– Capítulo Um – A conquista de Rabicho
Para uma noite de verão até que estava bem frio. Tiago, Sirius, Remo e Pedro desceram da carruagem que levava os alunos da estação de Hogsmead para Hogwarts e caminhavam lentamente, subindo a encosta que levava ao castelo. Falavam sem parar, ainda contando as novidades das férias de verão. Sirius obviamente passara a maior parte das suas férias na casa do melhor amigo, Tiago, então, basicamente tinham feito as mesmas coisas. Remo passara um verão monótono com seus tranqüilos e preocupados pais. E Pedro não tinha feito nada de mais além de pentelhar as criancinhas bruxas que viviam em seu condado.
-Não sei como não penduraram você num poste, Rabicho.- disse Tiago sarcástico -Elas geralmente não controlam seus poderes, logo, poderiam acabar com você se ficassem assustadas demais.
-Eu dei meu jeito – falou Rabicho com ar de quem sabe das coisas.
-É mesmo, e qual foi? – perguntou Sirius.
-Não deixei que elas me vissem! – respondeu o garoto.
Todos riram. Seria atípico Rabicho se expor a situações que pudessem lhe causar dano de algum modo. Por isso, teve tanto medo quando os amigos disseram que deviam se transformar em animagos para fazer companhia a Remo em seus maus dias. Não queria realmente andar com um lobisomem totalmente transformado. Mas foi uma decisão de Sirius e Tiago. E uma decisão deles não devia ser contrariada. Não se ele quisesse continuar a fazer parte daquele grupo tão ilustre. Sirius, extremamente inteligente, fiel, companheiro, corajoso, e excepcionalmente bonito. Tiago, o adorador da malícia, da quebra de limites. Inteligente também. E bonito de lambuja. Remo era o pacato do grupo. O certinho. Estava ali porque sua amizade conquistou a dupla mais popular do colégio. Sua sinceridade era cativante. Ele não precisou se humilhar para participar daquele quarteto. Sirius e Tiago que se aproximaram dele. Achavam-no um garoto interessante, e não se enganaram, nem se arrependiam de terem se esforçado para tê-lo por perto. Mas já ele, Pedro, não tinha amigos, não era inteligente, muito menos bonito. Não era interessante, nem leal, e nem de longe era corajoso. Era interesseiro. Sabia que ao menos o respeitariam se ele fizesse parte do grupo mais conhecido da escola. Não zombariam tanto dele se ele caminhasse ao lado dos três rapazes mais inteligentes de sua série. Ele também seria considerado importante. Era só o que ele queria quando decidiu se aproximar deles. Status. E conseguiu. Conseguiu mais que isso. Ganhou amigos, confiança. Algo que jamais tinha tido de ninguém. Entendeu como as pessoas podiam se sentir melhores quando outras confiavam nelas. Aprendeu a gostar dos garotos que o chamavam de amigo. Foi então que mesmo com medo, aceitou a decisão de tornar-se um animago. E aceitou muitas outras que os meninos tomavam ao longo dos anos. Não se importava com isso. Não tinha raiva ou inveja deles serem melhores. Tinha grande admiração. Mas sabia o que as pessoas falavam dele. Que ele não era digno de estar com garotos tão admiráveis, que ele só fazia parte do grupo por piedade. Piedade. Piedade sentia Rabicho dos outros que diziam isso. Ele tinha, a todo custo, conquistado a amizade dos três. Não importava como, ou quanto tempo levou para ser aceito. Sentia-se orgulho de sua vitória, e não queria pensar nos invejosos que diziam bobagens a seu respeito, porque sabia que queriam estar no seu lugar. E subindo os degraus de pedra ante as maciças portas de carvalho que adentravam o saguão do castelo ele pensou, que era tão feliz quanto um verdadeiro Maroto poderia ser.
