O Psicólogo.
Naquele dia, era 22h00 e eu ainda estava acordado. Talvez os problemas que eu ouvia em meu consultório, faziam com que os meus próprios problemas fossem dizimados à 0. Isso que é bom de ser psicólogo. Liguei a TV e nada de bom estava passando, como sempre. Fui para meu escritório em casa mesmo, percorri com os olhos os papéis sobre minha mesa e começei a ler os nomes dos meus pacientes do dia seguinte:
- Eriol e Tomoyo ... Yuuko... huum... essa daqui é nova... Sakura...
Sakura, Sakura Kinomoto, nunca tinha visto ela em meu consultório. Pelo seu histórico, parecia ter a vida perfeita, ser a pessoa perfeita. Por que motivo estaria necessitando de meus serviços?! Acordei na manhã seguinte, me vesti e tomei café no caminho para o trabalho mesmo.
- Bom dia!
Cumprimentei educadamente minha secretária, que me respondeu com um sorriso. Esperei durante três horas para ver a minha nova paciente. Estava ansioso, isso nunca havia acontecido comigo. Afinal, ela era apenas uma paciente normal. Anunciaram sua chegada, levantei-me e coloquei um sorriso involuntário no rosto.
- Senhorita Kinomoto...
- Doutor...
Sua voz saiu quase que por um fio.
- Como vai?! Sente-se.
- Estou bem, obrigada e o senhor?!
Disse ela sentando-se e me encarando.
- Ah.. muito melhor estaria, se a senhorita me contasse para que veio me procurar.
- É... é... que... que..
Gaguejou ela, perdendo sua postura segura.
- Que...
- É que meus problemas nao são recentes, começaram na minha infância...
- Estou todo à ouvidos, falta 1h28min praa consulta acabar.
Brinquei, ela deu de ombros e continuou.
- Não lembro bem ao certo quando começei a ficar assim... mas, acho que foi aos 10 anos... na minha festinha de aniversário. Eu estava usando um vestido de babado rosa... - riu-se ela um pouco - ... e todos estavam na minha festa.
Na hora do parabéns, procurei por ele várias vezes, mas não o encontrei. Disfarçei com um sorriso e a festa continuou normalmente.
Olhei para ela, como se tivesse tentando encontrar quem era 'ele', mas deixei ela continuar.
- Passei a noite e a manhã do dia seguinte grudada no telefone e no computador. Ele me disse na saída da escola que vinha! Eu estava crente disso. Esperei-o em vão.
- Senhorita Kinomoto, quem seria ele?!
Novamente ela não ligou para mim e continuou:
- Nos dias seguintes, eu o perdoei, ele me deu uma desculpa qualquer, mas o que eu mais queria realmente era a presença dele, e que ele notasse minha. Passou-se assim, nessa mesma ida e volta mais 5 anos da minha vida, 5 anos que perdi esperando ele me dar alguma atenção.
Querendo interromper, me mexi na cadeira, ela me olhou e deu um sorriso triste.
- Quer falar algo Doutor!?
- É... não não.. continue...
- Está bem... então... na minha festa de 15 anos, convidei ele para ser meu 'príncipe', meu par para a dança principal. Ele aceitou! Recusei inúmeros convites, pulei de felicidade enquanto até as lágrimas escorriam pela minha face.
Ela caiu em um choro profundo.
- ... era pra lá de 12h00 e ele não apareceu para minha dança. Sabe como é doutor, quando se é mais nova, quando um sonho almejado é destruído, nada consegue nos reanimar...
Eu olhei para ela, tentando lhe passar confiança, mesmo que no fundo, começei a sentir dó dela.
- E assim acabou-se minha festa... nos anos seguintes, eu ainda tentei fazer com que ele me notasse. Me envolvi com as pessoas erradas e os caras mais errados ainda, para ver se ele ligava e não adiantou em nada.
- Senhorita Kinomoto, vejo que sofreu muito e...
- E ontem de noite, ele chegou, com um ramo de flores e uma caixa de chocolates me pedindo desculpas por tudo o que eu havia perdido por sua causa.
Eu me encantei com ela, isso ia contra todas as minhas éticas profissionais, já que um médico não poderia se apaixonar pela própria paciente. Céus! Onde eu estava com a cabeça para aquilo acontecer?! Culpei-me mentalmente enquanto via ela concretizar sua história.
- Eu o abraçei e pela primeira vez, fui retribuída. Aquilo foi mágico pra mim! Eu só queria um mínimo de atenção! Não era pedir demais!
Os olhos dela começaram a brilhar, enquanto eu via minha derrota amorosa. O bip soou, indicando que a consulta havia terminado. Sakura levantou-se me olhando mais aliviada. Estendeu a mão e eu a apertei não muito forte.
- Espero ter ajudado, senhorita...
- Ajudou e... respondendo sua pergunta no início da consulta, ele...
Ela já estava com metade do corpo para fora, e eu havia dado metade do meu coração naquela sessão, quando ela desapareceu falando para mim:
- ... ele... era meu pai...
Caros Leitores de Boa Noite Cinderela,
Eu fiz essa one-shot como presente para vocês! Esses tempos eu fiquei tão feliz da minha fic ser reconheçida, que eu tinha que agradeçer de alguma maneira... e, decidi que uma fic bonitinha seria a melhor opção! Obrigada por sempre estarem acompanhando as loucuras das minhas fic's! Ai meu Deus... acho que vou chorar... T.T' A questão é, espero que vocês tenham curtido esse one-shot! E... mais uma vez, obrigada por todo o apoio viu?!
Sem vocês eu não seria nada! Super Beijo,
Ladyh Sah
