Observações:

- A fanfic é pós-Breaking Dawn;

- É a seqüência da fanfic Moonlight (sugiro que leiam antes)

- Twilight, New Moon, Eclipse e Breaking Dawn pertencem a Stephenie Meyer, por isso não me processem, não tenho dinheiro.


Daybreak's Bell

Prólogo

"Naquele momento eu entendi as palavras de Bella, quando ela havia dito que "talvez fosse melhor não envolver outras pessoas", eu achava que aquele era somente um aviso bobo, ciúmes de mãe. Mas ela estava certa, e eu desejei ter acreditado em suas palavras antes.
Olhei para frente mas a floresta continuava. Há quanto tempo eu estava ali? Por que minhas pernas não podiam se mover mais rápido? Eu senti novamente os olhos embaçados. Não. Eu não podia me dar ao luxo de perder um segundo sequer com lágrimas. Se algo acontecesse à ela eu jamais me perdoaria.
Senti o bolso vibrar e levei a mão rápido até o aparelho celular, atendendo sem nem ao menos ver quem era. Pela respiração, reconheci Jacob.

"Ness, ela não está aqui."

"O QUE?!". Parei e pude perceber pela primeira vez que minhas mãos tremiam.

"Acalme-se, mas ela não está aqui. Existe algum outro lugar em que ela possa estar? Nessie? Nessie? Renesmee você está ai?!"

Não pude ouvir o que Jacob berrava ao telefone, pois o aparelho havia escorregado de meus dedos, caindo sem barulho em cima das folhas molhadas que estavam no chão. Meu corpo todo tremia, e não pude controlar meu próprio peso, quando ele tornou-se demais para meus joelhos agüentarem.
Ali, ajoelhada na floresta, levei as mãos ao rosto e deixei todas aquelas lágrimas saírem. Eu havia perdido."

Capítulo 1 – Encontro Marcado

A primavera havia passado em um piscar de olhos.
Setembro surgira no calendário, marcado com uma estrela dourada. Rasguei agosto com um largo sorriso, mas sabia que atrás de mim havia alguém que não compartilhava de tal alegria.
Tudo começara três meses atrás, quando Bella, Edward e eu estávamos terminando o jantar na pequena casa-de-faz-de-conta. Esme havia preparado um delicioso pudim de chocolate, e eu havia saboreado o último pedaço com gula. Bella lavava a louça enquanto Edward estava sentado na cadeira á minha frente, de braços cruzados. Eu sabia o motivo daqueles olhos, mas eu não ousaria pensar nisso. Como eu também sabia que quando terminasse aquele pudim, teria uma longa e embaraçosa conversa com meus pais, e dessa vez, eu não teria como fugir.

"Estava bom?", Bella retirou o pequeno prato de sobremesa, dando um meio sorriso.

A última refeição de um condenado é sempre saborosa. Sorri.
Aquele pensamento cruzou rapidamente minha mente, mas o suficiente para Edward mexer-se na cadeira, mostrando que havia ouvido.

"Então...", cruzei os braços. Se aquilo teria de começar, que fosse logo. "O que vocês queriam me dizer?"

"Você parece confiante", Edward ergueu uma fina sobrancelha e eu fiz o mesmo. "Não está com medo do que vamos dizer?"

"Não". Coloquei minha melhor expressão, deixando minha voz sem emoção. "Não é como se eu tivesse feito algo errado."

O prato que Bella lavava caiu na pia, fazendo a cozinha ecoar. Ela virou-se e desculpou-se, e eu engoli seco. Aquilo era sério, muito sério.

"Bella", Edward apenas acenou com a cabeça quando minha mãe sentou-se, formando um triângulo entre nós.

Bella suspirou e juntou as mãos na mesa, e eu me sentei ereta na cadeira.

"Seu pai e eu conversamos, e pensamos que talvez seja uma boa hora para você freqüentar a escola."

No primeiro momento eu não consegui formular uma reação.
Devagar meus olhos se estreitaram, até tornarem-se pequenas fendas. Havia algo ali, definitivamente aqueles dois estavam tramando algo.

"É mesmo?", cantei as palavras, apoiando os cotovelos na mesma. "Mas o que houve? Até uma semana atrás essa idéia era, era... espera, como Edward a chamou?"

"Insustentável", Edward repetiu com sua voz aveludada.

"Isso!"

"Bom, isso foi semana passada", Bella parecia querer ignorar minha tentativa de ser irônica. "Mas muita coisa mudou desde semana passada, não é, Renesmee?"

Recuei.
O sorriso nos lábios de Bella conseguiram tirar qualquer vestígio de ironia que ainda existia na minha língua. Eu achava que aquela conversa seria sobre meu beijo com Jacob, mas pelo visto nem eles queriam falar sobre isso. Então eu não tinha motivos para provocá-los.
Retribui o sorriso, decidindo levar aquela conversa sem maiores transtornos. Ali estava a chance de eu poder finalmente interagir em sociedade, e isso era algo que eu não jogaria pela janela por causa de ironia barata.

"Então vou poder ir à escola a partir de setembro?"

"Se você ainda quiser..."

"Eu gostaria", abri um largo sorriso.

Bella abaixou o olhar e Edward novamente se mexeu. Havia mais.

"Nós resolvemos deixá-la ir à escola porque pretendemos deixar Forks assim que você se formar."

As palavras de Edward ficaram vagando no ar, como se flutuassem. Em meus ouvidos, eu só havia ouvido a última parte.
Senti minha garganta fechando, e a vontade quase automática de sair correndo da mesa e me fechar em meu quarto. Eu odiava aquele assunto, e já fazia algum tempo que ele não se tornava uma conversa. A diferença é que agora, além dele brotar bem no término de uma refeição, havia um prazo estipulado para que ele acontecesse.

"Então vocês apenas decidiram isso, e quero dizer, está decidido?"

"Você sabe que teremos de fazer isso um dia, Renesmee."

"Eu sei mãe, mas..." senti minha voz morrer na garganta. Eu estava chorosa.

"Você terá dois, três anos, isso é bastante tempo."

"Precisamos ter essa conversa agora? Eu já ouvi a parte interessante, podemos deixar a não-interessante para quando eu estiver usufruindo minha vida escolar?"

"Só pense nisso, Resnemee", Edward tinha as mãos pousadas na mesa. "É importante."

Eu sabia que era importante, e mesmo tendo pleno conhecimento, permaneci dois dias ruminando aquela conversa, até decidir que haveria um plano de contra-ataque. Eu teria de dois a três anos para pensar numa maneira de burlar a decisão dos dois e permanecer mais tempo em Forks. Eu tinha Jake, Charlie, e toda minha vida naquele lugar.
Negando até a última palavra do que tinha ouvido, entrei em estado de excitação ao lado de Alice, que parecia tão animada quanto eu para o inicio das minhas aulas.
Então, contando os dias no calendário, o fatídico dia chegou...

O tamanho da minha excitação era proporcional ao tamanho da preocupação de Jake.
Eu havia polidamente ignorado suas cinco chamadas desde que acordara, mas sabia que seria algo terrível continuar deixando-o no banco de reservas. Quando Edward encostou o Volvo prateado no canto da calçada, eu peguei o celular da mochila para fazer minha chamada, mas a mão de meu pai cobriu o aparelho, apontando para frente. Meus lábios formaram um "whoa", enquanto fitava a imagem de Jacob do lado de fora, encostado próximo à escadaria principal.

"Então o cachorro veio manter guarda."

Edward retirou o cinto aborrecido, e eu me apressei para fazer o mesmo. Um encontro entre os dois era algo que deveria ser evitado a qualquer custo. Desde o "incidente" de nosso primeiro beijo, os dois não tinham voltado a se verem pessoalmente, limitando as brigas ao telefone e a internet.
Jacob desencostou-se, e caminhou em nossa direção, e eu me adiantei o que pude, ficando entre eles. Eu sabia que qualquer deslize mental de Jacob faria Edward explodir em um ataque de fúria, e definitivamente eu não precisava daquilo em meu primeiro dia de aula.

"Você não atendeu ao telefone, então eu vim", Jacob falava, mas mantinha os olhos fixos em Edward.

"Talvez ela não quisesse falar com você". Meu pai não estava ajudando.

"Ou talvez alguém a obrigou a não atender minhas chamadas."

"Ou provavelmente ela percebeu que existem coisas mais importantes na vida do que sair brincando por ai com um cachorro."

"Ou t-"

"Chega!", empurrei o peito de ambos, mas fora inútil. Consegui apenas machucar a mão e derrubar o aparelho celular no chão. "Nós estamos na frente da Escola, ok?", abaixei para pegar o aparelho, sentindo os olhos que passavam pousarem em cima de nós. "Parem de arruinar minha promissora vida escolar."

Edward e Jacob me olharam com a mesma expressão confusa, e tudo o que pude fazer fora revirar os olhos. Eles já haviam passado por aquilo, Edward já fizera o Ensino Médio várias vezes, para ele àquilo era provavelmente enfadonho. Mas para mim, ter a oportunidade de conviver com outras pessoas da mesma idade, era uma chance que não poderia ser arruinada por causa de desavenças entre os dois homens mais importantes da minha vida.

Eu sentia os olhares que passavam, mas sabia que talvez eles nem notassem a pseudo-briga, e que estavam ocupados demais olhando aquelas duas figuras. Eu ainda precisava me acostumar com a idéia de chamar atenção simplesmente por existir.

"Eu só queria ter certeza de que você estava bem", Jake deu de ombros. "Animada?". Ele sorriu aquele sorriso que eu adorava, e Edward revirou os olhos, provavelmente lendo minha mente.

"Muito", sorri sincera. Mal podia esperar para cruzar aquele portão.

"Então podemos fazer algo depois da aula? Que horas você sai?"

"Não tão rápido", Edward passou o braço por meu ombro, e eu senti que havia flutuado um pouco para seu lado. "Renesmee vai estar ocupada durante a tarde, e isso vale para amanhã e o dia depois de amanhã. Por que não espera ela ligar?"

"Edward...", Jake coçou a cabeça e eu sabia que ele estava começando a perder a calma. "Você não está facilitando as coisas. Achei que tínhamos um acordo."

"Tínhamos", Edward rosnou. "Isso antes de você se aproveitar da ingenuidade da Renesmee".

"Ah claro, eu me tornei o vilão da história?", Jacob deu um passo para frente, mas eu não conseguia me desvencilhar do braço de meu pai.

Em poucos segundos ambos estavam discutindo silenciosamente.
Para quem estava de fora, parecia que era uma conversa. Mas para mim, aquilo era uma troca gratuita de insultos, onde não haveria um vencedor ou perdedor, e no final os dois sairiam irritados por motivo nenhum.
Tentei soltar o braço de meu pai, mas não conseguia. Ele me manteria debaixo de sua asa pelo tempo que achasse necessário, então nada melhor do que visualizar meu novo habitat. A antiga escola de Bella, era exatamente como ela descrevera. Algumas modificações haviam sido feitas, mas basicamente tudo era igual ao que eu ouvira. A entrada, o estacionamento. Minha curiosidade era em relação ao refeitório, para mim seria uma experiência mágica percorrer os mesmos corredores que meus pais percorreram.
Os alunos não pareciam se diferenciar muito do que eu havia visto nos filmes. O fato de não conhecer ninguém me assustava um pouco, mas ao mesmo tempo me deixava excitada ao imaginar quem eu conheceria.

Meus olhos percorreram toda a extensão da rua, parando em um carro vermelho. Eu não tinha o conhecimento de Rosalie sobre automóveis, mas o carro em si era irrelevante. O que me chamou a atenção fora à pessoa encostada em seu capô.
Ela era bem pequena, provavelmente até mais baixa do que eu. Usava jeans e um casaco de gola alta escuro. Morena, mas não tanto quanto Jacob. Tinha cabelos bem longos e negros, uma franja que pendia nos olhos, e mexia as mãos apontando para o celular. Olhei envolta achando que ela estaria falando com outra pessoa, mas ela discretamente apontou para mim e moveu seus lábios:

"Você", ela tinha o indicador na minha direção. "Quer que eu", ela balançou o aparelho celular em uma de suas mãos. "Polícia?"

Eu automaticamente mexi minhas mãos, entendendo o que ela queria dizer.
Edward e Jacob calaram-se, e meu pai virou o rosto na direção da garota, que se desencostou do carro, caminhando em nossa direção enquanto arrumava sua mochila nos ombros. Conforme ela se aproximava, meu pai deu um passo para trás, e eu desconfiava que ele estivesse lendo os pensamentos dela.

"Hey", a garota tinha uma voz fina, e pude perceber como era bonita. "Ta tudo bem com você?". Ela possuía um sotaque diferente, provavelmente não era americana.

"T-Tudo", mexi os lábios, dando um meio sorriso.

Os olhos negros da garota se apertaram enquanto ela fitava Jacob e depois Edward, voltando a me encarar.

"Você é nova também, não é?"

"Sim, primeiro dia", sorri sem perceber. Eu estava tão orgulhosa de dizer aquilo.

De repente, o rosto da garota pareceu se iluminar.
No lugar da expressão séria, havia um largo sorriso, que fez com que ela parecesse outra pessoa.

"Eu também, que tal entrarmos? Acho que é mais seguro lá dentro", e lançou um olhar na direção dos dois rapazes atrás de mim.

"Oh, não", ergui as mãos. Eu não deixaria nenhum mal entendido acontecer com a primeira pessoa que eu conhecia. "Esse é meu tio, Edward", agarrei o braço de Edward. Havíamos combinado a história que contaríamos. Edward e Bella eram meus tios e estavam tomando conta de mim em Forks, já que meus pais eram empresários ocupados demais viajando o mundo.

"Bom Dia", Edward adiantou-se e fez um aceno com a cabeça, colocando um meio sorriso nos lábios.

"B-Bom Dia", a garota fez um aceno mecânico, olhando em seguida para Jake.

"Esse é Jacob, m-meu...". Fechei a boca pensando em como deveria chamá-lo. Aquela era a primeira vez que tinha de introduzí-lo após nosso beijo.

"Jacob Black, namorado da Nessie", Jake esticou a mão na direção da garota, colocando seu maior sorriso, transbordando simpatia.

"Ow... namorado", a garota sorriu sem graça, apertando a mão de Jake. Sua mão parecia sumir. "Não sabia que vocês eram conhecidos, achei que você estivesse com problemas, desculpe". A garota suspirou e parecia ter relaxado os músculos.

O sinal tocara em um momento extremamente necessário.
Eu me virei e sorri para Edward e Jacob, sabendo que ambos não iriam recomeçar a briga na frente de terceiros, o que era ótimo para mim.

"Eu vou indo agora", arrumei a alça da mochila no ombro.

"Venho buscá-la na saída, não se preocupe." Edward aproximou-se beijando minha testa.

"Eu te ligo, Ness", Jake aproximou-se, mas Edward entrou na frente, lançando um olhar feio na direção dele.

"E-er foi um prazer conhecê-los."

Eu senti meu braço ser puxado pela garota, e só tive tempo de acenar para os dois, antes de subir as escadas. Tentei prestar atenção se ouviria algum barulho de algo sendo quebrado, mas tudo o que conseguia ouvir eram os barulhos dos próprios alunos no corredor.

"Uau! É impressão minha ou eles não se dão bem?", a garota falava alto por causa do barulho, e tentávamos não esbarrar nos alunos que vinham pelo caminho.

"Eles são difíceis", cocei a cabeça sem graça. "A propósito, sou Renesmee Cullen", não ousei esticar a mão. O corredor estava lotado.

"A-Ana", a garota riu quando um garoto enorme ficou entre nós duas. "Ana Forster."

"Forster?", senti que seu sotaque era diferente. Ela realmente não era americana.

"Uh-hum", ela acenou com a cabeça. "O sotaque? Bom, metade americana, metade brasileira."

"UAU!". Parei no meio do corredor cheio, abrindo um largo sorriso. Eu havia visitado o Brasil quatro vezes em quatro anos, e tinha um certo fascínio pelo país. Ele seria meu porto-seguro se a conversa com os Volturi não tivesse dado certo anos atrás, e mesmo após esse incidente, meus pais me levaram várias vezes, sempre avisando que se algo acontecesse, era para lá que eu deveria ir. Esse vai-e-vem fez com que eu criasse um certo afeto pelo país, e conhecer alguém de lá, logo no meu primeiro dia, era muita sorte.

"Você conhece?", Ana riu, me puxando novamente para andar.

"Sim, já visitei seu país quatro vezes e estamos combinando a quinta visita."

"Nossa, isso é bom de ouvir."

Caminhamos mais dois corredores, até pararmos próximo ao bebedouro.
Eu precisava saber em que direção ficava minha sala, e somente naquele momento eu percebi que poderia ter de me separar de Ana. Haveria mais de uma sala para os primeiros anos, mas eu realmente gostaria que ficássemos juntas.

"Hm... eu vou para a sala... cinco", tirei o papel com o número da minha sala do bolso, vendo que ela fazia o mesmo.

"Mesma classe", Ana virou o papel e abriu um largo sorriso. "Acho que fica naquela direção", apontando o corredor da frente, onde de nossa posição, era possível ver a sala de número três.

Eu me senti extremamente sortuda enquanto caminhávamos em direção a nossa sala. Havia conhecido uma pessoa aparentemente simpática no primeiro dia, e por sorte caímos na mesma sala. Se meu sexto sentido não estivesse enganado, eu talvez acabara de conhecer alguém que poderia se tornar minha primeira amiga humana.
A parte boa de entrar em uma escola no primeiro ano, é que as chances de muitos serem desconhecidos são grandes. O problema é quando algum parente ou conhecido já andou por aqueles corredores, e pior ainda, quando ele ainda era um pouco famoso.
Eu sabia que os Cullen haviam causado uma certa impressão enquanto estavam no Ensino Médio, mas não esperava que ainda houvesse algo deles naquela escola. Eu estava enganada, claro.
Assim que entramos na sala, vários rostos se viraram em nossa direção.
Havia alguns alunos sentados nas carteiras, outros em pequenos grupos espalhados pela sala, e a mesa dos Professores vazia.
Minha audição era excelente, e não foi difícil reconhecer a palavra "Cullen", vinda de algum ponto da sala. Ana entrou atrás de mim e parecia ignorar os olhares, olhando envolta atrás de lugares vazios.

"Acho que aqui está bom", apontei a segunda carteira da fileira da esquerda, querendo o quanto antes me sentar e ficar de costas para os comentários.

Ana sentou-se ao meu lado, e praticamente no mesmo instante, uma parede de ombros enfileirados apareceu ao meu redor, tampando a visão que eu tinha da garota.

"Você é Renesmee Cullen, não é?", uma garota loura de cabelos que mais pareciam ter saído de um comercial de shampoo sorriu em minha direção.

"Uau! Uma Cullen na mesma sala que eu? Fale sobre sorte!", ao seu lado estava uma ruiva de corte channel.

"Não é?", a loura voltou-se para ela e ambas soltaram gritinhos. "A propósito, eu sou Julie Federson e essa é Kirsten Abraim."

Olhei de uma para outra, tentando entender o que estava realmente acontecendo.
Ambas pareciam brilhar, e na realidade, elas estavam realmente brilhando. A mesma maquiagem, o mesmo gloss, roupas parecidas. Excetuando-se o corte de cabelo e a cor dos mesmos, elas pareciam estranhas gêmeas.

"V-Vocês são irmãs?", disse a primeira coisa que me veio à mente.

"Parecemos não é?", a ruiva de nome Kirsten estufou ligeiramente o peito, que já era ligeiramente avantajado.

"Somos amigas, digo, melhores amigas". Julie revirou os olhos como se fosse algo extremamente óbvio. "Mas hey, você é uma Cullen, ouvi que é sobrinha de Edward Cullen, quero dizer, todo mundo aqui ouviu falar deles."

"Fale sobre ser perfeito", Kirsten se abanou com a mão. Fazia cerca de dez graus lá fora.

Kirsten e Julie começaram uma sucessão de perguntas sobre Edward e o restante dos Cullen. Era incrível como elas me faziam sentir como se meu pai fosse aparecer de repente naquela sala, e causar um alvoroço enorme. Mentalmente eu podia ver aquela imagem acontecendo, o que fez com que um sorriso inconsciente aparecesse em meus lábios. Eu parara de prestar atenção há muito tempo no que diziam, mas parece que meu sorriso causo um certo frenesi nas garotas.

"Você é tão legal, Renesmee", Julie enrolava uma ponta do cabelo.

"Nessie...", cocei ligeiramente a cabeça. "Podem me chamar de Nessie."

"Apelidos? Uau, estamos realmente intimas e conversamos, o que? Cinco minutos? Eu sabia! Eu tive esse feeling quando você entrou, eu sabia que nos daríamos bem. Fale sobre sexto sentido."

Eu tinha certeza de que a conversa teria se estendido por mais algum tempo, se um homem de altura mediana e óculos engraçado não entrasse na sala, fazendo Julie e Kirsten voltarem aos seus lugares, não muito longe dali.
Sentei em meu lugar, e pude finalmente enxergar Ana. Ela tinha um exemplar de Biologia aberto, e parecia bastante compenetrada no que lia, ignorando a presença do homem que supostamente seria nosso professor. Mas eu estava errada. Assim que o homem colocou sua pasta em cima da mesa, Ana fechou o livro e o guardou na mochila, se virando e dando um meio sorriso em minha direção.
O professor se chamava Sr. Varner e ensinaria Trigonometria. Segundo o horário que Bella havia pegado para mim na semana passada, ele ocuparia toda a manhã de segunda com sua matemática, então teríamos um intervalo, e o segundo período se dividiria entre História e novamente matemática. Sorri. Eu mal podia esperar por História.
Graças ao Sr. Varner descobri que Kirsten e Julie se conheciam há anos, assim como certa de oitenta por cento da sala. Alguns vieram da mesma escola, outros eram amigos de infância, nada que não fosse esperado de uma cidade tão pequena quanto Forks. Ás vezes eu achava que era um milagre ninguém ter descoberto os Cullen e seu segredo, agora, nosso segredo. Foi o mesmo Sr. Varner que nos fez ficar de pé e nos introduzirmos.
Por esse gesto eu pude perceber como seria mais ou menos o decorrer daquele meu primeiro ano. Julie era aparentemente a mais popular garota da classe. Quando foi sua vez de levantar-se e dizer seu nome, houve uma chuva de aplausos vindo de seu grupinho particular, composto por cerca de sete pessoas. Ana parecia tímida em sua apresentação, parecendo diferente daquela que desafiou um vampiro e um lobisomem a poucos minutos no estacionamento.

"Renesmee Cullen", disse sentindo o coração bater duas vezes mais rápido.

Kisten e Julie bateram palmas, e logo foram acompanhadas pelos outros cinco membros do grupo. Eram mais duas garotas e três garotos. Os três usavam jaquetas iguais, o que me fez pensar que provavelmente jogavam no time da escola.
Números nunca foram meu forte. Números e figuras geométricas estavam em um mundo completamente fora da realidade que eu buscava, então imagine como me senti ao agüentar três horas de explicações sobre teoremas. Eu respeitava Pitágoras, mas trazendo o que ele ensinou para minha vida prática, pouco poderia ser aproveitado.
Quando o sinal para o intervalo tocou, foi como terem tirado uma máscara de meu rosto. Pude respirar normalmente e esticar as pernas.

"Números", suspirei enquanto pegava minha mochila. "Vamos ju-"

Eu havia me virado para Ana, mas minha visão de sua pessoa havia ficado obscurecida. No lugar estava um dos jogadores, se eu me lembrava bem, Taylor Manson, parado em minha frente, tampando qualquer visão que eu pudesse ter do mundo exterior.

"Nessie, certo?", ele parecia um daqueles atores de dramas adolescentes. Alto, sorriso perfeito e cabelo perfeito.

"Sim", balancei a cabeça tentando enxergar Ana através de seus ombros largos.

"Kisten e Julie me pediram para te convidar para se sentar conosco na nossa mesa."

"Hm... só um minuto", passei pelo garoto e encarei Ana prestes a deixar seu lugar. "Hey Ana, vamos comer juntas?"

Ana olhou de mim para Taylor e deu de ombros.

"Podemos ir com vocês", dei um meio sorriso para Taylor. Socializar, socializar, socializar!

"Acho que não terá problema se ela for", Taylor coçou a cabeça sem graça enquanto olhava para Ana. "É que Julie não falou nada sobre outra pessoa."

Eu sabia o que estava acontecendo ali.

"Você pode ir, Renesmee", Ana ajeitou a mochila nos ombros e acenou, dando um meio sorriso antes de sair.

Enquanto ela caminhava para fora da sala, algo em meu estomago girou.
Não fora nem o croissant do café da manhã ou o bolinho de amora. Uma sensação não tão agradável chamada culpa fez com que de repente eu não gostasse tanto do meu primeiro dia de aula.
Taylor era um daqueles garotos que tinha consciência do que era. Ele sabia que as garotas olhavam para ele enquanto ele andava nos corredores. Sabia que a maioria esperava um olhar mais curvo da parte dele. Particularmente ele parecia como qualquer outro garoto dali, então talvez esse fosse o motivo de não me fazer sentir orgulhosa por caminhar ao seu lado.
Eu andava em direção ao refeitório, imaginando se Ana não teria ficado chateada com o que ele havia dito, pensando em me desculpar assim que voltássemos do intervalo.

O refeitório estava abarrotado de estudantes. Muitos vinham de outras partes, como o Ginásio e outras salas.
Julie acenou para nós quando aparecemos na porta, mas minha atenção fora para Ana, sentada sozinha em uma das mesas, com um livro aberto.
Naquele momento eu sabia que teria de tomar uma decisão. Não era nada como salvar uma vida, escolher entre cadeira elétrica ou enforcamento, mas era uma decisão que eu sabia que afetaria meu futuro naquele lugar.
Havia algo que Bella me ensinara desde pequena. Minha mãe sempre frisou sobre a importância de sabermos escolher bem as pessoas que manteremos em nossas vidas. Como ela gostava de quotar: "Durante o caminho vamos encontrar muitos colegas, mas poucos amigos. Saiba a diferença, Renesmee". Eu sabia que não poderia julgar as pessoas por meras três horas em suas companhias, mas havia pontos que eu não podia deixar passar em branco. Quem eu iria me tornar ali? Uma pessoa que não chamava muita atenção, mas tinha alguém que não se importou em bater de frente com um vampiro e um lobisomem por uma total estranha? Ou uma garota popular que no próximo ano estaria chamando alguém para se juntar ao grupo, mas deixando claro que se essa pessoa tivesse um amigo não-popular, ela não poderia entrar? Acho que minha escolha era óbvia.

"Desculpe, Taylor", sorri na direção do garoto. "Mas eu vou sentar com a Ana, diga a Julie que comemos juntas outro dia, ok?"

Eu sabia que para alguém como Taylor, era difícil imaginar que qualquer pessoa teria feito àquela escolha.
Eu ouvi a indignação de Julie quando ele repassou o que eu tinha dito, e tentei ignorar o que Kirsten falava sobre Ana. Aparentemente agora eles culpariam a garota pela minha escolha.

"Hey Ana", sentei-me a sua frente, tomando cuidado para não esbarrar minha mochila em seu suco de maçã."

"Renesmee", Ana tirou os olhos do livro, e eu encarei a anatomia de um sapo com uma careta.

"Nessie! Chame-me de Nessie."

"Nessie", ela deu um gole no suco. "O que houve?", Ana passou os olhos pelo refeitório, encarando o grupo de Julie, que olhava para nossa mesa.

"Desculpe pelo que houve, eu planejava te convidar para comermos juntas antes do Taylor chegar."

"Sem problemas, se quiser sentar com eles eu realmente não me importo", ela apontou com o dedo para o livro.

"Você realmente gosta de Biologia", passei os olhos pelas anotações ao lado do livro.

"Bem, é de família, eu preciso estudar muito se quiser ser uma médica."

"Uau, você quer ser médica?", arregalei os olhos. A figura de Carlisle brotou automaticamente em minha mente. "Como assim família? Seus pais são médicos?"

"Meu pai", Ana marcou a página que estava lendo, fechando o livro. "Ele é cirurgião, é por causa dele que viemos para Forks."

"Seu pai trabalha no Hospital da cidade?", ergui uma sobrancelha. Seria coincidência demais.

"Sim, começou no mês passado."

"Meu avô trabalha lá, digo, meu tio-avô", passei a mão nervosa pelo cabelo. Era a segunda vez naquele dia que quase deixei a história se perder.

"Que incrível, Nessie!", os grandes olhos castanhos de Ana se arregalaram, e eu sorri. Ela parecia realmente feliz.

"Vou pegar algo para comer, quer alguma coisa?", fiquei de pé olhando o refeitório. Eu não estava exatamente com fome, mas sabia que sentiria se não comesse.

Ana agradeceu, mas disse que ficaria bem somente com o suco de maçã.
Segui em direção ao refeitório, mantendo os olhos e os ouvidos atentos. Eu esperava um mero comentário que fosse, e não demorou para que um grupo de garotas dissesse exatamente o que eu esperava ouvir.

"Ele é como um sonho. Honestamente, nunca me senti tão feliz de ter vindo para essa escola."

Eu ri baixo, segurando uma maçã e pegando um bolinho de baunilha.
Fiz meu caminho até a mesa, e passei os minutos que tinha para conhecer Ana melhor. Eu tinha certo receio que estivesse atrapalhando, pois não conseguia ignorar o enorme livro de Biologia ao seu lado, mas ela não parecia estar incomodada com nossa conversa.

"Você veio somente com seu pai?", mordi o primeiro pedaço da maçã.

"Yep, somos somente nós dois, minha morreu alguns anos atrás."

Congelei.

"Sinto muito... eu, eu não sabia."

"Não se preocupe", Ana sorriu. "E você? Não sente falta de seus pais?"

"Hm... um pouco", senti a garganta apertada. Quando Bella sugeriu a idéia da falsa história tudo parecia mais simples, mas estando ali, ouvindo sobre a história de alguém, eu me sentia uma farsa em dizer tudo aquilo. Eu estava pagando honestidade com... mentiras. "Minha família é grande, então não me sinto tão sozinha."

"Deve ser interessante, alias...", Ana mexeu na caixa de suco de maçã, que parecia vazia. "Você deve ser parente do Carlisle Cullen, não é? Desculpe se estou sendo intrometida."

"Você conhece meu avô?", arregalei os olhos surpresa. Provavelmente agora se abriria um buraco enorme na minha farsa. Não existia possibilidade de alguém acreditar que alguém tão jovem quanto Carlisle já era avô.

"Sim, eu o vi algumas vezes no Hospital", os dedos finos de Ana passavam pela mesa. "Excelente médico, excelentes habilidades."

Sorri com o elogio, dando uma mordida grande em minha suculenta maçã.
O intervalo não durou o suficiente. Quando os alunos começaram a se levantar, eu senti que gostaria de passar mais tempo sentada e ouvindo as histórias que Ana tinha pra contar. Ela era realmente apaixonada por medicina, e tinha um respeito enorme por meu avô, e o mais surpreendente era o fato de em momento nenhum ela ter feito qualquer comentário sobre sua idade ou aparência.

Falar com Ana era como conversar com Alice ou Rosalie. Elas ouviam o que eu tinha há dizer sem fazer perguntas, como se soubessem o que estava acontecendo e que isso estava bem.
Enquanto seguíamos em direção a sala novamente, eu tentei evitar os olhares rancorosos da dupla popular, mas era inútil. Eles não eram más pessoas, mas duvido que pudesse ter tido uma conversa tão interessante ao lado deles.
Somente quando sentei em minha carteira que me dei conta de qual seria a próxima aula. Um sorriso debochado surgiu em meus lábios, e eu os mordi, tentando esconder uma risada. Eu havia esperado por esse momento a manhã toda, e mal podia esperar para ver a reação dos demais.
Julie e Kirsten entraram ao lado de Taylor e mais dois garotos, e eu abaixei os olhos quando passaram por minha carteira. Senti quando os passos se afastaram, e soltei o ar, respirando profundamente em seguida. Isso seria difícil.
Algumas garotas sussurravam nas carteiras da frente, e eu batia os dedos levemente na carteira. Eu sabia do que elas falavam, e podia imaginar o quão ansiosas estavam o restante das garotas.

Alguns minutos mais tarde, quando todos aparentemente já haviam entrado, senti quando meus lábios se afastaram, formando um largo sorriso.
Ele
entrou como se desfilasse em uma daquelas passarelas que aparecem na tv. Estava simples, com jeans e uma camisa branca, dobrada até a altura dos cotovelos. Os cabelos como sempre em um charmoso rabo de cavalo, e um sorriso tão incandescente, que era impossível não retribuir. E como esperado, não havia uma garota na sala que não estivesse sorrindo.

"Boa tarde!"

Neil apoiou as duas mãos na mesa, e encarou a sala.
Eu ouvi os suspiros, assim como os comentários vindos de todas as partes da sala. Virei um pouco o rosto e coloquei a mão nos olhos, rindo. Ana tinha uma expressão abobalhada, como se todas as vezes que piscasse fosse para se certificar de que aquele homem na sua frente era real.
Era estranho, mas ao mesmo tempo incrível.
Ele era um vampiro, o topo da cadeia alimentar, e estava ali disposto a ensinar História para todos aqueles adolescentes.
Enquanto Neil começava sua falsa (eu estava começando a me acostumar com essa palavra) apresentação, apoiei o queixo na mão e recordei o quão difícil havia sido para ele conseguir a aprovação dos Cullen. Bem, não necessariamente de todos, mas especificamente de Edward.
De todas as pessoas, Edward deveria ter sido a primeira pessoa a apoiar a idéia de Neil em se candidatar a vaga de Professor. Quero dizer, ele havia conhecido minha mãe daquela maneira, não foi? Através de uma bela mentira sobre ser aluno e ainda por cima normal. Então quando Carlisle comentou que Neil ficaria perfeito no papel de Professor, a reação de meu pai havia sido um tanto quanto hipócrita. Foram necessários vários dias até que ele se acostumasse com a idéia, não sem antes ter longas conversas com Neil, e conseguir uma promessa de que ele se manteria longe dos alunos.
E ali estava ele, interagindo com humanos, como se fosse um deles, dissertando sobre o cronograma daquele semestre, e do que ele esperava da classe.

Quando às duas horas de História terminaram, foi como acordar de um sonho. Eu já ouvira Neil falar antes, mas suas palavras conseguiam captar toda atenção, e vê-lo se despedir e agradecer pela aula me fez ficar um pouco triste. Eu teria outro período de Matemática, o que transformava o sonho em pesadelo.

"Você viu aquilo?", a voz de Ana me trouxe por completo a realidade. "Nunca gostei de História!"

Eu ri baixo, entendendo o que ela queria dizer.

"Ele realmente é um bom Professor."

"Bom? Nessie, ele parecia ter vivido tudo aquilo."

Olhei pra ela e sorri de canto, rindo internamente de uma piada que não tinha a menor graça. Definitivamente aquele dia estava sendo irônico.
O segundo tempo de Matemática havia sido um pouco mais animado, provavelmente pela passagem de Neil entre os horários das aulas. Descobri que teria História somente as segundas e as sextas, o que me fez pensar que minha semana começaria e terminaria sempre muito bem. Por outro lado, eu teria matemática praticamente todos os dias, e ainda precisaria me ausentar das aulas de Educação Física, que tomariam todas as manhãs de terça. Por motivos óbvios eu não poderia praticar esportes, principalmente porque não conseguia limitar totalmente a minha força quando me tornava competitiva. Patético, eu sei, mas havia vindo junto com a falta de coordenação de Bella.
Ana estava decepcionada pelas poucas aulas de Biologia, mas parecia compartilhar o mesmo pensamento sobre as aulas de História. Kirsten e Julie vieram se despedir quando deixávamos o prédio, mas elas e sua turma ignoraram prontamente a presença de Ana.

"Hm...", Ana parou enquanto descíamos as escadas, continuando no segundo seguinte. "Você tem companhia."

Segui seu olhar e franzi a testa ao ver Edward... e Jake, um do lado do outro, parados no grama. O Volvo prateado estava estacionado, seguido pela moto preta de Jake.

"Bom, pelo menos serei bem escoltada", sorri constrangida pra Ana.

"Vejo você amanhã, Nessie!"

Ana acenou e caminhou em direção ao carro vermelho que esteve recostada pela manhã, dando partida e seguindo a fila de carros que deixava a escola.
Eu fiquei observando-a até que se afastasse, para ganhar tempo antes de ter de encarar meus dois guarda-costas. Eu havia tido um dia cheio, e tudo o que eu não queria era mais uma demonstração de poder masculino.

"Hey Ness!"

Jake foi o primeiro a se mover, e ouso dizer que seus reflexos assustaram até mesmo Edward. Meu pai caminhou ao seu lado em instantes, e pela sua expressão ele havia lido o que estava em minha mente. Típico.

"Boa tarde, Renesmee", havia um sorriso paternal que raramente aparecia nos lábios de Edward. Para ele deveria ser incrível ir buscar a filha na escola.

"Oi", acenei para ambos, segurando firme a alça da mochila no ombro direito.

"Vi que fez amizades, bacana!"

"Você deve estar cansada, vamos? Sua mãe está curiosa para saber como foi seu dia."

Olhei de Edward para Jacob e suspirei.
Era difícil escolher entre os homens da minha vida, ainda mais quando essa escolha era extremamente cruel. Eu sabia que Jacob estava ansioso para ouvir o que eu tinha para dizer sobre o primeiro dia, mas também sabia que tanto Edward quanto Bella desejavam a mesma coisa.
Então só havia uma coisa a ser feita.

"Jake vai pra casa também, ok? Isso me poupa o trabalho de contar duas vezes meu dia", passei por ambos e comecei a andar em direção ao Volvo prateado.

Alcancei o carro e olhei por cima dos ombros ao perceber que não havia sido seguida. Então esse tipo de atitude radical e independente só funcionava nos filmes?
Edward e Jacob estavam parados e me olhavam confusos.

"Eu estou com fome", disse abrindo a porta do carona e entrando.

Ambos se entreolharam, e Jacob caminhou em direção ao carro, apoiando-se na janela do carro.

"Se importa se eu sentar na frente? Minhas pernas não cabem no banco de trás."

Demorei algum tempo até que meu cérebro processasse o que ele tinha dito com aquele sorriso que eu adorava. Jacob estava sugerindo que ele iria no Volvo?!

"Sem chance, cachorro, não quero ter de levar o carro para limpeza por causa do seu cheiro", Edward riu musicalmente, enquanto dava a volta no carro. "Você volta com a lata velha que veio."

"Não, eu vou com a Nessie, ou se ela quiser, vamos juntos de moto."

Meu raciocínio funcionou rapidamente quando ouvi o ruído que saía da garganta de Edward ao ouvir a palavra "moto". Eu não sabia o motivo, mas toda vez que esse meio de transporte era citado, meu pai parecia perder completamente o bom sendo que possuía.

"Pai, são só alguns minutos", me inclinei no banco para ver o rosto de Edward. Ele estava bravo.

"Renesmee...", ele fez uma pausa, como se tomasse ar, fechando os olhos. "Certo", ele os abriu em seguida, entrando no carro visivelmente contrariado. "Mas ele vai atrás, nem que seja dobrado no meio."

"Você que manda."

Jake soltou um risinho, e eu sai do carro para que ele pudesse entrar.

"E sua moto?", encarei a moto enquanto ele se ajeitava no banco.

"Depois eu volto e pego", o descaso de Jacob era adorável.

Realmente o banco de trás era apertado para Jake, e ele precisou sentar de lado, e colocar as pernas em cima do banco. Edward parecia trincar os dentes toda vez que o via pelo retrovisor, e eu tinha dúvidas se ele estava assim pelo fato de Jacob estar ali por mim, ou se era por causa do couro do carro.
À distância até a casa dos Cullen não era grande, mas eu teria alguns minutos para revisar meu primeiro dia, e ter uma boa quantidade de novidades para contar a todos eles.
Reclinei-me um pouco no banco (perguntando antes se Jacob não estava amassado lá atrás), e fechei os olhos. Aquele havia sido um longo e cansativo dia, mas eu havia ficado incrivelmente feliz por tê-lo vivido. As pessoas eram mais difíceis do que eu havia ouvido falar, e certas coisas pareciam tão pequenas do meu ponto de vista, como as atitudes de Kirsten e Julie, que acabei sorrindo sem perceber. Eu estava amando tudo aquilo, e mesmo sendo o primeiro dia, eu desejei que os próximos dias fossem tão bons ou melhores do que esse.

Continua...