Disclaimer:

- Bleach não me pertence, não é triste isso?

Essa fic foi um desafio muito malvado de uma foca, que não acreditou que eu pudesse escrever um Hitsugaya X Soi Fong.

Ele estava certo. ¬¬'

Cada Você E Cada Eu

sucker love, a box I choose.

no other box I choose to use.

another love I would abuse,

no circumstances could excuse.

amor bastardo, uma caixa eu escolho

não outra caixa eu escolho pra usar

algum outro amor eu iria abusar

nenhuma circunstância poderia explicar

Every Me And Every You / Placebo

ooo

Regra número 1: Não fale do passado.

Soi Fong não gostava de chorar. Não era do tipo que chorava à toa, ou mesmo por um bom motivo. Não chorou pela morte dos irmãos. Não chorou quando seu corpo ardia de dor nos treinamentos. Mas não adiantava, sempre chorava por ela.

Por isso, quando Hitsugaya apareceu na floresta derrubando tudo que encontrava pela frente, dando de cara com seu rosto molhado e vermelho, ela não soube reagir. Ficou estática, esperando qualquer coisa. Uma pergunta, uma bronca, um riso de escárnio.

Mas ele não fez nada disso.

-Você quer ficar sozinha, não é?

-Eu não sei. Não sou boa nisso.

-Eu também não.

Era simples e esquisito.

Cada um tinha seu próprio peso e seu próprio orgulho.

Sorriram. E passaram o resto do dia sentados olhando o vento, sem perguntas, em silêncio.

ooo

Regra número 2: Não use primeiros nomes.

Ela ainda não sabia porque estava ali.

Na verdade, sabia a razão, mas não a intenção. Afinal, ele era só o garoto gênio, certo?

-Taichou? – ele perguntou, abrindo a porta.

O único motivo que a fazia sair de sua cama àquela hora da noite para correr ao quarto do capitão da décima divisão, era uma solidão muda. Daquelas que a assaltavam vez ou outra, e da qual ela não gostava de dividir com ninguém.

E por isso queria estar com ele.

Porque ele não queria, simplesmente, dividir nada com ela.

-Você tem insônia, Histugaya-taichou?

-O tempo todo.

E não precisavam dividir as coisas.

Cada um já sentia peso demais nas costas. Bastava, apenas, serem outras pessoas.

E mentir que a insônia era um forte inimigo.

ooo

Regra número 3: Não espere nada dele, nem de você

Ela acordou com uma respiração pesada em seu pescoço. Braços na cintura. Um fiapo de luz subindo pela janela. Hitsugaya murmurou alguma coisa, enquanto ainda dormia.

E ela pensou.

Soi Fong não gostava de pensar em certas coisas. Amor, carinho, proteção. Era por isso que funcionavam bem. Eles seguiam as regras. Eles entendiam o jogo.

Por um momento ela desejou mesmo que a garota adormecida no quarto da 4º divisão acordasse logo e tirasse o peso das costas do shinigami de gelo. Ela o queria tanto bem, por deixá-la brincar de ser mocinha. Por entender que ela queria ficar sozinha, e ser abraçada ao mesmo tempo.

Sem mais questões.

Era mais fácil não serem dois. Eram quatro, cinco, seis deles mesmos. Inventando novos pedaços toda noite, se encaixando, se rompendo.

O importante era se quebrar. Era sentir alguma coisa além do ciclo vicioso em que viviam.

A amante deixada.

O amigo traído.

Tragédias não faziam o tipo de nenhum dos dois. Ou dos quatro. Ou dos seis. Soi Fong era tantas naquele quarto, e era nenhuma. Nunca seria, como ele podia tentar mas jamais daria um sorriso completo, com ela. Eles tinham outra vida que os corrompia além das paredes.

Não que não se importassem, ou mesmo se faziam, não era essa a intenção do jogo.

Eles só queriam se quebrar, um pouco mais.

Porque eles sabiam que uma hora, o tempo ia cobrar seus pedaços.

As coisas teriam que se resolver, pro bem ou pro mal, levando qualquer parte deles. Qualquer uma.

E eles só podiam esperar.

-Você acordou?

-Não, menino... Ainda não. Estamos ensaiando...

OWARI