Eu não sabia o que ia viver no exército, nem mesmo sabia que iria parar numa guerra.

Foram dias, semanas, meses sentindo que cada batida do coração poderia ser a última. Eu nem completaria metade das coisas que gostaria de fazer e já estaria morto, esquecido no meio de terras úmidas pelo meu próprio sangue.

Eu diria que vivi mais naquela guerra do que um homem de 100 anos viveu em toda a sua vida.

É claro que tudo teve um preço. A guerra me cobrou juros altos.

Quem entra na guerra nunca mais é o mesmo. Nunca mais dorme completamente, nunca mais come tranquilamente, nunca mais sonha com coisas boas porque é pra exatamente pra isso que ela foi feita, pra atormentar, para nunca ser esquecida.

Uma vez soldado, sempre soldado.

Uma vez dentro dela, nunca livre.