Disclamer: Saint Seiya não me pertence e esta fic não tem fins lucrativos.
Comentários da Autora: Esta fic nasceu de uma idéia louca. Seja o que Zeus quiser. Não foi betada e ninguém viu a versão final, contudo, uma variante desta fic foi para um concurso do Axia Fórum que eu não cumpri, peço a todos desculpas. Não posso de deixar de agradecer a Áries Sin pela paciência e Nana Pizani por ter lido e julgado a variante e principalmente por ter dado dicas preciosas. Nana, querida, faz algum tempo que não nos falamos por divergência de tempo, mas deixo aqui a minha profunda admiração por você e pelo seu trabalho, espero que goste da fic. Comentários construtivos, pós-betagem, são bem aceitos e suplicados. Elogios fazem a cansada autora querer continuar e no mais, a fic, apesar de tudo é Yaoi, se não gosta, pare por aqui. Respeito a todos, espero respeito por mim. Amigas queridas, não vou descrever pois posso esquecer alguém, amo-as! Litha-Chan, carinho grande, sincero e, o tempo aos Deuses pertencem, não sou dona dele, mas sou dona da profunda admiração e ... que tenho por ti. Beijos carinhosos.
O filho do Escorpião
Flashback
Era uma noite estrelada, o calor do verão grego sufocava a todos. Os cavaleiros estavam em uma merecida folga. Mais uma vez foram bem sucedidos em suas missões e Athena continuava em perfeita segurança. Todos se agitavam a procura de planos para que pudessem aproveitar aquela noite como se fosse a última. Milo, o Cavaleiro de Escorpião, tentava de qualquer forma convencer o sério Cavaleiro de Aquário a aproveitar ao menos um pouco a vida, mas este estava irredutível.
- Camus, vamos sair um pouco. Por favor! – suplicas, olhares sedutores, todo seu acessório de persuasão parecia inútil.
- Eu já disse que não quero! Vá!
Milo saiu do templo de Aquário irritado, deveras desiludido, afinal nunca era atendido. Camus em momento algum dava atenção às suas necessidades. Dirigiu-se, soltando fogo pelas ventas, até o templo de Escorpião. Vestiu-se com o esmero característico e partiu. A noite esperava por ele, ela sempre esperava por ele. Como Camus não queria acompanhá-lo, que se danasse. Só para variar um pouco, seus companheiros para as noitadas eram Aiória, Shura e Saga, os héteros do Santuário, mas isso nunca fora problema ou impedimento. Opções sexuais a parte, eram todos amigos. Foram a uma boate da moda – Saint Dance. Milo estava estonteante, sempre fora belo, mas naquela noite estava perfeito, maravilhoso, não existiam palavras que pudessem descrevê-lo naquele dia. Talvez a mágoa que sentia naquele momento se refletisse de maneira inversa, deixando-o mais brilhante. Todas as mulheres e homens caíram em cima dele como abelhas ao mel. Não seria capaz de trair Camus com outro, mas com outra...
Escolheu uma bela mulher ao acaso. A mais bela do lugar. Ele era Milo de Escorpião e nada para ele era o suficiente além do melhor. Nunca se permitira ter menos do que tudo. Sofrera o suficiente em sua vida e lutara mais ainda para dar-se o luxo de escolher. Naquela noite não fora diferente. Tomara para si a melhor, aquela que todos queriam e só ele poderia ter. Dançaram, beberam, se beijaram e, como era o esperado, acabaram a noite em um motel qualquer. Um prazer volúvel e passageiro todavia deveras necessário naquele momento. O grande amor do belo escorpiano continuava, e sempre continuaria, no Santuário. Era para ele que voltaria, talvez arrependido, talvez altivo, mas sempre voltaria, era fato. Chegou no Santuário apenas no dia seguinte, nem antes, nem depois. Dormiu por todo o dia, nem mais, menos. Quando anoiteceu voltou ao templo de Aquário, cabisbaixo e ao mesmo tempo com uma agradável sensação de dever cumprido. Contou a Camus a verdade. Humilhou-se, pediu desculpas, era especialista nisso apesar de não conseguir ver a real necessidade de tanto, entretanto, no amor, tudo era permitido e factível. Brigaram, xingaram-se, fizeram as pazes, se amaram. Acabaram na cama. Ficaram juntos e nunca mais existiram puladas de cercas ou noites nos braços de uma qualquer. Essa história, essa noite, esse deslize ficou esquecido nas areias do passado como deveria ser com qualquer casal de amantes. Somos humanos, temos o direito de errar. Um por não ceder, o outro por se exceder. Fichas na mesa. Sentimentos pesados. O amor venceu e o que se passou... se passou.
Fim do Flashback
Três anos depois...
Milo andava calmamente no shopping com Camus. Não era o programa preferido de nenhum dos dois, mas nesse dia tornou-se um mal necessário. Estavam escolhendo smokings para o casamento de Shura e Shina, seriam os padrinhos. Tudo por uma causa justa. Finalmente a italiana conseguira domar o espanhol. Milo lamentara perder o amigo de farra, Camus aplaudira, menos um tresloucado no Santuário. Conseguiram, depois de algumas intempéries logísticas, comprar as roupas. Decidiram ir ao cinema relaxar e depois se sentaram na praça de alimentação para um lanche. Tentavam tornar a tortura um pouco mais suportável, fito que, ida ao shopping era uma opinião comum: tortura. Contudo em qualquer lugar em que estivessem juntos qualquer mazela se tornava mais suportável.
Estavam calmamente comendo, conversando sobre o nada e sobre o tudo. Plaft! Uma mulher se aproximou e deu um sonoro tapa no rosto de Milo. Parecia cena de cinema nonsense. Ele levantou-se pronto para revidar quando viu que era uma mulher. Cobriu com a mão a face avermelhada, nada mais poderia fazer além de tentar entender o motivo da agressão, mas antes mesmo que tivesse tempo de perguntar algo...
- Seu cachorro! Sem vergonha! Safado! Procuro-te por mais de dois anos. Só me contou mentiras!
- Será que poderia ser mais objetiva ao xingá-lo e nos esclarecer o porquê desta agressão? – pela primeira vez Camus se manifestara, com uma calma que estava longe de sentir. Sempre controlado, precisava saber todos os detalhes antes de tomar alguma atitude.
- Esse canalha me contou um monte de mentiras, dormiu comigo, sumiu e eu tive que criar o filho dele sozinha.
- Filho?! – Camus e Milo gritaram juntos. A "briga" tornava-se cada vez mais surreal.
- Você só pode estar me confundindo com outra pessoa, nem mesmo de mulher eu gosto! – Milo não conseguia compreender o que aquela maluca queria dizer com "filho". Nunca tivera uma namorada, então não poderia ter um filho. Segundo constava, era preciso um homem e uma mulher estar junto, em uma noite de, o mínimo sexo, para que pudessem fazer um filho. Em sua vida nada era muito convencional, é verdade, mas isso já chegava a beira do bizarro.
- Não foi o que me pareceu àquela noite há três anos atrás na Saint Dance.
Quando ela falou o tempo e o nome da boate um sinal de alerta se acendeu na cabeça de Milo, bem como na cabeça de Camus. Lembraram-se de uma noite, de uma briga, de um porre e uma mulher. Foi como se uma luz brilhasse e todo o conflito retornasse como um fantasma mal educado. O Cavaleiro de Escorpião olhou para a mulher com mais atenção, a reconheceu e, para a surpresa de todos, desmaiou no meio do shopping.
A mulher, Catarina, começou a rir descontroladamente, como se estivesse em um grande show humorístico. Camus concentrou um pouco de cosmo discretamente para acordar o namorado, sendo, acima de tudo, prático, teria muito para resolver o assunto posteriormente. Milo abriu os olhos, ainda acreditando estar a ter um pesadelo.
- Camus, você não acreditará no sonho horrível que eu tive! Pensei que uma louca tinha me falado que eu tinha um filho.
- Mon ange, você não sonhou e a "louca" está aqui ainda rindo. E eu estou sinceramente com inveja de Mu, pois queria ser capaz de sumir dessa pantomima patética a qual estou sendo obrigado a assistir.
- Camus, não é possível. Eu só posso estar sendo vítima de alguma brincadeira de gosto duvidoso.
- Milo, pode ser improvável, mas não é impossível. Você é um cavaleiro, assim como todos nós. Não sabemos exatamente o quanto o desenvolvimento de nossos cosmos influi em nossa fertilidade. É ela, não é?
Milo sabia exatamente do que o outro falava. Camus lembrou-se nitidamente daquela noite, assim como ele lembrara. Nunca imaginara, nem em seus piores pesadelos de terror que aquela noite pudesse ter tido alguma conseqüência além da briga de ambos. Fora apenas mais uma briga. Apenas mais uma noite. Somente uma mulher. Porém, não adiantava mais se esconder. Estufou o peito de ar e resolveu ver até onde o show continuaria.
- Sim. É ela.
- Então creio que deve dar mais atenção à história que ela está a contar.
Nesse momento foram interrompidos pela mulher que ouvia a discussão sem entender absolutamente nada, afinal, ela era apenas uma vítima, ou não?
- Será que os dois pombinhos poderiam me esclarecer do que falam.Não pense, Miro Scorpion ou seja lá quem você for, que vai fugir agora que te encontrei!
A peça estava pronta, o circo estava armado, e os palhaços estavam no picadeiro, bastava apenas que o espetáculo começasse. Ninguém sabia o fim, mas todos temiam as conseqüências.
