Sinopse: Edward é um jovem rapaz que por toda sua vida foi apaixonado por uma garota condenada ao sono profundo. Dez anos após entrar em coma, Isabella Swan acorda e precisa lidar com sua nova aparência e idade. Mas como sobreviver em mundo que você não conhece? Como perceber que toda sua vida foi roubada?
E como eles sobreviverão a um sentimento que precisa vencer as barreiras do platonismo e da desigualdade?
Ela é uma jovem adulta, presa em uma mente de uma criança.
Ele é completamente obcecado por ela e precisa esconder seus sentimentos para mantê-la ao seu lado.
Eles irão se deparar com a linha tênue entre a inocência e a paixão, descobrindo que o amor pode se manifestar de maneiras extraordinárias e inesperadas.
Prólogo
Os raios solares florescentes batiam contra os meus olhos verdes, enquanto eu os apertava fortemente. A sala era estéril, completamente imaculada, branca como o primeiro dia de inverno arrebatado pela neve.
Meus dedos pequenos e infantis rodopiaram a maçaneta do quarto de hospital, enquanto eu pisava timidamente adiante.
A adrenalina da pequena travessura corria pelas minhas veias fortemente. Eu não fora um garoto levado durante toda a minha infância, mas naquele fatídico dia de Outubro eu mudaria meu destino para sempre.
Fora uma pequena curiosidade de criança, enquanto eu me perdia entre os aparelhos médicos e os instrumentos que rondavam o quarto da UTI. Meus olhos pequenos perceberam um corpo débil deitado perfeitamente contra a maca de hospital. Pisei adiante, tremendo levemente.
Meus olhos encontraram o rosto doce e angelical – uma menina que porventura, era mais jovem que eu. Um anjo adormecido – com cabelos castanhos cacheados de pele alva e translúcida. Seus lábios perfeitamente delineados e rosados estavam colados em um pequeno sorriso. Era a criatura mais linda que eu já havia visto. Para todos os outros, ela não passara de uma pobre criança condenada injustamente ao coma sobre uma maca de hospital. Porém, para mim era um anjo. Uma pequena boneca, desenhada perfeitamente pelos dedos de uma divindade.
E naquele dia, sem trocar uma palavra sequer, seu semblante puro capturou meu coração para sempre.
Já haviam se passado dez anos desde aquela manhã de Outubro.
Eu já não era mais um garotinho. Mas aquela garota sem voz, apenas absorta em seu sono profundo, ainda carregava meu pequeno coração entre suas mãos.
A mesma menina, com traços perfeitos e semblante de boneca, me presenteava com seu sono eterno. Ela parecia tão alegre em seu sono e tão lúcida, como se a qualquer instante pudesse acordar com o menor ruído.
Eu acariciei seus cachos, deixando as pequenas lágrimas correrem pela minha bochecha.
Eu via o quanto ela havia crescido – seus traços infantis ainda estavam ali, mas ela era uma jovem mulher. Os cachos agora pendiam levemente contra a sua cintura, e seus olhos que eu jamais vira a cor, tinham grandes cílios castanhos. Seus lábios eram mais cheios e carnudos – quase convidativos para um beijo. A mesma criança angelical – com uma perfeição divina, agora era uma jovem primorosa. A Mulher que jamais havia me dito seu nome, ou me contado seus segredos.
Isabella – a garota conhecida como Bella Adormecida por todos do hospital. A que jamais acordou. A que havia tido sua vida roubada aos 8 anos por um coma irreversível.
Eu recordei das minhas primeiras perguntas "Pai, um dia Bella irá acordar?" – Eu perguntei ao meu pai, médico responsável pelos pacientes da UTI do hospital geral de Forks, no dia em que fora apanhado ao seu lado na cama da UTI pela primeira vez. A resposta que ele me dera fora a mesma durante os últimos 10 anos "Eu não sei, filho. Ninguém sabe.".
Eu havia tentando de tudo para fazê-la voltar para o mundo que havia deixado para trás.
Havia visitado Isabella todos os domingos durante os últimos dez anos – contado para ela sobre o mundo que ela havia abandonado e a feito minha confidente; Eu jamais havia ficado uma semana sem ela. Havia lidos inúmeros livros para ela, aprendido a tocar os mais variados instrumentos para minha doce menina e feito das minhas lembranças as dela.
Quando a conheci com os meus 12 anos eu abandonei o baseball de domingo para acompanhar meu pai nos turnos no hospital; Mais tarde, foram as saídas com os garotos da escola. E por fim, havia abandonado meus trabalhos de faculdade para vê-la.
Algumas pessoas não compreendiam a minha obsessão por ela – mas o amor traça caminhos confusos, cheios de respostas inexplicáveis e desconhecidas.
Minha mãe costumava dizer que eu havia me apaixonado por uma garota morta. Eu nunca me importei realmente com isso, sempre tive esperança que a minha garota um dia fosse despertar.
Eu ainda lembro-me do meu plano de acorda-la. Eu acreditava que com um pequeno beijo – eu a faria voltar para nós. Eu a faria dar o seu primeiro sorriso, eu a salvaria.
Após semanas de preparo eu dei meu primeiro beijo nela – em uma tentativa vã de acorda-la do seu sono eterno, copiando os filmes clássicos infantis. A sensação de beija-la inocentemente fora tão arrebatadora – seus lábios cheios, perfeitos e doces contra os meus; Porém mortos, completamente sem vida e sem emoção. Naquele momento, eu descobri que príncipes encantados não existiam, e que contos de fadas só me fariam sofrer. Isabella não iria acordar. Ela jamais o fez.
E com o passar dos anos, eu havia me contentado em acariciar seus cabelos castanhos e macios, tocar sua palma branca e suave, enrolar seus pequenos dedos magros e pequenos contra os meus.
Sentir sua fragrância única me trazia segurança – como se ao lado dela, fosse meu único lar. Ela era meu anjo, minha pequena boneca adormecida e refém do sono intenso. Meu único e primeiro amor, minha confidente. A amante do meu coração.
Eu havia crescido – era um homem de 22 anos, estudante de medicina e aluno esforçado. Mas o meu segredo, minha única falha humana era amar alguém que jamais poderia me amar de volta. Eu amava uma boneca, uma garota que nunca poderia ser minha.
Eu olhei para o relógio, sabendo que meu tempo com ela estava acabando. Todos haviam desistido de Bella – meu pai, seus colegas de trabalho, a diretoria do hospital. Eu havia lutado com todos os meus argumentos para salva-la da sua sentença de morte, mas havia falhado. Eu teria que dizer adeus para ela. Dizer adeus para aquele anjo doce, que levaria meu coração consigo para o leito de morte; Eu não conseguia imaginar minha existência sem minha doce Bella, ela me dera um motivo para existir.
Tudo em minha vida fora guiado por alguém que eu jamais conheci.
A medicina foi por ela. O piano foi para ela. Os estudos foram para decifra-la. Tudo em minha vida havia sido tocado no intuito de ama-la. E sempre seria assim.
Posicionei a pequena boneca de porcelana que havia comprado para ela entre seus braços pequenos, e enxuguei as lágrimas salgadas do meu rosto. Era seu aniversário de 18 anos. Eu tinha minha pequena maneira de presenteá-la – e encarei as outras 10 bonecas que havia dado a ela nos anos anteriores; Hoje minha menina iria completar 18 anos. 18 anos de uma vida roubada por um Deus injusto e por um destino insólito. Por que ela? Por que uma criança tinha que ser privada de existir? Por que a minha Bella? Eu desejava intensamente tê-la conhecido um dia antes do acidente que a manteve presa a esta cama – apenas para ouvir o som de sua voz e desvendar a cor dos seus olhos misteriosos.
Alguns diziam que eram castanhos. Outros, verdes. Eu apenas queria olhar dentro deles e conhecer sua alma; Conhecer a dona dos meus sentimentos.
Cantarolei baixinho a canção de ninar que havia escrito para ela, enquanto meus dedos brincavam com seu antebraço docemente. Eu senti os dedos dela moverem-se levemente, e abri um pequeno sorriso. Ela sempre tinha movimentos involuntários durante sua música. Eu sabia que de alguma forma ela estava ali, sentindo todo o amor que eu guardava por ela.
Meu pai havia me chamado durante a semana que passara, para me notificar sobre a sentença de Isabella. O dinheiro da herança deixado por seus pais havia acabado. O hospital não estava mais disposto a bancar nenhum dia sequer do seu tratamento. Bella fora tratada como um caso perdido. Dez anos de coma, fora o maior argumento deles. Ela jamais acordaria.
O acidente que a havia trazido para seu sono, havia matado toda sua família. Isabella não tinha parentes para reclamarem por sua vida e não existiam pessoas que poderiam bancar seu tratamento. Ela estava sozinha – e mesmo inconsciente, eu sofria por saber que ela jamais tivera alguém além de mim. Ela era minha única garota – e eu era o único disposto a lutar pela sua próxima respiração. Eu sabia que eles queriam seus órgãos – e agora que ela completara os 18 anos, haviam condenado seu sono à uma sentença. Iriam desligar todos os aparelhos e executa-la lentamente. Acabar com minha única razão de existir.
Minha mãe suspirou aliviada com a sentença de Bella, por considerar meu amor, devoção e afeição doentias; Ela acreditava que após Isabella partir, eu me libertaria. Estaria livre para amar e pronto para seguir em frente; Mero engano. Eu nunca poderia esquece-la – havia dado a ela todo meu amor, e isso jamais mudaria. Ela ao meu lado, ou longe de mim. Meu coração sempre pertenceria a ela. Pertenceu desde os meus 12 anos, e pertenceria a ela mesmo que seu coração parasse de bater.
Eu senti o remorso me invadir diante da impotência da minha posição. Eu toquei seus lábios levemente com meus dedos, passeando por cada um dos seus traços. Decorei cada pequena parte do seu rosto quente com a ponta do meu indicador. Deixei um pequeno beijo em seu nariz, e deixei mais um punhado de lágrimas caírem entre nós.
"Me perdoe minha pequena Bella. Eu prometi que iria salva-la, mas eu não pude. Amarei você para sempre, minha menina"
Eu havia lutado contra meus pais, contra o conselho médico e contra um juiz – mas havia perdido a batalha. Isabella era considerada um peso morto para o hospital, e por mais que eu oferecesse todo o dinheiro que eu possuía eles não a deixariam viver.
Eu sentia meu coração despedaçar-se dentro do meu peito.
Meus lábios pousaram sob sua bochecha, e eu senti sua pele quente e queimar sob a minha; Sua pele sempre enviava pequenos choques elétricos contra mim – e eu sorri ao constatar que aquela sensação jamais seria esquecida. A maneira única que sua pele se comportava com a minha. Eu deixei meus lábios passearem pelo seu rosto adormecido, até encontrar seus lábios avermelhados. Depositei um pequeno beijo na mulher que amava, e descansei meus sentimentos dentro do nosso beijo casto. Beberiquei seu gosto lentamente, provando dos seus lábios inocentemente pela última vez. Senti uma respiração forte contra mim, e imaginei se havia voltado aos delírios.
Lembrei-me da primeira vez que ela tivera um movimento involuntário comigo. O quão decepcionado eu havia estado depois de dar-me conta de que ela não estava correspondendo a nada. Era apenas um impulso involuntário, que os pacientes em coma tinham. Aquele provavelmente era um deles. Ou um dos meus delírios, de sonhar em vê-la acordada. Outro pequeno suspiro cobriu o beijo de despedida que dei em Isabella. Eu a estava sufocando? Separei-me rapidamente, percebendo seu rosto ainda adormecido. Por uma fração de segundo, vacilei ao acreditar que seu rosto havia se enrugado.
Eu estava louco, fora de mim.
"Durma, doce menina...Um dia Eu irei ter encontrar, irei te abraçar e contar o quanto eu esperei"
Eu acariciei sua palma, enquanto depositava pequenos beijos sob sua bochecha.
Eu senti novamente outra respiração contra meu rosto. Um aperto forte segurou meus dedos, que acariciavam suas mãos. Eu paralisei.
Afastei lentamente meu rosto em pânico, enquanto Isabella abria os olhos levemente. Os sons de sinos doces da sua voz batiam contra os meus ouvidos, enquanto seus lábios separavam-se lentamente formando uma sílaba.
"Anjo..."
