Mayonaka

(Madrugada)


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As suas respirações, aceleradas e ofegantes, misturavam-se. As gotas de suor que escorriam pelos seus corpos, fundiam-se. Os movimentos eram velozes e brutos. Ela gritava o nome dele. E juntos, chegaram ao clímax. Finalmente, ela pousou a sua cabeça no peito musculado e nu dele, ouvindo os batimentos, ainda descompassados, do seu coração. E ele, apertou-a contra si, possessivamente. Para ele, ela não podia ser de mais ninguém, muito menos de quem não a merecia. Ele queria-a toda para si mesmo, somente dele. Todos os seus toques transbordavam possessão, paixão, amor. Aquilo que ele pensava já ter perdido há muito tempo, antes de ela chegar. Ao início, foi uma brincadeira, um capricho, nada demais. Ele sabia que ela era ridiculamente apaixonada pelo seu irmão mais novo. Depois, aos poucos, a sua personalidade forte conquistou-o, subjugou-o a novos sentimentos e, dominou a sua alma. E assim, eles se encontravam todas as noites.

Ele contemplou a face angelical da mulher ao seu lado. Os seus olhos verdes - que se fixavam num ponto fixo e aleatório do seu peito, onde um dos seus dedos finos traçavam um caminho incerto - eram como um labirinto para ele, um enigma, mas por vezes, demonstravam claramente o que ela sentia. Os seus lábios eram irresistíveis, finos, bem desenhados e tinham um sabor de cereja, que aliás, eu aprendi a gostar (muito). E os seus cabelos, lindos e longos e, incrivelmente rosas. Toda aquela mulher era magnífica. Física e psicologicamente. Um pouco explosiva, porém, carinhosa e doce. Um pouco, ou bastante, insegura de si mesma. Tão forte e corajosa e, mesmo assim, aquele medo de ser um peso, de ser inútil nunca saía da sua cabeça.

Ela suspirou, fixando os seus olhos nos dele. Ela sabia, muito bem, o quanto era errado e arriscado estar com ele, mas, ela era atraída por ele. Não conseguia, mesmo que tentasse (coisa que nunca fez) fugir dele. Era algo inevitável e inexplicável.

"Você me ama, Itachi?"

Ela questionou, desviando o seu olhar dele. Eles quase nunca falavam, mas ela entendia perfeitamente. Sabia bem que era a sua maneira de ser e, todos os mini-diálogos que eles por vezes tinham, eram claramente, derivados da naturalidade dela e de muito esforço dele. Entretanto, ela ainda sentia necessidade de esclarecer bem as coisas. Mesmo sabendo, que para ele, não era apenas um simples brinquedo, ela precisa de elucidações sobre os sentimentos dele.

E mais uma vez, ele não se pronunciou. Mas, beijou de leve os seus lábios e abriu um pequeno sorriso. E ela, então, percebeu perfeitamente a resposta. E sorriu, verdadeiramente feliz. Como nunca fora antes.

"Eu também te amo," Ela disse docemente, abraçando-se a ele.

Poucos minutos depois, ela adormeceu. E ele, concentrou-se nela, observando-a detalhadamente. Ele não queria admitir, nem para si mesmo, mas apaixonou-se, perdidamente e estupidamente, por ela. Ele sentia todos aqueles sintomas do amor. Ele, pela primeira vez, queria alguém do seu lado para sempre; construía um futuro imaginário juntos; perdia-se horas e horas a pensar nela.

Deixou os seus olhos fecharem aos poucos, adormecendo também.

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Ela abriu os olhos lentamente e, olhou para o homem ao seu lado. Tão sereno, tão belo. Ele não era o Uchiha dos seus sonhos infantis, mas definitivamente, era agora, o homem dos seus sonhos. O homem com quem ela queria passar o resto da sua vida.

Ele aos poucos, ia abrindo os olhos, apercebendo-se de que ela o mirava atentamente. Depois, ela desviou o olhar, dirigindo-o para o céu. Então, sentou-se, puxando-a para si e abraçando-a por trás. Ela aconchegou-se um pouco mais.

E assim eles observavam o magnífico nascer do sol, sorrindo.