas ainda sim tem a missão de protegerem esse povo que ainda é carente de calor; Caos respondeu seriamente.

-Os guerreiros deuses, eles...; Ela não completou.

-...; Caos assentiu, fitando-lhe intensamente com os orbes prateados. –Mas entenda uma coisa governante de Asgard, o mal não existe apenas em divindades que querem dominar o mundo, todos amam e odeiam na mesma proporção, proteja seu povo enquanto isso lhe for permitido;

-Eu farei tudo que me for possível; Hilda respondeu convicta.

-Sei que vai; Caos falou com um sorriso enigmático. –Adeus Hilda de Poláris;

-Espere; ela pediu aproximando-se antes que ele partisse, ele assentiu dizendo que ela poderia continuar. –O que aconteceu com essa deusa que enfrentou as outras divindades?

-Ela tornou-se mortal, porque amava os cavaleiros demais para permitir que os deuses mandassem em seus destinos; ele respondeu, desaparecendo em seguida em meio a uma nevoa prateada que ergueu-se do chão, impedindo que ela pudesse perguntar mais alguma coisa.

Hilda observou a nevoa aos poucos desaparecer e com ela o Onipotente Senhor do Universo. Não esperava algo tão grandioso assim. Quando Athena partira de Asgard com seus cavaleiros, pensara que o povo do norte não mais sofreria, porém estava enganada, já que o maior dos inimigos se revelara após a batalha de Posseidon.

Mesmo o povo do norte acostumado ao pouco calor, assustara-se quando por pouco tempo o sol quase desaparecera completamente, um eclipse que mudou a vida de todo o planeta.

Agora os Guerreiros Deuses haviam voltando, numa Era de paz que a muito pedira aos Deuses que lhes dessem essa oportunidade, mas a que preço?

-"Quem será essa Deusa? E porque os Deuses lhe impuseram isso?"; ela se perguntou.

Voltou-se para trás e sentiu o sangue parar de correr em suas veias e o coração falhar uma batida. Todos eles estavam ali, subindo as escadas para o altar de Odin: Siegfried, Thor, Haguen, Alberich, Fenrir, Shido, Bado, Loki, Rung e Urs. Todos os Guerreiros Deuses que serviam a Asgard e a Odin.

-Divina Hilda, aqui os Guerreiros Deuses se colocam em sua presença, esperando por suas ordens; Siegfried falou, ajoelhando-se em frente a ela, sendo seguido pelos demais.

-Levantem-se Guerreiros Deuses; Hilda falou com a voz imponente. –Uma Era de paz começa agora e as guerras criadas por imortais chegaram ao fim; ela falou os surpreendendo.

-Mas...; Thor tentou contestar confuso.

-A única coisa que lhes peço é que vivam e protejam este povo, não é necessário mais sofrerem com as incertezas que por vezes lhes atormentaram; ela completou.

-...; Todos assentiram em concordância. Uma nova Era começava para aquele povo.

V – Pilar de Mármore.

Tempos Atuais/ Atenas / Santuário de Athena...

Remexeu-se na cama, estava começando a ficar incomodada com o barulho vindo de fora do templo. A mais de meia hora que tentava pegar no sono não conseguia por causa daquele barulho, porém Kamus parecia o único a não se importar, dormia pesadamente a seu lado, abraçando-lhe protetoramente pela cintura, completamente alheio aquele barulho irritante; Aishi pensou sentindo uma veinha saltar na testa.

-Kamus; Aishi chamou, virando-se de lado na cama, para ficar de frente para ele.

-Uhn! –ele murmurou de olhos fechados, estreitando mais os braços em volta da cintura dela, ainda dormindo.

-Tem alguém lá fora; Aishi falou, ouvindo o que poderia passar muito bem por passos inquietos de alguém.

-O que? –ele perguntou, abrindo os olhos.

-Acho que tem alguém lá fora; a amazona falou. –Ouça; ela falou, chamando-lhe completamente a atenção.

Ficaram em silêncio, a única coisa que ouviam era o vento chocando-se contra as janelas fechadas, mas um som muito baixo vinha da entrada do templo.

-Quem será essas horas? –ele perguntou, franzindo o cenho.

-Não sei, mas é melhor darmos uma olhada; Aishi falou querendo se levantar.

-Não mesmo, você fica aqui quietinha; Kamus falou prontamente. –Sabe-se lá o que esta lá fora pra você sair assim; ele falou enciumado.

-Kamus; Aishi falou em tom perigoso.

-É sério; ele se defendeu, era difícil admitir que estava com ciúmes, mas não iria deixá-la sair com aquela camisola nada discreta para fora do templo.

-Vá logo e me diga quem é então; Aishi falou, dando-se por vencida, estava morrendo de sono e aquele barulho insistente não lhe deixava dormir, então era melhor resolver logo isso.

-Volto logo; ele falou, dando-lhe um rápido beijo nos lábios.

Kamus afastou-se, levantando da cama e rapidamente vestindo um roupão azul-marinho que fora jogado sobre uma poltrona próximo a cama. Atravessou todo o templo ouvindo o barulho aumentar, ficou intrigado com isso, quem seria?

Aproximou o ouvido da porta de entrada notando que o barulho parecia ter parado, franziu o cenho, abriu uma pequena fresta na porta, mas não encontrou nada.

Andou para fora do templo, ainda era noite. Virou-se para os lados, não parecia ter ninguém ali, mas olhou atentamente para um dos pilares de mármore em frente ao templo.

Caminhou intrigado até o pilar, abaixando-se até os joelhos quase tocarem o chão.

-Mas o que é isso? –Kamus se perguntou tocando o mármore, haviam cortes no pilar, como se sempre estivessem estado ali, ou melhor, como se fossem entalhadas por algo bem afiado, mas sabia que eram recentes. Conhecia pilar por pilar de seu templo e definitivamente aquele detalhe não pertencia a ele.

Voltou para dentro do templo, encontrando Aishi quase pegando no sono.

-Ma petit; ele chamou, sentando-se na beira da cama, ao lado dela.

-Uhn! Então, quem era? –Aishi perguntou sonolenta.

-Preciso que veja uma coisa; Kamus falou. –Vem comigo.

-Mas...; Ela tentou argumentar.

-Por favor; ele pediu.

-...; Aishi assentiu, levantou-se da cama, pegando seu hobby que deixara sobre a poltrona junto com o dele antes de deitarem, enquanto fechava o laço, seguia com Kamus para fora do templo.

Rapidamente o aquariano lhe indicara o pilar.

-O que é isso? –Aishi perguntou, franzindo o cenho, enquanto tocava a superfície recém entalhada.

-Garras; ele respondeu como se lesse seus pensamentos.

-Como? –Aishi voltou-se pra ele confusa.

-São marcas de garras, ou qualquer coisa bem afiada que conseguiu cortar o mármore; ele completou.

-Quando isso apareceu aqui?

-Acho que o barulho que você ouviu foi no momento em que isso estava sendo entalhado; ele respondeu.

Aishi olhou fixamente para o pilar, era como se um gato, mas um gato bem grande houvesse afiado suas garras ali, mas na Grécia não tinha esse tipo de animal.

-Unhas de gato; ela falou.

-Como?

-Parecem unhas de gatos; Aishi falou. –Gatos têm por habito afiar as unhas em pedras ou madeiras;

-Mas porque no meu pilar? –Kamus perguntou intrigado.

-Eu que sei; Aishi respondeu levantando-se. –Vamos dormir, amanhã a gente pergunta para os outros se isso apareceu em outro pilar;

-...; Kamus assentiu, mantendo-a em um meio abraço os dois retornaram para dentro do templo.

Não muito longe dali, um par de orbes azuis acendeu-se na noite, indo desaparecer escadarias abaixo.

Continua...