Chovia forte naquela noite em Bristol, relâmpagos acendiam os céus, e a cidade ganhou toda uma atmosfera sombria. Deste modo a rua estava vazia, exceto por certa morena que andava sem rumo e tão desnorteada que não parecia nem perceber a maneira que a chuva misturava se com suas lágrimas.

Harry Potter dirigia o mais devagar possível. Não tanto por precaução com a pista molhada, mas como uma forma de adiar a voltar para casa,quando reparou em uma figura caminhando pela rua parecendo perdida, com surpresa reconheceu que se tratava de Pansy Parkison. Porém, ela não parecia em nada com a menina que estudava em seu colégio, a Pansy que ele conhecia nunca deixaria suas roupas serem estragadas pela chuva, ou seus cabelos ficarem daquele jeito, mas principalmente Pansy Parkison nunca parecera tão frágil. Eles não eram amigos, mas o instinto de Harry fez com que ele parasse seu carro perto da morena e perguntasse:

- Parkison! Quer alguma ajuda?

Ela observava-o atônita parecendo n o acreditar no que via. Não se lembrava de ter trocado mais de dez palavras com Harry Potter em toda vida, e agora ele a encontrava naquela situação patética. Pansy até pensou em dar alguma resposta irônica ou simplesmente ignorá-lo, mas naquele momento ela não tinha forças pra fingir:

-Eu quero...eu preciso de ajuda, mas não tem nada que você possa fazer por mim. Ela disse e parecendo esgotada sentou no meio da calçada.

Harry olhava aquela cena assombrado, e percebeu que a garota estava errada, ele precisava de qualquer ajuda, e no momento ele era o único que podia oferecer. E com esse pensamento, saiu do carro e enfrentando a chuva foi até ela:

- Parkison, você esta encharcada, vamos sair daqui. Eu te levo em casa.

Essa era ultima tentativa dele colocar um pouco de juízo nela, porque ele n o iria ficar ali de baixo de chuva apenas por uma l der de torcida f til por quem ele n o sentia nenhuma simpatia. Mas o que ela disse depois acabou com todas as defesas dele:

- Potter, você não entende. Eu não posso ir para casa. Eles não me querem lá. Pelo menos aqui não preciso escutar ninguém dizendo que sou um desperdício de espaço.

Harry sabia exatamente como a garota ao seu lado se sentia.

-Eu sei muito bem o que é isso. Moro com meus tios, e todo dia já no café da manha eles deixam bem claro que não me querem lá.

Eles trocaram um olhar compreensivo percebendo que talvez tivessem encontrado alguém que conhecia sua dor. Ficaram sentados partilhando um silencio reconfortante só quebrado pelo som das gotas da chuva, que já tinha perdido sua força. De repente, um brilho apareceu no olhar de Pansy e como se não conseguisse mais guardar um grande segredo, ela sussurrou:

- Sabe, eu sempre tive um sonho - um pequeno sorriso escapou dos seus lábios - Dançar na chuva.

Harry simplesmente ficou olhando para ela sem entender o que ela queria dizer com isso, mas a garota apenas manteve uma expressão desafiadora no rosto.

- Isso um convite caso você não tenha percebido.

- Para mim isso pareceu mais como uma ordem.

- Muito bem, Potter. Você aprende rápido. - ela disse parecendo mais com a garota que ele via na escola- Vamos então?

Harry não tentou dizer pra ela que aquilo seria idiota já que n o iria resolver os problemas deles, que ele não sabia dançar ou que eles corriam o sério risco de pegar uma pneumonia, mas mesmo sem entender porque estava fazendo aquilo levantou se e puxou a mão da garota ao seu lado.

Então eles dançaram em baixo da chuva fina, e entre os passos desajeitados de Harry e os baixos sons da risada de Pansy, alguma coisa surgiu. Talvez tenha sido amor.