N/A: Essa fanfic se situa em um UA escolar - a maioria dos personagens de Karneval irão aparecer, mas lentamente. Alias, tudo nessa história vai ser meio lento, me desculpem! O romance só deve aparecer daqui a muitos capítulos porque me foi muito difícil construir todo o relacionamento de Gareki e Nai pensando na perspectiva dessa história (e mesmo assim eu escolhi um UA, heh), me desculpem de novo!

Nai está mais velho do que no mangá nessa fic. E, me desculpem se eles soarem OOC, estou tentando ao máximo não fazer isso acontecer.

O título vem do mangá Kimi ni Todoke (mas adicionei a parte do "até" pela ideia da história).

Essa é a minha primeira fanfic depois de muitos anos sem publicar aqui no FFNet ~ que nervoso!

Obrigada pela leitura!


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Gareki observava a neve que cobria todo o cenário pela janela, que caia lentamente e que se uniam ao resto dos flocos sobre o chão. Enquanto ignorava completamente a aula e as pessoas a sua volta, Gareki permitiu-se perder naquela vista. Ele franziu o cenho, entretanto, quando avistou alguns alunos passando pelo pátio com alguns enfeites natalinos e uma árvore de Natal, cheios de júbilo enquanto comentavam sobre qualquer coisa.

Ele mudou seu olhar a frente, perdendo rapidamente o interesse pelo o que tinha lá fora.


As conversas animadas, os planos feitos para um certo dia em dezembro, as festas e comemorações, tudo parecia conspirar para que Gareki enrugasse mais sua expressão. Não que ela fosse melhor no resto do ano, mas.

Dezembro parecia trazer o pior dele.

Saindo do colégio, ele recusou um convite para um karaokê no dia 24, perguntando-se porque algumas pessoas ainda o que convidavam para qualquer coisa. 'Mas não é solitário, Gareki?' alguns tentavam assim motivá-lo a sair. 'Ficar em casa sozinho no Natal...'.

'Era apenas mais um dia no ano,' ele respondia brevemente às expressões, que pareciam esperar por uma apenas outro dia na sua vida.

Enquanto caminhava lentamente em direção a sua pequena casa, Gareki parou, olhando a neve que continuava a cair do céu, com um sentimento a emergir de seu peito, um que ele se permitia sentir apenas naquela época.

Talvez não seja só mais um dia.


Três dias antes da véspera de Natal, por mero acaso, Gareki passou a frente de uma de muitas ruas do centro comercial. A movimentação nessa época do ano o afastava naturalmente do centro da cidade, mas por eventuais distrações – ruas fechadas para pequenos reparos, alguns materiais que faltavam para seus reparos – o moreno se encontrava desviando de pessoa em pessoa.

Ignorando as vitrines, com fones de ouvido plugados e uma música que silenciava o mundo a sua volta, aquele seria mais um dia na sua vida, sem pensamentos sobre presentes ou festejos.

Exceto que, estava muito próximo do Natal, e andar despreocupadamente como ele mesmo pensava momentos atrás, numa cidade não tão grande como aquela, era um tanto perigoso.

– Cuidado! - uma pessoa qualquer gritou em meio a multidão, com a mensagem a perpassar o som alto aos ouvidos de Gareki tarde demais. Ele não pode evitar a colisão com uma outra pessoa, caindo ambos no chão.

Gareki tentou se levantar o mais rápido possível, ainda se sentindo zonzo com o impacto. Agarrando sua nuca por alguns segundos, ele viu a pessoa que tinha derrubado – uma menina loira, não muito mais velha que ele, ainda caída no chão e logo que sua tonteira passou, o moreno tentou ajudá-la a se levantar.

Enquanto passava um dos braços da garota por seus ombros e levantava os dois do chão, algo em sua mente dizia como um tipo de premonição que aquele não seria somente um momento a mais na sua vida.

– Vocês estão bem? - uma voz os perguntou soando preocupada, aproximando-se deles e o ajudando sem mesmo esperar por uma resposta.

Ele olhou para o rosto da menina que ainda gemia de dor e agradeceu com um obrigado sem olhar a pessoa que o ajudava a segurá-la.


Se havia algo naquele momento, (algo que o faria pensar naquele dia, muito tempos depois) Gareki nunca saberia certamente o que.


– Nós nos sentimos responsáveis por isso ter acontecido na frente da nossa loja. - o gerente da confeitaria – Gareki suspirou – cheia de adereços natalinos, o respondeu quando o moreno afirmou que não precisaria de nada que o compensasse. O rapaz, que deveria ter seus vinte e cinco, de cabelos azuis como seus olhos, ajudava a moça machucada, recostando um travesseiro atrás de sua cabeça.

– Olha, por que não cuida dela até que ela melhore, então? - Gareki apontou para a garota com roupa de colegial que segurava um saco de gelo sobre sua testa. - A culpa foi de quem nos empurrou no final das contas, mas se quer cuidar de alguém, que seja dela.

– Você é um garoto muito teimoso, não? - o tom de lástima do gerente o impeliu ainda mais a querer sair dali. - Tome apenas um chocolate quente, já está sendo trazido por Nai.

E antes que ele pudesse negar – de novo – querer algo, o gerente se virou e foi em direção a porta atrás do balcão.

– Desculpe-me pelo transtorno. - a menina disse num tom fraco.

Gareki se virou a ela, e suspirou. – Não foi culpa sua termos caído. Não se preocupe.

Se sentindo desconfortável ao encará-la com aquela expressão de desculpas, ele olhou para a direção oposta, rezando para que a situação acabasse logo.

– Ah, desculpem a demora, é que foi difícil arrumar um cobertor que aquecesse a senhorita Tsukumo. - o olhar de Gareki logo se voltou a voz que ele reconhecia ser a de antes. Trazendo um cobertor sobre o ombro e uma bandeja com duas xícaras de chocolates quentes sobre as mãos, o pequeno garoto fazia tudo com um doce sorriso nos lábios.

Gareki se perguntou como um garoto daqueles conseguiu ajudá-lo a levar a garota para dentro da loja, reparando que a garota era maior que o sorridente menino. Com cabelos brancos como a neve, o franzino garoto chamava a atenção rapidamente por seus olhos intrigantemente vermelhos. Por um momento, Gareki até pensou em perguntar ao garoto sobre, mas não decidiu não que não valia a pena.

Claro que o que chamava mais a sua atenção era o fato do garoto conseguir transparecer aquele sorriso com aquela fantasia de Papai Noel, barba e tudo mais. E como ele tentava ao mesmo tempo tirar o cobertor de seu ombro e lhes oferecer as xícaras de chocolate.

Algo impulsou-no a levantar, tomando a bandeja das mãos do garoto. - Você não vai conseguir fazer isso. - ele murmurou irritadamente, colocando a bandeja sobre a mesa.

O garoto prontamente colocou o cobertor sobre a garota de uma maneira gentil, e após terminar a ação, virou-se para ele, lhe sorrindo da mesma forma de antes.

Gareki virou o rosto, olhando o movimento da rua pela vitrine. Começava a nevar.


O relógio na parede estava o testando, ao teimar com seus ponteiros que permaneciam nos mesmos números, concluía Gareki.

Era véspera de Natal e o moreno queria sair o mais rápido o possível da escola sem ser perturbado. Cumprimentos tolos e convites de despedidas das férias eram desnecessários – ele sempre os recusaria.

Quando o sinal da aula final tocou, Gareki enfiou apressadamente seus materiais dentro da mochila e enquanto tentava fazer isso o mais rápido o possível, fez com que algumas coisas que estavam dentro da mochila escorregassem para fora, o irritando profundamente.

Ao mesmo tempo que resmungava o quanto aquele dia não podia piorar e colocava as coisas que tinham caído dentro dos compartimentos da mochila, Gareki alcançou um pedaço de papel, de qualidade diferente dos outros que carregara, e parou por um momento.

"Por favor, deixe-nos retribuir de alguma forma pela sua compreensão!"

A voz doce demais para um garoto voltou a sua mente e ele encarou as letras no cartão da loja. Eles – o gerente e o suposto garçom-papai noel – insistiram em dar alguma coisa em troca pelo incidente. O gerente do modo mais prepotente o possível tinha lhe dado o cartão enquanto o garoto, com aquele olhar suplicante, fez Gareki dar o seu endereço (e reclamar mentalmente para si mesmo o caminho inteiro de volta para casa, o quão idiota ele foi por ter feito isso) para que eles enviassem algo.

Gareki jogou o cartão dentro da bolsa sem o menor cuidado e recolheu as outras coisas com facilidade, saindo rapidamente da sala. Ele olhou o relógio no seu pulso e calculou que tinha tempo o bastante para terminar algumas dos concertos de aparelhos que ele ainda tinha para entregar ainda hoje e, talvez, preparar seu jantar.

Seria outro dia qualquer.


Renas, ele começava a notar, não faziam parte de seu dia.

Gareki quase alcançou os olhos para esfregá-los e ver se aquilo era uma ilusão. Os chifres de pelúcia no topo da cabeça de cabelos brancos, que sacudiam com o vento frio da noite, faziam a cena parecer apenas parte de uma ilusão, porém a expressão alegre – unida a um rosto avermelhado pelo inverno que começara a se tornar rígido, o fizeram voltar a realidade.

– Por que você está aqui? - seu tom indignado não saiu tão bem como ele queria, então ele cruzou os braços olhando o garoto vestido de marrom, com detalhes em vermelho e dourado, com um casaco felpudo branco, agarrando algo com os braços, em pé na frente de sua porta.

– Dissemos que queríamos retribuir você e aquela menina. - o garoto disse num tom tranquilo, como se aquilo fosse normal – estar de pé a sua porta na véspera de Natal, vestindo aquela fantasia natalina. Agora com chifres.

Tentando se recobrar do estupefato da situação, Gareki passou as mãos pelo rosto. – E ela...

– Já recebeu a entrega! - o garoto respondeu, sorrindo brilhantemente. - Só faltava dar a sua.

– Na véspera de Natal? - quando o garoto apenas o olhou confuso, a paciência de Gareki diminuiu muito. – Hoje a loja onde você trabalha deve estar lotada de gente – de coisas para você fazer!

– Sim. - o tom de desculpas fez com que sua expressão de irritação diminuísse por um momento. – Karoku – o gerente, - o garoto adicionou ao ver a confusão de Gareki. – Até me disse que eu não deveria vir, porque talvez incomodasse você... - o garoto olhou para os próprios sapatos, e a irritação de Gareki foi esquecida. – Mas eu achei melhor dar hoje, mesmo assim! - o garoto o olhou, voltando a sorrir. - Sentia que você não ia se incomodar com isso.

Gareki, sendo Gareki, estava com uma resposta rude e grossa na ponta da língua, e ele quase a murmurou. Entretanto, quando o garoto estendeu a caixa a sua frente para ele, Gareki falou outra coisa. – E por que você achava isso? - Gareki perguntou, num murmúrio.

O garoto piscou os olhos por alguns segundos a sua expressão, mas logo o respondeu, sorrindo da mesma forma de como aquele dia quando se conheceram.

– Você parece ser uma pessoa gentil e, - Nai olhou para caixa por um momento, voltando sua atenção a ele. - Eu senti que você não se incomodaria se eu errasse ao trazer isso hoje.


A TV da sala permanecia ligada, anunciando um programa qualquer de um de noite. O ruído que emanava dela era baixo, como todos os sons da casa de um só ocupante.

No quarto, as luzes apagadas. A caixa de bombons jazia aberta sobre a cama, com poucos chocolates a ainda permanecerem intactos enquanto Gareki colocava mais um deles na boca, saboreando o gosto de menta e coco do recheio. Destacado da caixa e da bagunça dos embrulhos dos chocolates já degustados, um cartão de 'Feliz Natal' jazia sobre a escrivaninha, ainda aberto.

Lentamente, Gareki esfregou a janela do seu quarto, que ficava a centímetros de sua cama. Gareki ficou ali, esperando que nevasse uma vez mais.


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N/F: A minha previsão é um capítulo por mês, então, o próximo capítulo vai sair logo!

Feliz Natal!