Naruto tão apenas não me pertence.


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- Raiar -


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- Puxa, então nós demoramos. – Ino finalizou, tirando a chave da bolsa – Zerinho ou um?

- Pra quê?... – Ele falou. Ainda estava de mãos vazias afinal.

Às vezes, ela até queria que ele fosse mais cavalheiro. Como agora, por exemplo. Mas se contra-argumentou dizendo por dentro que pensar assim era o resultado de uma lavagem cerebral, dessas propiciadas por historinhas de princesas. Girou a chave a abriu a porta.

- Não liga a luz, Shikamaru. – Ela correu para a janela da sala. Abriu a persiana e ficou olhando a vista de lá fora.

Por inércia, ele a acompanhou, esquecendo-se de que a entrada era perfeita para escorar-se na parede e... A casa estava ferrugem-escuro por causa da mistura da luz de lâmpadas de sódio com outras pequenas doses vermelhas, verdes, azul-esbranquiçadas. Igualmente ferrugem estavam as nuvens, em camadas. Ino gostava de olhar panoramas à noite. O emprego novo não tirou isso dela.

- Ino. – Ele chamou, às costas da moça.

Que inveja. Podia sentir sua vida se despedaçando lentamente e caindo no chão...

- Sim? - Ela se virou um tiquinho. Calma, a vista lá fora não ia fugir.

- Sinto muito.

- Hã?... – Mas ele, antes de o ponto de interrogação terminar de aparecer, colocou parte do próprio peso nas costas dela e arrolou os braços nela como que num abraço estranho, até sentir Ino segurando-lhe uma das mãos.

E descansou a cabeça quase em um dos ombros.

- Shikamaru?

Esperou.

- Ei. – Sacudiu a mão dele – Shikamaru?

Folgado!

Ainda que estivesse 10 centímetros longe da janela, Ino se sentiu prensada entre o corpo dele e o vidro. Tipo como se não pudesse sair dalí (e podia?). Ela podia ligar as luzes da sala e ele daria um pulo de susto. Seria legal. Apenas teria que ser rápida...

E aí, ela se lembrou. Ino olhara nos olhos dele quando falou que tinham demorado. Era engraçado. Parece que não, mas a idéia que se tem de um primeiro dia de trabalho é que ele nunca é tão puxado quanto os demais. Só que já eram 11 da noite.

Piscou, sentindo as próprias pálpebras um pouco pesadas. Talvez os olhos dela também estivessem raiados.

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Ele nem se mexeu quando Ino o deixou cair sobre a cama. Precisava lembrá-lo de um dia retribuir o favor.

Jogou-se ao lado do rapaz, sentindo os ombros dormentes do peso. Para sua surpresa, lembrou-se apenas de tirar os sapatos. Essas necessidades básicas humanas tinham algo de sádicas. Ah, se tinham...

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N/A: Quando até o sono é inspirador, acabo escrevendo coisas ao invés de cair na cama. Nem eu me entendo. Estou com a impressão de que isto dá um relativo contraponto a A Diferença, meu primeiro escrito daqui. É a disparidade das situações, decerto.

Mais ShikaIno? Temos também Madrugada, que está bem mais divertida do que isto aqui. Anos-luz, eu acho.

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Reviews, boas ou ruins. Senão o João Pestana vai dobrar a quantidade de poeirinha nos olhinhos de vossas senhorias.

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