Título: A noiva da Serpente
Autor: Reiko
Tradução: Topaz Autumn Sprout do cap 12 até o final.
Betagem: Estrela Potter
Classificação: M
Pares: Draco e Gina
Gênero: Drama/ Romance
Disclaimer: Esta fic não infringe direitos autorais nem gera lucro, é puramente diversão.
DGDGDGDGDGDGDG
Nota da Topaz:
Pois é pessoal, mais uma vez cá estou eu, finalizando a tradução de uma fic, que ficou vagando nas brumas do tempo.
A noiva da serpente (ID:1454416) foi traduzida pela Vanillaa (id: 317601) do cap. 1 até o 11. A tradução começou em 2003 e parou em 2008.
Comecei a ler a versão para português feita pela Vanillaa por indicação da Estrela Potter, uma DG de carteirinha e a pedido dela traduzi esta fic até o final "for her eyes only". Deixei reviews e enviei vários e-mails para a tradutora comunicando que tinha os caps. traduzidos, mas nunca recebi resposta.
Então num destes papos virtuais com a Estrelinha, cogitei publicar a tradução até o final e ela concordou, pois acredita que existem outras pessoas que curtiriam saber o final desta história.
E se Merlin ajudar com a inspiração (mais a colaboração da Estrela!) ainda penso em fazer uns capítulos extras neste universo, pois a fic merece! Depois de lerem até o epílogo, me digam se concordam ou não que a estória tenha continuação. Pelas doidices que já maquinei, serão pelo menos mais três capítulos, mas aguardo a opinião dos digníssimos leitores e leitoras.
Assim, para o deleite dos fãs do casal DG, aí estão os tão esperados capítulos. (Gente, o trem está parado desde 2008! Então é uma boa reler toda a fic para não perder o fio da história).
Eu sei que para nós leitores brasileiros a tradução portuguesa fica um pouquinho estranha, mas vamos lá! Força na peruca povo! A estória é boa, as partes mais emocionantes e os feitiços complicados estarão nos próximos capítulos.
Boa diversão!
A noiva da Serpente XII - O Colar Desaparecido e Planos Malignos
"O Sr. Zabini irá vê-lo em um momento, senhor."
Draco fitava o mordomo dos Zabini de pé diante dele, esperando a sua resposta. Ele respirou profunda e serenamente e com um aceno de cabeça respondeu. "Tudo bem".
"Muito bem, Sr. Malfoy. Sinta-se em casa." O mordomo disse antes de fazer uma reverência e afastar-se dele, deixando-o sozinho na grande sala de mansão Zabini. Sentou-se em um dos sofás um pouco adiante do fogo crepitante. Cruzando as longas pernas, ele secretamente imaginava onde Blaise poderia estar. Mas ao mesmo tempo não se importava, nem sequer informara a moça de que teria uma reunião com o seu pai hoje na casa da família. E não sabia o porquê, mas definitivamente não estava com humor para vê-la, nem mesmo a sombra dela.
Os olhos rumaram do fogo para o lustre de cristal acima da sua cabeça, que faiscava e brilhava contra a luz suave do fogo da lareira. Seus olhos, em seguida, viajaram para os antigos armários de vidro encostados nas paredes contendo miniaturas de cavalos, bonecos e carrinhos, todos, sem dúvida, feitos de puro cristal.
Então ele notou o confortável sofá diante da janela. Um pequeno sorriso sem humor escapou-lhe dos lábios enquanto ele se lembrava de muitas vezes ter feito "aquilo" ali no sofá, sem pensar no que os servos poderiam pensar ou dizer. De fato, agora que ele estava pensando sobre isso, eles costumavam fazer "aquilo" em qualquer lugar da casa! Esse pensamento o fez sentir-se um pouco enjoado. Por que ele fazia aquelas coisas em tempos passados?
"Mas por que estou me sentindo desta forma?" Ele perguntou-se silenciosamente. Há algum tempo atrás, ele nem se preocuparia se tivessem feito "aquilo" em algum lugar menos isolado. Não que ele fosse um viciado em sexo, ou algo parecido, mas gostava de experimentar a emoção da possibilidade de ser pego. Mas não se poderia dizer que havia sido imprudente. Afinal, ele sempre utilizava proteção e não dormia com qualquer uma, embora tenha deflorado a maioria das Sonserinas, algumas Corvinais e Lufa-lufas durante seus dias em Hogwarts… Bem, nenhuma garota Grifinória, ainda assim... "O que está acontecendo comigo?"Pensou ele, pois se sabe Deus por que seus pensamentos voltaram-se para Virgínia novamente. Pegando o broche com a rosa no bolso do casaco o fitou de forma intensa.
Ultimamente tinha esse sentimento estranho de que alguma coisa estava acontecendo com ele. E aceitou o fato de que isso começou quando beijou Virginia pela segunda vez. O choque do entendimento bateu em cheio quando se deu conta de que ambos passaram três meses brigando e discutindo antes que ele conseguisse levá-la para a cama, quando normalmente em dois ou três encontros, às vezes em somente um, ele dormiria com a mulher escolhida.
Com Virgínia entendeu que não era somente sexo ou contato físico. Era muito mais que isso, eles, bem... Eles atualmente conversavam! E sobre coisas que ele não falava com ninguém! Mas, novamente, por que Virgínia era uma exceção? Enrugando as sobrancelhas levemente, levou a mão direita ao queixo numa pose pensativa, sempre fitando o broche.
Lembrou-se daquela noite, quando de repente ela colocou o objeto na sua mão sem nenhum motivo. O próprio gesto trouxe uma série de sentimentos inexplicáveis dentro dele. Sentimentos novos!
Sim, foi um contato físico, mas não teve nada a ver com sexo. Foi muito íntimo e profundo. Já havia admitido antes que para ele qualquer tipo de contato físico significava apenas sexo, o contato de pele era uma maneira não muito sutil de iniciar a coisa, que normalmente acabaria depois da satisfação dos "pecados da carne" nada mais, nada menos. Mas... momentaneamente ele fechou os olhos. "Deus, não acredito quão estúpido eu era antes de pensar sobre essas coisas!"Ele matutava, realmente nunca imaginaria que na verdade fosse… Frívolo.
Então suas descobertas o atingiram com força total. Ele havia entendido as diferenças de relacionamento durante os três meses que passara com ela, entendeu que os dois estavam conectados emocionalmente, coisa que era difícil de explicar ou entender, algo que ele nunca havia compartilhado com ninguém. Quando se casaram e fizeram amor pela primeira vez, ele sentiu-se conectado com ela mais uma vez, física e emocionalmente.
Foi como uma junção dos dois corpos, duas mentes e almas, dois em um, e ele nunca sentira nada assim antes! Era um sentimento esmagador! Paixão, desejo, ternura, sensualidade, tudo junto! E nunca sentiu isso com outras mulheres. Mas o choque maior veio da constatação que ele não queria nenhuma outra mulher, somente Virgínia. Sem que percebesse, Ginny conseguira transformar a sua vida.
"É engraçado ver você aqui na minha frente depois de cinco anos, Draco Malfoy."
Draco virou-se abruptamente; o som da voz profunda quebrou a linha de seus pensamentos. Apressadamente colocou o broche de volta no bolso do casaco e concentrou sua atenção no homem alto e de postura régia diante de si. Quando os olhos de Draco encontraram-se com os dele, o loiro se levantou. Vendo a expressão fria e pouco amigável do homem, decidiu não oferecer sua mão, em vez disso, ele tratou o senhor com a mesma delicadeza gelada que o homem mais velho estava dispensando a ele.
"Victor Zabini". Disse Draco inclinando a cabeça em cumprimento.
O pai de Blaise deu um profundo suspiro impaciente, andou pela sala e sentou-se na poltrona ao lado de Draco. Seguindo o gesto, o loiro sentou-se novamente e o fitou, sua expressão era expectante, mas agourenta. O velho limpou a garganta ruidosamente.
"Normalmente, eu não iria associar-me com alguém que virou as costas para o Lorde das Trevas." Victor começou, seus olhos azuis cobalto o olhando da cabeça aos pés de forma rude. Draco não perdeu a sutil repugnância nos olhos do homem que notou suas roupas trouxas, o terno cinza grafite Armani. Encarando friamente o homem mais velho, seus olhos de prata o fitavam diretamente, como se ele fosse imune ao olhar desdenhoso. "Mas como podemos ver..." Continuou o outro.
"Você não tem muita escolha." Draco finalizou a sentença para ele. E deu um dos seus sorrisos candidatos ao Oscar. "Isto não pode ser mudado, Victor". Acrescentou.
Ele sabia do desespero do homem para vender o seu imóvel, abandonar o país e começar tudo de novo.
Após a Guerra, com Voldemort derrotado, não foi surpresa descobrir que ninguém estava interessado em comprar as terras de um antigo Comensal da Morte, apesar da enorme propriedade ser realmente bonita e altamente lucrativa. Isto o fez pensar o porquê de seu avô estar subitamente interessado na propriedade dos Zabini. Além do fato da súbita onda de confiança do avô em suas habilidades para conduzir a negociação. Ele fechou o semblante pensativamente; era muito, muito estranho.
Victor optou por permanecer em silêncio, mas os olhos dele se estreitaram espelhando uma raiva súbita, deixando a aceitação dos fatos tomar conta dele.
Após a queda de Voldemort, todos os Comensais da Morte haviam sofrido o mesmo destino de Lucius. Alguns morreram, mas os sobreviventes como ele foram os mais atingidos. Num piscar de olhos, Victor Zabini subitamente encontrou-se privado de sua posição social no mundo bruxo, sendo odiado por todos e financeiramente arruinado. A morte era melhor do que isso, ele ruminava. E agora, olhando para o filho de Lucius Malfoy, um jovem adulto sentado um pouco adiante dele e mostrando aquela fria confiança, com a mesma crueldade que o pai possuía, o fez amaldiçoá-lo mentalmente. Victor não podia acreditar que aquele garoto de catorze anos de idade que ele conheceu, realmente estava sentado ali e iria comprar seus bens!
Quando Draco teve certeza de que o homem não iria responder sua pergunta, levantou as sobrancelhas casualmente. "Agora, vamos aos negócios, certo?" Perguntou ele profissionalmente.
Victor respirou um par de vezes para acalmar os nervos. Após um momento, ele olhou ao redor e chamou o seu mordomo. Draco tentou esconder sua diversão ao ver o olhar desconsolado no rosto do homem. Nesse momento, ele sentiu-se poderoso! Rico! Superior! E quedou-se envolvido pelo velho sentimento de superioridade, da mesma maneira de quando ainda era um garoto, e nunca lhe pareceu tão maravilhoso! Ele sabia que era um pensamento cruel, mas não podia se furtar disso.
"Chamou, senhor?" O mordomo perguntou posicionando-se ao lado do sofá.
"Traga os documentos para cá." Ordenou Victor.
O servo momentaneamente pousou seus olhos sobre Draco antes de inclinar a cabeça num gesto de assentimento. "Muito bem, senhor." E com isso, o mordomo afastou-se deles. Uma vez sozinho, Victor olhou novamente para o homem mais jovem sentado à sua frente. Vendo o olhar presunçoso de Draco, o velho homem franziu as sobrancelhas com fúria.
"Você foi uma terrível decepção para seu pai, sabia disso?" Victor perguntou, numa voz calma, mas cruel. "O Senhor das Trevas tinha grandes esperanças em você."
"Voldemort foi um palerma por ter confiando no meu pai." Disse Draco simplesmente, dando mais ênfase ao nome de "Voldemort". Victor virou-se para ele, horrorizado.
"Como você se atreve a insultar ao Senhor das Trevas diante de mim!" Victor gritou furioso. E apontou um dedo acusador para o jovem: "Você! Quem você pensa que é para dizer tais coisas sobre seu pai? É uma vergonha ter você como filho! Você tem sangue frio, é ingrato..."
Draco sorriu para ele, sem alegria. "Eu tenho certeza que meu pai ficaria muito orgulhoso." Respondeu sem emoção. "Afinal, não é isso que ele e os outros como você me ensinaram?" Quando os olhos de Victor arregalaram-se em silenciosa incredulidade, Draco falou em tom de brincadeira. "Estou certo de que ele pularia de alegria no túmulo neste momento, ao me ouvir dizer estas palavras."
Victor agitou a cabeça. "Você poderia ter sido grande!" Ele exclamou. "Que desperdício de rapaz."Pensou ele.
Draco Edward Malfoy, na sua opinião, foi o mais promissor jovem no círculo interno de Voldemort . Gregory Goyle, Vincent Crabbe e os filhos dos outros Comensais da Morte eram nada comparados a ele. Draco tinha o que levaria a chegar ao topo da liga de Voldemort. Ele era o mais talentoso, um dos melhores da sua classe. Ele era carismático, abençoado com um visual impressionante, e tinha essa coisa inexplicável que chama as pessoas para si, que as faz ouvi-lo. Sua simples presença demandava respeito, um respeito misturado com medo. Essa foi a única razão para que o Senhor das Trevas o favorecesse, para o desânimo e ciúme dos outros membros. "Você poderia ter sido um dos mais poderosos magos na nossa sociedade! E do seu tempo! Você já esqueceu que aqueles que o servissem lealmente seriam regiamente recompensados?"
"E eu estou certo que você poderia ter sido um deles." Respondeu Draco sarcasticamente com um sorriso predatório estampado no rosto. "E é por isso que você está aqui sentado na minha frente, prestes a discutir o preço do desta..." Ele parou e deixou seus olhos vagarem pela sala por alguns instantes. "Magnífica propriedade." Ele finalmente concluiu.
Percebendo a veracidade da resposta do jovem Victor calou-se. No silêncio tenso daquela sala ele fitava Draco com um indisfarçado ódio. Então o velho sorriu perversamente. "Não seja demasiado presunçoso a respeito disso, rapaz." Ele começou. "Vladimir é quem tem o dinheiro. Ele está me comprando e não você!"
"É verdade". Disse Draco sem perder sua calma. "Assim como é verdade também que eu serei o herdeiro de todos os seus bens, no momento oportuno". Então o loiro deu um sorriso vencedor. "Pense: porque é que o meu avô deixou todos os seus bens para mim e não para o próprio filho?" Ele perguntou deliberadamente, fingindo pensar sobre o assunto.
Victor abriu a boca e estava prestes a dizer algo odioso quando de repente chegou seu mordomo, tendo os documentos com ele. Os olhos de Draco seguiram o monte de papéis que Victor tomou de seu servo. Eram, sem dúvida, papéis e escrituras da sua propriedade. Colocando os pergaminhos em cima da pequena mesa diante deles, Victor os folheava cuidadosamente.
"Temos que concordar que a soma de 37 milhões de Galeões seriam suficientes para pagar por esta propriedade." Disse Victor, enquanto entregava a Draco vários pergaminhos amarelados. "Eu tenho certeza que você tem a pena e a tinta prontas, Sr. Malfoy?" Ele perguntou depois de um momento.
"Nós vamos ver." Disse Draco enquanto pegava os papéis que Victor lhe alcançou. Ele recostou-se confortavelmente no sofá e começou a ler os documentos, com o semblante parecendo cada vez mais pensativo a cada minuto, enquanto Victor ali sentado, esperava. Após um momento, Draco sorriu e colocou os pergaminhos sobre a mesa de café. "37 milhões de galeões é demais." Ele disse finalmente, seu rosto uma máscara de emoções camufladas.
Victor com a expressão fechada retrucou num tom gritado: "O que você quer dizer?"
Draco o fitava silenciosamente e Victor Zabini despejou. "Você não tem nenhuma idéia de como essa propriedade é lucrativa, rapaz. Quero ser amaldiçoado se eu deixar que você a tenha por menos de 37 milhões!" Acrescentou.
"A propriedade é altamente lucrativa, sim. Mas eu fiz um extenso estudo destas terras, o que, por sinal, você não se incomodou de colocar em seus papéis, e fiquei realmente chocado ao descobrir que a maior parte das terras não tem sido utilizada desde sabe-se lá quando. Eu não posso negar que você tem vastos e ricos campos, e é realmente uma pena que tenham sido ignorados." Disse Draco, levantando as sobrancelhas numa expressão de sapiência. "Fora isso, os alojamentos dos servos estão terrivelmente negligenciados, os estábulos perto da ruína e seus cavalos morrendo. Eu poderia discorrer sobre tudo o que precisa ser feito por horas; e acredite em mim quando digo que isso poderia levar todo o dia. Mas se você me der sua palavra de honra que vai fazer todos os reparos necessários, eu estaria disposto a pagar os 37 milhões de galeões neste instante.", acrescentou ele astutamente.
Victor balançou a cabeça. "Isto é inacreditável!" Ele exclamou. "Você tem alguma idéia de quanto custaria arrumar tudo isto? Essa é a única razão pela qual estou vendendo este lugar! Eu não posso mais arcar com a manutenção!"
"Bem, fico devastado ao ouvir isso, mas a menos que você faça os consertos, ninguém seria tão imensamente estúpido de pagar 37 milhões de galeões por uma ruína com esta." Respondeu calmamente Draco. "Todavia, estou disposto a pagar-lhe 17 milhões, sem os reparos necessários."
Os olhos de Victor Zabini estreitaram-se raivosamente e ele falou em voz alta: "Quem você pensa que é?" Ele perguntou, num tom perigosamente rouco. "Este imóvel pertence à minha família por gerações. Como você se atreve a atirar no meu rosto, a situação calamitosa deste lugar?" Então ele se levantou e ficou andando de um lado para o outro furiosamente. "Eu e Vladimir e já havíamos chegado a um acordo! O que você está tentando provar, rapaz?"
"Não estou tentando provar nada, Sr. Zabini." Respondeu Draco com uma confiança cortante. "Eu estou apenas tentando fazer o que é justo."
Victor bufou. "Justo? O que você sabe sobre justiça, Malfoy?" Ele perguntou amargamente.
"E você?" Draco rebateu com um olhar de superioridade. "O que você e os seus supostos "amigos"sabem sobre justiça?"
Enquanto Victor pensava silenciosamente, Draco deu um sorriso. "Você ficaria surpreso com o que os cinco anos de desaparecimento me ensinaram, Sr. Zabini. Acredite em mim quando digo que o senhor não gostaria de saber tudo o que eu aprendi." Ele acrescentou calmamente.
"Não estou interessado no seu tão falado período de iluminação ou seus 17 milhões de galeões." Respondeu o homem mais velho amuado. "Há outras pessoas que estão dispostas a pagar o preço que estou pedindo e..."
"Por favor, poupe-se de mais embaraços porque eu não vou cair no seu blefe." Draco cortou duramente. "Acha que eu não sei como você está desesperado para vender essa propriedade, Sr. Zabini? Baseado nas minhas observações, ninguém está interessado em comprar propriedades de Comensais da Morte, e francamente falando, eu ainda estava confuso com o interesse repentino de meu avô em sua propriedade, pois ele poderia comprar outras terras que não sejam as suas." Ele deu-lhe um sorriso torto. "Ou você aceita minha oferta ou vai passar o resto de sua vida vivendo em um lugar onde todos desprezam você e sua família." Ele parou e deu um profundo suspiro. "17 milhões de galeões." Disse ele, enquanto descansava os dedos em seu queixo resoluto. "O que é que vai ser?"
Com isto, Victor Zabini fortemente aborrecido sentou-se no sofá de frente para o homem mais jovem. Ele deu um suspiro derrotado, esfregando a ponte do nariz de modo cansado. Então ele balançou a cabeça e alcançou a tinta e a pena ao lado da pasta contendo os documentos. "Eu até posso assinar estes documentos garoto, mas contra a minha vontade." Disse ele, enquanto enfiava com força a pena no pote de tinta preta. Em seguida, deixou seus olhos vagarem ao redor do enorme salão momentaneamente. Draco não perdeu a expressão triste dos olhos azuis.
"Você podia ter pensado nisso antes de ter se aliado a Voldemort." Pensou enquanto observava silenciosamente Victor assinar os documentos com um floreio. Após um momento, Draco com a mesma pena assinou seu nome na linha pontilhada, oposta a de Zabini. "Feito e finalizado." Disse ele, enquanto abaixava a pena. Ele então trouxe o pergaminho para perto do rosto e soprou levemente para a tinta secar.
Quando Draco começou a colocar tudo dentro da pasta, Victor virou para ele com um sorriso rude e afetado em seu rosto. "Você vai ter o que é seu, Malfoy." Disse ele, sua voz suave, mas ameaçadora. "Eu juro que você vai ter o que é o seu um dia."
Draco se levantou. "Não." Disse ele ao mesmo tempo em que vestia seu pesado sobretudo, "VOCÊ teve o que era seu, Victor." Ele balançou a cabeça, dando-lhe uma espécie de sorriso triste. "É sempre um prazer fazer negócios com você."
Com isso, Draco virou-se e fez o seu caminho para as enormes portas da mansão, deixando o homem mais velho e arruinado sentado, as mãos cobrindo o rosto tomado pela desolação e revolta.
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Espero que você esteja se sentindo bem. Falando sinceramente, eu e a mamãe Narcisa sentimos muito sua falta no jantar. Realmente não posso afirmar os pensamentos de Draco sobre esta situação, mas por favor, fique descansado, pois de vez em quando ele pergunta sobre você.
Ginny parou de escrever e momentaneamente e levou o garfo para cortar um pequeno pedaço do bolo de chocolate que estava servido sobre a escrivaninha de Draco, bem ao lado das perfumadas folhas de pergaminho. Estava escrevendo durante a tarde uma carta para Vladimir enquanto comia uma segunda fatia da torta que ela tinha pedido a Draco para comprar dois dias atrás.
Faz três semanas desde aquela noite pavorosa e eu de repente me encontro enfiada aqui sem ninguém para conversar, além do meu gato, da mamãe Narcisa e meus livros. Draco está sempre fora em alguma negociação e muitas vezes eu só o vejo durante a noite. Eu odeio estar aqui sem nada para fazer, mas realmente não posso culpar Draco por colocar um poderoso feitiço por toda a mansão, impedindo a mim e outras pessoas de aparatar livremente, como antes. Fora isso, ele também tem o controle de todas as lareiras de flú, que estão temporariamente desconectadas da rede, de modo que não temos visitas entrando e saindo por este meio também. Como resultado, todos os que pretendiam me visitar (estritamente amigos próximos e membros da família) precisam usar a velha maneira, chegando até nossa porta. Estou proibida de sair sozinha, fui forçada a parar temporariamente de ensinar e passei o mais miserável Réveillon da minha vida. Não sei se eu deveria sentir-me lisonjeada ou irritada com tanta proteção!
Ela deixou escapar um suspiro após lembrar sua chatíssima festa de Ano Novo. Por causa do terrível acontecimento no Natal , Draco e sua família decidiram celebrar Réveillon na mansão. Ela balançou a cabeça se lastimando. Mesmo com a deliciosa festa que Narcisa tinha preparado, o clima estava tenso e estressante. Todos estavam realmente ocupados em preocupar-se com ela. Enquanto Fred e George estavam atarefados montando o suprimento de fogos de artifício que tinham trazido com eles, o resto dos homens se ocupou de falar sobre o andamento da investigação sobre as facas que quase lhe tinham tirado a vida.
Ela soube mais tarde, depois de Molly e Hermione falarem com Sylvia e Nathan, que efetivamente uma das janelas do quarto dela estava aberta, permitindo que as três facas atravessassem o cômodo. Aparentemente, Sylvia tinha aberto a janela, porque queria jogar o Snap explosivo que Greg tinha dado ela, mas Ginny havia tirado o baralho de suas mãos e a fez a sentar no chão juntamente com seu primo para ouvir a narração dos contos de fadas. Ela lembrava-se de estar de pé buscando um livro, quando as facas subitamente voaram em sua direção. Na verdade Nathan havia chamado a sua atenção segundos antes, e então o restante dos acontecimentos era somente um branco... Ela não conseguia lembrar de mais nada; e balançando a cabeça decidiu continuar a escrever.
Então novamente, eu estava realmente feliz em ver todos os meus familiares juntos no Ano Novo. Só espero que a investigação acabe em breve e o culpado seja capturado para que eu possa ter minha vida de volta. Deus sabe que eu estou cansada de ficar aqui sentada o dia inteiro à espera que meu marido apareça. Estou começando a me sentir como uma dona de casa comum e inútil. E eu realmente odeio isso.
Escreva assim que você puder!
Todo o meu amor,
Ginny
Com essa última sentença, Ginny, baixou a pena e deixou a tinta secar antes de carimbar o selo de Draco no canto inferior direito do papel. Enrolando o pergaminho, ela convocou Athena, sua coruja da neve, que estava pacientemente empoleirada no topo da estante de livros de Draco.
"Pronta para ir para casa do avô novamente, Athena?" Perguntou ela enquanto atava uma fita prateada ao redor do pergaminho enrolado. A coruja, por sua vez, deu um forte pio de acordo como resposta. Ginny riu suavemente e amarrou a nota na perna esquerda de Athena . "Volte depressa, está bem? Você ainda tem que entregar algo para Ron e Hermione." Disse ela quando abriu a janela. Athena, em seguida, deu-lhe uma bicada amigável no dedo antes de decolar.
Com a coruja já despachada, Ginny, fechou as janelas e decidiu terminar o resto do seu bolo. "Isso é tão chato." Ela pensou olhando o pôr-do-sol. Quantos dias haviam passado? Três semanas, quase um mês. Dando um suspiro entediado, caminhou até a cama, trazendo seu prato e mastigando o tempo todo. Ela sentia-se totalmente inútil, realmente inútil. A presente condição a estava fazendo parecer uma fera enjaulada, e era muito irritante. Mesmo que quisesse ajudar nas tarefas domésticas ou cozinhar (afinal, vivera sozinha durante os últimos quatro anos, certo?). Já havia muitos servos para fazer as tarefas. Ajudar na casa a faria parecer, bem... Iria parecer muito estranho para os empregados. E, além disso, se Narcisa a visse ela nunca ouviria o fim do interminável sermão.
Estirou-se na cama e colocou dois travesseiros contra a cabeceira. Deitada, ela deu a última mordida no seu bolo e pegou um dos livros de Draco, que estava em cima da mesa de cabeceira. Obviamente, ele tinha começado a ler o segundo volume da Gaader de Vita brevis. Ela deixou um escapar pequeno sorriso enquanto os dedos cuidadosamente folheavam as páginas do romance. Foi um prazer para ela saber que Draco realmente havia apreciado seu presente de Natal. Então pegou a caixa de chocolates dentro da gaveta e começou a ler a primeira página do livro enquanto comia mais doces. Ela já estava no meio da segunda página quando uma suave batida ecoou na quietude do quarto. Ginny olhou Narcisa entrar com o flutuante Hammilton e fechar a porta carregando uma bandeja.
"Oi, mamãe!" Ginny cumprimentou, fechando o livro e o deixando de lado.
Narcisa sorriu e sentou-se na cama. "Olá, querida." Disse ela. "Espero que não estejamos perturbando você."
"Oh não." Respondeu Ginny rapidamente. Fixando o olhar curioso sobre a forma orgulhosa e empertigada de Hammilton. "Então." Ela disse, olhando do mordomo fantasma para a mãe de Draco com um olhar questionador.
"Oh, sim." Disse Narcisa levemente, observando o olhar curioso que Ginny lhe dirigia. "Eu só pensei que seria uma excelente ideia jantar em seu quarto." Ela suspirou. "Eu não vejo razão de utilizar a enorme sala de jantar uma vez que apenas nós duas estamos em casa..." Depois, olhando para Hammilton, fez um gesto indicando que ele colocasse a bandeja sobre a mesa diante da janela. Ginny sorriu e saiu da cama enquanto pegava outro chocolate da caixa.
"Oh! Tudo bem, mamãe." Disse Ginny enquanto o fantasma ativamente dispunha as pratas e porcelanas, diante delas. Narcisa com sua varinha convocou uma cadeira. "Acho que Draco não voltará para casa até onze." Acrescentou enquanto sentava-se no seu lugar.
"Mais alguma coisa, Senhora?" Hammilton perguntou após colocar uma tigela de frutas diante delas.
"Oh isto será o suficiente, Hammilton." Disse Narcisa. "Obrigada."
"Obrigada, Hammilton." Disse Ginny antes de colocar outro chocolate na boca. Assim, o mordomo fantasma fez uma mesura e silenciosamente flutuou para fora do quarto, deixando as duas senhoras desfrutando seu jantar.
Então Narcisa fez uma expressão de desagrado. "Ginny querida?" Ela perguntou.
Ginny olhou para ela. "Sim?"
"Você..." Ela parou e fitou a caixa de chocolates descansando em cima do colo de Ginny. "Você acha que será capaz de jantar depois de comer um monte de chocolates?" Ela continuou incerta.
"Sim." Respondeu Ginny, enquanto desdobrava o branco guardanapo em seu colo. "Na verdade, estou tão faminta que poderia comer um cavalo." Então ela parou e olhou a sua sogra divagando. "De fato, nestas duas últimas semanas, eu sempre sinto fome." Disse ela lembrando pensativamente sobre a refeição anterior. Cinco torradas francesas, três copos de leite para o café da manhã, três fatias do bolo que Draco comprou para ela e duas enormes porções de massa no almoço. E agora, mais duas fatias do mesmo bolo, quase toda a caixa dos chocolates suíços que Vlad lhe deu no Natal e ela ainda tinha espaço suficiente para um grande jantar! Não lhe havia ocorrido que ela pudesse comer desta maneira... Como seus irmãos.
"Bem, isso é bom." Garantiu Narcisa colocando uma porção de seu purê de batatas na boca . "Pelo menos você não perde as três principais refeições do dia."
Ginny fez uma expressão amuada como resposta. Ela deu uma olhada atravessada para Narcisa antes de mastigar uma porção seu próprio purê de batatas. Então ela balançou a cabeça. "É que eu não costumo comer desse jeito." Disse ela depois de engolir a comida. "Eu não quero ficar gorda." Acrescentou.
"Oh querida, você não está ficando gorda," disse Narcisa confortadora. Seus olhos cinza metálicos passearam de seu rosto para o seu corpo. "Olhe para você! Magra e elegante. Se há uma coisa que você deve fazer agora é comer mais!"
"Mas eu não costumo comer assim." Repetiu Ginny enquanto comia rapidamente. "O estranho disso é que eu estou comendo qualquer coisa que ache interessante!" Exclamou ela, entre as mastigadas.
Desta vez, foi a vez de Narcisa fazer uma careta. "O que há de estranho nisso?"
"Eu como, mesmo sem sentir fome." Reclamou Ginny enquanto diligentemente acabava com a carne no seu prato. Pouco tempo depois, Ginny estava com o prato vazio. Ela mordeu os lábios e serviu-se novamente. "Você acha que eu estou doente?" Ela perguntou enquanto servia-se de outra porção de purê de batatas.
"Não." Respondeu Narcissa rapidamente. Então a mulher mais velha riu suavemente quando Ginny recomeçou a comer, mais parecendo um lobo faminto. "Você me faz lembrar de Draco. Esse rapaz é um devorador! Ele pode comer três torradas num piscar de olhos e nunca engorda!"
Ao que, Ginny olhou para ela parecendo miserável. "Agora eu como igual ao Draco!" Ela choramingou. "E ele não fica gordo!" Ela suspirou desalentada, silenciosamente pensando no corpo perfeito de Draco, sem nenhum grama de gordura em excesso. "Não vai demorar até eu pesar 90 quilos!"
"Querida, você sabe que não é o que eu queria dizer." Disse Narcisa um pouco incomodada..
Ginny sorriu. "Sim, eu sei." Disse ela ao mesmo tempo em que via os elegantes dedos de Narcisa, se fechando na haste da taça de vinho. Ela estava prestes a dizer alguma coisa, quando a outra mulher de repente limpou a garganta.
"Espero que você entenda que Draco está fazendo isso para seu próprio bem, bloqueando tudo temporariamente." Disse ela suavemente.
Ginny tomou um pequeno gole do seu vinho antes de responder. "Claro, mamãe." ela respondeu. "Eu entendo perfeitamente a situação, você não tem nada com que se preocupar." Acrescentou.
"Ah, eu não gostaria que você pensasse que Draco é louco como o pai dele." Disse ela simpática. "Eu sei o quão terrível é ficar enfiada aqui sem nada para fazer. Especialmente para você que está acostumada a trabalhar, certo?"
Ginny, fechou o semblante. "Lucius trancava você aqui?" Ela perguntou antes de pensar. Ela deu um sorriso sem graça para Narcisa, enquanto se xingava por dizer uma coisa estúpida e insensível como essa.
Narcisa a fitou por um momento. "Na maioria das vezes, sim." Ela respondeu finalmente, os olhos fitavam ao longe como se buscasse uma memória distante. "Embora eu não entendesse a razão pela qual ele fazia isso. Ele nunca me explicou." Então ela sorriu suavemente para a expressão ansiosa de Ginny. "Então, em novembro passado, enquanto eu estava passando por seu estúdio, encontrei algumas das minhas cartas. Ele não as entregou para mim quando ainda estava vivo."
"Quem mandou as cartas?" Ginny perguntou curiosamente. "Lucius era terrivelmente insano".
O rosto de Narcisa vincou-se num sorriso agridoce que passou pela bela face. "Elas são de alguém com quem eu saía quando ainda estava em Hogwarts." Ela respondeu. "Ele era mais novo que eu, dois anos, na verdade, mas havia alguma coisa nele que me fez ignorar o fato de ser mais novo. Ao contrário de seus amigos, ele era calmo, inteligente e tinha um grande senso de humor. Um perfeito cavalheiro. Bem, por vezes ele entrava em apuros juntamente com seus amigos." Ela pausou e tomou um gole do seu vinho. "Mas ele desaparecia durante algumas noites, este era o boato."
"Muitos anos depois eu fiquei sabendo que ele estava de volta a Hogwarts; Lucius surtou e me trancou aqui. Oh, eu ouvi que ele se tornou professor de Draco. Acho que foi de Defesa contra Artes das Trevas ou algo assim." Disse ela dando os ombros. "Eu suponho que Lucius ficou louco de ciúmes quando ele tentou me contatar por carta."
"Então ele não desistiu de você." Concluiu Ginny. Vendo a saudade desesperada nos olhos dela, a ruiva nem mesmo perguntou o nome do homem. Em vez disso, ficou sentada e esperou que Narcisa continuasse com a sua história.
A outra mulher anuiu lentamente. "Eu poderia dizer que sim, embora a maioria de suas cartas contivessem explicações sobre o seu desaparecimento, e tudo o que aconteceu com ele." Ela respondeu suavemente. "Afinal, o meu compromisso com Lucius foi destaque em todos os jornais e revistas bruxos. Ele não poderia ter perdido a notícia." Ela deu um suspiro triste. "É que ele de repente desapareceu após a formatura e minha família me fez casar com Lucius. Quando ele voltou a ensinar em Hogwarts, já era muito tarde. Gostaria de ter respondido suas cartas, se não fosse por Lucius. Eu acho que é por isso que meu falecido marido me trancou aqui. Eu teria fugido com ele, levando Draco comigo se ele tivesse me convidado."
"Eu não poderia te culpar." Ginny pensou, enquanto sentia o seu coração se derreter por Narcisa. "Sinto muito sobre isso." Disse ela suavemente após ouvir a história triste.
Narcisa sorriu. "Não importa, de qualquer forma foi há muito tempo." Disse ela enquanto com o garfo e a faca cotava a carne, e concentrou-se no seu jantar, num sinal claro do fim da conversa.
Em seguida, elas continuaram a refeição em silêncio. Ginny comeu outra porção do purê de batatas antes que Narcisa declarasse que já havia acabado a refeição. Estavam comendo a sobremesa, algumas frutas e uma agradável conversa sobre como o jardim estaria maravilhoso na próxima Primavera, quando Hammilton repente esvoaçou dentro do quarto.
"Desculpe-me por interromper Senhora." Disse ele olhando para Narcisa. "Mas há uma mensagem da costureira, Edwina, dizendo que é urgente".
Narcisa arregalou os olhos. "Ah, deve ser sobre a nova veste." Ela virou-se para Ginny. "Nós não conseguimos decidir se vai ser em azul ou preto ou prata." Acrescentou colocando do guardanapo em cima da bandeja.
"Faça em prata ou azul." Disse Ginny enquanto colocava uma uva na boca. "Você já tem dezenas de vestes pretas."
"Esse é o problema." Respondeu Narcisa. "Já compramos o tecido preto e já não estou certa se o tecido aceita mudanças, mesmo depois pronto."
"Oh." Era tudo que Ginny poderia dizer. Ela enfiou outra uva na boca, enquanto a mão estava ocupada pegando uma fatia de torta de mirtilo.
"Hammilton, em qual lareira?" Narcissa perguntou suave.
"Em seu quarto madame." Respondeu Hammilton sem emoção. Então, ele virou a cabeça transparente para Ginny, que estava ocupada desfrutando sua sobremesa. "E a jovem senhora já acabou o jantar?"
Ginny olhou para a expressão neutra de Hammilton. "Oh, sim, por favor." Disse ela. "Mas deixe as frutas."
"Muito bem jovem Senhora." Disse Hammilton, enquanto cuidadosamente colocava os pratos de jantar sobre a bandeja, especificamente deixando a cesta de frutas para Ginny.
"Nos vemos mais tarde." Disse Narcisa antes de sair com Hammilton flutuando atrás dela. Uma vez sozinha, Ginny deixou escapar outro suspiro e olhou pela janela. Em seguida, para sua absoluta surpresa, ela viu uma coruja branca de neve tocando o vidro com seu bico. Enrugando as sobrancelhas, se levantou e abriu a janela. Imediatamente, a coruja revoou pelo quarto, deixando uma única carta sobre a mesa em frente dela.
"Tão rápido?" Perguntou ela pensativa, pegando o pergaminho enrolado. Normalmente Vladimir levaria três ou quatro dias para responder a sua carta. Suas sobrancelhas franziram-se com curiosidade, ela desamarrou cuidadosamente a fita que fechava a carta e lentamente a desenrolou para revelar uma mensagem curta.
Eu compreendo tudo agora, Ginny. Não posso acreditar que demorei até o Ano Novo para descobrir tudo. Encontre-me no Três Vassouras em Hogsmeade às 8 da noite. Você estará segura comigo.
Estarei esperando.
Atenciosamente,
Harry
A mão tremia após a leitura da breve carta. Seu coração martelava ruidosamente contra seu peito, e ela deixou cair a nota. Indo parar em cima do balcão de madeira maciça, sem um som, como uma pluma sendo lentamente jogada por uma suave brisa. Ela mordeu seu lábio nervosamente enquanto olhava para o pergaminho diante dela. Harry subitamente entendeu seu pequeno segredo? Será que ele descobriu a charada? Será que ele de repente descobriu que seu casamento foi uma cortina de fumaça para conseguir dinheiro? Ela deveria vê-lo? Só então, ela sentiu a coruja pousada em seu ombro. Piando cortante no seu ouvido, sem dúvida, pedindo guloseimas. Após a dar-lhe alguns de seus chocolates, a coruja deu um pio satisfeito e rumou para fora da janela.
"O que devo fazer?" Ela se perguntou enquanto suas mãos fechavam as janelas novamente. "Devo contar a Draco sobre isto? E falando de Draco, onde ele está?" Ela se perguntou.
Com a mente girando, ela se levantou e foi até a penteadeira. Tinha decidido ignorar a carta de Harry, seu marido não precisava opinar sobre aquilo ou proibi-la de vê-lo. Afinal, ela era uma adulta e podia perfeitamente cuidar de algo tão banal como isto sozinha, sem precisar adicionar mais esta preocupação na lista de Draco.
Sentando-se ela abriu uma de suas gavetas para revelar a caixa de veludo preto que continha o colar. Guardou a carta de Harry antes de destramente abrir a caixa para ver o vermelho rubi dos olhos da serpente olhar de volta. Por alguma razão desconhecida, ela tirou cuidadosamente o colar do estojo e o colocou no pescoço.
Então, ela sentiu um solavanco no peito. Fechando os olhos, outra onda de emoções se abatia através dela furiosamente. Então ela viu vagas imagens de Draco... distanciando-se. Rapidamente abriu os olhos e arrancou um tanto desajeitadamente o colar do pescoço, jogando-o na penteadeira. Ela respirava rapidamente tentando se acalmar enquanto fitava os olhos da serpente.
"Que tipo de coisa você é?" Ela sussurrou, enquanto olhava para o belo ornamento. Como resposta, a serpente silenciosamente a olhava. Engolindo com dificuldade, Ginny pegou o colar, e rapidamente colocou-o de volta na caixa, fechando a gaveta ruidosamente e tremendo de susto. Primeiro, ela casou com um Malfoy, então alguém desejava sua morte e agora um misterioso e assustador colar mostrava a ela a infidelidade do marido. Qual seria a próxima novidade? Ela deixou escapar um grunhido. Provavelmente seria... Então, ela parou freou bruscamente o rumo de seus pensamentos. Havia acabado de ver Draco saindo da propriedade dos Zabini! E a esta hora da noite! Os olhos dela estreitaram enquanto inexplicáveis sentimentos de inveja, raiva, curiosidade, confusão e dor se misturavam no seu íntimo. Pensamentos sobre Blaise, Draco e almofadas macias revoavam na sua mente mesmo contra a vontade. Se a serpente fez vê-lo vagamente ou não, se isso aconteceu só para ela ou não, seu marido certamente teria muitas explicações a dar!
Então, como se adivinhasse, a porta foi subitamente aberta. Sentindo a sua presença avassaladora, Ginny imediatamente se levantou e foi até a janela. Ela ficou parada ali, de costas para a porta, cruzando seus braços sobre o peito numa animosidade silenciosa.
"Olá, esposa." Draco a cumprimentou, os passos pesados por estar usando botas, ecoavam no quarto enorme. Ele colocou a pasta contendo os importantes dados da propriedade Zabini dentro de sua gaveta da cômoda. Quando ele ouviu o baixo e frio "boa noite", de sua esposa, em vez do caloroso "oi" e o doce beijo costumeiro, ele enrugou as sobrancelhas em confusão. Fechando a gaveta ruidosamente, caminhou lentamente para a deliciosa Ginny, que estava de pé diante da janela, olhando para o nada.
"Você já jantou?" Ele sussurrou, enquanto envolvia a cintura dela em seus braços e puxando-a para mais perto dele até que suas costas estivessem descansando contra seu peito. Ginny não se moveu e resistiu ao desejo de suspirar, quando ela sentiu a mão dele delicadamente colocando seu cabelo de lado e os lábios deslizando deliciosamente pelo pescoço dela. "Você está a fim de comer comigo?" Draco continuou entre beijos.
"O que você estava fazendo na casa de Blaise?" Ginny perguntou. Surpreendentemente, a voz dela era fria e perigosa.
Draco parou bruscamente ao ouvir isso. Ginny deu um sorriso afetado enquanto sentia o corpo dele se enrijecer com a surpresa. "Tudo bem, Virginia." Ele começou calmo. "O que é que isto?"
Assim que ele respondeu, Ginny virou-se para encará-lo. Draco fechou o semblante ao ver o olhar frio e calculista no rosto da mulher. Ele levantou suas sobrancelhas em confusão. Com isso, os olhos de Ginny estreitaram-se acentuadamente, e os braços teimosamente cruzados sobre o tórax.
"O que você estava fazendo na casa de Blaise Zabini?" Ginny repetiu, a sua voz estava suave, mas surpreendentemente cheia de fúria. Ela tentou o seu melhor para permanecer fria e passiva, embora seu peito estivesse apertado com dores inexplicáveis.
Draco deixou sair um suspiro cansado. "Eu só fechei o negócio com Victor Zabini relativo à compra dos seus imóveis representando meu avô." Ele finalmente respondeu.
Com a resposta, Ginny anuiu como um sinal de aceitação. "Tudo bem." Disse ela, passando ele. "Boa noite." Ela acrescentou, fazendo seu caminho para a o próprio quarto.
Vendo isso, Draco, seguiu a esposa que saía. Alcançando-a ele segurou seu braço suavemente com a mão, fazendo-a parar. "O que significa isto, Virginia?" Ele perguntou calmamente.
"Nada." Respondeu Ginny. Em seguida, dando-lhe um sorriso torto, ela virou. "Tenho de descansar agora."
Mas Draco não a deixou ir. "Espere." Disse ele. Ginny parou e enfrentou-o novamente. "Você não acredita em mim, não é?" Disse ele.
"Não, eu acredito em você." Mentiu Ginny. Então ela sorriu sarcasticamente. "Eu simplesmente não entendo, porque, de todas as terras que o avô queria que você..."
"Você acha que estou mentindo?" Draco perguntou, sua voz já alterada.
Foi surpreendentemente doloroso perceber que Ginny ainda não confiava nele. Ela ainda acreditava que ele era o mesmo panaca insensível que havia conhecido nos tempos de escola. E pensando bem, ele realmente acreditava que ela o veria de outra forma? Que ela o conhecia mais profundamente? Sabendo quem era o Draco e não "Draco Edward Malfoy," o filho de Lucius? As noites carinhosas, as manhãs preguiçosas de domingo, e praticamente toda a convivência deles era simplesmente parte deste jogo faz-de-conta que jogavam? Mas então, por que ele se preocupava para início de conversa? Ele poderia simplesmente dar de ombros e cair fora, certo? Dar um belo fora nela por conta do que ela achava que ele era! Mas por que ele não conseguia mover as pernas? "Meu Deus, isto é tão confuso." Pensou. Nesta altura dos acontecimentos, Draco estava tomado de raiva e confusão, alimentando ainda mais a dor.
"Pense o que quiser pensar. Estou indo para a cama." Disse Ginny enquanto se afastava com esforço. Ela não perdeu a dor expressa nos olhos cinzentos e isto trouxe uma nova onda de aflição. Ela não sabia mais no que pensar ou acreditar. Tudo o que ela sabia era que ele veio da casa de Blaise. E conhecendo que tipo de mulher ela era e que tipo de homem ele era, não havia muito a dizer sobre o que poderia ter acontecido entre eles; e a ruiva mordeu o lábio para não começar a chorar.
"Você está chorando por algo estúpido e vazio! E por que você ainda está chorando? Não é como se você estivesse apaixonada pelo cara, né? Ou se importa com o que ele fez com outras mulheres!" Ela ouviu seu cérebro gritar. "Controle-se! Ou melhor ainda, vai viver a tua vida!"
"Você está certa." Disse para si mesma. "Eu não gosto dele. Portanto não devo chorar. Não devo dar a ele o prazer de me ver chorar. Só Deus sabe quantas mulheres já choraram por ele..."
Mas por que ela sentia o seu queixo tremer e os olhos repentinamente umedecidos? Levantando o queixo desafiadoramente ela o fitou diretamente nos olhos. "Bom Deus, por que tudo é tão confuso?" Ela pensava. "Estou muito cansada, preciso repousar."Ela obrigou-se a dizer.
"Então por que você não descansa aqui? Em NOSSO quarto?" Draco perguntou numa fúria silenciosa. Então ele deixou escapar. "Você acha que é a única que está se sentindo cansada disso?" Disse ele áspero.
Então, Ginny soltou energicamente o braço das mãos dele. "Como você se atreve a dizer isso para mim." Disse ela ferozmente. "Você acha que eu não estou cansada de estar enfiada aqui dentro? Como se sentiria se eu te trancasse, todos os dias, sem nada para fazer enquanto eu saio paquerando outros homens e..."
"Certo, Ginny!" Draco gritou. "Vá em frente e pense em algo que vai te fazer ficar mais zangada! Vá em frente e arrume mais problemas para si mesma!" Então ele passou os dedos pelo cabelo num gesto de impaciência e afastou-se dela. O loiro simplesmente não podia acreditar que estavam brigando por algo tão estúpido! Por acaso Ginny pensava que ele iria rastejar atrás dela? Se ela soubesse que ele a desejava tanto que nem conseguia pensar em outras mulheres... "Então, diga a ela o que sente, seu imbecil!"Seu cérebro sibilou.
"Eu vou arranjar mais problemas para mim?" Ginny gritou incrédula. Ela deu dois passos irritados na direção dele. "Agora eu é que estou arranjando mais problemas!"
"Sim você está!" Draco respondeu enquanto caminhava irritado para longe dela, seus pensamentos encantadores sobre ela já esquecidos por causa da súbita explosão. "O que você quer que eu diga, então? Que algo aconteceu entre mim e Blaise, hein? Que estamos tendo um caso pelas suas costas enquanto eu te mantenho trancada aqui sem razão? Que nós fizemos sexo há algumas horas atrás?" Gritou irado. Então ele balançou a cabeça de forma cansada. "Eu simplesmente não posso acreditar que, após um dia muito cansativo, cheguei em casa para encontrar uma mulher ciumenta e desconfiada, que pelo amor de Deus, poderia ter escolhido outra hora para discutir sobre isso!"
"Eu sei que tipo de mulher Blaise é!" Ginny gritou de volta. "Não venha me dizer que não era nada, que tudo foi puramente negócios porque eu também sou mulher e eu sei exatamente o que ela sente por você." Ela continuou, sua boca e as mãos tremendo furiosamente, com uma raiva desconhecida.
"Como você sabe que eu vim da propriedade Zabini?" Draco perguntou.
"Não é da sua conta." Cuspiu Ginny.
"Ótimo! Você não confia em mim, então por que, pelos infernos, você está me seguindo, ou seja, lá o que for?"
"Oh, vá sonhando!" Ginny gritou com raiva. "Eu não me importaria mesmo que você decidisse fazer uma visitinha ao inferno!" As palavras escorregaram antes mesmo de ela conseguir detê-las.
"Se você não se importa, então por que diabos você está tão zangada comigo?" Draco viu-se gritando novamente ao ver o sorriso impertinente de Ginny. Então ele fez uma careta enquanto o cérebro de Ginny estava ocupado pensando em algo para dizer. "E se eu te contar o que aconteceu, hum? O que você vai fazer?" Ele disse suavemente enquanto caminhava na direção da ruiva.
Ginny torceu os lábios, incapaz de dizer algo. Ela respirava profundamente para reprimir as lágrimas que lutavam para sair. Draco de repente lhe deu um sorriso malicioso. "Por que você não me pergunta se estou mentindo para você?" Rosnou ele, sua voz suave, mas perigosa. Ele caminhou para ela, se aproximando. Quando Ginny ainda o fitava silenciosamente, ele sorriu amargamente. "Nada feito, certo? Quero dizer, quem iria acreditar que eu, Draco Malfoy, não mentiria? Adiantaria perguntar? Isso é o que você e outras pessoas esperam que eu faça, não é? Mentir?"
Ginny olhou para baixo como resposta. Não foi só a confusão, foi também o receio que trouxe tanta dor. E se ele estivesse mentindo para ela? E se ele tivesse feito algo com Blaise um tempo atrás? E se ele tivesse várias mulheres na surdina? Se ele estivesse realmente mentindo, como neste mundo ela poderia aguentar isso? Ela prontamente admitiu que iria doer como o inferno, mas não sabia porquê, ele estava jogando tudo na sua cara. "Porque ele está sendo tão deliberadamente cruel?"Ela se encontrou perguntando. Ele estava gostando de vê-la assim? O pensamento trouxe outra onda de dor, queimando dentro do peito.
"Diga. Quer ouvir sobre a minha suposta infidelidade, certo? Quer que eu admita que fiz alguma coisa errada, para fazer você ficar bem depois do nosso divórcio." Ele parou abruptamente quando sentiu alguma coisa pesada dentro do peito. Emburrado ele foi para longe dela. Então respirando profundamente ele fez a pergunta que aprendeu a odiar. "Diga-me, você quer acabar com isso agora?"
Silêncio. Ginny fechou os olhos por alguns instantes. Ela deveria saber que era só uma esperança vã de que Draco houvesse esquecido a ideia de obter o divórcio.
"Sim ou não, Virginia?" Draco perguntou, sua voz firme. Segurou a respiração, esperando uma resposta terrível. Se Ginny decidisse terminar tudo naquele instante, o que ele iria fazer? Podia estar incerto sobre o que sentia por ela, mas tinha certeza de que não queria que ela o deixasse, nem agora, nem nunca.
Silêncio.
"Sim ou não."
"EU NÃO SEI!" Ginny gritou, agitando os braços no ar. "Eu não sei mais! Eu não sei mais o que sinto! Eu não sei o que pensar! Eu não sei em quem confiar, ou no que deixar de acreditar!" Então ela virou-se enquanto a primeira lágrima rolava de seus olhos. Ela limpou os olhos irritada. "Tudo o que sei é que tipo de homem você é e as coisas malucas que eu penso quando você não está aqui comigo! Sempre que eu te vejo com outras mulheres eu... Eu só não..." Ela rapidamente calou a boca, se dando conta das palavras ditas. Olhou noutra direção, desejando com todas suas forças que pudesse engolir as palavras de volta.
Com isso, Draco caminhava em sua direção notando os olhos cheios de lágrimas não derramadas. E nada era mais triste do que vê-la assim. "Então você não sabe nada sobre mim, Virginia. Você não me conhece." Disse ele suavemente, seus olhos não deixando os dela, num olhar cheio de tensão.
"Como eu posso te conhecer se você não me deixar entrar?" Ginny disse enquanto lágrimas de raiva desceram de seus olhos, sua voz quase um sussurro. "Por favor, não me deixe de fora, Draco."
Draco olhou-a momentaneamente vendo o olhar esperançoso dela. Queria tomá-la em seus braços e abraçá-la, só abraçá-la, até que a raiva e a dor fossem embora. Ele queria beijá-la até secar as lágrimas, mas... "Como eu posso fazer isso se nem eu me entendo? Eu... Eu não sei o que eu sinto Virginia." Ele despejou as palavras rapidamente antes que pudesse detê-las.
"Então você é quem tem um problema." Respondeu Ginny, sua voz cheia de tristeza. Ela olhou para ele o desafiando a afastar-se dela. Quando ela viu o sorriso afetado nos lábios dele, olhou para longe, a fim de esconder a angústia estampada em seus olhos.
"Mas então o que você sente por mim?"Ele pensou, olhando para os olhos dela. Ele queria tanto perguntar sobre isso, mas estava com muito medo do que poderia ser a sua resposta. Em vez disso, ele encontrou-se dando de ombros. "Você provavelmente está certa." Disse Draco enquanto saía lentamente de perto dela. Ginny olhou para ele, mas endureceu o coração, sentindo-se imensamente triste enquanto a força e o calor reconfortante se afastavam. Teve de usar toda sua força de vontade para não chamá-lo de volta. "Obrigado por apontar que provavelmente eu sou o problema aqui, como sempre. Não há nada de surpreendente nisso, realmente. Afinal, eu sou Draco Malfoy, não sou?"
E com isso, Draco apressadamente virou-se e saiu do quarto. Bateu a porta raivosamente e rumou escada abaixo, suas pesadas botas fazendo barulho a cada passo; pegou o casaco e sem nenhum cuidado atirou-o sobre o ombro, muito possesso para se importar se estava bem ou não. Não importava mais! Ele só tinha que sair dali!
"Não se preocupe em esperar!" Gritou zangado ao abrir a porta e sair. Instantaneamente, o frio inverno soprou sobre ele, fazendo-o tremer um pouco. Fechando o casaco, ele estava prestes a dar um passo rumo à porta quando ouviu uma estridente voz familiar e zangada, não muito longe de onde ele estava de pé. Caminhando apressadamente em direção do enorme gramado em frente da mansão, viu Blaise Zabini ocupada, discutindo com o homem dos estábulos.
"Preciso ver o seu Mestre, agora mesmo!" Blaise guinchava enquanto tentava passar pelo musculoso empregado. "Quantas vezes tenho de lhe dizer que tenho que falar com ele de uma vez!" Ela tirou a sua varinha e furiosamente apontou para o servo. "Saia da minha frente antes que eu o azare com algo terrível!"
"Desculpe senhora, mas Mestre Draco, mencionou especificamente NADA de convidados, estritamente familiares entram." O homem respondeu ainda conseguindo manter-se educado e formal, em meio aos frenéticos gritos de Blaise.
"Desde quando? Você não sabe quem eu sou?" Ela disse agudamente, com as mãos nos quadris, e a varinha esquecida. Tornou-se evidente para ela que o guarda não estava assustado. Bem, ela não tinha intenção de lançar alguma coisa, de qualquer modo, receando que o feitiço voltasse para ela. Afinal, ela sempre foi terrível em feitiços, encantos e azarações. "Eu sou Blaise Zabini e eu exijo que você saia do meu caminho de uma vez!"
"Tudo bem William. Eu vou cuidar disso."
O servo virou-se após ouvir a voz do seu mestre. Ao ver Draco caminhando lentamente para eles, ele deu suspiro grato que Draco acharia engraçado, se não estivesse passando por uma péssima situação com Ginny. Blaise, por outro lado, correu direto para ele. Draco deixou sair um pequeno "Oof" quando Blaise atirou-se nele com abandono.
"Oh Deus, querido senti sua falta!" Ela choramingou. Draco tentou o seu melhor para não se afastar, após sentir os lábios dela salpicarem seu rosto com beijos. Então ela parou bruscamente e virou-se para William, fitando-o com muito desagrado, e seus braços não deixando os ombros de Draco. Nesse momento, Draco poderia realmente dizer que Blaise tinha este extraordinário talento de "falar" antipaticamente com apenas um simples olhar. "O que você tem a dizer, William?" Ela pediu cruelmente.
Com isso, Draco estreitou olhos. "O que você está fazendo aqui?" Ele perguntou enquanto com um gesto da mão dispensava o empregado dos estábulos. William, que por sua vez fez uma mesura educada, deixou-os sozinhos.
"Preciso falar com você." Respondeu Blaise. "É muito importante."
Draco olhou para ela por um tempo. Então, seu olhar passeou momentaneamente na janela só para ver uma silhueta mimosa, sendo iluminada pela tênue luz alaranjada do fogo. Seus olhos voltaram para Blaise. "Tudo bem." Ele finalmente disse. "Vamos".
Blaise deixou escapar um pequeno grito de surpresa quando Draco, sem uma palavra, puxou-a sem delicadeza para longe da mansão.
Ginny sentiu a torrente de lágrimas caindo de seus olhos, ao ver Draco sendo comido vivo por uma mulher com cabelos escuros e metida num vestido vermelho sangue, que aparecia por debaixo do elegante manto negro. Não havia nenhum erro, a mulher era realmente Blaise Zabini. Por isso, outra torrente de lágrimas rolava por suas bochechas quando ela viu Draco puxando a mulher para longe da mansão. Então ela parou; por que ela ainda estava chorando? Com isso ela limpou os olhos
"Onde eles estão indo?" Ela se perguntou enquanto saía da janela e ia para a penteadeira. O pensamento de Draco saindo com Blaise, depois da maior briga que já tiveram, fez sua mente entorpecida abrir a gaveta sem nem mesmo saber por que. Como se o destino tivesse tomado as rédeas da situação, seus olhos recaíram no pedaço de pergaminho, colocado dentro da gaveta. Ela tomou-o na mão reconhecendo a letra quase ilegível de Harry. Após um momento, ela sorriu.
"Tudo bem, Draco." Ela disse a si mesma levando-se e dirigindo-se para seu armário. "Nós vamos fazer à sua maneira." Ela murmurou, enquanto escolhia um vestido e um manto. Apressadamente retirou a camisola colocando o vestido e calçando um par de sapatos que estava debaixo da cama. Em seguida, guardando a varinha e a capa com ela, saiu apressadamente do quarto. "Quem disse que não se pode combater fogo com fogo? Se você está saindo, eu também vou!"
Silenciosamente fez seu caminho para a sala descendo pelas escadas, com as mãos ocupadas em fechar o manto. Em seguida, checando se havia servos pela sala da frente correu silenciosamente para as enormes portas.
"Deus, eu não posso acreditar que sou covarde a ponto de me esgueirar pela minha própria casa!" Sussurrou para si mesma correndo para a sala onde os Malfoy guardavam sua coleção de vassouras. Após alguns segundos escolhendo, ela finalmente pegou uma Firebolt. Então, rapidamente abriu um dos janelões e disparou pelo frio céu escuro, dirigindo-se para o Três Vassouras.
DGDGDGDGDGDG
Blaise estava carrancuda e com uma expressão de repugnância evidente após ver claramente a placa do "Cabeça de Javali" pendurada acima das suas cabeças. Ela virou-se para fitar a expressão desinteressada de Draco e imediatamente soltou seu braço.
"Cabeça de Javali?" Ela virou-se para Draco como se ele estivesse louco. Colocou as mãos nos quadris. "Que lugar é este?" Ela indagou, com os olhos indo do letreiro para o rosto de Draco.
"O Cabeça de Javali." Disse Draco enquanto entrava no bar pouco amigável, sem sequer se incomodar de esperar para abrir a porta para ela. Blaise deixou escapar um audível rosnado enquanto entrava no lugar. Uma vez dentro, o seu nariz torceu-se com desgosto ao ver os clientes de todos os tamanhos e feitios, bebendo ruidosamente e a maioria obviamente bastante embriagada. Seu olhar passou pelo local notando uma mesa de carteado num canto, onde quatro bruxos mal-vestidos e mal-encarados estavam jogando, ou melhor, discutindo sobre um jogo trouxa chamado pôquer. Ela seguiu apressadamente Draco, ziguezagueando seu caminho por toda a taberna lotada, em meio a baixos e sugestivos assobios dos homens atrás dela.
"Eu sei que esse lugar é o cabeça de Javali." Disse Blaise com uma calma forçada, enquanto Draco indiferente tomou um assento ao lado da porta, um pouco afastado do bar. Blaise sentou-se na cadeira à frente dele. Então ela sorriu e decidiu mudar de tática. "Mas o que estamos fazendo aqui, Draco?" Ela continuou, a sua voz se tornando tão doce que Draco pela primeira vez em sua vida, sentiu-se mal. Ele desviou o olhar da morena que cruzou seus braços no peito fazendo um beicinho sexy. Ela estava plenamente consciente de que os olhos de todos os homens estavam sobre ela e empinou ainda mais os seios.
"Escolha alguma bebida primeiro." Respondeu Draco enquanto chamava a atenção do barman. Ele sabia que todos os homens naquele bar o estavam invejando, e poderia acabar entrando numa briga ou no pior caso se metendo num duelo. Mas ele não se importava com os olhares e não daria a Blaise o prazer de ser um dos homens se engalfinhando por causa dela. Estava na cara que ela queria aquilo, mas ele não era estúpido para se meter em confusão por causa dela.
Quando o bruxo mais velho atrás do balcão fez um gesto de que estava ouvindo, Draco pediu em voz alta a sua bebida preferida. Ele virou-se para Blaise e sorriu malicioso. "Você quer um também?" Ele perguntou.
"Draco, se você quer beber, então por que não sair daqui e ir para um hotel em algum lugar no Beco Diagonal?" Ela ronronou, com a mão possessivamente agarrada no braço dele. "Este não é um lugar onde você deva trazer damas da minha estirpe, você sabe."
Os olhos de Draco momentaneamente pousaram nas unhas bem manicuradas. Então ele a fitou diretamente e seus olhos se estreitaram perigosamente. "Eu realmente não estou com humor para aturar um punhado de ricos chatos como companhia hoje à noite." Ele disse enquanto o barman colocava uma garrafa inteira de firewhisky Ogden envelhecido e dois copos diante deles.
"Quem te disse que nós teríamos companhia?" Blaise falou suavemente. Ela passeou os dedos por todo o braço dele, numa carícia. "Depois de uma bebida talvez pudéssemos fazer outra coisa "interessante" juntos". Acrescentou sugestivamente. Então ela balançou a cabeça enquanto rolava os olhos de forma exasperada. "Só o céu sabe que tipo de "tratamento" sua querida esposa tem dado às suas insaciáveis necessidades."
Draco tentou o seu melhor para não ranger os dentes enquanto puxava o braço dele para longe dos dedos insidiosos. "Obrigado pela generosa oferta, mas garanto que minha vida sexual não é a de sua conta." Ele respondeu francamente enquanto servia a bebida em seu copo e tomando-a com um gole. Após sua segunda dose, ele virou-se para Blaise, que o estava encarando raivosamente. "Qual era a coisa importante que você queria me dizer afinal?" Ele perguntou após engolir a potente bebida, muito satisfeito por ver que estava começando a irritar Blaise.
"Tudo bem, Draco, vou esquecer o que você disse antes, pois nem está parecendo a pessoa que eu conheço." Ela falou enquanto arqueava uma das elegantes sobrancelhas. Draco apenas encolheu os ombros e tomou a quarta dose. Blaise respirou profundamente tentando se acalmar. "Eu acabei de saber que o meu pai vendeu a fazenda e estamos nos mudando para a Irlanda".
"Eu sei. Foi meu avô que comprou e eu fechei o negócio, com seu pai." Draco cortou sem humor.
"O quê!" Gritou Blaise. "Por que você não me disse que esteve na minha casa mais cedo?" Ela exigiu. Draco lhe deu um olhar de e -o- que - é que -isto- te- interessa fazendo o acesso de raiva sumir num instante. Em vez disso, ela deu outro suspiro profundo. Quando Draco permaneceu em silêncio, falou com voz alterada "Olá! Estamos indo embora! Estamos deixando a Bretanha!"
"E daí?" Draco respondeu outro trago de seu uísque e a olhando sem emoção.
"E daí?" Blaise choramingou irritada. "É tudo que você tem a dizer? E daí?" Ela falou alto, ganhando olhares curiosos dos clientes bêbados ao redor deles.
"Não vejo por que razão sua mudança tem algo haver comigo." Disse Draco honestamente.
"Você podia me pedir para ficar com você!" Ela respondeu. "Me pedir para casar com você, talvez?" Acrescentou ela cheia de razão.
Com isso, Draco a olhou como se ela fosse louca. "Você está fora de si?" Ele gritou. "E que bem isto faria para nós, hein?"
"Se nos casarmos, você pode ter a propriedade e todas as nossas terras, sem comprá-las, e naturalmente, será o novo chefe da família." Respondeu Blaise. "Com 61 milhões de galeões em seu nome, mais todo o ativo dos Zabini, não será assim tão mau." Acrescentou ela sagaz.
Após ouvir isto, Draco balançou a cabeça enojado. "Isto é tudo o que preocupa você, Blaise? Perguntou num tom que mostrava uma ponta de desconforto. "Dinheiro?"
"Não me venha com essa, Draco?"Ela disse enquanto os dois se fitavam parecendo bem irritados. "Você tem de admitir que este arranjo não só cuidaria dos seus interesses, mas também dos meus." Acrescentou ela arrogante.
"Ah, que pena que atualmente eu esteja casado com Ginny!" Disse com sarcasmo. Ele levantou a mão para mostrar-lhe a aliança brilhando em seu dedo. Enquanto Blaise considerava silenciosamente, ele riu e terminou sua quinta dose de Ogden. "E além disso, não creio que seu pai vá me aprovar como genro. Não depois das coisas que eu disse a ele hoje." Completou, sem sequer considerar que ele estava falando com Blaise Zabini, a "filha".
"A zanga não vai durar por muito tempo." Disse ela, os olhos brilhando com malícia. "E, além disso, eu não dou a mínima importância para o que meu pai quer. Eu só quero você. E graças pelo o divórcio!" Disse ela matreira.
"Oh, Blaise eu tenho certeza que você daria uma bela esposa realmente." Disse ele com rancor. Com isto, um sorriso frio passou pelos lábios da mulher. Draco fez um elogio maldoso, pois sua cabeça já sentia os efeitos do álcool. "Sempre a mesma criança mimada. Certamente eu mereço alguém como você. Seríamos muito felizes." Continuou ele, sem pensar. Ele olhou para ela e ficou surpreso ao ver o lindo rosto tornar-se embaçado.
"Como você se atreve a dizer isto!" Blaise repentinamente explodiu, sem tomar conhecimento dos olhares das pessoas à sua volta . "Como você se atreve a dizer isso para mim agora, que eu estou te dando a chance de sair dessa... Dessa confusão! "
"E se eu não quiser que você me tire dessa confusão?" Draco respondeu de volta. Estava prestes a tomar uma outra dose de sua bebida, quando Blaise subitamente arrebatou o copo de uísque de suas mãos. "Me dá isto de volta sua vaca!" Gritou com ela.
Com isto, Blaise jogou o conteúdo do copo em cima dele. Felizmente, o líquido ardente não atingiu seus olhos, uma vez que a maioria derramou pela sua camisa. Draco xingou em voz alta, enquanto rapidamente limpava o rosto e a camisa com o seu lenço. Precisou de toda a sua força de vontade para não acabar com o desagradável e afetado sorriso no rosto da mulher com uma bela bofetada. Afinal, não importava o quão cruel este tipo de mulher podia ser, realmente não era de sua natureza bater em garotas.
"Me dá isto de volta!" Ele repetiu, desta vez ferozmente. Blaise apenas sorriu e o olhou maldosamente. Percebendo que a mulher não tinha qualquer intenção de devolver-lhe o copo, ele apressadamente tomou a garrafa e bebeu direto dela.
"Você está bêbado e não sabe o que está fazendo..."
"Você ainda tem uns gramas de cérebro funcionando dentro desta sua cabeça bonita, Blaise?" Ele perguntou e sorriu implicante. "Então você quer se casar?" Ele perguntou enquanto colocava a garrafa de uísque ruidosamente sobre a mesa. "Tudo bem, então eu vou pedir. Não me importo mais com o que quer que aconteça! Você quer que eu me ajoelhe na sua frente?"
"Draco Edward Malfoy, você irá parar imediatamente com isto." Disse ela com calma forçada, e os olhos faiscando de fúria.
"Por que eu deveria? Não é isso o que você quer?" Ele perguntou desdenhoso. Então, para sua surpresa, Blaise deu uma risada suave e desconsolada. O loiro a olhou de cara fechada. "O que é tão divertido?" Ele disse amuado, obviamente, irritado por ser motivo de riso.
"Viu, Draco?"Ela recomeçou a sorrir com uma expressão maldosa. "Você acabou de me mostrar por que somos perfeitos um para o outro. Nós somos da mesma espécie. É por isso que eu escolhi você, dentre todos os homens com quem eu saí. Somos praticamente iguais, por dentro e por fora ".
"Isso não é inteiramente verdade, Blaise." Respondeu Draco, sorridente.
"Ah, é?" Disse ela. "O que não é verdade? Vamos Draco, me diz." Ela contestou. Quando Draco não encontrou nenhuma resposta para a questão, Blaise riu de forma cruel. E enquanto ele permanecia em silêncio, ela suspirou com escarnecedora surpresa. "Oh, meu Deus! O que está acontecendo com o mundo?" Ela começou delicadamente. "Draco Malfoy ficou sem palavras! Draco Malfoy não tem nada desagradável ou sarcástico para dizer!" Então ela sorriu para ele, um sorriso viperino que não chegava aos olhos felinos. "Qual é o problema, Draco? A Weasley está te amolecendo?"
Ao mencionar o nome de Ginny, os olhos de Draco estreitaram-se perigosamente. "Deixe-a fora da conversa, Blaise." Ele advertiu, a voz ameaçadora.
"Por que eu deveria?" Depois o encarou com uma expressão séria. "Eu odeio aquela ruiva Draco. Sabe por quê?" Ela esperou que Draco falasse algo. Quando nada saiu de seus lábios, ela deu um sorriso afetado e disparou: "Porque ela está no caminho daquilo que eu quero." Acrescentou ela simplesmente.
"Mais uma vez, deixe-a fora disto."
"E se eu não quiser, Draco?"
Com isto, Draco levantou-se abruptamente, os olhos frios brilharam subitamente com um imensa fúria que fez Blaise emudecer. "Esta conversa acabou, Blaise." Disse ele, com voz forte e clara. "Estou de saco cheio e cansado de lidar com seus chiliques. Está tudo acabado; tudo acabado entre nós, tudo!"
"Oh, não apronte comigo, Draco!" Cuspiu Blaise volta. "Não me diga que você está amando a coisinha?"
Silêncio. A súbita declaração o fez parar abruptamente. Blaise falou a palavra proibida, ele pensou. Contrariado, ele se achou pensando em Ginny ...
"... Eu não posso compreender a dor que você sentiu antes, Draco. Mas sei de uma coisa. Você não é mau ou uma pessoa malvada por causa daquilo e ninguém te odeia por aquilo..."
Blaise sorriu estranhamente observando o rosto de Draco, consciente de que havia atingido um ponto sensível. "Você não sabe amar, Draco. Assim como eu. Pessoas como nós não amam. É por isso que somos feitos um para o outro, você não vê?"
"... Eu sempre pensei que odiava você, mas depois percebi que eu realmente não te odeio. Para ser honesta, foi apenas a sua voz, que eu ouvi claramente no meio da frenética gritaria e berros de antes. Foi você, só você e naquele momento eu senti que eu tinha que ver você, você sabe..."
"Você não vai dizer alguma coisa, Draco?" Blaise disse provocadora. "Qual é o problema? O gato comeu sua língua?"
"Como eu posso, te conhecer se você não me deixar entrar? Por favor, não me deixe de fora, Draco ..."
Então, ele sentiu seu coração falhar uma batida. Em seguida, um calor indescritível se espalhou no seu peito. Era um calor que ele nunca sentira antes! Era maravilhoso e aterrador! Ele sentiu como se estivesse caindo rapidamente, mas também voando ao mesmo tempo. Balançou a cabeça lentamente, e um sorriso foi se desenhando em seu rosto, enquanto novos e diferentes tipos de emoção o varriam por dentro, atingindo seu corpo, mente e coração. Agora finalmente ele entendia! Havia feito a mais incrível, a coisa mais extraordinária em sua vida! Por que diabos levou tanto tempo para entender? Draco riu com vontade. Tanto que seu estômago começou a doer.
"O que significa isto?" Blaise perguntou vendo Draco rir. Foi um riso completamente diferente de tudo que ela ouvira, foi uma risada verdadeira, repleta de prazer, uma risada feliz. Uma risada feliz? Seu rosto torceu-se com repulsa. "Exijo que você pare de rir de uma vez e me diga o que é isto!" Ela gritou.
Draco finalmente obrigou-se a parar. Virou-se para Blaise, um tanto sufocado e exultante ao mesmo tempo. "Maldição! Eu não posso acreditar que de todas as pessoas, foi você que me fez entender tudo!" Ele respondeu. "Eu agora finalmente sei o que fazer." Então, sem outra palavra, ele saiu apressadamente pela porta da taberna, deixando Blaise que olhava para ele confusa, incrédula e louca de raiva ao mesmo tempo.
Ele só tinha uma coisa em mente agora, que era chegar até Ginny.
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"Harry"?
Harry desviou os olhos do copo de cerveja amanteigada, só para ver o olhar inseguro que Ginny lhe deu. Imediatamente, um sorriso iluminou o seu rosto. "Ginny!" Ele exclamou enquanto ficava em pé. "Você veio."
Ginny deu um fraco sorriso enquanto chegava até mesa e sentou-se no banco oposto ao de Harry, que também sentou. Finalmente acomodada, virou-se para ele e descansou o queixo contra sua mão, fitando a parede atrás dele melancolicamente. Foi realmente surpreendente não sentir absolutamente nada, ao notar os olhos verdes pousarem em seu rosto, e afinal ela nem entendia direito por que tinha ido até lá.
"Você esteve chorando." Disse Harry de forma direta, observando seus olhos vermelhos e inchados. "Por quê?"
"Não, eu não estava chorando." Disse ela rapidamente. Afastou-se do exame daquele olhar. "Eu só não estou me sentindo bem." Ela acrescentou. Bem, isso em parte era verdade, afinal. Após a briga feia com Draco, e testemunhar o marido deixar a mansão com outra mulher, a ruiva de repente sentiu-se tonta e prestes a desmaiar. Estava fora da segurança da mansão, ignorando completamente o fato de que alguém queria matá-la, então agora ela realmente não se sentia bem.
"Você quer alguma coisa?" Harry perguntou rapidamente, percebendo como ela estava pálida. Rapidamente ele pegou o menu que estava sobre a mesa e perguntou:"Quer comer algo ou prefere uma bebida para se aquecer?"
"Não, não." Murmurou Ginny, pois o súbito pensamento de comida a deixava um pouco enjoada. De fato, depois tudo que ela havia comido, sentiu uma súbita ânsia de vômito. "Eu estou bem, Harry. Só um pouco cansada, eu acho."
"Você não está doente, está?" Ele perguntou solícito, seus olhos verdes brilhantes com profunda preocupação. Ginny, pela primeira vez em sua vida, desejou que Harry deixasse tudo para trás.
"Um pouco, eu acho." Ela respondeu, enquanto forçava um sorriso. "Deve ser o clima. Eu não sou uma amante do inverno." Ela acrescentou. Quando Harry concordou, a ruiva imediatamente limpou a garganta e olhou para ele com expectativa.
"Eu não posso acreditar que você não me contou toda a verdade, Ginny." Harry começou suavemente. Havia uma ligeira raiva em sua voz misturada com descrença. Quando sentiu aqueles olhos a escaneando, ela olhou para longe e suspirou.
"Tudo bem, desde quando você sabe?" Ela perguntou sem emoção.
"Há apenas dois dias atrás." Respondeu Harry. "Mas eu suspeitei de algo estranho após a festa de noivado." Acrescentou.
"O que era estranho?" Ginny perguntou, sem pensar, sua cabeça estava muito preocupada pensando em Draco e Blaise tendo uma noitada espetacular, num hotel chique, luxuoso e elegante em algum lugar do Beco Diagonal. Nisto uma pancada de dor a cortou por dentro, e ela fez seu melhor para não desabar chorando na frente de Harry.
Harry com o semblante fechado ponderava a questão. "Você certamente não vai esperar que eu acredite no Eu-estou-amando-Draco Malfoy, não é?" Ele perguntou.
Ao falar o nome dele, Ginny olhou de volta e centrou a sua atenção em Harry. "Nem mesmo eu acredito nesta fábula." Ela murmurou tristemente. Então, havia imaginado o olhar de ternura nos olhos cinzentos quando ela deu um leve beijo na bochecha, sem razão aparente? Só imaginou a extraordinária gentileza com que ele a tratava sempre que faziam amor? E sobre as pequenas coisas que sempre falavam? Tudo tinha sido apenas um sonho? Um pequeno e doce sonho em meio à terrível peça que estavam encenando?
"Você podia ter me contado tudo, Gin." Disse Harry, enquanto ajeitava os óculos no lugar. "Se eu soubesse, poderíamos ter feito algo para você não ter de casar com o panaca do Malfoy!" Ele falou irritado. Então desviou o olhar. "Eu não posso acreditar no que aquela cobra fez..."
"O que você, tem com isso Harry?" Ginny perguntou subitamente, seus olhos sem expressão o fitando. "Este problema é meu e certamente eu não gostaria que você e os outros se metessem neste rolo."
Harry deu-lhe um olhar de descrença. "Nós já estamos envolvidos, Ginny!" Falou Harry em voz alta parecendo exasperado. "Eu já estou envolvido! Qualquer coisa que tenha algo a ver com você, eu quero estar envolvido!"
"Bem, eu tinha um problema e resolvi do meu jeito." Ela respondeu. "É tão difícil de compreender, Harry?"
"Você poderia ter dito algo sobre este assunto para mim." Disse Harry amargamente. "Você sabe que eu sempre estive disposto a te ajudar!"
Com isso, Ginny deu uma risada súbita e os olhos de Harry arregalaram-se, ao ouvir o som suave e divertido. "Sim, certo Harry! Vá em frente continue a dizer isto para si mesmo." Disse ela, em tom de brincadeira. "Você é apenas um ser humano, sabia? Um ser humano dotado de magia, e fim! Mesmo sendo o garoto que sobreviveu, existem algumas coisas que você não pode fazer!"
"Você está errada." Disse Harry, com a voa dura. "Estou disposto a fazer tudo por você! Gostaria de ajudar se você me der uma chance."
"Eu já te dei a chance, Harry." Disse Ginny suavemente. "Na verdade, não apenas você. Ron, Hermione e muitos outros." Então ela voltou o olhar para baixo. "Você só estava muito ocupado para prestar atenção em mim."
"Agora, não vá dizer que tudo é minha culpa." Disse Harry causticamente.
"Você entende por que eu não conto tudo para você?" Ela perguntou, olhando diretamente em seus olhos. "Você não iria entender."
"Bem, você poderia ter pelo menos tentado." Disse Harry com leve sarcasmo.
"E o que você faria por mim nesta situação?" Ela perguntou. "Pelo amor de Deus Harry, não se tratava apenas de mim. Envolvia todas as pessoas que estavam dependendo de mim. As crianças, Selena..." Então ela parou, enquanto a tontura chegava, fazendo-a, fechar os olhos momentaneamente enquanto respirava profundamente.
"O que está acontecendo com você, Ginny? Está se sentindo bem?" Harry perguntou, e a expressão emburrada de seu rosto foi rapidamente substituída pela preocupação. Sem pensar, ele tomou a mão dela na sua, e seu rosto endureceu. "Draco fez alguma coisa com você? Ele fez você beber algo?" Ele perguntou num tom de voz cada vez mais irritado, com o simples pensamento de Draco estar praticando magia negra em Ginny, e seu sangue fervia de raiva.
Ao ver a expressão furiosa do moreno, Ginny fechou o semblante e soltou a mão que estava presa entre as dele. "Por que quando você, Ron e o resto do pessoal falam de Draco logo pensam em magia negra e outras coisas horrorosas?" Ela cuspiu irritada.
"Ginny, ele é Draco Malfoy." Respondeu Harry. Ele balançou a cabeça em descrença. "Eu não posso acreditar que estou tendo essa conversa trivial sobre a maldade dele justamente com você. Você, de todas as pessoas, deve saber como ele é cruel e antipático! Ginny, você esqueceu o que ele fez para você e seu irmão? Para Hermione?"
"Você não o conhece, Harry." Disse Ginny firme. Surpreendentemente, a raiva evaporou-se dela após ouvir falar coisas horríveis sobre Draco. "Você não tem a mínima idéia da pessoa que ele é!"
"Eu conheço o Malfoy, Ginny!" Harry gritou. "Ele foi um dos que sempre cuspiu no seu rosto e no de Rony as dificuldades financeiras da sua família. Também foi um dos que chamavam sua cunhada de sangue ruim! Ele... Ele também era um dos que sempre pregava peças maldosas em você! Te humilhando na frente dos amigos e colegas Sonserinos! O pai dele era do círculo íntimo do Lorde das Trevas e..."
"Harry, pára com isso! Está ficando ridículo e infantil!"
"Eu não dou a mínima!" Harry despejou. "Se isso é preciso para ter você de volta, então eu não vou me importar com merda nenhuma por ser imaturo!"
"Mas, Harry..."
"Ele era asqueroso e miserável para com você e sua família, Ginny!"
"Pare, por favor!"
"Você quer saber o quão miserável eu acho que ele era?" Harry falou duramente, ignorando-a. "Ele era tão miserável que até mesmo seus colegas Sonserinos o odiavam. Não apenas por causa do último jogo de quadribol que perderam por causa dele, mas porque ele sempre foi desprezível e odioso!" Então Harry sorriu para ela sabidamente. "Você acha que eu não sei sobre o que aconteceu no último jogo de quadribol cinco anos atrás, Ginny? Aquele jogo em particular foi o começo de tudo."
Ginny o fitava pega de surpresa pela menção daquele fatídico jogo que a havia metido nesta confusão. Harry estava com uma expressão insondável e engolindo em seco ela falou: "Então vamos lá, diga ao mundo o que você descobriu." Disse ela desafiadora.
"Uma Dívida Bruxa, Ginny?" Ele perguntou suavemente. Então ele sorriu sem humor. "Eu simplesmente não posso acreditar que demorei tanto tempo para perceber! Eu me lembro de ver você cair da vassoura e Draco te apanhar..."
"Dívida Bruxa." Ela pensou enquanto as memórias do jogo vieram voando pela sua mente, e a voz de Harry foi sumindo até desaparecer. Ela olhou para cima e não conseguia ver nada, mas a cena de cinco anos atrás, a maneira como as mãos dele a seguraram, os olhos cinzentos surpreendentemente doces, e a primeira vez que ele tocou os lábios dela ...
"Para casar com ele... Foi isto que ele pediu em troca?"
O coração de Ginny acelerou subitamente, quando a percepção se abateu sobre ela. Em seguida, uma sensação indescritível espalhou-se dentro do peito. Era tão diferente! Calor, e dor, saudade e anseio tomando conta dela simultaneamente! Foi agradável e assustador ao mesmo tempo e ela nunca havia sentido isto antes! Era simplesmente avassalador! Então ela virou-se para Harry e o brindou com um sorriso agradecido; agora ela entendia tudo!
"Você está certo, Harry." Disse ela ficando em pé. "Você está absolutamente certo." Acrescentou ela enquanto apressadamente, ziguezagueava seu caminho pelas mesas e cadeiras do café. O moreno imediatamente se levantou e seguiu-a até saírem para a rua fria e coberta de neve. Ele a chamou pelo nome e a ruiva parou.
"O que você quis dizer, Ginny?" Ele perguntou enquanto a olhava pegar a vassoura.
"Você foi atrás do pomo." Respondeu Ginny montando sua vassoura. "Enquanto Draco voou atrás de MIM." Com essa última afirmação, ela deu a Harry um último sorriso e saiu velozmente pela noite, decidida a encontrar Draco.
Harry, ao ver o sorriso radiante que passou pelo rosto da ruiva, entendeu que naquele momento a tinha perdido para sempre.
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"Draco?" Ginny chamou no minuto em que pisou no hall. Ela correu para seu quarto, o peito explodindo com tanto amor que chegava a machucar. Ela queria se declarar! Se ele estava sentindo-se da mesma forma ou não, ela não se importava mais! Tudo o que precisava era a vê-lo, sentir-lo de encontro ao seu corpo para dizer o quanto ela o amava.
Então viu as portas de seu quarto abertas. "Draco? Já está em casa?" Ela falou, entrando rapidamente. Quando ninguém respondeu de volta, franziu o rosto e sentou na cama deles muito triste.
"Onde ele andará?" Ela se encontrou perguntando, ignorando completamente o fato de que ele provavelmente deveria estar com Blaise. Com este sentimento recém descoberto, ela não conseguia ficar parada remoendo coisas ruins sobre o marido e lembrando-se das visões que teve, sorriu e saiu da cama.
"O colar!" Exclamou enquanto chegava perto da penteadeira. O colar iria dizer a ela onde Draco poderia estar. Abrindo a gaveta, ela perdeu o fôlego, surpresa.
A caixa de veludo havia sumido!
Com isto, Ginny sentiu seus nervos se agitarem. Ela podia jurar que tinha colocado o colar de volta! Imediatamente abriu o resto de suas gavetas, enquanto o medo gelava suas veias. "Eu não poderia ter perdido isso!" Ginny gritou desesperadamente enquanto abria e revirava suas gavetas.
Quando a caixa de veludo não apareceu, ela então passou rapidamente para os armários, pensando no que Draco poderia dizer sobre o sumiço da relíquia de família, a deixava mais nervosa. A caixa não apareceu, e Ginny dirigiu-se para a escrivaninha de Draco, abrindo e vasculhando todas as gavetas de forma frenética, e sendo recompensada com nada além de papéis e pergaminhos.
Ela estava ficando aborrecida e prestes a desistir da busca quando sentiu algo chamando sua atenção atrás da escrivaninha de Draco. Olhou para baixo notando uma pequena trava no lado esquerdo da mesa. Era tão pequena que não seria notada, a menos que você desse um olhar mais atento. Enrugando as sobrancelhas ela ajoelhou-se e correndo as mãos ao longo do painel madeira da pequena gaveta, ela puxou. Estava trancado. Tentou novamente, mas o mecanismo não cedeu. Abanando a cabeça, e muito curiosa para sequer pensar na privacidade de Draco, ela puxou sua varinha e apontou direto para o pequeno cadeado.
"Alohomora!"
Instantaneamente, sua varinha iluminou-se e faíscas brancas minúsculas, saíram de sua ponta. Ginny mordeu o lábio e lentamente puxou a gaveta. Para seu deleite, ela abriu-se suavemente, e então a ruiva viu a caixa do colar. Dando um suspiro de alívio, estava prestes a retirar a caixa para fora da gaveta, quando de repente um pequeno frasco chamou sua atenção. Com curiosidade, tirou a pequena garrafa do compartimento secreto e colocou-a contra a luz.
Ela reconheceu o frasco.
Instantaneamente, seus olhos se encheram de lágrimas. Descrença e dor misturadas com uma negação desesperada a inundaram.
"Mas o que há para negar?"Ela perguntou-se.
Tudo estava muito claro.
Olhando novamente o frasco de vidro escuro que espalhava uma luminosidade fraca em seu rosto, teve a certeza de que era um frasco da poção de Xiphias.
Fim da Parte 12
